Entre Livros E Maldições escrita por Witch


Capítulo 18
Confessoras II


Notas iniciais do capítulo

Acho os comentários lindos! Irei responder todos ainda hoje!
Obrigadaaaa *---*



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Regina odiava muitas coisas e Confessoras estavam no top 10.

– O que podemos fazer? – perguntou Emma olhando para o céu escuro e coberto de Confessoras.

– Vamos lutar, claro. – disse David com a mão no punho da espada.

– Não sejam estúpidos! – disse Mal olhando o céu. – Ninguém vai lutar. – olhou para Regina. – Eu posso me transformar, elas não conseguem me confessar em forma de dragão.

A bruxa concordou.

– Elas não estão atacando.

Mal olhou para fora também. Emma tentava se espremer entre as duas para conseguir alguma resposta.

– O que está acontecendo?

Confessoras não eram conhecidas por sua paciência. Em batalha, elas eram chamadas no auge quando ambos os lados estavam loucos para exterminar um ao outro. Elas normalmente não ficam pairando no ar esperando por algum sinal.

Regina sentia que tinha algo muito errado ali. Se as confessoras simplesmente tivessem caído na cidade, elas estariam atacando tudo que vissem, mas aquele comportamento... Regina não sabia o que fazer dele.

– Mal, seremos eu e você,

– Como nos velhos tempos.

Ruby, Graham e Emma tomaram a dianteira para ajudar. As duas bruxas recusaram.

– Vocês sequer sabem contra quem estão lidando? – perguntou Mal.- Confessoras. Se elas olharem em seus olhos e sussurrem seus nomes, acabou. Vocês ficam sobre o controle delas.

Emma pareceu surpresa e Regina completou.

– Elas não conseguem confessar Mal. Se vocês forem, vamos ter que nos preocupar com vocês nos atacando também.

– E eu não posso garantir não perder a paciência com vocês me atacando. – ameaçou Mal. Olhou para fora novamente e viu as Confessoras se movendo. – Vamos lá.

Mal saiu primeiro da Granny’s e riu enquanto seu corpo era coberto por uma nuvem mágica. Algumas Confessoras avançaram apenas para saírem correndo ao escaparem das chamas do dragão avermelhado no meio da cidade.

– Fiquem aqui. – avisou Regina respirando fundo e seguindo Mal. Como odiava Confessoras!

Emma a puxou pelo braço.

– Eu não posso te deixar ir sozinha.

A escritora sorriu.

– Você não tem muita escolha, xerife. Eu já lidei com Confessoras no passado. É preciso mais do que isso para me matar.

Emma levantou uma sobrancelha.

– Cadê a mulher que estava sentindo pena de si mesma há minutos?

Regina se aproximou.

– Está muito ocupada caçando Confessoras para pensar no futuro. – Se afastou e Emma a soltou. – Aliás, ser derrotada por Confessoras? –torceu os lábios. – Nunca!

E logo ela estava ao lado de Mal.

Confessoras eram rápidas, tinham unhas afiadas e eram muito persistentes, mas sem a habilidade de confessar... Elas só não eram mais irritantes que globins.

De todas as magias que ela aprendera, Regina gostava mais de manipular o fogo. Havia algo fantástico na forma que ela conseguia modelar o mais instável dos elementos a sua vontade.

As Confessoras rodeavam o dragão e a bruxa. Regina respirou fundo e sentiu as chamas a circulando (odiava confessoras, mas pelo menos, desde que chegara a Storybrooke, ela poderia usar um pouco mais de seu poder. Estava enferrujada e para enfrentar Zelena, ela teria que se acostumar novamente com o poder.), elas dançavam ao redor da bruxa com felicidade e Regina olhou para as criaturas plainando. Levantou uma das mãos e ordenou as chamas tomarem a forma de um dragão (‘go big or go home’ era seu lema).

As Confessoras se espalharam pelo céu quando um dragão feito de chamas as atacou. Mal riu, e em sua forma grande o som foi sinistro, depois se juntou ao dragão de chamas e inundou o céu de fogo.

