A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 6
A decisão do pequeno pássaro


Notas iniciais do capítulo

Oi Povo. Bem eu sei, eu demorei muito para postar esse capitulo, mas é que a criatividade né... Estou totalmente envolvida com uma fic de Percy Jackson então me perdi um pouco (Um fato sobre mim é que nunca consigo fazer uma coisa só, mas eu sei, isso não interessa nem um pouco vocês) Enfim... Aqui está. Espero que gostem



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Katniss sentiu seu estômago afundar assim que Snow fez a proposta. Ela via o quanto a mãe estava feliz. Ela não deveria se importar com a felicidade da mãe? Mas ela já estava cansada disso. E os convidados? Nenhum deles era amigo de Katniss. Eram gente que a desprezava, que só a tolerava por ela ser filha de Agnes e herdeira de uma grande fortuna (que não existia mais).

Estavam todos felizes e Katniss sabia que a maioria deles estava pensando no quão sortuda ela era. Katniss queria fazer com que cada um deles apagasse o sorrisinho da cara. E assim que respondesse ela sabia que iria fazer isso. Ela não sabia quais seriam as consequências, mas uma coisa ela tinha certeza... Não seriam boas.

Então ela olhou para a frente. Rue estava servindo algumas mesas e lhe lançou um olhar encorajador o mais discretamente possível. Olhou para o lado e viu Prim, parecendo tão assustada quanto ela. Até mesmo a irmã não concordava com isso. Alguns negros também a olhavam com pena. Então seu olhar cruzou com Peeta. Ele parecia desesperado. E na hora Katniss entendeu que ela precisara de muita coragem para invadir a festa de sua mãe.

Então Katniss conseguiu dar sua resposta.

– Senhor Snow, estou honrada. Mas não posso aceitar.

Houve um silêncio. Depois murmúrios. Katniss sentiu a atmosfera pesar como se estivesse a mil metros de altitude.

–O que foi que disse?- Perguntou Snow, tentando se controlar. Katniss sentiu o descontrole dele e fez o maior esforço do mundo para não dar um sorriso satisfeito.

–Eu não posso me casar com o senhor.

–Isso é...- Snow parecia extremamente desconfortável, sem conseguir encontrar as palavras.

–Um absurdo!- Continuou Agnes que tinha os olhos faiscando em direção à filha- O que você pensa que está fazendo Katniss?

– Sinto muito mãe, mas eu não posso me casar com ele.

Em questão de segundos, a mãe tinha dispersado todos os convidados, alegando que katniss não se sentia bem, que iria sim aceitar a proposta de Snow, mas não agora. “Ela, mesmo disse isso, a própria Katniss, pobre da minha filha, quer que o pedido seja feito nas festas de fim de ano, esses jovens não é?”

Depois que os convidados saíram,  Agnes pegou Katniss pelo braço e a levou em direção ao escritório que seu marido costumava usar quando era vivo.

–Como assim você não pode se casar com ele? – Agnes despejou assim que entraram no grande escritório -Por acaso você está comprometida com mais alguém? Por acaso tem alguém que seja tão insano ao ponto de querer você? Por que se não tiver Katniss, você vai morrer de fome. Você vai nos matar de fome. Deus! Se eu ao menos tivesse tido um filho!

Uma fúria descomunal se assentou no coração de Katniss, maior do que o medo.

–Eu não vou morrer de fome. E para falar a verdade eu prefiro morrer de fome do que casar com aquele homem.

–Você é tola Katniss. Acha, que depois de tudo o que você fez, poderia pedir algo melhor? Katniss, aquele homem foi muito generoso pedindo você em casamento depois de você ter dado um enorme prejuízo a ele. E você ainda o envergonha na frente de todo mundo?

–Eu não o envergonhei. Ninguém me perguntou se eu queria casar. Vocês não podem me obrigar a isso.

–Você não tem escolha senhorita. Está na hora de crescer e arcar com suas responsabilidades.

–Eu não vou me casar com ele!

–Ou você se casa com ele, ou eu vou trancá-la em casa e fazer você fazer o serviço dos escravos.

