37 edição dos Jogos Vorazes escrita por bruno


Capítulo 3
A Capital


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, eu estive ocupado nesta última semana. Boa leitura!



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Matá-la. A cena tomou conta de minha mente. Fechei os olhos e sacudi a cabeça, tentando afastar o pensamento. Eu não conseguiria machucá-la, e era exatamente isso o que me assustava. Em algum momento, eu teria que fazê-lo.
– E então, Verizon? Responda! Você treinou toda a sua vida com aquela garota, deve conhecer os pontos fracos de Arany. Quais são?
– Eu... Bem... - Fiquei paralisado. A verdade é que este era o primeiro momento em que eu parava para pensar em como a mataria quando precisasse - Ela é impulsiva e comete muitos erros causados pela precocidade de suas decisões.
– Bom, isto já é um começo. Devemos focar nas habilidades que te darão vantagem sobre as dificuldades dela porque, em relação aos outros tributos, ela é a que mais tem facilidade para te matar. Ela conhece você.
– Venham ver os outros tributos! A reprise da Colheita está passando na TV! - Gritou Nasmeh, do corredor - Venham, venham!
Salvo pelo gongo, penso. Levanto rapidamente, fugindo da conversa com Auksas.
– Você vem? - Pergunto.
– É claro. - Respondeu ela, levantando-se e alisando o vestido - Mas a nossa conversa ainda não acabou.
Fomos até o outro vagão e nos sentamos no sofá de couro. Observamos o repórter falar sobre o quanto estava animado pelos Jogos e, finalmente, vimo-nos na televisão. Arany subindo ao palco e, depois, eu voluntariando-me para os Jogos. Um arrepio percorre meu corpo quando vejo meu olhar, frio e calmo, olhando para a câmera. Nos distritos 2 e 4 surgem mais quatro voluntários, como sempre. Os tributos destes distritos geralmente aliam-se durante a primeira parte dos jogos, por isso eles provavelmente ficarão conosco. Quem mais me interessa neste grupo é a garota do 4. Ela é pequena e magra, mas seu olhar era forte e ela parecia saber o que estava fazendo. Quando ela disse seu nome, porém, notei que sua voz estava trêmula. Memorizei seu rosto para, futuramente, reconhecê-la. Também vimos um brutamontes no Distrito 6, uma menina de 12 anos no 7, um casal de irmãos no 9, uma garota alta e um menino baixinho no 11 e dois pobres coitados no 12. Todos comentamos sobre o que pensamos sobre os tributos deste ano e, sinceramente, não vi alguém que realmente me intimidasse. Desligamos a TV e tento me lembrar, mentalmente, dos jovens de todos os Distritos. Afinal, eu matarei alguns deles.



– Fabuloso! Fabuloso! - Exclamou Nasmeh, entre duas colheradas de sobremesa. Aparentemente eu não era o único que não gostava de sua mania de repetir as palavras porque vi Auksas e Zlato se entreolharem e Arany revirar os olhos - Meus parabéns ao cozinheiro.
– Como estão se sentindo, garotos? - Pergunta Zlato - Chegaremos à Capital logo pela manhã!
– Estou ansioso. - Respondi, indiferente. Arany parou de comer e olhou para mim.
– Querem saber? Eu também estou muito ansiosa! - Disse ela, quase aos gritos. Largou os talheres, levantou-se da cadeira e dirigiu-se ao quarto, pisando duro - Tenham uma boa noite! - Gritou ela, ironicamente, segundos antes de bater a porta atrás de si.
– Tudo bem, isso foi esquisito. - Comentou Auksas - Mas já está na hora de você ir deitar também, Verizon. Amanhã é o desfile dos tributos e você deve estar impecável.
Levanto, cumprimento a todos com um leve aceno e sigo em direção ao meu quarto. Passo em frente ao de Arany e ouço um estranho som. Curioso, paro para escutar.
– Por que ele não se importa? - Pergunta ela para si mesma, entre soluços.
Aquilo me deixou acordado durante boa parte da noite. A verdade é que eu me importava, sim, em ir aos Jogos com ela. Eu apenas não demonstrava para não fazê-la sofrer mais. Pensei nisto a noite inteira e, por fim, adormeci.


– Acorde, Verizon! Acorde! - Gritava alguém, do lado de fora - Abra esta porta e deixe-me entrar. Estamos chegando à Capital!
Levantei da cama, sonolento, e destranquei a porta.
– No que você estava pensando? - Grita Nasmeh, furiosa - Olhe o horário! É assim que você pretende se comportar na entrevista e no treinamento?
– Tudo bem, desculpe-me. Eu dormi até tarde, isso acontece.
– É claro que acontece, mas não deveria! Trate de se vestir e se apressar, ou os cidadãos da Capital não ficarão felizes por não ver você quando chegarmos! É isso que você quer? Acho que não! - Gritou ela, histérica, ao sair do quarto. Mesmo depois de fechar a porta, pude ouvir o barulho de seu gigante salto alto batendo contra o chão.
Fechei a porta e, relutante, coloquei a melhor roupa que encontrei e fui correndo até o vagão principal. Ao chegar, deparei-me com Arany em um lindo vestido azul brilhante incrustado com safiras. Ela olhou para mim e, envergonhado, eu disse:
– Você está linda.
– Obrigada - Respondeu ela, tentando parecer indiferente, mas pude ver suas bochechas corando.
Fomos os dois até a janela e, poucos minutos depois, vimos os primeiros prédios ao longe. O espaço era imenso e coberto por jardins, praças e lagos artificiais. Logo chegamos ao centro e apavorei-me com o número de cidadãos que nos esperava. Todos tinham cabelos em cores vibrantes, tatuagens exóticas por todo o corpo ou maquiagens exageradamente utilizadas. Abanavam como se fôssemos estrelas de TV, o que realmente éramos. Logo estaríamos num reality show lutando pela sobrevivência.
– Mais! Abanem mais! - Dizia Nasmeh, agoniada.
Arany atirava beijos e sorria de uma maneira incrível, o que enlouqueceu a todos. Logo chegamos à estação, desembarcamos do trem e fomos atacados por jornalistas. Fomos fotografados, entrevistados e, por fim, entramos em um carro luxuoso que nos aguardava. Eu fui com Auksas. Arany e Zlato foram em um segundo carro, que estava logo atrás de nós. Nasmeh pediu para ficar um pouco mais e contar a todos o quanto estava honrada em trabalhar com jovens tão talentosos quanto nós. Espero, sinceramente, que ela nos ajude a conseguir admiradores e patrocinadores. Algumas dádivas podem mudar nossa situação na Arena.
Durante todo o percurso, pessoas apontavam e abanavam para nós. Por um momento, penso se estou mesmo em Panem. As pessoas são tão diferentes, não parecem humanas. Suas cirurgias e modificações corporais acabaram com com qualquer resquício de normalidade física que poderia existir nelas. Bizarros tons de pele e tatuagens por todo o rosto eram coisas comuns por aqui.
– Lá está - Diz Auksas, em êxtase - Olhe, Verizon. Aquele é o prédio onde você, Arany e todos os tributos, mentores e acompanhantes ficarão durante os Jogos.
Limito-me a olhar pela janela. O prédio era realmente imenso, já que abrangia hospedagem e centros de treinamento, mas não me importei com isso. Tudo o que eu quero é fazer o que deve ser feito. E tudo isso está na Arena.



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Notas finais do capítulo

Gostaram? :D



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