37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 6
Surpresas - parte I


Notas iniciais do capítulo

Aweee, finalmente o capítulo com as novidades dos Jogos 8D
Espero que gostem. Boa leitura!



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– Verizon, pare! - Gritava uma voz em meio à floresta. Eu olhava para os lados a sua procura, mas as árvores tomavam conta de minha visão. Parei para descansar e avistei dois olhos assustados no penumbra. Ela estava arfando, escondida entre duas pedras. Puxei-a pelo braço e prensei seu corpo contra um carvalho - Socorro! Socorro!
– Pare de gritar, Arany! Por que você está assustada? Sabia que isso iria acontecer. - Eu disse, passando a lança por entre meus dedos.
– Por quê? - Ela perguntou, com a voz trêmula - Por que fazer isso agora? Ainda estamos no início! Por favor!
– Quanta decadência! Achei que você fosse mais nobre, Arany. Achei que morreria de cabeça erguida.
Derrubei-a no chão e, antes que ela pudesse responder, joguei a lança em seu estômago. Sangue brotou de sua boca, e pude ver pequenas lágrimas se formando em seus olhos. Seu corpo se contorceu por alguns segundos e, finalmente, tudo ficou quieto. Um tiro de canhão.
E depois outro. E outro, e mais outro.
Acordei com batidas na porta. Nasmeh, provavelmente.
– Pode entrar! - Gritei.
– Como?! Você chaveou de novo! - Gritou ela, do lado de fora. Depois desse sonho horrível, a última coisa que eu queria era falar com alguém. Relutei mas, por fim, acabei indo até a porta.
– O que aconteceu? - Perguntei, indiferente.
– Você esqueceu? A apresentação para os Idealizadores é hoje! Você já sabe o que vai fazer lá? Já se preparou? Eu aposto o meu cachecol que não!
– Eu...
– Não me interrompa, mocinho! - Repreendeu ela - Vista-se já! Esperamos você para o café da manhã.
Fechei a porta e ouvi Nasmeh reclamando com alguém - provavelmente com Arany - sobre minha falta de educação e pontualidade. Dane-se a pontualidade, pensei. Sentei na cama, coloquei a cabeça entre os joelhos e pensei sobre o sonho. Aquilo tudo parecera tão real que eu me perguntei se realmente seria capaz de matá-la. A imagem de seu rosto triste, porém ensanguentado, não saía de minha cabeça. Será...?
Tentei deixar o pensamento de lado e comecei a me arrumar. Tomei banho no chuveiro mecanizado da Capital, escovei os dentes e vesti-me com o uniforme dos tributos que continha um número 1 reluzente em cada ombro. Saí do quarto e dirigi-me à sala de jantar. Arany, Zlato, Auksas e Nasmeh estavam na sala de estar, impacientes. Fiquei feliz ao ver que Stilius e Glossy também tinham vindo.
– Vamos passar o dia todo com vocês - Esclareceu Glossy.
– E amanhã também. Afinal, temos que arrumar vocês para a entrevista! - Completou Stilius, sorridente.
– Agora que todos chegaram - Disse Zlato, olhando para mim com desdém - vamos tomar café. Eu estou faminto.
Sentamo-nos ao redor da mesa e duas avox trouxeram comidas diversas. Enchi meu prato com biscoitos de frutas vermelhas e um cupcake de mirtilo. Quando Auksas me perguntou o que eu pretendia fazer na apresentação, explodi.
– Por que vocês se preocupam tanto assim? Não é a vida de vocês que está em jogo. E, sinceramente, eu não tenho a mínima ideia do que vou fazer quando chamarem o meu nome. Vou escolher uma arma qualquer e atirar em alguns bonecos, sei lá.
Voltei a comer e percebi que todos me olhavam, incrédulos.
– O que há de errado, Verizon? - Questionou Glossy, gentilmente.
– É só que eu detesto me sentir vigiado e guiado! Eu treinei a vida toda para os Jogos, por que vocês não me dão um voto de confiança? Eu pareço fraco para vocês? Eu entendo que o trabalho de vocês aqui é me aconselhar e dar dicas para minha sobrevivência, mas eu confio nos meus instintos! Por que vocês me tratam como um incapaz? Eu estou cansado disso tudo! - Larguei os talheres, irritado, e observei a expressão de cada um. Glossy tinha razão. O que havia de errado comigo? A verdade é que eu estava me sentindo pressionado por causa dela. Senti vergonha pelo que disse e, em seguida, pedi desculpas.
– Tudo bem, Verizon - Disse Stilius, compreensivo - Nós entendemos o que você está sentindo. É uma época difícil, mas importante para você. Explosões como essa acontecem, não é? - Continuou, olhando para todos os que estavam na mesa. Ninguém ousou falar algo, mas percebi que Nasmeh estava mordendo os lábios de ansiedade. Pedi licença e terminei o café no quarto. Olhar para Arany me trazia lembranças do terrível sonho que tive. Ele tratava de uma realidade que, sinceramente, eu esperava que não virasse realidade.