Katniss não respondeu. Ela lançou a mãe um olhar que dizia que ela havia tomado uma decisão.

–Muito bem, se essa é sua escolha. Você escolheu seu destino Katniss.

A mulher virou as costas para a filha e trancou a porta do escritório. Katniss sentou no pequeno sofá em que costumava observar o pai trabalhando na escrivaninha. Katniss começou a tremer. Como sentia falta do pai. Ela pegou um livro de couro que estava em cima da mesa: O contrato social, de Jean Rousseau.

Esse era o livro preferido do pai, era um livro que falava sobre liberdade, sobre independência do governo, sobre como o homem poderia ser naturalmente bom e, principalmente, que a escravidão era algo antinatural e que deveria ser execrado de uma vez por todas. De repente, como se fosse a resposta a uma prece, Katniss sentiu uma lembrança tomar conta dela.

Ela devia ter uns oito anos, estava estudando francês enquanto seu pai lhe ajudava e aproveitava para analisar as contas das vendas de algodão do mês. De repente o pai a pegou no colo e bagunçou seu cabelo negro.

–Ei minha princesa, acho que está na hora de você descansar um pouco.

–Eu não consigo entender isso papai.

– Meu pequeno geniozinho não consegue entender a conjugação dos verbos em francês?

O homem riu da frustração da pequena. Pegou as mãozinhas da filha e começou a cantar uma canção em francês. A menina logo se animou e começou a cantar também.

“Que veut cette horde d'esclaves,

De traîtres, de rois conjurés?

Pour qui ces ignobles entraves,

Ces fers dès longtemps préparés? (bis)

Français, pour nous, ah! quel outrage

Quels transports il doit exciter!

C'est nous qu'on ose méditer

De rendre à l'antique esclavage”

Que veut cette horde d'esclaves,

“O que quer essa horda de escravos,

De traidores, de reis conjurados?

Para quem (são) esses ignóbeis entraves,

Esses grilhões há muito tempo preparados?

Franceses, para nós, ah! que ultraje

Que comoção deve suscitar!

É a nós que ousam considerar

Fazer retornar à antiga escravidão!

–Papai, eu adoro essa canção. Sua voz é linda!

O homem riu com gosto e abraçou mais forte a garotinha.

–Obrigado querida. Essa canção inspirou milhares de homens na frança há muito tempo atrás a lutarem por liberdade contra um rei tirano sabia?

– Você está falando da revolução francesa? Como a canção se chama?

O homem olhou a menina impressionado. Desde cedo Katniss já demonstrava uma inteligência acima da média.

–É verdade Katniss. A canção se chama La Marseillaise, A Marselhesa. Hoje é o hino nacional daquele país.

–Quero conhecer a França papai.

–Você vai querida. Mas tem uma coisa que eu quero que você entenda primeiro. Antes de conhecer o mundo.

– O que?

–Você mesma Katniss. Quero que você seja livre, que tome suas próprias decisões. Isso é umas das coisas mais importantes da vida. Você descende de escravos, mas mesmo assim é livre. Isso é um presente. Não quero que desperdice. Você consegue me entender?

–Consigo papai.

E estranhamente, ao olhar os olhos cinzas da filha, tão parecidos com uma tempestade, o homem percebeu que apesar da pouca idade Katniss havia entendido sim. E então ele sorriu para seu pequeno presente, sua menininha das tranças negras.

–Ok pequena. Que tal descansar um pouco?

–Não. Vou continuar até entender. Você disse que eu deveria tomar minhas próprias decisões.

O homem ficou parado um tempo olhando a menina, sem conseguir entender como poderia se sentir mais orgulhoso de alguém. Ele a pegou de novo no colo.

–Você minha pequena é meu maior orgulho. Não esqueça disso. Não deixe ninguém dizer que você não é perfeita Katniss, você é.

Ao lembrar disso Katniss sentiu seu coração doer com mais força do que nunca. Ela nunca desejou tanto que seu pai estivesse vivo. Se ele estivesse aqui, a mãe nunca a teria tratado desse jeito.

