Estou novamente em meu quarto, meu tempo está acabando, tenho cerca de quatro dias para achar as pérolas, e o tio Finnick reclamando o tempo todo não ajuda nada. O problema é que a Annie também é orgulhosa demais para pedir desculpas, então, se um pedir desculpas ao outro sem saber que é o primeiro a pedir? Plano confuso, não? Acho que está na hora de escrever uma carta.

“Querida Annie,

Sinto muito pelo dia de nosso casamento, o orgulho subiu em minha cabeça e tomei a pior opção possível, ficar sem você, sei que já faz muito tempo, mas sinto sua falta a cada dia de minha vida, agora finalmente reuni coragem para falar isso: desculpe. Me encontre no jardim principal de minha casa, amanha ao por do Sol.

Com amor, Finnick.”

Acho que ficou bem convincente, vou precisar da ajuda de Katniss para entrega-la a Annie, mas ainda falta escrever a de Finnick.

“Querido Finn,

Sei que já faz tempo, muito tempo, desde que aconteceu o dia em que nos separamos, sei que estava errada em ter omitido a verdade, mas estava com medo que acontecesse o que aconteceu, quero que saiba que penso em você cada dia da minha vida, mas apenas agora reuni coragem para pedir desculpas. Me encontre no jardim principal da sua mansão amanha ao por do Sol.

Com amor, Annie”

Bem, eles não se veem há anos e o mínimo que eu deveria ter feito era escrever uma carta com mais de 500 palavras, mas eu não sei exatamente o que um gostaria de dizer ao outro, quem sabe eles não façam as pazes antes que querer me matar por tê-los enganado? Nunca vou saber se não arriscar. Pego as cartas com cuidado e desço as escadas, coloco a destinada ao tio Finnick na mesa ao lado do sofá. Minha mãe foi dormir depois do almoço então não vou ter problemas em sair daqui. Sigo até a porta e a abro.

–- Oi Clove! – Johanna fala assim que me vê, ela segura uma cabra em colo.

–- Er, oi – respondo – isso é uma cabra?

–- é a Lady, a cabra da Kat – ela responde como se isso fosse óbvio. – Quer ver a Fox? Ela já está melhor, quando quiser podemos devolvê-la ao vale.

–- Estou meio ocupada agora – digo saindo.

Johanna me ignora e entra na mansão com Lady no colo, se Finnick ver isso vai surtar. Sigo lentamente até a floresta, é bom estar aqui, tem um forte cheiro de grama e isso me atrai. Começo a seguir o caminho que me parece familiar, não tenho muita ideia de como chegar na casa de Annie. Continuo andando e acabo tropeçando em uma enorme raiz, a da casa de Annie entro rapidamente e colo a carta em cima do sofá, volto à entrada e espero ela me atender.

–- Clove! -- Ela fala vindo do vale com uma cobra na mão.

–- Oi, ah, Annie – digo sorridente – vim pegar minha mala, preciso de algumas coisas que estão nela.

–- Claro, eu pego para você – ela diz colocando a cobra no sofá. – Achei que viesse mais cedo.

–- Acabei de chegar, obrigada, tenho que ir.

Ela concorda e me entrega a mala. Ando um pouco até conseguir enxergar mansão, não estou com vontade de voltar para lá agora, o clima está tenso de mais, e agora o tio Finnick deve estar tendo seu momento rainbow devido à carta que ele já deve ter achado. Quase que inconscientemente pego a faca da mala, e fico arremessando ela na árvore localizada a minha frente, não consigo arremessar muito bem, afinal é a primeira vez que faço isso, mas posso perceber certo talento. Começo a flutuar em pensamentos, desde minha antiga vida na parte urbana de Londres até como vou conseguir encontrar as perolas. Então a coisa começa a variar, penso em Katniss, na reação de Annie e Finnick e então começo a pensar nos olhos azuis perfeitos de... Cato? Pisco meus olhos algumas vezes, não é a primeira vez que me pego pensando nele. Lanço a faca uma última vez e pela primeira vez crava na árvore. Levando e a pego com satisfação e a guardo novamente dentro na mala. Acho que já está na hora de voltar para casa. Já estou na porta quando vejo um brilho dourado “correndo” e tomando forma, logo ele é um unicórnio. Nem dá tempo de segui-lo, pois ele se transforma no brilho novamente e desaparece. Respiro fundo e abro a porta. Todos estão jantando, tento entrar sem fazer barulho, mas assim que piso no tapete os olhos de todos estão em mim, quando digo todos está incluído Brutos.

–- Onde estava, filha? – Minha mãe fala com a vós severa.

–- Eu estava... – Não devo falar que estava “brincando” com uma faca. – pensando, o vale me relaxa.

–- ESTAVA NO VALE? – Enobária berra quase cuspindo a comida.

–- Estava...

–- Tem lobisomens lá! E o que agente tinha combinado? – ela parece decepcionada.

–- Eu estava fazendo coisas importantes – falo isso e Katniss me lança um olhar malicioso, não sei o que essa doida tem na cabeça.

–- Não discutam com a menina – tio Finnick fala – sente-se conosco e conto o que de interessante fez lá – ele parece pensar um pouco – ou melhor, vá se limpar e depois velha jantar, acho que você já sabe os perigos que aquele vale guarda e não precisa de um bando de gente mandando no que você tem que fazer.

Concordo com a cabeça e subo até meu quarto, é tão estranho ver tio Finnick de bom humor. Fasso minha higiene, e coloco um vestido rosa com branco, quando desço para jantar só Katniss está lá. Ignoro a sua presença e sento-me, sirvo o meu prato e ela fica me encarando até que resolve quebrar o silêncio.

