A Casa Dividida escrita por Redbird


Capítulo 26
Entre inimigos


Notas iniciais do capítulo

Olá minha gente. Aqui vai mais um capítulo. Espero que gostem. Bjoos



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Assim que terminou de ler a carta, Peeta sentiu uma urgência que ele nunca achou que fosse possível. Ele queria encontrar Katniss. Ele queria encontrá-la e levá-la para um lugar seguro, queria ver de novo o jeito como os olhos cinzas dela ficavam quando falava sobre filosofia, como ela ficava envergonhada quando via uma mulher refinada e achava que nunca chegaria a seus pés, Peeta queria mudar isso nela.

Katniss fazia com que ele esquecesse a guerra, com que ele esquecesse o fato de ter se mudado para São Francisco por uma causa. Ele não queria admitir, mas desde que entrara naquela livraria ele só pensava nela.

- Eles estão bem- disse Peeta depois de algum tempo. Ele não queria que seus amigos lessem a carta, não queria que vissem o modo como um simples pedaço de papel tinha afetado seu bom senso.

- Meu irmão está bem Peeta?- Rue quase fora morta a pouco, mas receber noticias dos amigos fizera com que ela se esquecesse rapidamente do incidente.

- Está sim Rue, Katniss diz que ele está sendo muito corajoso.

A garota deu um sorriso orgulhoso.

- É Claro que ele está sendo corajoso. Tresh nunca seria covarde, está no sangue da nossa família.

Peeta podia imaginar que sim.

-Você é irmã do soldado Watson? Do Tresh Watson?

Rue olhou para o soldado confederado espantada. Peeta era bom para analisar pessoas e ele percebeu que Rue estava confusa em relação ao soldado. Ele a salvara, mas era um confederado, o que praticamente significava ser criado para odiar negros.

-Você conhece meu irmão?- Perguntou Rue tomando uma distância cautelosa do homem.

Então uma das coisas mais estranhas acontece, o soldado dá um largo sorriso para Rue.

-Conheço. Ele foi o homem que me levou até Katniss. Se não fosse pelos dois eu não estaria vivo. Eu nunca imaginei que eles se conhecessem- disse Darius pensativamente.

Peeta e Haymitch se entreolharam. O ex-soldado parecia ter chego a mesma conclusão que Peeta. Se Katniss e Tresh não estavam mantendo contato isso os deixava mais vulneráveis. O engraçado é que Haymitch tinha um olhar resignado. O professor percebeu que o amigo achava que apesar do perigo, os dois estavam agindo certo.

-Meu irmão salvou um confederado? Por que ele faria isso? Ele luta pela União- disse Rue de modo brusco para o soldado, desconfiada.

Os olhos de Darius ficaram tristes de repente.

- Por que, durante um dos ataques ao acampamento dos azuis um dos meus colegas se excedeu.

E então o homem começou a contar sua história. Pela carta de Katniss, Peeta suspeitava de como as coisas tinham ocorrido, mas mesmo assim era difícil de acreditar.

Darius e os outros tinham atacado o acampamento da união durante a noite. Foi uma batalha nas quais as forças eram iguais, o que significava um banho de sangue. Assim que o ataque terminou a ordem era pegar os feridos e voltar para o acampamento confederado mais ao norte da Baia de São Francisco.

Antes que eles tivessem a chance de reunir as tropas, um dos companheiros de Darius entrou na tenda das mulheres que estavam cuidando dos feridos. Darius percebendo o que ele queria foi atrás do homem para impedir. O soldado parecia alucinado. Não ouviu quando Darius deu a ordem para que ele voltasse para o batalhão, ele apenas o olhou furioso. A próxima lembrança de Darius é a de ver sua perna sangrando. Demorou um tempo para ele perceber que quem atirara era seu próprio colega.

- Você não dá ordens aqui soldado. Eu sou o capitão lembra? Você quer me desafiar maricas?

O homem parecia prestes a atirar novamente, antes que pudesse pensar, Darius acertou o braço do colega. Ele sabia que estava morto, de uma maneira ou de outra. O homem era seu superior. Pelo olhar dele, se não resolvesse matá-lo, com certeza o mandaria de volta para casa com um atestado de covarde e traição. Darius odiava ter que lutar pelos confederados, mas sua vida ficaria muito pior se voltasse para casa com as mãos atadas como um criminoso.

Antes que o seu superior pudesse atirar novamente, alguém invade o local. Darius só escuta o barulho do tiro sendo disparado, sua mente treinada teve tempo de captar que era uma arma da união. O homem que até a pouco tempo o estava ameaçando fica imóvel no chão.

Darius se sentia tão morto quanto ele. Ele já tinha perdido muito sangue e sentia sua consciência fugindo aos poucos, mas mesmo assim teve tempo de captar uma discussão.

- Katniss que bom que você chegou! Me ajude com esse soldado aqui- disse a voz de um soldado.

Os dois pegaram o corpo morto do lado de Darius. A outra mulher parecia extremamente assustada.

-Ele...ele tentou.

-Eu sei- disse uma voz feminina- Vai ficar tudo bem.

