A Funcionária escrita por DennyS


Capítulo 7
Capítulo - VII - A Dona Dos Meus Pensamentos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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~*VII*~

A Dona Dos Meus Pensamentos

Meus olhos estavam atentos e concentrados na direção de um dos assessores, enquanto o mesmo fazia um discurso dando início à votação de compra das ações da Global SA. Porém, meus pensamentos estavam bem distantes.

Há poucos minutos eu tinha encontrado Sakura na cafeteria do prédio conversando com meu assistente e nossa interação não tinha sido muito amigável. Não que isso me preocupasse. Na verdade, eu tinha sido surpreendido mais uma vez.  

O carro que levava eu e meu assistente Konohamaru para a sede da empresa, deu uma falha no meio do caminho e tivemos que pegar um taxi. Próximo aos elevadores do prédio, avistei Sakura na cafeteria e meu coração disparou. Konohamaru deveria ter presumido, ao me ver parado como uma estátua idiota olhando para a cafeteria, que eu queria um café, por isso ele foi até lá sem que eu lhe pedisse.

Ver Sakura naquela manhã me provocava um misto de sentimentos, pois eu tinha passado a noite em claro pensando nela, imaginando o que estaria passando pela cabeça dela ao descobrir quem eu era.

Eu não tinha certeza se estava preparado para encará-la ainda, mas quando vi Konohamaru sentar-se na mesa em que ela estava e puxar conversa como se já a conhecesse, fez meus pés se moverem.

—Pelo menos consigo viajar sem gastar um centavo do meu bolso. Tudo por conta da empresa. É praticamente estar de férias. Eu estou satisfeito. – Disse meu assistente com um enorme sorriso. Ele tinha visto eu me aproximar, por isso quando me viu ele piscou.

Konohamaru era um conquistador nato, as mulheres simplesmente se derretiam pela cara angelical dele, onde quer que fôssemos juntos. Mas daquela vez eu não iria ajudar na sua conquista barata.

—É bom saber que está satisfeito, Konohamaru.

Sakura arregalou os olhos quando me viu e tive que usar um super controle para não ficar encarando ela. Estava tão linda naquela manhã que quase me tirava o fôlego.

—Sr. Uchiha! – Konohamaru disfarçou estar surpreso com a minha aparição, sua atuação estava melhorando, constatei revirando os olhos. – Se eu não estivesse satisfeito, certamente o senhor seria o primeiro a saber.

Voltei meus olhos para Sakura e ela parecia um pouco nervosa. Com os ombros tensos, os olhos arregalados ela me olhava como se não soubesse como agir.

—Como vai, Srta. Haruno? – Perguntei sério, sem demonstrar realmente como eu me sentia ao finalmente falar com ela depois de saber a verdade sobre mim. Eu estava tão nervoso, droga! Eu me sentia como um adolescente de novo, sem controle das minhas emoções. A ansiedade me embrulhava o estômago, embora por fora minha cara inexpressiva não me entregasse.

Minha pergunta desprovida de emoção deve ter deixado Sakura irritada, pois ela levou alguns segundos para me responder. Ela me encarou com os olhos estreitos e depois de levantar o queixo com aquela ousadia que eu já conhecia, me respondeu sem desviar o olhar.

—Estou ótima! E o senhor?

Eu fiquei mudo e tive vontade de sorrir quando a última pergunta saiu entredentes. Ela tinha ficado com raiva mesmo?

—Já tivemos dias melhores, não acha, Sr. Uchiha? – Perguntou Konohamaru pigarreando. Ele parecia surpreso por Sakura me conhecer e falar comigo naquele tom. – Nossa limosine quebrou e...

—Está deliciando-se com a viagem, pelo que percebo. – Interrompi meu assistente sem deixar de encarar a Haruno nos olhos. Eu não queria provocá-la daquele jeito, mas não pude resistir. O brilho que passava por seus olhos quando estava irritada comigo me hipnotizava.

Ela olhou brevemente para o bolinho e o capuccino sobre a mesa.

—Tenho que aproveitar enquanto os custos da viagem estão por conta da empresa, não é mesmo? – Perguntou arqueando uma sobrancelha.

—A sua sinceridade é impressionante.

Eu podia ver a cabeça de Konohamaru confuso virando para a esquerda e para a direita sempre que eu ou Sakura falava.

—Eu acredito que a sinceridade seja importante. – Rebateu ela com uma expressão convencida.

Eu sabia que ela não iria parar, por isso não pude me conter.

—Em certos momentos, ela é inapropriada. – Respondi contendo um sorriso quando vi a surpresa no rosto dela. Sakura ficou em silêncio por um momento, como se estivesse indignada com meu comentário e pensando no que iria dizer a seguir.