Dentro da Granny’s e das casas ao redor, tudo que se via eram duas bestas em forma de dragão e o céu vermelho. As Confessoras caíam. Uma a uma. O seu alvo era obviamente a lanchonete, mas o dragão de chamas não permitia a aproximação de nenhuma delas.

Regina, por sua vez, tinha o objetivo de saber o que tinha convencido as Confessoras a ataca-los e viu sua oportunidade quando uma delas caiu com sua capa em chamas. A criatura batia com as mãos nas vestes numa tentativa desesperada de sobreviver. Suas pernas estavam queimadas assim como suas mãos.

A bruxa se aproximou como um felino se aproxima de sua presa: rapidamente e silenciosamente. A Confessora só percebeu quando a mão da bruxa apertou sua garganta.

– Quem os enviou aqui? O que querem?

A Confessora sorriu, seus o olhos vermelhos brilhando e seus dentes afiados a mostra.

Regina apertou o pescoço com mais força.

– Quem os enviou aqui?

– Olhar uma Confessora nos olhos exige muita coragem... ou vontade de morrer. – ela disse com um riso. – Diga-me, Rainha, como quer morrer?

Sem paciência para jogos, a bruxa decidiu que tentaria com outra. Sentiu sua mão ficar quente e viu o desespero nos olhos da Confessora quando ela percebeu sua carne queimando.

– Mais uma chance.

O cheiro de carne humana queimando era horrível, o cheiro de carne de Confessora era ainda pior, mas ela ignorou o fedor e focou no que estava fazendo. Se precisasse queimar todas aquelas Confessoras com suas próprias mãos, ela o faria.

– Eu te digo! – exclamou a Confessora com suas garras fincadas no braço de bruxa, que nem percebera o sangue escorrendo.

Regina soltou o suficiente para deixar a criatura falar.

– Agora.

A Confessora a desafiou com os olhos por mais alguns segundos e quando Regina decidiu, por fim, incinera-la, a criatura continuou.

– Eram três. Não sei quem eram, mas eles fizeram um acordo com a Confessora-Mãe.

– Que acordo?

– Eu não sei. As ordens foram: confessar e capturar.

– Capturar quem?

A Confessora abriu um sorriso sinistro.

– Capturar a Salvadora e confessar você. – e riu.

O resto aconteceu quase em câmera lenta. Regina escutou um grito e viu Emma com a espada de David correndo até ela, ouviu o urro de Mal, depois sua visão foi tomada por vestes negras e grandes olhos amarelos. Uma mão esquelética agarrou seu pescoço e uma palavra foi sussurrada em seus ouvidos.

Regina.

Tudo parou para Emma, que gelou.

As palavras de Mal em sua cabeça: “Se elas olharem em seus olhos e sussurrem seus nomes, acabou. Vocês ficam sobre o controle delas.” Regina não tinha se mexido, apenas olhava para a Confessora com olhos arregalados.

David, Graham, Ruby, Leroy, Mary Margareth e August estavam em frente a Granny’s e olhavam sem saber o que fazer.

O que quebrou o silêncio foi a risada estrondosa de Mal seguida por uma rajada de fogo que dizimou várias Confessoras distraídas. Emma olhou o dragão por um segundo e quando voltou seus olhos para Regina, era a Confessora que a olhava com surpresa dessa vez. A bruxa tinha um enorme sorriso no rosto.

– Como? – perguntou a criatura.

E a bruxa soltou uma gargalhada. Depois olhou para Emma.

– Ser derrotada por Confessoras? Nunca.

O dragão de fogo abocanhou a Confessora e a engoliu. Regina se virou para a outra, que ainda no chão a olhava com medo.

– Ele não nos disse que você era imune.

– Há muitas coisas que ele não sabe.

O dragão avançou novamente e a engoliu.

O resto das Confessoras gritou e fugiu. A capa negra que encobria o céu desapareceu. Regina extinguiu o dragão e Mal voltou a sua forma humana.

– Isso foi divertido. – comentou a fada num tom alegre.