As portas do elevador abriram e fomos guiados por dois Pacificadores em um interminável labirinto de corredores. Um deles terminou em uma porta. Girei a maçaneta, ansioso, e vi-me em uma longa e estreita sala. Um banco grande de madeira estava encostado a uma das paredes, onde os tributos já estavam sentados. Éramos os últimos a chegar. Sentamos em uma das pontas, já que devemos ficar em ordem numérica dos Distritos. Alguns minutos mais tarde uma voz soou, alta e clara:
– Atenção, tributos. As apresentações acontecerão em poucos minutos mas, este ano, temos algumas alterações. Vocês se apresentarão em duplas de nossa escolha. Boa sorte.
Olhei para Arany, confuso, e percebi que não éramos os únicos. Todos os outros tributos agora conversavam entre si, perguntando-se o que aconteceria. Prefiri ficar quieto e analisei cada um deles. Qual será a minha dupla? pensei.
– Arany, como...
– Arany Reichtum e Cihla Mirask. Distritos 1 e 2. - Interrompeu a voz.
Ela olhou para mim e, depois, por cima do meu ombro. Estava observando Cihla, que já se levantava e caminhava calmamente até a sala. Olhou em meus olhos, séria, e foi até o cômodo onde aconteceriam as apresentações. Uma porta que estava entre nós se fechou logo depois que ela passou, tirando-a do meu campo de visão. Boa sorte, desejei. Olhei para o meu lado e lá estava Mursten. Será...?
O tempo passou mais lentamente como nunca e, depois de dez longos minutos, a porta novamente se abriu. Preparei-me para o que viria a seguir.
– Verizon Wealth e Mursten Schwert. Distritos 1 e 2.
Levantei-me e, sem olhar para trás, segui o caminho demarcado por pequenos adesivos. Antes de chegar a uma porta que se abria em um grande salão, uma mulher tocou em meu braço e pediu para que eu ficasse parado. Tirou uma grande agulha de uma maleta, passou uma pomada verde perto do meu ombro direito e injetou um líquido no mesmo local.
– O que é isso? - Perguntei.
– Proteção. - Respondeu ela, como se isso fosse esclarecedor.
Segui caminho e olhei para trás. O mesmo acontecia com Mursten. Esperei até que ele estivesse pronto e, juntos, entramos na sala. Era imensa e continha inúmeras armas e utensílios. Confuso, peguei uma lança para jogar em um alvo mas, quando olhei por cima do ombro, vi Mursten correndo até mim. Ele pulou e sentou em minhas costas, imobilizando-me.
– O que você está pensando? - Perguntei, furioso - Não podemos lutar aqui!
– Você não entendeu? - Questionou ele, entre gargalhadas - A avaliação desta edição é em duplas. Eles querem que lutemos.
Ele levantou, entediado, olhou para os Idealizadores e gritou:
– Não é?
Alguns deles fizeram sinal positivo com o polegar e, sem pestanejar, Mursten voltou e me atacar. Desta vez, porém, eu estava alerta. Curvei-me e o prendi pelas pernas, derrubando-o. Ele se levantou rapidamente, pegou um escudo e me encarou.
– Você não vem? - Perguntou, sorrindo.
