A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 44
A Canção da Guerra


Notas iniciais do capítulo

Hey cupcakes
Não creio que esse é o penúltimo capitulo. O último antes do epílogo. Muito obrigada gente. Esse capitulo é dedicado a linda da Carol Costa por ter recomendado a fic



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O Cheiro de pólvora, seus amigos correndo, o sol recém nascido dando uma apropriada cor avermelhada ao céu. Tudo aquilo ela se lembraria muito bem. Ela não esperou por Peeta. Andou o melhor que pode com sua perna machucada até a Porta. Mal teve tempo de abrir quando viu Haymitch correndo pelo corredor.

–Preciso de uma arma- Katniss quase não reconheceu a própria voz. Estava um tanto mais grave, ela não sabia se pela determinação, medo ou a completa certeza de que agora ela era um soldado.

Amarrou os cabelos enquanto falava. Eles não tinham tempo e ela precisava estar pronta para batalha sem o cabelo atrapalhando a visão. Podia ver pessoas correndo de um lado para o outro. Nunca imaginou que a casa de Plutarch pudesse estar tão cheia. Ela não tinha tido tempo de avaliar a noite. Agora parecia que todos os abolicionistas da cidade estavam ali. Obviamente estavam.

Haymitch a encarava no meio do povo que corria parecendo confuso. O velho parecia ter rejuvenescido vinte anos com a perspectiva da batalha. Um tiro o acordou do transe e ele sorriu para a garota. Katniss pôde ver exatamente quem o soldado Albernathy havia sido. Pôde ver a garra, a coragem e todo medo bem ali. E, mais aterrador de tudo, reconheceu tudo aquilo nela. Pelo olhar que Haymitch lhe deu ao lançar a pistola, ele havia entendido também.

Se preparou para seguir os outros, mas sentiu alguém pegando sua mão. Peeta. Nunca o tinha visto mais bonito antes. Sua camisa azul meio desabotoada e suas calças francesas formavam um conjunto perfeito para um respeitável professor. Katniss, no entanto, sabia que ele era mais do que isso.

–Cuidado. sobreviva hoje senhora Mellark- Havia uma prece silenciosa um pedido de promessa nas palavras de Peeta. Katniss sentiu seu coração afundar com uma felicidade clandestina ao ouvir Peeta chamá-la de senhora Mellark.

–Você também professor.

Peeta a beijou antes de largá-la. Um beijo desesperado, com um pedido que ecoava como um grito na escuridão. "sobreviva, sobreviva, sobreviva". Katniss saiu correndo pelo corredor com ele em seu encalço. A garota viu com o canto do olho quando alguém atirou uma arma para Peeta. Uma schifield, arma fraca, não a melhor opção, mas era o que tinha.

A sala era um campo de batalha inusitado. escravagistas já haviam invadido a casa e estavam alvejando quem encontravam pela frente. Rue estava num canto atirando, usando uma mesa de madeira como trincheira. Ao seu lado, em pé e protegido por uma coluna, estava Darius. Finnick lutava corpo a corpo com uma homem ruivo no centro.

Katniss pulou para trás do sofá e acertou o escravagista que lutava com Finnick pelas costas e outro soldado que estava se preparando para mirar em uma mulher que lutava com os abolicionistas. A senhora apenas lhe lançou um olhar agradecido e não disse nada.

A garota percebeu que um dos inimigos estava apontando a arma para ela. Mirou nele, porém sabia que tinha sido avistada primeiro, que isso dava ao inimigo uma vantagem terrível. Segurou sua respiração enquanto o homem sorria maníaco. Tudo parecia estar em câmera lenta. Um segundo depois ela ouviu um barulho forte e o homem caia no chão. Um rosto conhecido atrás dele sorrindo.

–Johanna!- Tudo aquilo parecia tão surreal que por um segundo, um milésimo de segundo, a garota achou que tivesse sonhando.