–- O que você estava fazendo no Vale?

–- Resolvendo uns assuntos. – respondo tomando suco.

–- Espero que esses “assuntos” – ela faz aspas com os dedos – não tenham haver com certos garotos.

–- Não, Katniss, tem haver com outras coisas – respondo revirando os olhos.

–- Você não precisa me esconder as coisas. – ela fala ríspida.

–- Eu não te devo satisfações, você não é a minha mãe e até ontem não só mentiu a respeito de todos para mim, se não se importar, vou me retirar para meu quarto.

–- Ah, me desculpa tudo bem? Eu só quero ajudar, estou sendo meio inútil desde que você chegou, acho que senti um pouco de inveja de você ser a princesa da Lua e eu não. – Katniss fala sincera.

–- Se eu pudesse trocava com você, tudo bem, mas estou realmente com sono, se quiser amanha você me ajuda com as perolas.

–- Certo... – ela fala sorridente e some pelos corredores.

Vou para o meu quarto, quando entro tenho uma surpresa, minha mãe está sentada em cima da minha cama.

–- Mãe?

–- Sabe, estive pensando, não tenho passado tanto tempo com você do modo que eu gostaria. Me desculpa por estar sendo meio ausente.

–- Sem problemas – “já estou acostumada” completo em minha mente.

–- Tem alguma coisa que você quer me contar?

–- Não, ah, obrigada pela faca – falo ajeitando o cabelo – mas estou realmente com sono, boa noite mãe.

–- Boa noite Clove, eu te amo – ela fala deixando um beijo em minha testa.

Olho para o teto até sumir mais uma estrela, me deixando com penas três dias para cumprir minha missão. Coloco o pijama e durmo. Acordo com uma pequena tontura que logo passa quando lavo meu rosto, visto um vestido lilás e prendo meu cabelo com fitinhas da mesma cor, pego a faca da mala e a prendo na minha perna, saio do meu quarto e algo me chama a atenção no corredor, tem uma foto que eu nunca tinha notado a existência. Fico encarando a mulher por algum tempo e então algo realmente mágico acontece ela começa a se mover e mostra uma grande árvore com um caule de cor diferente, quase dourado e muito grosso, ela então mostra as pérolas, elas estão escondidas dentro dessa árvore! A Princesa escondeu elas o tempo todo! Mal posso esperar para contar a Katniss. Desço as escadas quase correndo e me junto a eles para tomar café da manha. Não converso com ninguém, apenas como e espero Katniss terminar para começarmos a procurar as pedras. Quero chegar do vale no por do sol, não posso perder tio Finnick e Annie se falando. Quando Kat termina ela vem até o meu lado no sofá, e a coloca a par da situação, desde meu plano de juntar tio Finnick e Annie ao segredo das pérolas.

–- Pronta para voltar ao vale?

–- Sim – respondo.

***

–- JÁ ESTAMOS ANDANDO HÁ HORAS! – berro a Katniss.

–- ok, devo admitir, não faço ideia de como chegar na árvore – ela fala tristemente.

–-E SE VIEREM LYCANS?

–- Traumatizou priminha? – ela fala rindo.

–- Estamos perdidas no meio do vale – falo fazendo um olhar de reprovação – como vamos voltar agora?

–- O Brutos tem o incrível dom de aparecer quando mais precisamos. – ela fala calmamente.

Sabe aquele lindo momento que você quer dar um soco na linda cara da sua querida prima? É eu poderia fazer isso agora, mas não vai melhor essa situação nem um pouco.

–- Se ele não aparecer, saiba que eu não tenho nada contra canibalismos em situações extremas. – respondo revirando os olhos.

–- Você não teria coragem.

–- Quer descobrir? – falo agora com a faca em seu pescoço.

–- A Srta. Perfeição está surtando? – Katniss fala rindo.

Então, realmente a situação poderia piorar, agora encontram-se duas loucas rindo no meio do vale, ao pôr do sol, ah não, vou perder o encontro do tio Finnick e da Annie. Quando a crise passa sentamos encostadas em uma árvore, e Katniss começa a contar os piores segredos de Gale para passar o tempo, fico ignorando tudo o que ela fala até que ouvimos o primeiro uivo de lobisomem.

–- Eles vão nos matar Clove – Katniss fala tremula.

–- Não vão – tento soar confiante. – Vamos continuar procurando o caminho.

–- Eu estou com medo – ela admite.

–- Eu não – minto, me disseram um vez que pensar que alguém está com coragem afasta os seus medos, não sei se é verdade mas parece um bom momento para testar.

Ficamos sentadas fitando o chão, a lua já está alta no céu, os uivos estão mais altos, espero que eles não nos encontrem.

–- A lua não vai nos amar para sempre, não é Clove?

–- Ela vai se devolvermos as pérolas.

–- Como você vai acha-las se estamos perdidas no meio de um vale com lobisomens? – Katniss fala com uma vos triste.

Não sei o que responder, então apenas a ignoro. Acho que pensar no que eu gostaria de estar fazendo pode melhor a situação. Eu poderia estar jantando com a minha família agora, ou poderia estar com as pérolas, ou poderia estar com o... Corto meus pensamentos. Pego a faca e fico desenhando na areia, não tenho muito talento nisso, mas saiu um Brutos bonitinho.

–- Eu quero comida – Katniss murmura. Ouço passos, parecem cães correndo, e infelizmente penso que não seja Brutos.

–- Não é a única, ouça, eles estão chegando. – Fico de pé – prepare seu arco.