A verdade é que eu estava dando pouco de mim na batalha. Meu foco estava em estudar seu estilo de luta, o que me daria certa vantagem na arena. Percebi que ele nem sequer havia pensado em pegar uma arma, o que me trouxe o pensamento dele não ser bom com elas. Olhei para o arsenal, indeciso. Escolhi uma espada. Olhei novamente para ele no momento em que se aproximava. Posicionei-me para o ataque e, sem saber ao certo o que aconteceria, cravei a espada em seu estômago. Ele se curvou de dor e olhou para mim, sorrindo:
– Ótimo movimento. Mas não vai ser assim tão fácil na arena.
Ele tirou a espada de sua barriga e, horrorizado, vi quando seu ferimento cicatrizou. Logo uma das paredes foi iluminada por uma projeção que era uma espécie de placar. Dois desenhos que simbolizavam corpos humanos tinham nossos nomes e, em um deles, uma pequena bola vermelha foi colocada próximo ao local onde a espada estivera no corpo de Mursten. Um número 8 apareceu ao lado.
Olhei, confuso, ao meu redor. O que estava acontecendo, afinal? Mursten me deu alguns socos mas consegui me livrar dele com uma joelhada em seu rosto. Corri até algumas lanças e, rapidamente, joguei três delas. Uma acertou seu ombro, a outra o estômago - meu alvo preferido: causa morte dolorosa e não tão rápida - e a terceira foi desviada pelo escudo. Mursten gritou de raiva e, cambaleando, veio atrás de mim. Dei-me o luxo de olhar para a parede-placar. Duas das novas bolas vermelhas estavam acompanhadas de um 7 e, a terceira, em seu rosto, de um 1. Meu boneco também tinha algumas no rosto acompanhadas do número 4. Vi quando ele se aproximou e esperei para que chegasse mais perto para cravar a espada em seu coração. Ele, porém, previu meus movimentos e curvou seu corpo por baixo das minhas pernas, levantando-me. Sacudiu meu corpo no ar e, como se eu fosse uma pena, atirou-me contra o chão. Senti uma dor insuportável nas minhas costas, o que me disse que eu tinha quebrado algumas costelas. Ele sentou em minha barriga e colocou seus pés sobre minhas mãos, imobilizando-me novamente. Era extremamente pesado e forte, já que sua especialidade era a luta corpo a corpo. Eu era apenas um bom corredor, já que minha força não se igualava a dele. Vi quando pegou um machado em uma mesa próxima e o ergueu sobre meu pescoço. Questionei-me se o líquido injetado em minha veia seria capaz de unir minha cabeça ao corpo novamente mas, sinceramente, eu preferia não saber. Sem ter o que fazer, apenas fechei os olhos e esperei. E então o alarme soou.
– Ótima luta! Tempo esgotado! - Parabenizou alguém.
Mursten pareceu desapontado e levantou-se. Demorei um pouco para perceber que minhas costas não doíam mais e, só então, também levantei. Ele me estendeu a mão e, desafiador, finalizou dizendo:
– Nós nos vemos na arena.
Sorri e apertei sua mão. Ele era, realmente, um bom oponente. Sua falha era a lentidão, minhas lanças o matariam facilmente. O problema seria enfrentá-lo sem elas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do novo método de apresentação? Será que o Verizon vai lutar com o Mursten na Arena?
Os números serão explicados no próximo capítulo ^-^
Até mais!



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