37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 9
O Primeiro Tiro de Canhão


Notas iniciais do capítulo

Aweeeeeeee, voltei o/
Eu gostaria de agradecer a rahttz e a BoombyLi que favoritaram a minha fic, muito obrigado! :D
OK, vamos ler. Boa leitura!



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Acordei com um pulo e olhei no relógio. A noite estava sendo longa por causa da ansiedade que tomava conta de mim. A maioria dos tributos estava provavelmente com medo a essa hora, mas eu me sentia como se estivesse indo a uma colônia de férias. O preço da viagem, porém, era a morte de pessoas inocentes.
Levantei da cama e fui até a cozinha para beber um copo d'água. Assustei-me quando vi uma silhueta em meio à penumbra.
- Sou eu, Verizon. Arany.
Aliviado, liguei a luz. Sua expressão era calma, porém cansada.
- Também não está conseguindo dormir? - Perguntei.
- Estou com sono, mas a sensação de estar aqui é... - Ela parou por um segundo e arqueou as sobrancelhas, como se estivesse procurando a palavra certa.
- Perturbadora?
- Isso. Perturbadora. Não é estranho pensar que esperamos por isso durante toda a nossa vida? - Indagou ela, sentando-se em uma cadeira.
- Eu estava pensando o mesmo. Estamos tão perto de atingir a razão de nossa existência, mas ao mesmo tempo estamos tão longe...
- Razão de nossa existência. Será que nascemos somente para matar, Verizon?
Aquela pergunta me pegou de surpresa e, por um momento, imaginei como seria a minha vida sem os Jogos, sem o treinamento. Eu provavelmente nunca teria conhecido Arany, já que morávamos em lados opostos do distrito. Com o que eu trabalharia? Talvez na joalheria do meu pai, ajudando a polir joias ou a garimpar ouro. Arany ajudaria seus pais a criar coelhos cuja pele seria a base dos casacos utilizados pelos cidadãos da Capital.
- É claro que não, Arany. Nós somos muito mais do que isso. Mas nosso destino é esse, não há o que ser feito. A nossa única saída para uma vida normal é ganhar os Jogos. Se bem que tributos vencedores não levam vidas normais, principalmente os carreiristas. Digo, tudo o que fizemos até hoje foi treinar. O que seria da nossa vida depois que tudo isso acabasse? Meus dias provavelmente seriam extremamente tediosos.
- Mas só um de nós vai ir até o fim. - Disse Arany, ignorando minha pergunta.
- Arany, eu...
- Não me iluda, Verizon. Por favor. Eu estou feliz por estar aqui. Estou feliz por realizar esse sonho com você. Mas as consequências, elas...
- Eu vou sempre estar aqui, Arany - Eu disse, apontando para a sua cabeça - e aqui - Dessa vez apontando para o lugar onde seu coração batia.
Ela olhou para a parede e, depois, para mim. Seu rosto enrubeceu e lágrimas se formaram em seus olhos. Eu a abracei e, entre soluços, ela disse:
- Desculpe, Verizon. Eu tenho sido tão fraca...
- Não diga isso, Arany. Olhe para você! - Exclamei, enxugando suas lágrimas com meus dedos - Você é a garota mais corajosa que eu conheci. Olhe onde você está e tudo o que fez para chegar aqui. Você pode ser muitas coisas, Any, mas fraca você não é.
Ela olhou para mim, surpresa. Não entendi o que se passava até que ela disse:
- Any...?
Percebi o que eu havia dito e arregalei meus olhos.
- Eu... Bem... Eu quis dizer Arany. - Respondi, evasivo, enquanto ia até o outro lado da cozinha para pegar biscoitos no armário.
- Você não me chama assim há um bom tempo, Zony.
Enrijeci. Any e Zony eram apelidos que costumávamos usar para chamar um ao outro quando éramos pequenos. A treinadora Rubin percebeu nossa amizade - coisa inadmissível entre carreiristas - e alertou nossos pais. Os meus acharam que Arany estava tirando-me do caminho certo, fazendo minha cabeça para que eu parasse o treinamento. Desde então, Rubin passou a distanciar-nos o máximo possível no treinamento e, secretamente, eu e Arany começamos a nos encontrar todas as noites em uma pequena praça altamente arborizada. Lá nós tínhamos nossas conversas, nossas brincadeiras, nossas risadas. Não ficávamos juntos por mais de uma hora para que nossos pais não desconfiassem, mas aproveitávamos cada segundo. Geralmente levávamos guloseimas e outras coisas para comermos, e esses eram os únicos momentos livres que tínhamos. Às vezes quase esquecíamos quem éramos e que, um dia, seríamos oponentes.
Lembrei disso tudo e uma ideia apareceu em minha cabeça. Sorri e, rapidamente, joguei algumas bolinhas de queijo em Arany, que começou a rir imediatamente. Ela jogou o suco que restava em seu copo em mim e ambos rimos por alguns bons minutos. Ela falou para segui-la e saiu correndo. Fui atrás dela, sorrindo, e chegamos à sacada. Era ampla e diversas espécies de flores enfeitavam o espaço. Deitamos no chão e lá ficamos pela maior parte da noite, conversando e observando as estrelas. Horas depois voltamos para os nossos quartos. Aquela seria a última noite que passaríamos no prédio.

