Entre a Razão e o Coração! escrita por Kuchiki Manu


Capítulo 20
Capítulo 20 - Dor - [Nos caminhos do Passado]


Notas iniciais do capítulo

Sim, cá estou eu com mais um capítulo!
Esse demorou um pouco, não foi? ôo
Me desculpem por isso, de verdade.

Foi um capítulo meio complicado de se escrever, já que dirá sobre o motivo real da vingança da Família Hyega (como disse no anterior). Espero que compreendão e já sabem, qualquer dúvida, só perguntar.

Ficou um capitulo grande. Então, se estiver monotono de mais, me desculpem. =/

As partes em itálico falam de acontecimentos do passado, e as letras normais do presente, está bem?

Como havia dito, fiz a lista com os personagens novos para melhor entendimento - e localização - nos acontecimentos da fic. Está no meu blog; link abaixo:

LINK: http://whitemoon06.blogspot.com/

Espero que ajude também.

Me desculpem caso tenha algum erro.

E enfim, sem mais enrolação...

Boa Leitura!



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CAPITULO 20 - DOR - [NOS CAMINHOS DO PASSADO].

 

Sereitei. – 98 anos atrás.

Esquadrão Kidoushuu. - O esquadrão do Kidou.

 

- Bom dia, Taichou.

- Hmm.

- Bom dia, senhor.

 

Assentiu com um leve movimento com a cabeça.

E assim ele ia respondendo à cada comprimento. Respondendo em ações curtas e respeitosas, e com certeza, deixando transparecer a diferença de posições. Em suas atitudes simples nesta manhã, o nobre capitão mostrava sua autoridade que possuía.

Finalmente atravessou a porta de seu escritório. Primeiramente, os seus olhos profundos e brilhantes caíram sobre aquela figura vergonhosa, dormindo descaradamente sobre a mesa.

Franziu o cenho ao seu aproximar. E sem exitar, deixou que o livro que carregava caísse sobre a cabeça do dorminhoco.

 

- Au! - saltou da cadeira, levando as mãos ao novo 'galo' - Droga! Ficou louco, Dante!? - questionou furioso.

- Não fale assim comigo. Eu sou o seu capitão, esqueceu? - o homem de cabelos brancos rebateu.

 

Capitão do Esquadrão Kidoushuu: Hyega Dante.

 

- É, mas isso não quer dizer que tens o direito de me acordar do jeito que queres! - o jovem de cabelos negros insistiu na audácia de seu superior, mesmo que não o visse dessa forma para usar essa expressão.

- Pare de reclamar, Seiji! Acorde de uma vez! - bufou – Você envergonha o nome do seu Clã.

 

Vice-Capitão do Esquadrão Kidoushuu: Kuchiki Seiji.

 

- Tá. Não precisa falar desse jeito. - desistiu, fingindo estar magoado – Pois saiba que foi por causa da minha família que eu não consegui dormir noite passada.

- O que aconteceu? - Hyega perguntou, sentando na cadeira pertencente a ele.

- Emi não me deixa dormir! Ela passa a noite acordada chorando e fazendo perguntas estranhas! - fez o máximo de drama que podia.

- Não se preocupe. Isso irá durar até o seu filho nascer. Foi o que aconteceu com a Sora.

- E torço para que isso aconteça logo! - ergueu ambas as mãos, apoiando a cabeça. - Falta pouco para a minha filha nascer!

- Como sabe que é menina?

- Apenas sei. Não quero ficar cercado por homens, igual a você.

- O Clã Hyega possui uma linhagem predominante de homens fortes e honrados. - retrucou orgulhoso.

- Mas nós do Clã Kuchiki não temos preconceito.

- Não foi isso que eu quis dizer!

 

Seiji quase riu da exaltação de seu amigo. Abaixou o olhar sobre sua mesa, encontrando algo curioso nela. Arqueou uma sobrancelha.

 

- O que é isso, Dante? - perguntou ao examinar o estranho livro em mãos.

- Não é nada. - em uma velocidade impressionante, Dante apareceu ao lado do tenente, tomando o livro.

- Não vai me dizer que... isso é...

- Nós como líderes desse esquadrão temos que honra-lo e ter total conhecimento das habilidades principais e únicas dele.

- Uma resposta digna do Comandante Yamamoto. Mas não é com ele que estou falando... - ficou sério – Isso é perigoso, Dante. Kidous proibidos não recebem esse nome só porque soam bem juntos. Isso é...

