Mais visitantes chegam ao museu e Alyss como sempre os guia e os conduzem por todas as obras de arte. A garota repara que a Sra. Curvelo, às vezes, a observa de longe. Já Sebastian, vira e mexe se aproxima dos grupos de turistas e fica reparando em algumas mulheres. Ele faz um sinal para Alyss de que quer falar com ela depois. Apesar da raiva que Alyss sente por ele, ela concorda com a cabeça.

“Esse demônio me dá calafrios. O que será que ele quer comigo”.

No final do expediente Sebastian se aproxima de Alyss, convidando-a para um café. Ela aceita.

O demônio começa a puxar conversa.

- E aí, está gostando do emprego ou os turistas estão lhe dando muito trabalho?

- De forma alguma, eu gosto do que faço.

- Alyss, o que é isso na sua mão? Reparei desde manhã.

- Não foi nada. Apenas um acidente doméstico.

- O que você faz depois que sai do trabalho? Estuda ou vai direto para casa?

“Mais que demônio inconveniente. Está querendo saber demais da conta.” Pensa Alyss levando a xícara de café até a boca.

- Nada de tão interessante. Porque você quer saber?

- Calma, não fique nervosinha, perguntei por perguntar. Quem sabe a gente possa se conhecer mais um pouco? O intervalo do cafezinho é muito rápido.

- Com licença, mas agora preciso ir. Lembrei-me que hoje tenho um compromisso. – fala Alyss tentando se desvencilhar de Sebastian.

Ao voltar para casa vários pensamentos vinham à mente da garota. “Será que seria uma boa oportunidade eu me aproximar mais dele? Mas até o momento não tenho nenhum plano e ele pode fazer comigo o que fez com meus pais. Preciso observá-lo mais antes de agir.”

- Onde será que ele quer chegar indo todos os dias perto dos grupos fitando na direção das mulheres? - Pensava Alyss em voz alta.

Durante a noite a garota teve mais um de seus pesadelos sendo acordada pelo despertador.

“Que droga! Quando tenho esses pesadelos parece que não dormi direito”. Pensava Alyss enquanto se aprontava para ir trabalhar.

Em outro ponto da cidade, Sebastian também estava pensativo. “Posso até passar algumas semanas, mas chegar a um mês sem uma alma e sem meus joguinhos amorosos é o fim”.

Parecia até coisa do destino, mas Sebastian e Alyss chegaram exatamente juntos ao trabalho.

- Que coincidência agradável. – Dizia o demônio para a garota.

Alyss dá um sorriso meio sem graça e entra imediatamente dentro do museu.

Chega o primeiro grupo de turistas do dia e como sempre Alyss dá detalhes minuciosos de cada obra. Ela percebe mais uma vez que a senhora Curvelo a observa de longe enquanto Sebastian se aproxima do grupo e olha para algumas mulheres. Ele fixa seu olhar especialmente em uma jovem de cabelos curtos vermelhos, com olhos verdes, muito bonita que vestia uma calça jeans justa, camiseta e uma sandália de salto alto que valorizava seu corpo esbelto.

“Afinal, porque ele olha tanto para essa mulher? O que ele pretende? O que não faria para saber o que ele está pensando.”

Ao terminar de mostrar todo o museu e as pessoas começarem a ir embora, ela aproveita a pausa e vai tomar um cafezinho. Neste momento vê a senhora Curvelo conversando com Sebastian num canto do corredor. Ela aproveita um grande jarro com plantas ornamentais que fazia bastante sombra com as folhas de samambaia para se esconder e tentar ouvir a conversa.

- Pois é, gostei muito da de cabelo curtinho vermelho, o que você achou dela? – pergunta o demônio para a senhora Curvelo.

- Achei perfeita. Deve ter uma alma vigorosa e muito forte, isto vai te fortalecer. Afinal, já faz algumas semanas que você não se alimenta. Mas fique tranquilo. Com uma desculpa praticamente obriguei os turistas a preencherem um formulário e separei o dela para você. O nome da garota é Tamiris de Souza Avelar.

- Sei, estou entendendo, mas é melhor a gente sair daqui, o grupo já se foi e não podemos deixar que nos ouçam.

- Certamente, caro Sebastian, e não se esqueça da minha comissão.

- Não esquecerei, minha adorável senhora. - “Argh! Essa mulher me dá nojo” pensa do demônio.

E assim, ele se retira do corredor. Alyss que ouvira tudo as escondidas, também se retira rapidamente do local. “Agora sim já sei como posso dá início a minha vingança”.

 Já em seu escritório, Sebastian pega a ficha da tal mulher e anota os dados dela, inclusive e-mail, telefone e celular. “Esta é solteira, interessante. Só tenho pego almas de mulheres casadas. Se esta for casta, melhor ainda”.