A bruxa já não tinha tanta certeza. Voltou-se para Emma com raiva.

– O que você está fazendo aqui?!

Avançou com raiva e começou a puxar Emma de volta para a Granny’s.

– Te salvando! A criatura-lençol queria te controlar!

– E eles queriam te capturar! – retrucou – E você estava aqui no meio da rua, elas poderiam ter te levado facilmente!

– E isso é pior do que você controlada e nos atacando?!

– É! – ela respondeu como se fosse óbvio – Se eu estivesse controlada, Mal daria um jeito. Com você capturada, nem saberíamos onde começar a procurar ou que eles fariam com você.

– Mas-!

– Emma. – respirou fundo e parou de andar. Olhou em olhos verdes e tentou transmitir para Emma o que estava acontecendo. – Isso é uma guerra e eles irão usar qualquer coisa contra nós. Eu já lidei com Confessoras, orcs, globins, wraiths, deuses e etc. Nada que eles coloquem no meu caminho é novo. Eu sei o que eu estou fazendo. – respirou fundo. – Você tem que me prometer que não importa o quê, você não vai fazer uma estupidez assim de novo.

– Eu não fiz nada estúpido!

– Você correu para o meio de uma batalha com Confessoras usando uma espada. Isso é a definição de estúpido!

Emma abriu a boca para argumentar, mas Regina não permitiu.

– Eu não tenho presunção de sair daqui viva e eu não sei qual será a definição de Mal sobre a lealdade dela. Portanto, você tem que me prometer não tentar me ajudar em hipótese alguma. Eu quero que você prometa.

Emma cruzou os braços e se recusou a prometer.

– Pense em Henry. – disse Regina apontando para o rapaz que era segurado por David. Ele estava assustado. – Você quer que ele cresça sem mãe?

Aquilo foi golpe baixo e ambas souberam disso.

– Mas-

Emma. Da próxima vez, pode ser o Rumple ou a minha irmã ou pior, a minha mãe. Elas não vão pensar duas vezes em te machucar seriamente só para me ensinar uma lição. Me prometa que se as coisas ficarem fora de controle você vai sumir com Henry.

Emma não podia prometer aquilo.

– Por que eu? Por que eu tenho que te prometer? Por que não o resto da cidade? Por que só eu?

– Porque eu só me importo com você e o menino.

Havia algo libertador em saber que a morte se aproximava. Não havia por que guardar segredos ou se esconder atrás de mentiras. Logo, tudo seria resolvido.

– Emma, me prometa.

Havia cochichos ao redor, mas Emma não se importou. Apenas balançou a cabeça positivamente e ficou em silêncio.

Regina se permitiu respirar com alivio e procurou Mal com o olhar.

– Precisamos conversar.

A fada concordou.

– Estarei na sua mansão. Preciso pensar. – e desapareceu numa nuvem cinza.

– O que aconteceu aqui? – perguntou Leroy sendo o porta-voz da cidade.

Regina ergueu a cabeça e começou a explicar.

– Eles querem a Salvadora de vocês.

Emma a olhou.

– Eu aconselho vocês a tomarem conta dela. – e piscou para Emma. Depois, desapareceu rodeada pela nuvem roxa.

–-

Mal andava de um lado para o outro quando Regina entrou na sala.

Ela colocou as duas taças na mesa e as encheu com vinho. Mal se aproximou e bebeu todo o liquido de uma vez, e então estendeu a taça novamente. Regina abriu um sorrisinho e a encheu novamente.

– O que decidiu? – perguntou para Mal, que bebericava mais calmamente a segunda taça.

– Eu não sei.

– Entendo.

Regina não a culparia se ela decidisse se aliar a Rumpel. Maleficent terminou o vinho e pegou a garrafa.

– Se lutarmos, vamos morrer, com certeza. Se não lutarmos...

– Só eu vou morrer. – completou Regina. Tomou um gole do vinho e acendeu a lareira.

– Eu não acho que Cora queira te matar... Nem Zelena.

– Elas só querem me controlar e quando não conseguirem... Não há muita escolha para mim, de todo o jeito. Você pode se salvar.