- Onde está o documento que eu lhe pedi ontem? - mudou o assunto bruscamente.

 

E infelizmente, aquele assunto não era favorável a Kuchiki Seiji.

 

- Er... Eu... - o que responder? - Eu esqueci.

- Seiji, se eu não o conhecesse a anos, eu o chutava para fora daqui!

- Até parece! Você não vive sem mim! - riu de forma divertida, agarrando o pescoço do capitão e fazendo cascudos na cabeça deste.

- Ai! Me solta, Seiji! Não podemos mais agir como crianças. Agora nós- Seu idiota! Eu vou acabar com você!

 

***

O que esperar de dois jovens que receberam cargos importantes? Com certeza, eles tentariam se adaptar ao que lhe foi imposto, no entanto, fragmentos de sua vida curta e sem maturidade iriam se manisfestar em momentos inadequados aos olhos dos outros.

Dante sempre se mostrou mais responsável. O mais equilibrado e ciente do que deveria fazer e conhecer. Talvez... Até de mais.

Com ele, Seiji, foi diferente.

Foi o tempo que o fez amadurecer. A vida o fez se posicionar conforme o esperado, deixando para traz sua personalidade incontrolável.

 

- Há quanto tempo estamos andando? Está demorando muito!

- Idiota! Eu já sei! Será que não consegue ficar cinco minutos calado!?

 

E ele esperava que um dia aqueles dois pudessem seguir o mesmo caminho que ele. Porém, que eles não fossem cortados pelas lâminas cruéis que o destino o proporcionou.

 

- Ei, velho Seiji! Quanto tempo temos que continuar correndo?

 

Respirou fundo, tentando manter a paciência. Aquele garoto de cabelo estranho já se pôs a chama-lo daquela forma tão informal, e tinha certeza que seria difícil retirar esse mal costume.

 

- Garoto, já disse que é necessário um dia para chegarmos lá, inclusive utilizando a velocidade do shunpo, como estamos fazendo agora.

- Ouviu, Renji? Agora você pode calar essa sua boca e continuar a correr!

- Seu...! - resolveu não retrucar, contando a situação ao qual estavam.

 

Seiji continuou a observar os dois jovens.

O humano e o capitão. Kurosaki Ichigo e Abarai Renji.

O fato era que apenas um ocupava o cargo de capitão dos Esquadrões de Seireitei, mas também não poderia desconsiderar que o humano preencheria a posição sem problemas. Afinal, Kurosaki Ichigo foi o humano que derrotou o traidor Aizen.

Por isso, não se opôs a aceitar o suporte dos dois homens de cabelos chamativos. Apesar de que, em um pequeno momento, pensou duas vezes ao se lembrar dos modos do shinigami substituto.

 

- O Taichou está muito preocupado, não é? - Renji comentou em um tom baixo, olhando para frente.

 

Ichigo franziu o cenho, seguindo o olhar para o mesmo foco de visão de Abarai. Desde que saíram ao resgate de Rukia, não dirigiu uma palavra ao capitão do 6º esquadrão. E Kuchiki Byakuya também não falou com ele, apenas o acompanhava obrigado, Ichigo sabia disso.

Como era o esperado, Byakuya estava a frente deles. Jamais olhando para trás. Jamais ligando para os movimentos ao seu redor. Apenas se importando com aquilo que deveria alcançar – Ela.


- Argh! - Ichigo começou, como se sentisse um gosto amargo na boca – Tudo foi culpa-

- Não termine essa frase, garoto. - a voz profunda de Seiji o interrompeu – Você não esta totalmente ciente da situação delicada ao qual estamos.

- Como não? A Rukia foi seqüestrada! Tudo por causa-

- Irei lhe dizer algo... - o Kuchiki não se importou com o tom exaltado do alaranjado – Que irá fazê-lo pensar, antes de falar.

Pausou, recebendo o olhar contraditório de Ichigo.

- Imagino o que esta sentindo, Kurosaki Ichigo, no entanto... Você não conhece a verdadeira dor.

 

***

 

O jovem capitão adentrou a mansão com passos firmes e apressados. Com o rosto erguido como sempre, porém, com uma expressão um tanto que indagativa pela última convocação que recebera.

O chamado de seu único amigo.