–Você não é a única com segredos - disse ela enquanto acertava um outro escravagista com um tiro certeiro no estômago- Agora se não se importar, pare de me olhar com essa cara de quem perdeu a missa e mexa esse seu traseiro aristocrático para lutar.

Katniss não precisou de um segundo incentivo. Ela sabia o que tinha que fazer. Era como se ela tivesse sido preparada a vida inteira para isso. Lembrou da história de Haymitch. Lembrou também da avó, sorrindo bondosamente para quem quer fosse. Era engraçado, mas o tempo parecia ter se tornado completamente diferente enquanto corria e lutava em direção à entrada da fazenda.

Ela sentia como se estivesse no piloto automático. Tinha apenas uma vaga consciência de um dos aliados envolvido em um tiroteio com dois soldados na entrada da casa, do cheiro ruim dos destroços de um corpo em uma árvore ali perto. Katniss esperava que não fosse um aliado. Os gritos de combate, de dor, de perda e vitória vinham apenas como ecos distantes. Cada centímetro de seu corpo focado no que deveria fazer. "Atirar, atirar até encontrá-lo. Até que ele seja apenas uma pilha de cinzas em minha memória", esse era o único comando que ela conseguia seguir.

Ela viu o celeiro pegando fogo. A movimentação era maior do lado da fazenda em que o pequeno edifício estava. Ela olhou para Haymitch que estava um pouco mais a sua frente. Fez apenas um sinal apontando o celeiro. O homem apenas assentiu sem tirar os olhos de seus inimigos. Era como se eles estivessem acostumados a lutarem juntos.

Dois escravagistas tentaram interceptá-la. Possuíam o dobro do seu tamanho. "Hora de jogar", pensou ela. Usando a desvantagem da altura ela inclinou sua perna a acertou na barriga do homem. O outro já estava mirando nela, embora parecesse aturdido com a cena que acabara de ver. Aproveitando da surpresa do soldado ela atirou nele. Um tiro certeiro na cabeça. O outro conseguiu se levantar, não durou um segundo em pé. O coração dele fora o alvo perfeito para Katniss que não errou.

O caminho até o celeiro parecia estar minado de soldados. Katniss viu mais alguns amigos por ali lutando. Haviam corpos também. Não desperdiçou nenhum segundo olhando para eles. Ela sentiu a fumaça do celeiro invadindo suas narinas a medida que avançava. Parecia que a metade da construção já estava destruída.

Ela daria tudo por um par de calças, a saia atrapalhava seus movimentos e ela corria de uma forma infinitamente mais lenta do que pretendia. Não entendia o porquê de Snow estar atacando o celeiro, mas sabia que tinha que chegar rápido lá. Seu sangue fervia em antecipação.

Quando chegou sentiu seus pulmões queimando com a fumaça. Sua visão estava meio borrada, mas mesmo assim ela ainda conseguia ver os soldados. Era como se eles fossem apenas fantasmas, formas apenas vagamente definidas. Conseguiu ver Plutarch, que lutava contra um soldado fortemente armado. De repente ela entendeu o motivo do celeiro ser um dos focos da luta. Documentos. Haviam documentos abolicionistas lá. Os escravagistas estavam pagando na mesma moeda.

Um deles conseguiu capturá-la. o homem conseguiu atirá-la ao chão e os dois começaram uma perigosa luta pela posse da arma de Katniss. Em determinado momento ele conseguiu mantê-la presa e já estava com a própria pistola apontada para garota.

–Tudo bem Maurice, pode deixar essa comigo.

Katniss gelou ao ouvir Snow. "Isso. Venha seu monstro. Vamos conversar de perto", pensou ela sentindo uma estranha felicidade. O fato de quase ter perdido sua vida um segundo atrás não foi nada comparada a excitação da perspectiva de lutar contra Snow.

