- Vocês não conhecem, tenho certeza. – Sorri.
- Amiga...? Olha o novatinho colocando as asinhas de fora... – Sorriu malicioso, Castiel. Dei um sorriso falso.
- Só tem um problema. Ela está viajando e só chega em duas semanas.
- Ah, você pode ficar na casa de Castiel, sem problemas.
- NA MINHA? – Castiel levantou-se de um pulo.
- Sim. É uma boa oportunidade de vocês se aproximarem. – concluiu Faraizer.
- Se não se matarem nessa semana, não se matarão em nenhuma turnê. – Lysandre deu um risinho cínico. 
    Infelizmente, eu não estava em condições de recusar teto e Castiel - o único que morava só -, ainda pelo episódio da banheira, não estava em condições de contrariar Faraizer.
Fizemos mais um show, daríamos uma entrevista e em seguida partiríamos de avião, primeira classe, obviamente. Até que enfim! Não aguentava mais viajar de trailer, que é muito divertido no começo, mas depois de um tempo aquele chacoalha-chacoalha acaba com você… 
A entrevista seria pra um canal da região. A repórter,. uma morena aguada, ficou cantando Castiel o tempo todo. Porque sempre ele? Isso só o deixava mais convencido, além de que Lysandre era muito mais bonito e estiloso… 
Ela puxou um pouco o saco de Castiel no inicio da entrevista, fez perguntas gerais e depois mais específicas... 
- Então Novato, é assim que você ficou conhecido, não é? – assenti com a cabeça, ela era completamente retardada, e tinha muita sorte de eu não andar com minha vorpal blade.
- Como é que se sente sendo uma espécie de sex symbol? 
- Eu sou um sex symbol?
Ela riu abestalhada e continuou:
- E é a tag mais usada no tumblr essa semana.
- Oh. - "Mas o que raios é tumblr?"
- Então, como é ser um completo anônimo e em menos de um mês povoar o imaginário feminino?
- É bem estranho, acredite. – Acho que nunca fui tão sincera em toda minha vida. Ela deu outra gargalhada irritante, o que me dava vontade de perguntar quanto a emissora pagava por cada riso sem graça, pra ela tá distribuindo assim.
- Castiel… Você é o bad boy, do grupo… O que falam de você é só fama, ou todo boato tem um fundo de verdade?
- Acho que se quem conta o boato me conhecesse, a fama seria até maior… - Fez uma cara de “lobo mau” pra morena siliconada.
- Ahahahahaha! – Again…
A entrevista prosseguiu com algumas perguntas de fãs. Íamos embora, sem Castiel, que disse que tinha que combinar uns cortes na entrevista. 
- Tipo nas horas que você comia a repórter com os olhos? – perguntei com desdém, sem nem fitar o ruivo. – Por Odin, você não consegue se controlar...? - Ele riu como resposta e saiu.
Estávamos entrando no carro, quando percebi que tinha esquecido o celular no camarim. Pedi um minuto ao motorista e fui até lá. Quando estava no corredor ouvi uns barulhos vindos de dentro do camarim. Abri a porta e fiquei quase em choque: Castiel e a morena se agarravam hardcoremente. Que safado… Não podia ver um rabo de saia. Nem de short… Vestido… Legging… Revirei os olhos, peguei o celular e saí. Eles nem me notaram lá... Voltei pro carro quase correndo.
- Você tá bem? – Lysandre, com estranhamento. Apenas assenti, e ele insistiu - Certeza? - Assenti novamente. Afinal… porque eu não estaria?
Partimos para o hotel, pegar as malas e depois seguiríamos para o aeroporto, Castiel nos encontraria lá. Eu não estava mais tão animada, algo embrulhava-me o estômago e havia um nó em minha garganta. No aeroporto, afastada de todos, eu chorava por baixo dos óculos escuros. Lysandre sentou-se ao meu lado.
- Mulheres...?
- Quase isso… Na verdade, nem sei por que estou assim… - Enxuguei as lágrimas que rolavam pelo meu rosto rapidamente, como se nunca tivessem existido.
- Quer desabafar?
–  Não… - "Sim, eu quero..." - Não, mas obrigado. 

- Certeza?
– Uhum... - "É o que eu mais quero. Não aguento mais mentir… Nunca pensei que fosse tão fraca" -  Eu não posso... É algo que envolve muitas pessoas… Muito complicado. Mas deve ser o estresse de mudar de cidade que tá me deixando assim…
- Bem… Qualquer coisa, já sabe. Você tem a gente. Apesar de tudo, somos como uma família.
- Obrigado… 
Ele saiu de lá. E comecei a me questionar porque estava assim... Porque aquela cena havia me afetado tanto? Eu sabia que ele toda noite estava com uma diferente e nunca liguei… Mas… VER?! Não! Definitivamente não! Aquilo era só estresse e pronto. Afinal… Eu tinha conseguido tudo o que queria, e até mais. Não podia estar assim por… por… um garoto!? Não. Eu sempre estive no controle. Eu sempre mandei no meu coração. Não podia estar sentindo isso logo por ele. Céus! Tinha Lysandre e Leigh! Porque Castiel?! Ele era machista, galinha, estúpido, ignorante… Tudo que nunca suportei. E agora eu estava ali chorando como a menina frágil que nunca fui por causa daquele tipinho. Ri de mim mesma. Patética… e ferrada. Estava muito ferrada.
Pegamos o voo. Fui sentada ao lado de Lysandre. Queria estar apaixonada, ou o que quer que estivesse, por ele… Ele era perfeito. Passava segurança. Ele quem tinha chamado minha atenção desde o dia no Called. Castiel não, era um perfeito cafajeste. Do tipo que as mães, as amigas e as irmãs te advertem a vida toda pra NUNCA se aproximar, do tipo se olha a dez quilômetros de distância e mesmo assim se pode ler na testa “Problemas”. Besteira de sentimento. Não ia estar mais nem aí. Nem sabia por que me importava tanto… Desde quando me importava tanto? Perdida em pensamentos, dormi. 
Acordei uma hora depois com a cabeça encostada no ombro de Lysandre que também dormia. Castiel estava no banco do lado com Leigh e Nathanniel atrás com Faraizer. O ruivo olhava pela janela, estava diferente. Um olhar que eu nunca tinha visto… parecia distante. Eu ouvia “Largado no mundo – Barão Vermelho” no mp3. Adormeci novamente e quando acordei já estávamos em Westown. Não devia ser tão grande, mas “Oooh! Tem aeroporto”.