Hyega Dante cruzou os corredores da mansão Kuchiki, e ao chegar em um certo ponto, pode avistar aquele que procurava. Sentado, com a cabeça entre as mãos, fitando os próprios pés.

 

- Seiji... - chamou ao se aproximar – O que aconteceu? Por que você-

- Era uma menina, Dante. Eu te disse. Era... uma menina. - falou debilmente em meios as palavras do capitão Hyega.

 

Ao ouvir o que disse, Dante acabou soltando um suspiro aliviado, deixando a tensão sair de seu corpo. Um raro sorriso surgiu em sua face ao saber do nascimento da filha de seu companheiro.

Ele realmente havia acertado. Seiji ganhou. É uma menina.

 

- Ah, isso é ótimo! - tocou os ombros dele – Então, onde está sua filha, Seiji? Eu quero vê-la.

- Você não pode.

 

Saiu automaticamente.

 

- Você não pode vê-la, Dante. Eu... Não posso.

- Por quê? - Hyega não compreendeu – O que aconteceu-

- Ela está morta, Dante. - Seiji tinha a voz fraca – Minha filha está morta.

 

Os olhos prateados se arregalaram graças a noticia.

E escondendo o próprio rosto, Seiji não se acanhou ao mostrar o que sentia. Não exitou em segurar as lágrimas de seus profundos olhos acinzentados.

Observando aquela cena, sem mover um músculo, Dante permaneceu sem ação.

Passou pela mesma dor. Já havia sentido a amargura da perda. E não desejava que nenhum ser próximo a si tivesse a mesma experiência que a dele.

Mas agora... Vendo o seu amigo, que ajudou quando presenciou a mesma situação; ele... não sabia o que fazer. Não conhecia as palavras certas.

Olhou para os lados, procurando pateticamente ajuda. Ninguém.

Desejou que sua esposa estivesse viva.

Sora...

Porém, ela não estava. Ele deveria ser o apoio dessa vez.

 

- Eu sinto... muito... - parecia ter criado um nó em sua garganta – Eu realmente... sinto, Seiji. - mesmo assim, tentava – Se eu pudesse... Fazer algo.

- Foi tudo minha culpa. - ele falou em meio ao choro – Ela precisou de mim, e eu não estava aqui. Foi tudo minha culpa!! - gritou.

- Não diga isso.

- Foi tudo minha culpa! Emi precisou de mim, e eu não estava aqui... Não estava... Não estava... - repetia a condenação que impôs para si.

 

E derramou-se na dor. Recendo o amparo de Dante, o sustentando a cada lágrima que chegava ao chão.

***

 

Ele era o oposto do que o seu Clã defendia. Seiji não mostrava ter o nome de sua familía.

Um Kuchiki não chora. Não sente. Não se entrega ao desespero.

Um Kuchiki possui equilíbrio. Honra. Exemplo para os outros ao seu redor.

E ele não mostrava qualquer qualidade a ser seguida. Nenhuma.

Entretanto, Seiji nunca se importou com os valores de seu Clã. Sempre agiu da forma que entendia como certa; a que o seu coração defendia.

Jamais se arrependeu disso.

Chorou, sorriu, gritou, brincou... E jamais se arrependeu.

Mas a vida é injusta. À cada tropeço, os valores que tanto repugnava, eram implantados forçadamente em seu corpo. Em sua alma.

Pouco a pouco...

 

- O nascimento de crianças na Soul Society é algo raro. - começou Seiji - Não acontece todos os dias ou á cada ano. Até mesmo para nós, nobres, é uma surpresa ao sabermos que um bebê irá nascer, mesmo que exijamos o nascimento de um. Pode se assemelhar a uma gestação normal, igual a dos humanos, mas há aspectos diferenciados que se manifestam na hora do parto.

 

Ichigo ouvia atento, assim como Renji.

 

- Crianças que são filhos de shinigamis com grande pressão espiritual, naturalmente herdaram as mesmas características de força de seus pais. Por isso, é necessário um preparo tanto físico, como espiritual, para que ocorra tudo bem na hora do nascimento. E isso não é algo simples de se proporcionar. Até mesmo com a presença da Capitã do 4º esquadrão, ainda ocorrerem grandes riscos no processo.

 

Suspirou pesadamente, proporcionando poucos segundos de suspense.

 

- Se algo de errado acontecer... É provável que a mãe e o bebê morram.