Antes de largá-la o tal Maurice pegou a arma que ela segurava com todo cuidado da mão. O chute que Katniss deu no homem foi uma pequena vitória, mas Snow já a mantinha presa e ela não teve mais como lutar. O velho fora esperto suficiente para obrigar a garota a usar todo o peso do corpo sobre a perna machucada. Antes que se desse conta ele já a tinha presa , em um canto perigosamente perto do incêndio.

–Por que eu imaginei que você estaria aqui senhorita Everdeen.

A resposta mal criada de Katniss ficou presa assim que ela ouviu figuras correndo para onde eles estavam. Pareciam que mais soldados dos dois lados surgiam como se tivessem vindo das profundezas da terra. Ela sabia que isso não importava, por que agora eram apenas os dois ali. Snow continuava puxando Katniss para mais perto dos celeiros.

–Queimem tudo. Não deixe um pedaço de madeira sobrar- ordenou para um dos soldados que estavam passando ali.

Uma arma. Era tudo o que ela queria. Sentia a falta da arma que o soldado roubara como se fosse um membro do seu corpo. Ela tinha que pensar rápido, sentia que a fumaça já estava invadindo seu pulmão, fazendo seu cérebro agir mais lento. Com um pânico crescente ela percebeu que Snow a estava levando cada vez mais para fundo. "Vou queimar junto com os documentos. Vou virar cinzas, como todos os sonhos de um país melhor que estão aqui"

Foi apenas um toque. Uma mudança de intensidade com que ele a carregava, um puxão mais forte mas aquilo trouxe Katniss de volta a si. Era como se fosse seu pai lhe dizendo que ela precisava lutar. Que ela nunca tinha desistido fácil, apesar de todas as quedas, apesar de todas as dúvidas, ela sempre continuava de pé. "Se mantenha de pé, nem que seja por uma última vez".

Começou a analisar suas possibilidades. Eles já estavam praticamente no meio do celeiro, Snow sorria como um maluco enquanto prendia o braço de Katniss. Ele a obrigava a andar rápido, ela sentia a perna machucada reclamando a cada passo. Respirando fundo, ela aproveitou e usou o braço livre, acertando um soco no rosto do intendente que caiu no chão.

A porta do celeiro estava tão perto, Katniss podia ver o lado de fora. Deus, como seus pulmões precisavam de ar. Snow podia ainda não ter se recuperado fisicamente, mas já estava recuperado do susto e gritou para dois homens dele que estavam aumentando o incêndio do celeiro para que pegassem Katniss.

Os dois homens pareciam os monstros dos livros que Katniss gostava de ler quando era criança. Assim que eles chegaram até ela pareciam duas muralhas ela ainda tentou se desvencilhar, mas os dois homens eram muito fortes. De repente ela ouviu um grito vindo da entrada do celeiro.

–Larguem ela seus cornos!

Levantou a cabeça e os olhos cinzentos de Haymitch, tão parecidos com os dela, estavam encarando com raiva os captores e Snow que se levantava com dificuldade. O velho olhou impassível para Haymitch.

–Ora, vejam só. Soldado Albernathy.

Katniss nunca quis proteger tanto alguém na vida quanto quis naquela momento. Haymitch o bêbado, Haymitch seu professor e, incrivelmente a única pessoa que acreditara nela. Ela sabia o quão difícil deveria ser para ele estar cara a cara com o homem que matara sua família.

–Haymitch, não, por favor- Katniss não sabia por que disse aquilo.

Tudo o que sabia era que queria levar Haymitch para o mais longe dali o possível. Ela tinha se acostumado a ver o amigo como um soldado, alguém capaz de enfrentar qualquer perigo. Mas vê-lo daquele jeito vulnerável, fez com que ela sentisse uma onda de proteção tão feroz que fez todos os seus sentidos doerem.

–Você veio me ver matá-la- a frieza na voz de Snow cortava -Como me viu matar sua família?