Mal começou a andar de um lado para o outro.

– Me diga que você tem um plano. Qualquer coisa.

– Eu posso ter... Uma ideia. – se sentou no sofá.

– E o que é essa ideia?

– Não vou te contar. – cruzou as pernas. – Se você me trair...

Mal se aproximou.

– Eu temo a sua mãe. Rumpel tirou tudo que eu tinha. A sua irmã é louca. Eu não quero me juntar a eles. Então, se tiver uma ideia, é a melhor forma para eu não te trair.

A rainha suspirou e pensou no quê fazer. Era uma ideia, apenas.

– É óbvio que não vamos conseguir enfrenta-los aqui.

Mal concordou.

– O plano que pode dar certo é enfrenta-los fora de Storybrooke.

– Mas se eles conseguiram manipular as Confessoras, eu acho que eles estão mais perto do que esperávamos.

– Ou eles podem usar magia fora da cidade também.

– Deve ser pouca.

Regina duvidava.

– Foi o suficiente para fazer as Confessoras aceitarem um acordo.

– O acordo pode ter sido firmado antes deles saírem da cidade. – esclareceu Mal. – Elas não são exatamente criaturas altamente inteligentes.

– A Confessora-Mãe sabe que não é fácil me confessar, mas as outras não sabiam. O grande objetivo era pegar Emma.

– Por quê?

Isso, Regina não sabia. Havia alguma coisa acontecendo nos bastidores. Lembrou-se dos beijos e sentiu seu coração gelar. Uma parte dela acreditava que o interesse em Emma era apenas por ela ser a Salvadora, mas a outra parte a lembrava de Daniel morto e frio em seus braços.

– Não faz sentido. – disse Mal. – Por que esperar tanto tempo para pegar Emma? Por que a Confessora-Mãe arriscaria perder tantas confessoras sabendo que nós duas estávamos na cidade?

– Eles achavam que não ajudaríamos Emma.

– E então, por que eles tinham ordem para te confessar?

– Porque eu sou uma ameaça! O que você está insinuando, Mal?

Maleficent suspirou e sentou-se na poltrona em frente a Regina.

– Eu tenho a impressão de que eles sabem sobre você e Emma.

– Não há nada entre nós.

Mal levantou uma sobrancelha.

– Não temos tempo para joguinhos, Regina. Tem alguma coisa acontecendo aqui e não estamos vendo. Eles estão atrás de Emma. Ela tem magia, ela tem um caso com você, ela é a salvadora e quebrou a maldição... – Mal parou de falar.

– O quê? O que você pensou?

– E se... E se... Ela não quebrou a maldição completamente?. Isso explica por que ainda não estamos no nosso mundo.

Regina concordou.

– Rumpel precisava da situação exatamente assim. Ele está procurando alguém em Nova York.

– E depois?

– Depois... Ele vai querer voltar.

– Então, o melhor é encontra-los nessa Nova York?

– Eu só não acho que eles seriam tolos o suficiente para saírem da cidade sabendo sobre nós duas sem magia. Não entra na minha cabeça.

– Acha que estão armando alguma coisa?

Regina se levantou.

– Eu tenho certeza. Eu só não sei o quê e isso está me deixando louca.

Havia 50% de possibilidade de que Cora, Zelena e Rumpel estivessem fracos o suficiente para serem derrotados em Nova York e havia 50% de chance de que eles estivessem fortes o suficiente para derrota-las em Nova York.

Se ficassem em Storybrooke havia 100% de chance delas estarem mais fortes do que ela e Mal.

E havia outra possibilidade também.

Desde que Emma mencionou sobre a chave de portal, Regina ficou pensando no pequeno objeto guardado em seu quarto. Era uma chave muito poderosa... O suficiente para levar umas 10 pessoas para outra dimensão. E o plano começou a se formar quase imediatamente: saltar de dimensões era difícil até mesmo para uma criatura como o Rumpel. Dependendo de onde ela os jogasse, demoraria décadas até ele conseguir voltar para aquele lugar específico. Poderia ser uma chance de proteger Emma dependendo o que acontecesse. Seria fácil voltar da Floresta Encantada, já Oz e o País das Maravilhas estavam fora de questão.