 

***

 

As horas se passaram lentamente. Os minutos eram eternos. E ele suportava cada um deles, sentindo a dor da culpa.

Poderia se condenar para sempre, aceitando o fato de que não estava lá.

Escolheu a missão, ao envés de permanecer ao lado da mulher que amava em um momento tão especial para ambos. Em uma única vez decidiu dar um exemplo, e arruinou a vida que tanto presava. Arruinou a vida de Emi, que defendia com todas as forças.

Compreenderia se ela o odiasse. Se não quisesse mais ver seu rosto desprezível.

Compreenderia e obedeceria o desejo daquela que chamava de esposa.

 

- Emi... - falou com a voz fraca, quando sentou a beira da cama. Era a primeira vez que se falavam, desde a tragédia.

 

Ela estava de costas para ele, e ao ouvir seu nome, virou rapidamente o rosto, mostrando os olhos verdes... sem brilho.

 

- Seiji...

 

O seu tom era tão abatido, que o coração do jovem Kuchiki espremeu mais ainda dentro de seu peito.

É tudo minha culpa.

 

- Me perdoe... Emi... - teve que dizer – Foi minha culpa. Eu não estava aqui... quando precisou de mim...

- Não diga isso, Seiji. Você não sabia.

- Mas eu poderia ter ficado. Eu não deveria ter saído... Eu... Nossa filha... - hesitou. Não conseguiria prosseguir, então limitou-se a esconder a face.

 

Ela poderia odiá-lo. Ela iria, da mesma forma que ele. Por sua própria existência.

Compreenderia...

No entanto, em meio a tristeza, surpreendeu-se ao ser envolvido por braços tão quentes e confortantes. O rosto tão delicado de encontro ao seu.

 

- Emi...?

- Prometa que você nunca me deixará.

 

Ele foi impactado por tais palavras.

 

- Me prometa, Seiji. - ela insistiu – Por favor, me prometa.

- Eu prometo. - ele a envolveu em retorno – Eu não vou te deixar, Emi.

 

E naquele simples abraço, ambos conseguiram forças para seguir.

Sempre juntos. Jamais separados.

Pois sabiam que se não estivessem juntos, respirar seria alo impossível.

 

***

 

- E você me diz tudo dessa forma? Quer dizer que a Rukia e o bebê correm o risco de...? - Ichigo estava irritado.

- Apenas estou dizendo da forma que deve ser dita. E espero que pense antes de falar. - olhou em direção ao sobrinho – Byakuya sabe o que pode acontecer. E presumo... que ele se sente o mesmo que eu naquele dia.

 

E ele sentia. A mesma dor. A mesma culpa. Porém, poucos poderiam perceber. Byakuya era um exemplo vivo dos valores defendidos pela familía Kuchiki.

Ele poderia sentir. Mas somente ele saberia, mais ninguém.

Byakuya escolheu isso. E, de um certo modo, se orgulhava de ser assim.

Pois tudo o que sentia... Era direcionado somente a ela.

Rukia...

 

- Velho Seiji... - Ichigo falou de repente, o que fez o Kuchiki dirigi o olhar a ele. - Você estava enganado.

 

Seiji nada disse, apenas ouvia.

 

- ... Eu já conheci a dor. E não quero senti-la novamente.

 

Com essas ultimas palavras, Ichigo continuou a correr, apressando os passos de shunpo e ficando á poucos metros de Byakuya.

 

~o~o~o~

 

Seireitei – 95 anos atrás.

Mansão Hyega.

 

- Levante-se, Dante. Ainda estamos no inicio.

 

Era a quarta vez que ouvia essa frase. Limpou o suor escorrendo de sua testa, apoiando-se com os braços para se por de pé novamente. Encarou o homem a sua frente.

 

- Pai, eu já disse que não preciso saber lutar com a zanpakutou. Eu nem tenho uma! - insistiu na sua opinião. Pois, era racional.

- Que isso, meu filho. Um shinigami tem que saber lutar com a zanpakutou e utilizar os kidous. Você já tem domínio sobre uma habilidade, agora lhe ensinarei a próxima.

- Mas eu sou capitão do esquadrão do kidou! - já estava irritado – Não preciso-

- Não importa. Apenas treine com seu pai.

 

Com um sorriso largo no rosto, Hyega Hemura avançou mais uma vez contra seu filho. A falta de habilidade com a espada de Dante o incomodava, de algum modo, que não desistia de ensina-lo a lutar do jeito que se deve.