Aquilo era demais. Katniss viu quando Haymitch avançou contra Snow com uma fúria cega. E, como acontecera no dia em que defendeu Tresh, aquela certeza de que não poderia apenas ficar assistindo a invadiu. Sentiu os dois homens que a prendiam vacilarem ao observarem Haymitch investir contra Snow. Ela aproveitou desse pequeno segundo, sabendo que era vital, deu um chute com a perna boa em um dos homens que caiu. Com o impulso do corpo atingiu o outro no queixo.

Snow já estava com a arma apontada para Haymitch. Katniss pegou a arma do soldado caído. Sem pensar, ela atirou no perna de Snow. Enquanto ele estava no chão, ela não desperdiçou nenhum segundo, agarrou a arma do velho que soltava gritos terriveis, pegou o braço de Haymitch e o empurrou para a porta.

Foi um milagre, ela nunca conseguiria entender como conseguiram chegar a saída. Ela ia atirando em todos os soldados que apareciam. Os pulmões de Katniss se surpreenderam com o ar relativamente puro do lado de fora.

–Por que você fez isso?- Gritou Haymitch.

–Por que eu não suportaria ver você morto seu idiota.

Haymitch soltou um muxuxo impaciente, mas não respondeu nada. Por um segundo ela pensou em fechar a porta e queimar todos que estivessem lá dentro. Ela realmente estava disposta a matá-los dessa forma hedionda. Era o que iria fazer, mas mesmo mancando Snow estava a poucos metros da porta. Um plano louco se formou em sua cabeça.

–Haymitch, volte. Reúna Plutarch e os outros, tentam salvar os documentos que puderem. Eu vou distrair Snow.

–Não. Katniss, não seja estúpida. Eu não vou deixar você se arriscar assim.

–Vá Haymitch- Katniss pousou um beijo na bochecha do velho- Não se preocupe, não vou pedir para você proteger Peeta. Pretendo voltar e fazer isso eu mesma.

Haymitch arregalou os olhos para ela, mas não havia mais tempo para discussões. Snow já estava bem atrás dela com outros dois soldados. Ela só ouviu Haymitch xingando por entre os dentes.

–Malditos Everdeens, é a segunda vez- e saiu correndo em direção a Plutarch.

Katniss saiu correndo, o mais rápido que sua perna machucada permitia. Apesar de sentir dores em lugares que antes estavam bons, ela sorriu. Nunca se sentira tão filha do seu pai como agora. Ela não tinha que se preocupar com Snow. Os dois estavam com a perna machucada. Ela sorriu saboreando a vingança. Mesmo assim, apertou o passo. Snow podia estar machucado, mas a perna dos soldados que o estavam ajudando estava completamente boa.

Um deles conseguiu segurá-la. Katniss sentiu seu corpo sendo prensado ao chão. Naquele segundo terrível em que o homem a manteve presa ela pode perceber que estava a uns bons metros do celeiro e longe da fazenda. Como o planejado.

–Senhorita Everdeen, você continua agindo de maneira estúpida. Tudo isso poderia ser tão diferente.

Snow estava com a arma apontada diretamente para ela. Era estranho, mas ela não sentiu medo. Já tinha estado em várias situações de vida ou morte antes mas, essa ela sabia, era definitiva. O velho deu um sorriso triste, como se realmente fosse doloroso matar Katniss.

–Tanta beleza, tanta coragem- murmurou ele- Que desperdício de juventude

–Deixe ela em paz Snow, de uma vez por todas- Aquela voz. Como Katniss a amava. Com toda sua atenção focada em Snow, ela não percebera que não estavam mais sozinhos.

–Ora senhor Mellark, imaginei quanto tempo levaria para você vir atrás dela.

Peeta não parecia estar ferido. Ele tinha o que parecia ser um corte na testa.Havia sangue ali, no entanto Katniss percebeu com alivio, era apenas um arranhão. Sua camisa estava rasgada no cotovelo e sangue parecia estar escorrendo do ombro. Haymitch, que também parecia ter sua própria coleção de cortes estava do lado dele, ambos a cavalo.