Mas havia um lugar longe o suficiente para complicar muito a jornada de Rumpel.

Ninguém sabia que ela possuía a chave de portal e era muito fácil ativá-la. Uma palavra e todos, em determinada área, iam para bem longe. Se os atraísse para a floresta, eles só perceberiam quando aterrissassem na nova dimensão.

Só havia um problema: quem ativa a chave também é transportado. Ela apareceria na dimensão nova com três poderosas criaturas furiosas.

Ela morreria em todas as opções, era fato. Regina conhecia Cora e Zelana o suficiente para saberem que elas nunca optariam por ficar sem sua magia, mesmo que por um determinado tempo e Rumpel... Ele faria de tudo para manter seu poder. Ela estava disposta a arriscar quando era só Rumpel por que Mal ainda teria todo o seu poder, no máximo seria uma luta extraordinária. Mas, agora, mesmo que Rumpel estivesse fraco e Mal, forte, havia a possibilidade de Zelena e Cora. Regina fraca talvez conseguisse lutar contra uma Zelena fraca, o que deixa Cora livre. Regina cai, e sobra Zelena, Cora e Rumpel contra Mal, que por mais poderosa que fosse, ainda estaria lidando com dois mestres estrategistas e uma bruxa que não conhecia o medo.

Lutar contra eles em Storybrooke era completo suicídio.

O que lhe restava era a chave de portal.

Eles, com certeza, ficariam tão furiosos que Regina não esperava escapar dessa. Seria ela contra seus três mais poderosos inimigos, mas protegeria Emma e Henry. Mal também.

– Eu escondi Lily. – declarou.

Mal parou de balançar os pés e levantou a cabeça lentamente. Seus olhos dourados ficaram escuros.

– O qu-

– Ela não veio. – respondeu. – Quando você sumiu, eu senti que algo estava errado. Inicialmente, eu achei que você tinha fugido, depois eu soube que Rumpel tinha te prendido. Na manhã da maldição, eu fui até seu castelo e coloquei Lily em segurança. Ela está lá ainda, na Floresta.

Mal se levantou com uma velocidade anormal.

– Eles sabem sobre Lily? – perguntou num sussurro. Sua postura era ereta e hostil.

Regina não se sentiu ameaçada.

– Eu acho que não. Eu não sei. – balançou a cabeça. – Eu não sabia sobre ela até poucos dias antes da Maldição... Ela foi uma das razões pela qual eu hesitei.

– Você não deveria saber sobre ela.

Regina não respondeu. Só lambeu os lábios e olhou para o chão.

– Há alguns livros na biblioteca. Livros de magia. – tomou coragem e olhou Mal nos olhos. – Deve haver algo lá sobre voltar para a Floresta. No mínimo, só você vai conseguir voltar.

Mal ficou em silêncio por um tempo. A intensidade do seu olhar foi o suficiente para fazer Regina virar o rosto.

– Por que está me dizendo essas coisas? Sobre Lily e voltar para a Floresta.

Regina abriu um sorriso.

– Eu só estou te dando todas as informações que você vai precisar para tomar uma decisão, mas nós duas sabemos o que você vai decidir quando a hora chegar. Sua filha está viva e te esperando. Há como voltar.

– E você?

Regina balançou os ombros.

– Eu sei do meu destino há anos. Não vou te arrastar comigo, afinal você é a minha única amiga.

– E Emma?

– O que tem ela?

– Regina, eu sei que vocês têm alguma coisa.

Aquilo fez Regina rir.

– Mal, Mal. Emma vai encontrar seu amor verdadeiro eventualmente, seja Graham ou sei lá quem. Ela não vai nem se lembrar de mim daqui a uns meses.

– Como você sabe disso?

O riso progrediu numa gargalhada.