Ela abraçou mais forte o livro que estava segurando como se pudesse sentir a presença do pai. Decidiu abrir o livro, talvez lendo algo conseguisse um pouco de paz. Assim que abriu não conteve um sorriso. O livro estava marcado em uma página. Isso era um costume do pai.

Ela leu a frase que ele havia destacado. “O homem nasce livre, e em toda parte é posto a ferros . Quem se julga o senhor dos outros não deixa de ser tão escravo quanto eles” Katniss riu. O pai e seu abolicionismo. Ele bem que tentava,mas assim como Katniss, não conseguia ficar imune as injustiças.

Katniss ouviu a porta do escritório se abrindo e se apressou a esconder o livro. Um homem entrou. Ela teve que conter um suspiro ao perceber que era Snow.

– Então Katniss, creio que temos que conversar.

A voz dele estava perigosamente controlada. Katniss sabia que ele achava que mais cedo ou mais tarde ela acabaria sendo sua esposa. Snow era um homem que estava acostumado a conseguir o que queria. E se ele não conseguia algo por bem... Pegava a força.

–Sim senhor Snow.

– Creio que você precise de mais tempo para pensar na minha proposta. Entendo que esteja assustada. Muitas mulheres ficam assim ao se casarem.

–Eu não estou assustada- disse Katniss se surpreendendo com sua nova coragem e o tom firme de sua voz- Nem preciso de mais tempo. Eu não vou me casar.

O homem sorriu ao perceber que teria um longo caminho para domar essa pequena fera selvagem.

– Sabe Katniss, eu disse que gosto de desafios. Você me parece um desafio que vale a pena.

–Não tenho tanta certeza disso senhor Snow.

– Bom é o que veremos. Quando se casar comigo, e tenha certeza você vai fazer isso mais cedo ou mais tarde, tenho certeza que nós teremos belos diálogos.

O homem pegou o livro que Katniss havia escondido atrás de uma almofada do sofá.

– Ora, isso não são leituras para uma moça. Sabe senhorita Everdeen, vejo que você é um lobo em pele de coordeiro. E eu devo admitir, acho isso fascinante.

O homem se aproxima e deixa sua mão pousar levemente nas bochechas de Katniss. Uma onda de fúria trespassa a garota como uma flecha.

– Está errado senhor Snow. Eu não sou um lobo, tampouco um cordeiro. Na verdade, estou me sentindo mais como um pássaro agora, muito mais livre.

O homem deu apenas um sorrisinho para a garota.

–Então meu pequeno tordo, será melhor que cortemos suas asas.

E foi em direção a porta deixando Katniss sozinha.

Como o esperado Agnes não apareceu para tirar Katniss do escritório. Apenas Rue apareceu uma hora depois trazendo um pouco de comida. A garota não podia ficar muito tempo, já que Agnes estava do lado de fora esperando por ela, então apenas deu um abraço e Katniss e sussurou para amiga.

–Estou tão orgulhosa de você. Assim que puder vamos tirá-la daqui. Eu prometo.

E sem mais delongas se vira para a saída deixando Katniss mais uma vez na escuridão do escritório. O sono logo vem.

Katniss não soube por quanto tempo dormiu, mas ainda estava escuro quando ela ouviu um barulho na janela. O barulho foi se tornando repetitivo. Houve um barulho mais forte e quando Katniss abriu os olhos estava cara a cara com um conhecido. O homem abaixou e colocou a mão nas bochechas da Katniss, numa tentativa de acordá-la gentilmente. Diferente de Snow, a mão dele não causou repulsa.

– Ei, tudo bem com você? Aprontou uma confusão e tanto na festa não?

Katniss não pode evitar um sorriso.

– Olá Peeta Mellark. O que está fazendo aqui?

– O que mais poderia ser? Tentando resgatar uma californiana. Vem, vou tirar você daqui.



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Notas finais do capítulo

Gente não esqueçam de me dizer o que acharam ok? Se puderem divulgar a fic agradeceria, estou realmente precisando. Espero que tenham gostado do capítulo. Bjaum