–Snow, deixe a ir. Se renda. Vocês já perderam, não percebe? Você pode ter queimado alguns documentos, pode ter matado alguns dos nossos. Mas resta pouco dos seus.

–Ora Albernathy, nós dois sabemos que isso não é verdade.

–Quem está se enganando agora Snow?- Perguntou Haymitch feroz.

Katniss nunca tinha visto Snow tão furioso. Era algo aterrador, já que o homem parecia manter sua postura fria, mas apenas os olhos denunciavam o animal assassino que estava por trás de toda aquela calma.

Era algo engraçado, ver todos aqueles cavalos correndo, as pessoas lutando. Katniss podia até ver escravagistas caindo, assim como os aliados. a batalha estava a todo o vapor, mas incrivelmente, naquele momento, era como se o mundo tivesse se resumido a Snow. A arma ainda estava apontada para Katniss e ela percebeu o dedo de Snow cada vez mais se enterrando fundo gatilho.

Tudo aconteceu em questões de segundos. Peeta pulou do cavalo e foi Para cima de Snow, para impedir que atirasse. Katniss nunca sentiu tanto medo na vida porque, qualquer movimento em falso, Peeta estaria morto com um tiro bem no peito. Os dois agora travavam uma luta feroz pela posse da arma. Não era uma estratégia inteligente, ela sabia, embora não pudesse condená-lo porque já tivera que fazer isso.

–Peeta não- Katniss não conseguiu se conter. Porém Peeta não pareceu ouvi-la.

Então Rue apareceu seguida por Darius os dois conseguiram segurar Peeta. Katniss aproveitou da confusão para pegar a arma de Snow. Ela sentiu o piso da pistola e o alivio invadi-la. Bastava apenas um tiro, um tiro e estaria tudo terminado. Ela percebeu que Snow tinha uma arma pequena presa em seu cinto. Tinha que ser rápida, a arma podia ser pequena, mas o estrago não seria. A mão de Snow estava deslizando habilmente até ela.

–Katniss- Apressou Haymitch.

Ela sabia o quanto o amigo esperara por aquilo, imaginou a sensação de vitória que ele estava sentido. Apesar disso, assim que olhou para ele de canto rapidamente percebeu que não havia nada. Não havia nenhuma sensação de vitória, apenas um buraco sem brilho nos olhos dele. A voz de Haymitch chamou a atenção de Snow que o encarou com curiosidade.

–Não é tão prazeroso quanto você imaginou que seria não é?- Provocou Snow, sem o menor sinal de divertimento- Eu sei, já estive em seu lugar.

–Cala a boca seu desgraçado. Você nunca, nunca mais vai machucar ninguém. Vamos Katniss...

Katniss sentiu a pressão no gatilho ficando mais pesada.. Ela lembrou de Coin e da guerra, de todas as mortes que vira até ali. Ela sempre gostara de brincar de soldado, se imaginando tão corajosa quanto o pai. Ela sempre quis ser corajosa. Matar, ela percebeu, não exigia nenhum tipo de coragem. Coragem requer raciocínio, requer sacrifício. Matar não é nada disso. É apenas um sentimento primitivo, sobrevivência em seu ato mais vil. "Matar ou morrer", esse era o lema da guerra. Era por isso que guerras não valiam a pena.

–Oh menina, nós sempre soubemos que você não conseguiria. Não está em sua natureza ser uma assassina está?

Katniss percebeu a mão de Snow finalmente alcançando sua arma no cinto, olhou para Haymitch uma última vez, ele assentiu, parecendo ler os pensamentos dela. Não, ela não era assassina. Snow estava errado, no entanto. Ela não era uma assassina. era uma sobrevivente.

–Você tem razão, eu não sou uma assassina. Não sou você- E antes que ele pudesse responder ela atirou, bem no coração. Ela viu apenas um movimento da mão de Snow, um barulho ensurdecedor. Um grito de Darius. Tudo isso em um segundo.