Sabia que Dante fazia tudo por ele. Se orgulhava disso, assim como se orgulhava das habilidades fantásticas de seu único filho em relação a magia. Tinha certeza que era o bastante para ele, porem...

... Gostava de passar suas poucas horas de folga ao lado da família. Principalmente o aportunando com coisas que ele não sabia fazer.

 

- Argh! - e mais uma vez, Dante caiu.

- Sabe meu filho... Meus netos lutam melhor do que você. - estendeu o braço para ele se levantar – E eu tenho quase certeza de que um deles será capitão do Gotei 13.

- É. Eu também acho, papai. Porquê eles são péssimos no kidou!

 

Colocou ênfase na palavra “péssimo”, o que fez o pai sorrir.

 

- Então, Dante? Gostaria de tentar novamente? - perguntou Hemura, empurrando com impaciência os cabelos para traz.

- Desista, Hemura-san! Ele não sabe! - uma terceira voz se fez presente.

 

Hyega Hemura, tenente do 6º esquadrão.

 

- Seiji. O que faz aqui?

- Eu vim buscar o seu filho. - olhou para Dante – Temos que ir para o esquadrão avaliar os novos recrutas.

- Ainda temos tempo, Seiji. - Dante falou.

- Eu sei. Mas queria livrar você do massacre que é treinar com seu velho pai.- riu.

- Idiota! Isso não é-

- Acalme-se, Dante. Respeite Seiji. - advertiu o atual líder do Clã Hyega.

- Isso, Dante! Me respeite! - o Kuchiki reforçou, recebendo um olhar reprovador de seu amigo.

 

O jovem Hyega praguejou mentalmente. Poderia avançar contra Seiji; isso se o pai não estivesse ao seu lado o observando.

 

- Vamos, Seiji. - o melhor era sair dali – Até breve, papai.

 

Hemura assentiu.

 

- Falou, Hemura-san! Nos vemos por ai!

- Por que você fala assim, Seiji? Respeite o meu pai. - ralhou Dante quando um pouco afastados.

- Ué, nossas famílias são aliadas. E eu não disse nada de desrespeitoso para vossa autoridade, Hyega Hemura. - ironizou.

- Você se dirige a ele muito informalmente. - bufou – Não o vejo falando assim com o Capitão do 6º esquadrão.

- Mas com o velho Ginrei é diferente. Ele é capaz de me expulsar da família Kuchiki, caso eu o trate como um simples individuo.

 

Não fez questão de retrucar.

 

- Dante.

- Hmm?

- Será que seremos igual aos nossos pais? Digo, eles estão há muito tempo juntos... - dizia de forma pensativa, revirando os olhos acinzentados.

- Não sei... Mas de uma coisa eu tenho certeza.

- O que?

- Meu pai confia em Kuchiki Ginrei, da mesma forma que eu confio em você.

- Oh!... - Seiji murmurou, até que tocou os ombros dele – Então é como eu sempre digo... Eu sempre vou ficar ao seu lado. Um completa o outro, sabe?

- Sei... - suspirou, soltando um leve sorriso - Comigo ao seu lado, o seu Clã pode ter um futuro. - sempre dizia isso para ele.

- O mesmo serve para o seu. - Seiji sorriu ao repetir aquela frase, já dita milhares de vezes - Juntos nos iremos manter o equilíbrio. Para sempre.

 

E como discordar de algo que era real e vivo para ambos?

 

***

 

- Ela não está se sentindo bem. - ouviu o primogênito lhe dizer; mas apenas o olhou brevemente, voltando a visão para o horizonte da janela.

 

Dan engoliu seco, respirando fundo.

 

- Rukia não está bem, pai. Ela está estranha. Está... fraca.

- E...? - Dante não se interessou.

- Devemos fazer algo. - tentou manter a calma – Ela pode-

- Não iremos fazer nada até o momento certo, Dan.

- E se algo acontecer? - exaltou-se – Você me prometeu que-

- Eu sei o que prometi. E você? Sabe? - cortou sem piedade – Volte para o lugar que eu lhe mandei ficar, Dan. Espere a segunda ordem.

 

Continuou a fitar o pai. Dante tinhas as costas para ele, não se importando com o que dizia.