Dois Pacificadores me conduziram até uma pequena porta de metal. Girei a maçaneta e olhei em volta. O cômodo tinha paredes brancas e era quase um cubículo. Na minha frente, um tubo de vidro pronto para levar-me para a arena. A minha direita havia um pequeno guarda-roupas e, à esquerda, duas cadeiras. Uma delas estava ocupada por Stilius que, assim que me viu, levantou e me deu um abraço.
- Verizon. - Disse, por fim.
- Eu estou bem. De verdade.
Ele abriu um pequeno sorriso e disse:
- Tenho uma coisa para você.
Dirigiu-se ao guarda-roupas e de lá tirou um cabide.
- Este é o traje que você todos os tributos usarão esse ano. É feio e fora de moda, mas isso não vem ao caso.
Stilius ajudou-me a vesti-lo e, enquanto ele fechava o zíper em minhas costas, observei as características da roupa. Eu vestia uma única peça do pescoço aos pés. Era inteiramente verde-musgo e o número 1 em branco reluzia em cada um dos meus ombros. Nos meus pés, uma espécie de esponja amaciava e protegia o calcanhar. Nada mais além disso.
- Curioso, não é? Não consegui pensar em um tipo de arena que fosse compatível com esse traje.
Pensei por um momento e, aturdido, respondi:
- Também não consigo pensar. O mais estranho de tudo é o fato de usarmos esponjas no lugar de tênis, botas ou outros calçados.
- Talvez seja um solo pegajoso. Assim não há perigo dos tributos ficarem descalços. - Sugeriu ele.
- Talvez, mas...
- Atenção, tributos. Todos vocês devem estar nos tubos em no máximo trinta segundos. Boa sorte.
Stilius olhou para mim, nervoso, e começou a choramingar.
- Eu estou bem. É sério.
- Tome cuidado, Verizon. - Ele disse, enxugando suas lágrimas com um lencinho. Não entendi o motivo de tanta tristeza, mas sorri.
- Eu vou. Sou um carreirista, lembra?
Entrei no tubo e o vidro se fechou ao meu redor.
- Diga a Auksas - Eu falei, sorrindo - que estou esperando por algumas dádivas.
Ele assentiu e, repentinamente, senti um solavanque. A plataforma estava subindo. A última coisa que eu vi foi Stilius acenando para mim porque assim que o teto se abriu acima de minha cabeça, não pude pensar em mais nada além do cheiro terrível que infestava e queimava minhas narinas.
O primeiro pensamento que me ocorreu foi que eu vomitaria. O cheiro era simplesmente horroroso, fazendo com que até meus olhos ardessem. Olhei para os lados e vi que não era o único incomodado. Os outros tributos tampavam as narinas e abanavam o ar em sua volta em uma tentativa desesperada de respirar ar puro. Uma garota, acho que do 8, ajoelhou-se e vomitou no chão. Torci para que a mina explodisse, mas nada aconteceu.
Tentei tirar o fedor da cabeça e me concentrei na arena. Na minha frente estava a Cornucópia, um grande chifre dourado em forma de cone que continha inúmeros suprimentos essenciais para a sobrevivência - armas, comida, água, barracas e outros itens. Estávamos em um campo aberto e, ao nosso redor, havia um pântano. Árvores escuras e retorcidas iam até onde minha vista podia alcançar, e suas raízes aéreas eram uma forma de atrasar os tributos, já que se erguiam a uma boa altura do chão e eram duras, o que provavelmente provocaria cortes nas pernas de qualquer um.
Arany, a cinco tributos a minha direita, sorriu para mim. A dois tributos a minha esquerda estava Haken. Ele olhava fixamente para a Cornucópia, ansioso. Cihla apenas olhava ao redor, entediada. 10 segundos. Todos os tributos ficaram em posição para correr - ou em direção à Cornucópia, ou ao pântano. O gongo soou e, sem pestanejar, corri. O chão era extremamente grudento, o que acabou me atrasando. Experimentei correr na ponta dos pés. Essa até seria uma cena cômica caso não tivesse a morte como objetivo. Cheguei à Cornucópia e escolhi algumas armas rapidamente. Peguei um machado em uma das mãos e uma lança na outra. Cihla chegou quando eu já me preparava para sair, o que me fez dar um sorriso fraco.