-Temos que cuidar dele- o soldado falou pensativo.

-Tresh, ele é um confederado.

- Eu sei mas ele tentou salvar Anne.

- Não podemos Tresh ele é confederado. Assim que estiver melhor vai voltar para o rebeldes. Ele é um inimigo. Se descobrirem que você o ajudou. ..

-Ele salvou minha vida, vou ajudá-lo- disse Anne encerrando a discussão.

Ele ouviu um suspiro de exasperação da outra garota.

- Quando eu acho que não temos confusão o suficiente.

Darius só sentiu as mãos hábeis despindo seu uniforme.

-Me alcancem outra roupa, não podemos deixá-lo nesse uniforme. Não esqueçam que apesar de tudo ele é um prisioneiro de guerra- disse a voz que parecia ser de Katniss.

E foi assim que o soldado confederado passara a dever a vida a seus inimigos. Peeta observava o soldado espantado.

-Desculpem se os assustei com o uniforme. Katniss achou que seria mais fácil para mim chegar aqui vestido assim. Ela tinha razão.

-Então você não é um confederado?- Perguntou Haymitch se manifestando pela primeira vez. Ele observava o soldado como se quisesse descobrir os pensamentos mais profundos de sua alma.

-Sou e não sou é... complicado.

- O que é complicado?- Perguntou Rue- Eu não vejo nada de complicado.

-Se eu desertar-disse Darius lançando um olhar de leve irritação para Rue- Posso ser morto. Ou pior que isso. Vou voltar para casa e meus pais vão me odiar. Eu não sei... para mim parece ser complicado o suficiente.

-Então por que está nos ajudando?- Perguntou Rue. Ela não confiava nem um pouco no homem. Peeta não podia culpá-la. No entanto, alguma coisa dizia que eles deveriam dar o beneficio da dúvida a Darius.

- Por que devo minha vida a seus amigos. Por que também não acredito na causa confederada. Algumas coisas são simples outras não- diz ele olhando intensamente para Rue.

- Tudo bem –disse Peeta intervindo- Ficamos agradecidos pela sua ajuda. Você praticamente salvou nossa casa do saque da União. Salvou Rue. Acho que merece um descanso. Obrigada por trazer a carta.

Depois disso a rotina da casa voltou ao normal, pelo menos para uma guerra. Eles arrumaram a casa e recolocaram as coisas no lugar. Peeta escondeu todos os documentos em seu quarto em uma caixa prateada. Ele não queria ser pego de surpresa durante um ataque confederado. Ele não podia deixar de se maravilhar com a rapidez de pensamento de Rue. Se os confederados ou alguém da união achasse aqueles papeis eles estariam perdidos.

Ele estava preocupado em manter Darius na sua casa, mesmo que fosse por pouco tempo. Enquanto arrumava as coisas, observava Haymitch. O velho soldado parecia estar sossegado então ele se permitiu relaxar. Se Haymitch confiava em Darius, Peeta podia confiar também.

-Peeta- chamou Rue quando ele estava recolocando a caixa com os documentos no fundo do armário antigo de madeira que ele tinha quarto- Você acha uma boa ideia ele ficar aqui? Quer dizer... eu não sei. Não sabemos nada sobre ele. Pode ser uma armadilha.

-Rue eu sei que você não confia nele. Mas ele nos trouxe uma carta de Katniss, ele te salvou daqueles soldados. Acho que merece um pouco de confiança.

- Nem sabemos se a carta é verdadeira- disse Rue teimosamente.

- É, a carta é de Katniss- Peeta tinha certeza disso. Não sabia explicar, mas ele sabia que era dela. Não só a letra, tudo naquela carta o fazia lembrar de Katniss. E do quanto ela estava longe dele.

- Eu não sei. Não gosto de ter um soldado confederado aqui.

Peeta também não, mas ele era um homem que sempre dava as pessoas uma chance. Sua mãe vivia dizendo que um dia ele iria se arrepender amargamente disso. Provavelmente sim. Mas ele gostaria de pagar para ver.

-Vai ficar tudo bem Rue- disse Peeta- Temos que confiar nele. E ele vai estar longe daqui em breve prometo.

-Não sei Peeta. Quando vi aquele homem... não sei explicar. Sinto que ele faz parte do meu destino.

Peeta teve vontade de rir, às vezes Rue podia ser bem dramática.

-Descanse Rue, nem todos são inimigos. Prometo.

Rue soltou um longo suspiro de resignação e foi dar um pouco de comida a Darius. Peeta não pode evitar observar os dois. O jeito como Rue fazia o possível para não tocá-lo, o jeito como Darius a observava como se estivesse vendo uma obra de arte pela primeira vez. Os olhares desconfiados que eles trocavam. Talvez Rue tivesse razão. Talvez Darius estivesse destinado a fazer parte do destino dela. Mas de uma maneira bem diferente do que Rue imaginava. A vida, pensou Peeta, às vezes tinha um censo de ironia cruel demais.


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Notas finais do capítulo

Eae o que acharam? Por favor, não deixem de me dizer. Beijoos