Cerrou os punhos. Sentiu a aura de sua reatsu fluir ao redor de seu corpo. Entretanto, deveria manter a calma. Não iria estragar tudo. Não agora.

Ele prometeu. Ele vai cumprir.

Dante ouviu a forte batida na porta. Virou o olhar para trás, certificando-se de que Dan já não estava mais ali.

Suspirou. Com certeza ele lembrava a mãe. O gênio forte de Sora.

E além da personalidade incomparável, Dan ainda tinha um poder espiritual de causar inveja á qualquer um que treinasse por anos. Um poder que não sabia utilizar.

Deveria ter prudência.

Não deixaria a falta de controle do filho estragar tudo.

Esperou muito tempo para se preparar. Para vingar a traição.

 

***

 

- Dante, adivinha! - falou Seiji sentado em sua costumeira mesa do grande escritório do Esquadrão Kidoushuu.

- O que? - o capitão não desviou a atenção dos documentos em mãos.

- Nós fomos eleitos o esquadrão com os homens mais belos de Seireitei.

- Verdade? - perguntou com descaso. Não dava importância a assuntos desnecessários.

- Arrã! - mas Seiji era diferente – Minha vida está perfeita. Sou casado com uma mulher linda, e sem falar que eu também sou bonito!

- Bom pra você... - se levantou – Tenho que ir. Prometi ao Dan e aos gêmeos que os ajudaria no treinamento com kidou.

- Sério? Eu também poderia ajudar o Byakuya... - revirou os olhos – Mas aquele garoto é tão orgulhoso, que só aceita treinar sozinho ou com meu pai.

- Um verdadeiro Kuchiki.

- Tem razão... EI!

 

Dante deu de ombros, seguindo em direção a porta. Porém, antes que pudesse atravessa-la, outra pessoa adentrou por ela. Era um shinigame, e aparentemente estava nervoso.

 

- O que houve? - perguntou.

- Por favor, meu senhor. Pedem sua presença e a de Kuchiki Seiji no 6º esquadrão.

 

Os dois se olharam, e sem pensar duas vezes, seguiram em direção ao destino.

Após alguns minutos, chegaram no lugar. Andavam com passos firmes, olhando sempre para frente. De algum modo, Dante estava diferente. Seiji vinha ao seu lado, e percebeu com clareza a mudança de expressão no rosto do companheiro. O que poderia...?

Direita... Esquerda... Esquerda... A porta.

Sem cerimônia, entraram na sala do capitão do esquadrão. Kuchiki Ginrei estava lá, e ao notar a presença deles, virou-se para encara-los.

Seiji sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo. Apesar do olhar costumeiro de seu pai, frio sem alguma mudança ou manifestação de emoção; tinha total certeza de que algo havia acontecido...

 

- Pai... - Seiji foi o primeiro a falar – Por que nos chamou?

 

Nada. Nenhuma palavra saiu da boca de Ginrei.

Resolveu falar novamente, mas Dante foi mais rápido.

 

- Onde está meu pai? - o Hyega indagou, correndo vagarosamente o olhar pela sala.

 

Nenhuma resposta.

 

- Onde está meu pai, diga-me, Kuchiki Ginrei!

- Está morto.

 

E naquele momento, o seu mundo desabou. Os olhos prateados se arregalaram, sem saber para onde dirigi-los. Era como se tirassem as migalhas que o fariam retornar para casa. Como se retirassem o ar de seus pulmões.

Não poderia ser verdade. Não poderia!

 

- Não compreendo...

- Em meio á uma missão, um hollow tomou conta de seu corpo. Hemura lutou, mas não resistiu. - Ginrei continuou – Foi necessário que ele morresse, caso contrário, a missão correria riscos.

- O que?

 

Silêncio.

 

- Eu o matei. - Ginrei lançou as palavras como gelo.

 

Dante continuava estático. Olhava com surpresa o capitão, que não mostrava nada. Era como se nada tivesse acontecido. Ele se mostrava tão... Indiferente.

Não parecia que havia matado seu companheiro de anos. Seu subordinado... Seu amigo.

Não.

Ginrei parecia ter matado somente um animal.

Sem importância... Nada mais.

 

- Você o matou!?- Dante se exaltou – Como pode!?

- Foi necessário.

- Mentira! - em meio ao ódio, Dante ergueu uma das mãos em direção a Ginrei. Saia o que deveria fazer. O seu corpo já mostrava a ação seguinte, sendo envolvido por uma aura negra.

