O Feiticeiro Parte I - O Livro de Magia escrita por André Tornado


Capítulo 47
VIII.6 Os pequenos demónios.




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Os kucris apareciam de todos os lados. Vinham às dezenas, nasciam por detrás das pedras, das colunas, das portas, dos portões e aglomeravam-se no pátio exterior aos guinchos. Atiravam-se em atitudes suicidas, com as garras negras em riste. Piccolo desfez-se de mais dois bichos com um só pontapé que os atingiu no torso, a pensar em quantos mais teria de enfrentar.

Olhou por cima do ombro. A porta que lhe daria entrada no Templo da Lua estava a um par de metros. Bastavam três passos largos e estaria lá dentro. Mas, por muito que tentasse avançar, por mais voltas e piruetas que desse para despistar os kucris, estes barravam-lhe sistematicamente o caminho.

Um kucri maior que os demais colocou-se à sua frente, a grunhir num som gutural, a fixar os minúsculos olhos vermelhos nele. Desafiava-o para um combate singular e Piccolo aceitou. O ki do monstro negro era insignificante, iria desfazer-se dele com um simples golpe.

Devolveu o mesmo olhar cortante ao kucri, enquanto fechava as mãos e dobrava os braços pelos cotovelos. Afastou as pernas, aguardou o ataque. O kucri saltou, exibindo as três garras ameaçadoras. O namekusei-jin não esboçou qualquer movimento.

Os kucris atacavam em grupo. Não se importavam de desaparecer para que os seus companheiros triunfassem, o seu poder residia na mórbida crença de que a vida individual de cada um era descartável e que valiam pelo conjunto, como partes de um único corpo. A sua técnica de luta era interessante, mas podia ser neutralizada sem grande esforço. Havia, no entanto, uma outra curiosidade sobre os kucris que Piccolo não conseguira ainda recordar e que sabia ser, de algum modo, importante.

Uma garra negra passou a escassos milímetros da sua cara e Piccolo percebeu que aquele kucri era melhor que os demais. Agarrou no braço do bicho e socou-o no estômago. De seguida, lançou-o no ar e deu-lhe um pontapé. Quando encontrou uma parede, o kucri parou o voo e caiu.

Piccolo colocou-se imediatamente numa posição de defesa, pronto para outra investida, pois sabia que aqueles pequenos demónios eram cheios de falsidade, mas não conteve um sorriso de troça.

Não conseguiu saborear o pequeno momento vitorioso. Ainda a sorrir, sentiu quatro criaturas a pular para as suas costas. Defendeu os murros que se apontavam à cabeça. Evitou, pulando, as rasteiras que vinham para o derrubar. Afastou os bichos com golpes certeiros, desfazendo-os com disparos energéticos, breves e mortais. Os kucris diluíam-se em fumo negro assim que perdiam a vida.

Junto à parede, o kucri levantou-se. Piccolo não o viu misturar-se com os bichos que o atacavam sem cessar, armados das suas garras afiadas. Eliminou um grande bando de kucris que se postavam perto do buraco do muro com uma massiva bola de energia. Reparou então que estava progressivamente a afastar-se da entrada do templo.

Saltou. Uma desvantagem dos kucris é que estes não sabiam voar. Depois, mergulhou na direção da porta do edifício principal a disparar vários raios com as mãos. Os bichos, em vez de começarem a fugir, aglomeraram-se em grupos maiores. Muitos desapareciam em grossas nuvens de fumo preto, mas ficavam os suficientes para taparem a entrada.

A estratégia não deu resultado e Piccolo abandonou-a. Estava farto daquilo e pensou seriamente em utilizar todo o seu poder e rebentar com o malfadado Templo da Lua. Aterrou no pátio, reunindo uma grande porção de energia nos braços que estendeu, abrindo os dedos das mãos, gritando a plenos pulmões.

O kucri que o enfrentara em combate individual surgiu repentinamente à sua esquerda. Piccolo, vulnerável por se encontrar em posição atacante, não esquivou as garras que o atingiram na face direita. Um formigueiro cobriu-lhe a cara toda. Passou para a cabeça, para o tronco, para os membros, sacudindo-o com um espasmo.

Respirou fundo, endireitou-se, recolhendo a energia que estava a reunir. O kucri tentou um segundo ataque. Piccolo aproveitou o impulso do bicho e cortou-o ao meio com um pontapé, enviando a mensagem que não deveriam brincar com ele. Os outros kucris calaram-se, recuaram alguns passos. Continuavam a proteger a entrada do templo, formando novos grupos menos compactos.

A cara doía-lhe. Piccolo levou os dedos à ferida e viu nestes o seu característico sangue lilás. Irritou-se. Ao tentar concentrar o ki e recuperar a energia que acumulara, sentiu uma tontura. Admirado, piscou os olhos.

Avançou um passo e sentiu nova tontura.

Dois kucris saltaram. Piccolo lançou um punho fechado, mas o golpe foi tão lento que o primeiro bicho conseguiu esquivá-lo. O outro bicho rasteirou-o, a dor da queda vibrou nos ossos todos. No chão, desviou-se a tempo das garras do segundo kucri e matou-o com um raio. Com o mesmo braço e com novo raio, matou o primeiro kucri.

Levantou-se sem força nas pernas. Ao encarar a entrada do templo percebeu que via tudo desfocado.

- Na-nani?

Em apuros, adotou uma posição de defesa. Os kucris estavam diante dele, a bailar numa imagem baça e sem luz, outra vez quietos. Olhavam-no a esperar alguma coisa e pareciam sorrir.

Então, de repente, lembrou-se do tal pormenor importante sobre os kucris. As feridas que provocavam eram… venenosas!

- Não…

Perdia as suas energias rapidamente, que se esvaíam pela ferida aberta.

Uma súbita febre tomou-lhe o corpo. As pernas trémulas já não o conseguiam suster. Um kucri investiu, queria rematá-lo. O guincho era horroroso, o som da morte… O bicho negro tapou-lhe a visão. Ficou tudo preto. Os braços caíram-lhe pesados. Ele caiu atrás dos braços.

O kucri atacava. E Piccolo tombou, sem sentidos.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Decisão arriscada.



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