Pov. Nico

Cara, amanhã era o dia. Dia de finados. Um dos melhores dias do ano pra mim. As pessoas sempre faziam oferendas e homenagens para seus parentes mortos. Era nesse dia em pai ficava mais poderoso, e consequentemente, eu também. Era o dia no qual eu tinha força e coragem o suficiente para fazer o que quisesse.

Estava terminando de jantar enquanto refletia sobre nisso. Continuei sentado a mesa observando os outros. Olhei o refeitório inteiro. E lá ela estava. Sentada junto com as caçadoras. Mas que droga, porque ela tinha que entrar para a caçada?

Ela ria conversando com as outras. Seus olhos azuis encontraram os meus. Sorri maliciosamente para ela. Ela em resposta, ergueu uma sobrancelha e levantou o queixo em desafio. Como ela gostava de me provocar. Virou o rosto de lado ainda me encarando e sorriu sedutoramente. Voltou a conversar com as outras, me deixando muito...muito... excitado. Sem dúvida alguma, eu estava atraído por ela.

Fomos todos para a fogueira. Hoje os filhos de Apolo lideravam a cantoria. Sentei junto com Percy, já que Annabeth faria companhia a seus irmãos. Não estava prestando muito atenção no que Percy falava, apesar de tentar. Simplesmente não conseguia tirar os olhos de Thalia. Como ela conseguia fazer isso? Prender toda a minha atenção para ela?

—Eu tô indo cara, até amanhã. - bati na mão de Percy, despedindo-me.

—Você sabe que ela é uma caçadora, não sabe? – Percy riu apontando com a cabeça para Thalia.

—É, eu sei.- suspirei.- Acho melhor eu sair daqui antes que eu faça alguma coisa.

Ele apenas riu da minha cara e voltou a conversar com os Stoll.

Fui para a floresta. Acho que não me seguraria se ela ficasse no meu campo de visão.

Comecei a andar sem rumo, pensando. Nas últimas semanas, eu simplesmente não conseguia tirar Thalia Grace da cabeça. E ainda por cima, como se ela soubesse, ficava me provocando com aqueles lábios carnudos e com aqueles olhares maliciosos. Ela era maravilhosa. Seu corpo me instigava e eu simplesmente não tinha como não olhar para ela com desejo.

Ela e as caçadoras estavam aqui no acampamento a três meses. A deusa Ártemis tinha coisas para resolver no Olimpo e por isso mandou-as para cá. Nestes dias eu descobri um sentimento completamente novo dentro de mim. Mas ele era ao mesmo tempo, antigo. Percebi então que estava apaixonado por Thalia.

Vi que esse sentimento nasceu dentro de mim desde o dia em que a conheci. Porém agora, era diferente. O sentimento aumentou, e a minha vontade de lutar por ela também. Apesar de saber que nunca haveria chance de ficarmos juntos, já que ela era uma caçadora. Mas isso não iria me impedir. Eu queria ela, e faria tudo que pudesse para tê-la. O que eu sentia por ela, era forte o bastante para me dar esta certeza.

............... Algumas horas depois.............

Era por volta das 01:30 da manhã e eu ainda estava acordado. Fiquei sentado no chão, encostado em uma árvore. Eu já me sentia mais... Forte. Corajoso. Algo dentro de mim havia mudado. Era como se todos os meus sentidos tivessem se intensificado. Resolvi voltar para meu chalé. Coloquei as mãos nos bolsos. O vento frio varreu meu cabelo. Baixei a cabeça. Tinha muito no que pensar. O que eu faria para conquistar Thalia afinal?

Entrei no corredor dos chalés e ergui a cabeça. Assim que meus olhos a encontraram, soube o que devia fazer.

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Pov. Thalia

Depois da fogueira, as caçadoras e eu voltamos para o chalé de Ártemis. Não quis ficar lá, portanto fui para o chalé de Zeus. Deitei na cama mas não consegui dormir. Minha mente vagou pelos acontecimentos das últimas três semanas. E a cada lembrança que me ocorria, Nico estava nela.

Não queria acreditar que estava gostando do filho de Hades, apesar de todas as coisas indicassem isso. Da última vez que eu o vira, tinha sido na guerra contra Cronos. E naquela época ele já estava tão diferente... Já era mais velho que eu, e ainda assim parecia bem mais velho para a idade dele. E então agora, três anos depois eu o vejo novamente. Ele se tornou apenas o cara mais bonito que eu já vira em toda a minha vida. Nem os filhos de Apolo e Afrodite chegavam aos seus pés. Seu jeito esquivo e sedutor me deixava sem ação. Seu sorriso malicioso me era tão encantador... Até o som da sua voz me deixava arrepiada. Sempre que estavamos juntos, percebia que tínhamos tanto em comum... Nesses últimos dias, só tinha vontade de ficar junto com ele.

