Estamos a duas semanas preparando esse casamento, que graças a tudo que é sagrado vai acontecer hoje, não aguentaria mais nenhum dia só falando sobre isso. O Jardim principal está milimetricamente decorado com as flores mais bonitas que tio Daniel cultivava. No caminho até onde será a cerimonia, foi decorado com rosas coloridas e o local da cerimonia foi decorado de um jeito simples. Mas Annie Amou tudo. Nesse momento estou ridícula, com o meu vestido ridículo escolhendo flores ridículas para o buquê.

-- Que horror Clove! É um casamento não um velório – Nem havia notado que Cato estava ao meu lado.

-- Tanto faz – reviro os olhos.

-- Escolhe melhor ou eu peço para a Glimmer – Enobária se mete na conversa – desculpe, não pude deixar de ouvir, vim colher salsa para o Peeta e o Chef Pierre terminarem o banquete.

-- Por favor, por tudo que é sagrado, chame a Glimmer. – Falo e jogo as flores no chão.

-- Não encoste assim nas flores – Cora fala com delicadeza.

-- Me desculpe – respondo.

-- Ah não se desculpe, querida – Ela diz – Essas flores são muito bonitas e delicadas, o toque tem que ser suave e apenas quando for necessário.

Certo, agora eu tenho lembranças enquanto estou acordada. Ok, eu tinha lembranças quando eu estava acordada, mas não esse tipo de lembranças. Brutos está deitado tomando sol no meio do caminho que Annie vai passar. Cashmere e mamãe estão arrumando a noiva, no caso a Annie. Tio Finnick e Gloss estão em algum lugar por ai e o Nighmare está comendo maças na macieira que era preferida do tio Daniel, espero que Johanna não veja isso. Por falar nela, não vejo Gale e Madge a uns dois dias, já sei casa grande, muita gente é isso que dá.

-- Clove! Para de ficar vegetando ai no meio do corredor e vem me ajudar a amarrar a fita. – Glimmer chama.

-- Já vou! – Respondo. Quase me arrependo das cartas que mandei. Mentira, está sendo maravilhosa a fase rainbow do tio Finnick.

Depois que Glimmer me obrigada a ajuda-la a fazer o mais perfeito buque que eu já vi na minha vida, posso finalmente me atirar no sofá e ficar “vegetando” como elas diriam.  Certo, talvez eu não tenha visto muitos buques na minha vida, mas esse com certeza não é um dos mais bonitos que devem existir.

-- O buque ficou lega – Cato fala sentando ao meu lado.

-- Não ligo, a Glimmer que ficaria feliz com esse comentário – respondo.

-- Porque está braba?

-- Do nada o casamento virou o novo sol e nós somos o sistema que fica em volta –digo, certo devo estar sendo muito idiota agora, Annie e Finnick merecem essa cerimonia.

-- Irrita, mas, é só mais hoje depois...

-- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH – Ouço um grito, e eu acho que é da Annie.

Corro em direção do grito. Tropeço em alguns galhos e me furo em algumas rosas até chegar onde Annie está. Seu vestido de noiva foi manchado com frutinhas vermelhas.

-- Agora a menos que alguém aqui seja a fada madrinha da Cinderela meu casamento está arruinado – Annie fala chorosa.

-- Serve um nightmare?

***

A música irritante já invade meu ouvido, Annie está a caminho de Finnick que já está no altar. Lágrimas, conversas, barulho de folhas e eu consigo ouvir tudo sem prestar atenção em nada.

-- Belo casamento – Sonhador diz.

-- Verdade, um dos mais bonitos que eu já vi. – Respondo – Logo atrás do casamento do meu pai e da Regina – Pera, sou eu mesmo aqui? Cabeça? Porque eu estou falando disso?

-- Esse casamento infelizmente não tive a honra de assistir – Ele diz.

-- A Annie e o Finnick são da Floresta Encantada também? – pergunto.

-- Isso você terá que descobrir – Ele responde -- Não posso te dar todas as respostas.

-- Não pode me ajudar em nada então – digo triste.

-- Mas, eu posso te dar uma coisa... Todas as perguntas.

***

A cerimonia acabou e agora estamos meio que na festa de casamento, logo Annie vai jogar o buquê, eu imaginei que Enobária estivesse ansiosa para o pegar, mas parece que ela está longe disso. Não tenho ideia de quem será o próximo a se casar aqui.

Ela parece triste, apesar de disfarçar muito bem. Regina nunca pareceu verdadeiramente feliz depois daquele dia. Meu pai não parece notar, Cora não parece notar, ninguém parece dar atenção.

-- Clove? Clove! – Tia Enobária me tira de meus devaneios.

-- Eu sou um monstro – Digo.

-- Bem vinda à equipe – Ela fala com um riso forçado. – Agora vem, a Annie vai cortar o bolo.

-- E o buquê? – Pergunto.

-- Vai ser o último evento. – ela responde.

Enobária sai e eu vejo Sonhador se afastando. Estranho. Coloco a mão em suas costas antes de conseguir pronunciar alguma palavra.

-- Onde vai? – pergunto.

-- Abrir um portão – o nightmare responde – um pequeno, quero ver como andam as coisas na Floresta. Quero ver se o tempo ainda está congelado.

-- Como assim está congelado? – pergunto.

-- A Floresta Encantada vai ficar congelada até você voltar – ele diz – Não se preocupe, vamos esperar você se sentir preparada. Vamos torcer para que não aconteça nada de errado a magia é muito instável aqui.

***

-- JOGA, JOGA, JOGA! – Todos gritavam com falsa animação para Annie jogar o buquê.

-- Lá vai! – Ela diz por fim. Ela lança o buquê com tanta força que ele acaba entrando no portal que o nightmare abriu. – Opa. – Ela fala e todos começam a rir.

-- Corre! – Sonhador fala – O portal de desestabilizou, ele vai sugar todos que são do mundo dele! Corram.

Agora é oficial, eu odeio esse casamento. Felicidades ao novo casal que agora tem chance de sumir do mapa.

***

Quando dou por mim uma onde de fumaça já envolveu a todos, ou quase. Estamos sendo sugados pelo portal em uma velocidade absurdamente lenta. É como se eu estivesse congelando.

-- Segura a minha crina – Sonhador diz.

-- Por quê?

-- É o único jeito de manter suas memórias—ele responde.

Seguro-as fortemente. É como se meu coração estivesse se comprimindo dentro do peito. Meus sentidos começam a desaparecer.

“-- Não importa o que acontecer ou onde estiver, eu sempre vou encontrar você!”

É a última coisa que consigo ouvir antes de fechar os olhos.