Corri até os outros tributos. Uma garota havia caído no chão e lutava para se levantar. Seus braços e pernas estavam presos no lodo pegajoso e, assim que me viu, arregalou seus olhos e debateu-se desesperadamente. Sem pensar duas vezes, cravei o machado em suas costas. Ela gritou de dor e caiu completamente no chão. Dei mais duas machadadas em suas costas e, rindo, dei-me o luxo de olhar ao redor. Cihla cravava uma faca no estômago de um garoto e Kala acertava uma flecha no pescoço da menina que vomitou assim que chegamos à arena. Em meio à confusão não pude ver Arany, mas não me preocupei com ela. Certamente estava bem. Tirei o machado das costas da menina e parti para o próximo. A maioria dos tributos já tinha pegado alguns mantimentos e corrido para o pântano. Um garoto rechonchudo era o único que restara vivo - além dos carreiristas - na área aberta. Calmamente, mirei a lança em sua panturrilha e joguei. Urrei em vitória e corri até ele. Ele gemia baixinho e rastejava na lama, tentando chegar às árvores para ter uma chance de fuga. Seus dedos roliços seguraram um tronco quando acertei o machado em seu pescoço. Sua cabeça rolou pelo chão e ficou presa às raízes das árvores. Virei-a com a ponta dos pés e gargalhei ao ver a expressão de horror no rosto do menino. Agora eu lembrava dele. Seu nome era Schmulz, do Distrito 10.
Olhei para trás e vi que Arany, Cihla, Mursten, Kala e Haken observavam os corpos mortos. Mursten provavelmente reparou em alguém que ainda não havia morrido, porque cravou uma lança no coração de uma garota que estava caída. Já estava me aproximando da Cornucópia quando um movimento brusco chamou minha atenção. Mursten retirou a lança do corpo da menina e mirou em algo - ou alguém. Instintivamente, segui seu olhar e encontrei Haken. Ele olhou para mim e fez uma leve careta, sem perceber o que aconteceria. Sem ter o que fazer, assisti à lança atravessar o corpo de Haken. Ele se ajoelhou no chão e cuspiu sangue. Revirou os olhos e caiu, morto. Enfureci e estava a poucos segundos de fazer uma besteira quando lembrei de um acontecimento - a briga de Mursten e Haken no primeiro dia de treino. Você não sabe o que te espera na Arena! Mursten dissera. Aquelas palavras tinham soado tão vazias que todos tínhamos as esquecido e menosprezado. Cihla soltou uma alta e longa gargalhada e cumprimentou seu aliado. Eles foram até à Cornucópia e começaram a recolher mantimentos. Olhei para Kala, que também se aproximava do chifre. Ela parecia indiferente ao acontecido e, em busca de ajuda, olhei para Arany. Ela fez um não com a cabeça, e então resolvi seguir os concelhos de nossos tutores. Só deveríamos matar Cihla e Mursten em casos de emergência ou no fim dos Jogos. Eles seriam de extrema ajuda para caçar os outros Tributos, assim como também precisavam de nós para isso. Aparentemente, nós não apresentávamos o menor perigo para eles, já que não olharam para trás enquanto escolhiam suas armas e mantimentos. Deixei o pensamento de lado e olhei para o corpo de Haken mais uma vez. Suas pernas estavam dobradas e seu corpo jazia no meio de uma enorme poça de sangue - dele e da garota que acabara de matar.
Juntei-me aos outros e comecei a recolher mantimentos. Cihla e Mursten já estavam saindo de lá. Peguei uma mochila preta resistente e conversei com Arany e Kala. Resolvemos dividir todos os cantis e pacotes de comida igualmente. Peguei diversos sacos de frutas secas e de biscoitos. Também peguei dois cantis de água cheios, um rolo de corda, fósforos, uma faca pequena, duas lanças e um machado de dois gumes. Não pude avistar barracas ou protetores de chuva, então provavelmente dormiríamos ao relento. Vasculhei o espaço por mais alguns minutos à procura de algo mais que viria a ser útil, mas não encontrei mais nada. Estávamos discutindo sobre o que fazer e para onde ir quando os canhões começaram. Contei dez tiros. Éramos catorze. E os Jogos estavam apenas começando.


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Notas finais do capítulo

OMG estou ansioso :O O que será que vai acontecer com todos eles? Quem vai ganhar? Suspense ~~
Gostaram? Contem o que acharam! *_*



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