– Como eu sei? Mal, eu sou uma vilã e vilões não têm amores verdadeiros e finais felizes. Temos tragédia em nosso destino, eu só tentarei fazer o meu valer a pena.

Mal dormia num dos quartos de visita e Regina terminava o último capítulo da sua trilogia. Ela já o tinha escrito nos dias anteriores, mas faltavam alguns toques finais. Abriu o email e escreveu uma despedida para Fred, agradeceu-o por tudo, pela calma, pelo profissionalismo, por tê-la dado uma chance e anexou o arquivo. Depois explicou que algo muito importante iria acontecer e que ela não seria capaz de fazer a revisão do último capítulo. Anexou uma autorização para ele fazer as alterações que ele julgasse ser necessárias e enviou.

Por fim, guardou todos os arquivos, acabados e em desenvolvimento, dentro de um pen-drive e destruiu o notebook.

Já eram mais de 4 horas da manhã quando ela finalmente deitou. Acabaria logo, ela tinha certeza, e tudo que restaria dela era um pen-drive e um apelido.

Seu pensamento antes de dormir foi focado em Emma e que deveria beijá-la mais uma vez antes do fim.

–-

Emma sentia como se estivesse numa prisão domiciliar.

Ela não podia sair sozinha e não podia ficar sozinha. Sempre tinha alguém de guarda na sua porta, seja fada ou um anão. Graham estava sempre de mau humor e murmurava para si mesmo, enquanto August ria de alguma piada que só ele conhecia. Henry estava entre fascinado e amedrontado, então conseguiu subornar August para conseguir mais um livro escondido. Snow e David andavam sempre armados, a pequena Mary Margareth com seu casaquinho rosa e armada com uma besta era uma visão que Emma achou que jamais veria.

Leroy chegou correndo quando Snow estava cozinhando (com a besta ao seu lado), David conversava no rádio com os patrulheiros, Henry estava absorvido no livro novo e Emma estava trocando de canal, entediada. A loira pensou em fugir pela janela do banheiro até que lembrou que tinham guardas fora do prédio também e alguém a veria fugir. Soltou um suspiro irritado e ignorou o olhar que Henry lhe lançou. Queria ir até Regina. Elas precisavam conversar sobre tudo! Sobre a maldição, sobre aquelas coisas no céu, sobre as duas bruxas e Rumpel, sobre magia e principalmente, sobre os beijos e o que eles significavam.

Emma pegou uma das almofadas e cobriu seu rosto. Queria gritar!

– Snow! – Leroy gritava batendo na porta.

David parou tudo e foi atender. Snow largou as panelas e levantou a besta. Henry fechou o livro e Emma se levantou.

Leroy entrou rapidamente com um sorriso no rosto.

– Achamos! – disse para Snow com felicidade. – Achamos pó de fada!

– Blue já sabe?

– Mandei alguém avisá-la.

– E Regina? – perguntou Emma. – Ela sabe?

O anão balançou os ombros.

– Não sei. Quem liga? O importante é que Blue vai erguer a barreira e não vamos mais depender da bruxa.

– Ele está certo, Emma. – disse David com um sorriso. – Leroy, vamos até Blue ver o que está acontecendo. Talvez, elas erguem a barreira ainda hoje. Temos que ver se tem pó o suficiente.

Leroy riu.

– Tem muito pó. Achamos uma mina lotada. Vai dar para fechar a barreira e quem sabe até nos levar de volta!

Emma decidiu não pensar sobre o “levar de volta”, mas pensou no que Regina disse no dia anterior sobre Blue não ser uma possibilidade por que ela não era forte o suficiente sem pó. Emma abriu um sorriso enorme quando percebeu que nem tudo estava perdido. Piscou para Henry e saiu correndo da casa.

Ela escutou seu nome sendo gritado por David e Snow, mas Emma não parou até entrar no bug e dar partida.

Com Blue na história, a coisa ficava diferente. Seriam 3 contra 3 e ela ainda podia ajudar em alguma coisa. Talvez 3 contra 3,1.

Já era uma vitória!

Chegou a mansão sem problemas e bateu na porta algumas vezes.

