Melissa começa a gritar quando vê a minha sombra.

– Socorro ! Tem um bicho aqui !!Levantei e começei a falar baixo.

– Calma ! Sou eu. Não tem bicho nenhum !

– Quem é você ? O que você está fazendo no meu quarto ? Você é uma ladra ?

– Não, não ! Isso é muito complicado. Só não me dedura. Por favor !

Enquanto eu estava tentando enrolar Melissa, pro meu azar, Virgínia ouve os gritos da menina.

– Melissa ! Eu vou subir !

Felipe fala.

– Como se você tivesse preocupada com ela.

– Por quê ? Você escondeu alguém no quarto da minha filha ? Safado !

Eles começam a discutir de novo. Eu ganho tempo pra resolver meu problema com Melissa.

– Quem é você ? Fala logo. Senão, eu chamo meus pais.

– Olha, meu nome é Dinorah, e eu trabalho no mesmo lugar que seus pais.

– O que você está fazendo no meu quarto ?

– Você promete que não conta pra ninguém ?

– Tá.

– Eu estô me escondendo da sua mãe.

– Você é a amante do meu pai ?

– Não ! Por quê você tá falando isso ?

– Minha mãe que fica falando isso. Ela também diz que você é ordinária e mais algumas palavras que ela mandou eu nunca repitir, senão ela ia cortar minha língua.

Eu não gostei do que eu ouvi. Mãe que ameaça a filha. Queria saber mais disso.

– Melissa, senta aqui. Seu pai me diz que sua mãe te maltrata. Isso é verdade ?

Ele nunca me disse isso. Mas, dá pra ver. Tá estampado na cara daquela cobra.

– É. Parece que ela não gosta de mim. Me ameaça demais. Teve um dia que ela pegou um guarda-chuva e bateu em mim com ele. Quando meu pai chegou em casa, ela inventou uma desculpa de que bateram em mim na escola. E me ameaçou se eu contasse a verdade pro meu pai.

Eu falei na minha mente.

– Ordinária é essa mulher.

Enquanto isso, Virgínia não aguentou mais ficar discutindo e resolveu subir de uma vez. Felipe ficou preocupado com o que ela poderia fazer comigo e subiu atrás dela. Eu fiquei ouvindo os passos e fiquei desesperada.

– Caramba ! O que eu faço ?

– Ei, eu tive uma idéia.

Melissa pegou um lençol no armário e amarrou na janela. Ela mandou eu segurar e deslizar até o chão. Virgínia e Felipe estavam abrindo a porta. Melissa correu pra desamarrar o lençol da janela. Felipe abriu a porta e Virgínia saiu entrando. A única coisa que eles viram foi Melissa de joelhos, orando. Felipe achou isso lindo, mas Virgínia revelou-se, digamos.

– Ah, que gracinha. Orando pra dormir. Mas, você não me engana, sua pirralha. - Ela pegou Melissa pelos braços - Quem estava com você aqui ? Responde agora !

Melissa começa a chorar, por causa da dor que ela tava sentindo no braço. Felipe não tolerou ver aquilo e soltou os braços de Melissa. Depois ele simplesmente expulsou Virgínia do quarto da filha. Longe de lá, a discussão começa de novo.

– Ordinária ! Vai embora dessa casa agora ! Você nunca mais vai encostar um dedo na minha filha !

Depois de dizer isso, Felipe pegou Virgínia pelo braço e botou ela pra fora. Depois disso, ele subiu pro quarto da Melissa e encontrou a menina chorando.

– Pai ! Tá doendo !

– Deixa papai ver.

Ela sofreu um corte com as unhas de Virgínia e Felipe resolveu levar ela num pronto-socorro.