 

Mas antes de qualquer manifestação, Seiji interferiu, ficando entre eles.

 

- O que esta fazendo, Seiji? - Dante perguntou com ira.

- Você não pode ataca-lo.

- Ele matou o meu pai!!

- Eu sei... Mas não posso deixar que faça algo a ele. Não posso.

 

O olhar de Seiji estava diferente. Era mais profundo, no entanto, não mostrava vida. Com as sobrancelhas franzidas, ele encarava aquele que sempre fora seu amigo.

Em poucos segundos, Seiji adquiriu os empenetrantes olhos de um verdadeiro Kuchiki.

 

- Saia da minha frente, Seiji.

- Não.

- SAIA! - gritou.

- JÁ DISSE QUE NÃO!

 

Cansado de tentar resolver em palavras, Dante se pôs a dar um passo para trás. A aura negra o envolvendo, assim como o ódio que crescera de forma impressionante.

 

- Ele confiou em você. - disse entre os dentes.

 

Hemura confiou nele. Confiou!

Com ambas as mãos estendidas, Dante começou a recitar um cântico, jamais ouvido por aqueles presentes. Um encantamento desconhecido.

Seiji não saiu da frente do pai. Não hesitou. Permaneceu lá.

Porém, o seu redor ficou denso. O corpo começo a ficar pesado. A pressão toda dirigida á ele, Dante.

Seiji arregalou os olhos diante disto.

Um kidou proibido!

 

- Não faça isso, Dante! - tentou, mas o Hyega estava consumido pelo ódio. Não o ouviu.

 

Então tudo ocorreu muito rápido. Por um breve momento, teve a sensação de ter ido contra aquele kidou predominado pela cor negra, no entanto, não foi o que aconteceu.

Sangue .

Os olhos cresceram. Seiji viu o pai com a espada em mãos, além dos ombros de Dante. Este tinha o rosto em direção ao chão, enquanto as gostas vermelhas escorriam do mesmo.

 

- Não... - sussurrou; e quando estava prestes a ir até Dante, a voz fria de seu pai o interrompeu.

- Prenda-o, Seiji. A Soul Society não aceita esse tipo de comportamento.

 

Era uma ordem, sem dúvida. O jovem engoliu seco. Como poderia...?

 

- Ele confiou em você... - Dante começou a se reerguer – Ele sempre o serviu, Kuchiki Ginrei. Você... Você o traiu. Você o matou.

- Prenda-o, Seiji. - Ginrei ignorou.

- Não! - as palavras não saíram da boca de Seiji, mas sim dos lábios de Dante, o que surpreendeu todos.

 

Neste momento, o corpo do Hyega fora envolto por uma barreira. Como uma luz, cercando cada parte de Dante. Ele levantou o olhar, revelando o prata manchado pelo vermelho. O seu ferimento no lado direito de seus olhos.

 

- Dante... - Seiji estava surpreso. Mais um kidou desconhecido.

- Um dia, se arrependerão do que fizeram. - Dante falou vagarosamente – Eu vou acabar com o Clã Kuchiki. A geração de vocês não prosperara. Não importa quando, mas saibam que chegara o momento em que o líder dessa família não terá nada além de seu nome. Sem tesouro, sem nada a preservar... Apenas a dor e a repulsão de ser um Kuchiki. Isso... Eu juro.

- Dante... O que você está fazendo!? - gritou Seiji.

- Adeus, Seiji. A próxima vez que nos encontrarmos... Apenas um sobrevivera.

 

Dante já estava inalcançável, assim como o seu corpo que pouco a pouco começara a sumir.

Nada seria da mesma forma.

O laço fora quebrado.

A morte não separou apenas seus pais, mas a geração de dois Clãs poderosos.

Separou... Eles.

O ódio era cruel. A desesperança. Decepção naquilo que confiava... Cruel.

Aquilo que tanto preservarão. A amizade, aliança, companheirismo... Jamais pertenceria a eles novamente. Jamais.

Eles não seriam os mesmos. Cada um seguiria o seu caminho, defendendo o que achava certo, ou o que sempre fora dito como certo.

Seguiriam os seus nomes. Defenderiam os seus nomes.

Tudo seria diferente.

Não mais amigos, mas sim... Inimigos até o dia em que um caíra perante o outro.