Foi Mal quem a atendeu.

– O que foi?

Emma ignorou o mau humor e exclamou.

– Eu preciso falar com Regina. Tenho novidades! – e abriu um sorriso satisfeito.

Mal não respondeu, mas saiu da entrada.

– Ela ainda está dormindo. – disse a fada. – O que houve?

– Acho que Blue pode ajudar vocês.

– Sem pó de fada?

– Ela pode ajudar vocês.

Mal suspirou e andou até a sala, Emma a seguiu.

– Digamos que ela possa. – disse Mal se jogando no sofá. – Ela não vai querer. Ela me odeia e odeia Regina.

– Mas ela deve odiar Rumpel mais.

Mal pareceu pensar.

– Mas duvido. Ela pode fazer algum acordo com eles e acabar com a gente. Blue é bem vingativa.

– Eu não sabia que fadas eram vingativas.

Mal riu.

– Acha que fadas são todas iguais? Eu e Blue somos bem diferentes.

– Porque você não precisa de pó de fada?

– É, fadas são bem diversas entre si, sabia disso? O meu reino, os Moors, é composto de fadas e cada uma é bem diferente de outras. Umas tem o corpo feito de árvores, outros são feitos de magia pura e sua forma é de uma luz brilhante. Há fadas que são pequenas e se escondem nas flores, e as que são grandes o suficiente para jamais serem despertadas. Há fadas como Blue e o restante que moravam na Floresta Encantada, que encontraram no pó mágico uma fonte de poder e há fadas como eu, com magia interior. Somos bem diferentes. Mais diferentes do que você pode acreditar ou imaginar. Nem eu sei exatamente o quão diferentes podemos ser. Depende da dimensão, eu acho.

Emma se sentou na mesma poltrona que Mal tinha escolhido no dia anterior.

– Eu nunca tinha pensado nisso.

– E por que pensaria? Você cresceu num mundo sem magia. Há pessoas que cresceram na Floresta Encantada e nunca pensaram nisso.

– Eu ainda acho que Blue pode ajudar.

Mal espreguiçou e a olhou com desdém.

– Ela nos odeia.

– Mais do que aos nossos inimigos?

– Talvez o mesmo tanto.

– Por que ela odeia vocês?

Mal parou e pensou com cuidado no que dizer.

– Eu me apaixonei poucas vezes. – começou Mal – Blue arruinou as duas vezes que eu, de fato, achei que duraria para sempre. Então, eu a arruinei também. Acontece que no fim eu fui mais cruel.

– O que ela fez... Para te arruinar?

– Uma vez eu me apaixonei por uma jovem bruxa que estava sendo guiada para um caminho horrível por um ser desprezível. Ele queria que eu a ensinasse algumas coisas e eu ensinei. Naquela época, eu estava me recuperando de uma terrível traição e ela era tão pura e curiosa, tão cheia de vida, que eu não consegui evitar. Ela era casada com um velho rei que não sabia o que tinha em mãos. Blue descobriu e arruinou tudo. Ela tomou a minha aparência e atormentou a jovem bruxa por meses, e ao mesmo tempo, ela tomou a forma da minha amada e me atormentou. Tivemos uma grande briga e ficamos sem nos ver durante anos. Ela mudou, eu já não a conhecia e ela não me conhecia. Ficamos amigas, mas a oportunidade se foi para sempre.

– E você tem certeza de que foi Blue?

Mal assentiu preguiçosamente.

– Ela me disse. “Vocês seriam muito perigosas juntas. Eu tive que fazer isso. Pelo bem maior.” – fez uma expressão de nojo.

– E a outra?

– Eu a matei.

Emma ficou em silêncio e não se atreveu a expressar o que sentia.

– Regina diz que feitiço do sono não é matar, mas se eu mandei a única pessoa que poderia acordá-la para bem longe, isso não é o mesmo que mata-la?

Emma se lembrava da história da Branca de Neve e o beijo de Amor Verdadeiro que a acordou do seu sono maldito.

Mal continuou. Seus olhos encarando um ponto imaginário na parede.