Sem vontade alguma de deitar, sentei em frente a porta do meu chalé. Encostei a cabeça na porta e olhei em volta, logo identificando aquela figura conhecida. Notando imediatamente meu olhar, veio em minha direção.

Não me cansava de admirá-lo. Como sempre, ele vestia-se todo de preto, mas ainda assim suas roupas sempre caiam bem no corpo alto e esbelto. Seus cabelos extremamente negros eram lisos e brilhantes, que sempre me davam vontade de tê-los em minhas mãos. E seu rosto... era tão branco e pálido, como de alguém que nunca tomara sol na vida. Seus olhos também eram de um negro profundo que eu sentia que ele poderia ler meus pensamentos com um olhar. Seu sorriso era tão versátil que não se comparava a nada que eu já tivera visto na vida. Os lábios tão rosados e beijáveis...

Senti ele sentar ao meu lado. Seu braço grande e quente encostou no meu.

—Sem sono?- perguntou despreocupado.

—Estou cansada. - respondi. - É muito difícil ser eu.

Nico riu, mas não respondeu nada. Uma rajada de vento frio passou por nós fazendo com eu estremecesse. Sentia o calor que emanava do corpo dele ao meu lado. Tirou a jaqueta de couro e colocou por cima dos meus ombros. O cheiro do perfume que subia até minhas narinas me deixou inebriada. Ficamos em silêncio por alguns segundos.

—Quero te dizer algo antes.

Ele virou-se para mim. Como de costume, eu não conseguia tirar os olhos do seu perfeito rosto. Sua voz era mais confiante do que de costume. Balancei a cabeça, confirmando. 

—Pode parecer precipitado, ou até mesmo estranho. - seus olhos brilhavam tão intensamente que me deixavam hipnotizada. – Mas, desde que você chegou, algo diferente aconteceu comigo. E para ser sincero, nunca senti por qualquer outra garota antes.

Ele colocou a mão em meu rosto aproximando seu corpo do meu. Seu rosto estava tão próximo ao meu que pude sentir seu hálito em minha pele. Seu olhar se fixou no meu.

—Estou completamente apaixonado por você.

Quando seus lábios encostaram-se nos meus, minha mente parou. Seus lábios eram frios, mas ao mesmo tempo tão macios... O beijo se tornou rápido e urgente. Coloquei minhas mãos em seu cabelo, acariciando-o como eu sempre quis. A outra mão eu repousei em seu pescoço. As mãos desceram para a minha cintura e me puxaram para si possessivamente. Nico mordeu levemente meu lábio antes de pararmos para respirar.

—Thalia... - ele ofegou baixinho, malicioso. - não sabe quanto tempo esperei por isso.

—Eu sei. - respondi beijando o canto dos lábios dele. - Foi o mesmo tempo que eu esperei.

Ele deu um sorriso tão lindo que poderia iluminar o mundo.

—Então acho que não deveríamos mais perder tempo. -sussurrou, mordendo minha orelha, descendo até meu pescoço...

—Concordo plenamente. - respondi fechando os olhos.

Beijamo-nos novamente. Um beijo intenso, cheio de paixão. Sua língua explorava cada canto da minha boca, me fazendo entregar-me a ele completamente.

Quando recobrei a consciência que não fiz questão por algum tempo, percebi que ainda estavamos na porta do meu chalé. Eu já não sentia mais frio nenhum. O corpo quente dele me aquecia, e eu nunca mais queria deixar de sentir o toque dele.

—Preciso ir.- ele sussurrou em minha orelha. –está amanhecendo e você precisa descansar.

—Hum...- me alinhei no peito dele.- não quero que vá embora.

—Eu também não.- ele me beijou calmamente.- Mas você precisa dormir.

Ele se levantou e me pegou no colo, me fazendo arregalar os olhos.

—Nico!- eu ri, segurando em seu pescoço. - Me ponha no chão!

—Vou pô-la na cama. - ele riu, travesso. - Para ter certeza de que vai descansar.

Empurrou a porta do chalé com o pé. Colocou-me em cima da cama e me deu um beijo na testa.

—Mais tarde venho aqui, meu amor.- murmurou roçando seus lábios nos meus.

Eu o beijei.

—Assim eu não vou embora. – sussurrou, entre alguns segundos que nossos lábios estavam separados.- Seus beijos são meu novo ponto fraco.

—É bom saber disso.- ergui a sobrancelha .

Ele balançou a cabeça e saiu porta afora.

Dormi com um singelo sorriso nos lábios. Em meu sonho ele sorria abertamente, até lady Ártemis chegar e tudo se tornar escuridão.