Pois, sem esse destino consumado...

... Nenhum terá um futuro.

 

- Adeus... Dante.

 

~o~o~o~

 

 

Ela observava a mulher idosa avalia-la.

Rukia estava deitada, sentido as mãos delgadas sobre a barriga. Sentia-se incomodada. Nani não tinha expressão. Era como uma escultura, com o rosto sempre o mesmo e com os olhos azuis gélidos. Estava forçada a receber aqueles cuidados.

Resolveu virar o rosto para o lado, vendo o quarto tão bem apessoado. Luxuoso. Se assemelhava ao seu.

Irônico saber que estava presa ali.

Suspirou. Sentia-se estranha. O corpo estava pesado... Dormente... Cansado.

A mente sem ter certeza. O futuro indecifrável...

 

- Falta pouco. - ouviu a voz rouca comentar, enquanto Nani se afastava.

 

Rapidamente virou o rosto para a senhora.

 

- Falta... pouco? - perguntou.

 

Mas não recebeu resposta. Nani deu as costas para ela, sentando-se novamente na poltrona próxima a cama.

Rukia mais uma vez virou a face, desta vez olhando para o teto. O coração acelerado. A respiração cada vez mais difícil de se manter. O medo tomando conta de seus pensamentos.

 

Eu quero o seu filho.”

 

Levou as mãos ao ventre, compartilhando a nela. Mordeu o lábio inferior.

Ele não pode. Não pode tirá-lo de mim!

Poderia esperar. Esperaria mais um pouco. Teria que esperar.

Ele viria.

E Rukia jamais imaginaria que em outro lugar, a pessoa que agradava encorajava aquilo já pensava. Atendia as suas esperanças, pois ela era a fonte da sua.

Ela é a razão e dona da chave do coração.

Ele precisa dela. Necessita estar com ela.

 

“Espere por mim... Rukia.”

 

 

Continua...

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- INFORMAÇÕES ADICIONAIS -

ESQUADRÃO KIDOUSHUU: Esquadrão do Kidou.

KIDOU: é a técnica que o Shinigami usa para concentrar sua Energia Espiritual em encantamentos mágicos.

 

REFERÊNCIA NO MANGÁ:  

Bleach - Turn Back The Pendulum

 

***

 

- HYEGA SORA -

- Esposa de Hyega Dante, mãe de Dan e dos gêmeos.

- Morreu após o nacimento dos gêmeos Nobuko e Noriko.

 

***

 

- HYEGA HEMURA -

 

- Pai de Hyega Dante, avô de Dan e dos gêmeos.

- Era tenente do 6º esquadrão. 

- Foi morto por Kuchiki Ginrei após ter seu corpo tomado por um hollow e começar a atacar os próprios companheiros.

 

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Notas finais do capítulo

Então é isso... Espero que tenham compreendido o verdadeiro motivo da vingança da família Hyega.

Foi porque Ginrei matou o Hemura, pai do Dante. Isso será mais detalhado nos proximos capitulos, assim como algumas informações sobre os poderes do Dan.

Eu tentei fazer as apresentações um pouvo iguais ao do Mangá. Claro, não ficou igual. ¬¬'

Ah, como eu queria saber desenhar! Assim eu faria a imagem de todos do Clã Hyega, e do Seiji e da Emi também! Ah, mas já que eu não sei, o jeito é ficar escrevendo somente! ù.u

Caso você tenha lido a lista... Ajudou, não é? Pelo menos um pouquinho.

O meu blog servira como mais um meio de comunicação entre nós, além dos reviews e respostas. Bem, é o que eu espero que seja. Hehe! Link no meu perfil também. 8)

Eu pensei em criar uma comunidade no orkut também, com a mesma finalidade do blog. Qual você acham melhor? Orkut? Blog? Ou... Os dois!?

Diga-me sua opinião sobre isso, assim como a sua opinião sobre a fic. Sabe que elas sempre serão bem vindas!

E este capitulo foi bem trabalhoso. Eu adoraria receber um review! Assim, eu fico feliz e sei o que vocês estão achando!

Enfim, agradeço pelos comentarios maravilhosos. O carinho e apoio de você para que eu continue escrevendo! Muito obrigada! *---*

Acho que não estou esquecendo nada, né? ôõ

Ah, qualquer dúvida, só perguntar!

Beijão e fiquem com Deus!