– A bruxinha sabia quem eu era e me aceitava. Eu adorava ser eu mesma. Com a princesa, as coisas eram diferentes. Ela sabia quem eu era, mas eu queria ser melhor, queria ser a melhor versão de mim que eu pudesse. Queria ser mais forte, voar mais alto, ser mais.

– E onde Blue entra nessa história?

– Mentiras. Ela sabia dos meus sentimentos, era óbvio para todos que tivessem olhos, mesmo assim ela aproveitou num dia em que eu estava ocupada com o meu reino e usou pó de fada para guiar a minha princesa até a sua “alma gêmea”, que coincidentemente era o príncipe de um reino vizinho. – ela soltou um risinho – Era eu, uma fada com um passado sombrio contra um príncipe, que unificaria dois reinos vizinhos e lhe daria tudo que eu não podia. Eu nem fui convidada para o casamento e nem para a cerimônia de aniversário da criança que nasceu dessa linda união. Pouco tempo depois, o reino unificado atacou o meu Moors. Então, eu lancei uma maldição sobre eles. Blue estendeu a maldição para o todo o reino, assim, quando o rei voltasse da guerra, ele beijaria a sua rainha e o amor verdadeiro triunfaria. Eu destruí o exército inteiro, transformei o rei num cachorro e o transportei para o outro lado do mundo.

– E a filha dela?

– Dormindo também.

– E o que você fez para se vingar?

Mal soltou uma gargalhada.

– Eu pedi ajuda a Regina. Eles usam cristais para criar o pó, você sabe disso, e seus escravos, os anões, são quem fazem todo o trabalho braçal. Nós duas fomos até a maior mina e corrompemos todos os cristais com magia negra. Blue só percebeu quando a maioria dos cristais já tinham sido transformados em pó e distribuídos pelo mundo. Ela nos amaldiçoa pelo que aconteceu naqueles dias. Foi um caos completo.

Emma não respondeu imediatamente. Mal a estudou com os olhos.

– Você me lembra a minha princesa as vezes... Espero que a lembrança seja apenas no visual.

– O que quer dizer com isso?

– Quer dizer que ela permitiu que o marido atacasse o meu reino, um reino que ela amou e que a acolheu. Ela ficou em silêncio vendo um mundo e criaturas que ela amava serem dizimados por que a sua “alma gêmea” queria mais riqueza.

– Acha que eu vou fazer isso também? Por que não tem lógica essa comparação.

Mal sorriu.

Regina surgiu na sala com uma xícara de café.

– Ah, xerife, eu não sabia que você estava aqui.

Ela ainda estava de roupão, sem maquiagem e com os cabelos num pequeno rabo de cavalo. Sentiu-se de repente muito auto consciente de sua própria aparência, mas tentou disfarçar. Não faria muito sentido no final de contas.

Emma a olhou e se levantou da poltrona.

– Achamos pó de fada!

Regina pareceu surpresa e abriu um sorriso.

– Ótimo, significam que vocês não vão receber a visita de Alice tão cedo. Espero que dê certo, xerife.

– Isso também significa que Blue pode ajudar.

Regina riu e olhou para Mal, que balançou a cabeça negativamente com um sorriso no rosto.

– Blue nos odeia. É mais fácil que ela faça um acordo com Rumpel para nos destruir.

– Mal me disse o que vocês fizeram.

Regina mandou um olhar irritado para Mal que balançou os ombros.

– Ela quis saber. Eu respondi. Era a minha história.

Que também me envolve. E desde quando você conta seu passado para as pessoas?

– Desde quando eu quero. – saiu do sofá – eu vou para cozinha. Estou com fome. Boa sorte com Blue, xerife. – e riu.

Emma olhou para Regina com determinação.

– E se ela realmente puder ajudar?

– Se você quiser tentar convencê-la...

– Eu vou conseguir.

– Eu não teria tanta certeza.

– Eu tenho uma personalidade bem convincente. – e piscou para Regina, que tentou suprimir o sorriso.

– Espero mesmo, xerife.


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