Ficou parada lá, enquanto Snow morria. Sua atenção não estava mais nele, mas em Rue. Ela havia sido atingida pelo tiro de Snow, Darius que tentara protegê-la também acabara sendo alvejado na tentativa vã de mantê-la viva.

A mancha vermelha que escorria do peito de Rue foi o que obrigou Katniss a sair do seu estupor. Haymitch e Peeta já estavam lá, tentando ver se havia alguma esperança para a amiga e Darius. Katniss não se importou com nenhum dos dois. Foi até Rue. Seu vestido cinza, estava agora empapado de vermelho. Uma parte racional do cérebro de Katniss percebeu que Rue já tinha perdido muito sangue. A outra, a que crescera com a amiga, que a ouvira cantar, que a ouvira sorrir e lutar, acreditava que ainda haviam chances de salvação.

–Rue! Vai ficar tudo bem- Mas ela sabia que não ficaria. Ela aprendera algo quando fora enfermeira não? Não podia ser tão inútil, não agora.

–Peeta, me ajude temos que levá-la para casa.

Katniss nunca vira os olhos de Peeta tão tristes. Por que eles estavam tristes? Rue iria sobreviver. Elas voltariam a se meter em encrenca, ela voltaria a cantar.

–Ele está morto- Katniss ouviu Haymitch falando. Não sabia se ele estava falando de Snow ou Darius, não se importou. Ela sentiu uma raiva aguda, enquanto os dois homens se ajoelhavam perto de Rue.

–Me ajudem! Não fiquem parados. Precisamos ajudá-la.

Ela olhou com raiva para os dois, odiava o mundo inteiro agora. Ela não podia ficar sem sua Rue, não podia ficar com a sua única amiga e a melhor parceira de lutas que tivera.

Rue segurou a mão de Katniss, um pouco mais forte. Katniss começou a limpar seus ferimentos.

–Está tudo bem Katniss- a voz de Rue estava tão fina e fraca que Katniss parecia apenas ter ouvido um zumbido.

Não, não estava. Ela tinha que fazer com que as coisas ficassem certas novamente. Tinha que curar Rue. Alguém lhe trouxe um kit de primeiros socorros. Ela percebeu uma mecha de cabelo ruivo. Finnick. Ele a ajudou a cuidar e a limpar Rue. A moça tinha começado a cantar, sem saber porque, se para espantar a dor, o medo ou a morte Katniss começou a cantar junto.

Soul, sleepless soul

it's time to go

I fought all the demons here

the night is calling for me

Soul sleepless soul

Forget all your pain

you can sleep now

The angels will guard you

the birds will sing to you

soul sleepless soul

you can rest now

A canção parou de repente e Katniss segurou Rue mais forte, cantando como se fosse a única coisa que a prendesse a terra. Ela não soube por quanto tempo ficou ali, guardando Rue. Pareceu séculos até Peeta vir gentilmente abraçá-la.

–Katniss, acabou.

Katniss soltou um grito, um grito que mais ninguém conseguiu ouvir. Era como se ela estivesse se afogando, engasgada e não conseguisse mais lutar por ar. Peeta a abraçou mais forte.

–Katniss, vamos acabou. Vencemos. Snow está morto, os escravagistas perderam.

Eles tinham vencido. Snow estava morto. Os escravagistas de São Francisco tinham sido derrotados.


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Notas finais do capítulo

Tradução da Música da Rue

*Alma, alma insone
é hora de ir
Eu lutei contra todos os demônios aqui
está chamando a noite para mim
 
Alma alma insone
Esqueça toda a sua dor
você pode dormir agora
 
Os anjos te guardarão
os pássaros vão cantar para você
alma alma insone
você pode descansar agora

Olá... eu estou chorando rios aqui :´(. Não acredito na minha própria maldade. Bom, espero que tenham gostado do capitulo. Nos vemos no epílogo, se vocês ainda quiserem continuar comigo é claro. Beijos seus lindos.



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