Eu estava esperando que ela respirasse fundo e concordasse comigo, afinal eu era seu futuro chefe, ela já sabia quem eu era, não sabia? Mas como sempre, Sakura Haruno me surpreendeu ao ficar de pé de repente e me encarar sem hesitação.

—Inapropriada para as pessoas que não têm senso de humor como o senhor! A minha pequena observação poderia ser levada como uma simples brincadeira. Mas é verdade! Como eu pude me esquecer do seu temperamento, Sr. Uchiha! Você nunca teve senso de humor!

Ela estava tão perto que eu podia sentir seu perfume. Seus olhos verdes brilhavam e seu rosto corado era a coisa mais linda que eu já tinha visto. Era errado me deliciar por provocar outra pessoa daquele jeito, eu sabia. Mas o fato de que ela não me tratava diferente agora, mesmo sabendo quem eu era, me causava uma sensação de felicidade.

—No momento você é a pessoa errada para falar de senso de humor.

Eu queria rir daquela situação, mas me contive e apenas retribuí o seu olhar estreito. Se Konohamaru não tivesse nos interrompido, eu teria continuado ali com ela, paralisado, mergulhando mais fundo no verde dos olhos dela, porque simplesmente tinha esquecido de todo o resto do mundo.

Ela era o meu mundo.

De volta à reunião, sacudi levemente a cabeça para voltar ao presente. O fato de que Sakura já sabia quem eu era e mesmo assim, não controlava suas emoções ao falar comigo, era impressionante. Ela não me tratava diferente só por eu ser a porra do dono da empresa em que ela trabalhava.

Com licença, Sr. Uchiha. Não devo dizer que foi um prazer.” Lembrei-me de quando ela se despediu de mim na cafeteria e não pude conter um sorriso.

Respirei fundo, tentando me concentrar na reunião novamente. Era a primeira vez que eu ficava tão distraído em uma reunião tão importante, mas parecia ser inevitável agora que Sakura era a dona dos meus pensamentos.

—Está de acordo com os termos, Sr. Uchiha?

Alguém me entregou uma cópia do contrato e eu assinei, assentindo em silêncio. Um olhar breve para minha tia constatou que ela estava me encarando há muito tempo com um meio sorriso. Ela sabia que eu não estava prestando atenção em nada.

~*~*~*~*~

Uma música clássica e suave percorria o amplo salão de festas da sede da empresa, enquanto garçons franceses circulavam pelo lugar servindo petiscos e champanhe. Eu nunca fui muito de curtir festas, por isso minha única motivação para estar ali era a Sakura.

Falando nela, fiquei paralisado quando meus olhos a encontraram. Avistei seu corpo esguio de longe, próxima a um grupo de pessoas com Tsunade. Ela usava um lindo vestido longo da cor vinho, de frente única, que deixava suas costas nuas. Senti minha boca secar enquanto admirava a beleza dela. Eu deveria estar babando, mas não me importava.

Quando Sasori Akasuna entrou no meu campo de visão, meu corpo ficou tenso. Decidi que aquele era o momento para me aproximar e tirar Sakura de perto dele. Antes que eu pudesse chegar lá, Sakura se afastou do grupo e seguiu na direção do bar.

—Está tudo bem por aqui? – Perguntei para minha tia que tinha uma expressão irritada. Cumprimentei o restante do grupo que estava com ela, apenas com um aceno de cabeça, notando que o Sasori não estava mais lá.

—Não muito. – Respondeu Tsunade olhando na direção em que Sakura tinha ido. – Acho que ele foi atrás dela.

Procurei Sakura dentre os convidados e quando a avistei sendo seguida pelo Akasuna, uma onda de fúria me engoliu. Segui rapidamente na direção deles, ignorando as pessoas que tentavam me parar para me cumprimentar pelo caminho.

Eu tinha acabado de chegar na festa e ainda não tinha cruzado com Sasori. Tsunade tinha me assegurado de que eu não precisava me preocupar, mas eu nunca ficaria seguro se tratando dele. Principalmente agora, que seu interesse por Sakura estava escancarado.

Uma mulher parou na minha frente falando alguma coisa em francês, quando vi Sakura perto do bar desaparecer atrás de uma pilastra de mármore.

—Com licença. – Eu me desviei rapidamente de todas as pessoas em meu caminho e quando cheguei aonde acreditava que Sakura estava, senti meu sangue ferver.

O Akasuna a segurava pelos ombros contra a coluna de mármore, seu corpo muito próximo dela, impedindo-a de se afastar dele. Apertei os punhos e dei um passo para arrancá-lo de lá, quando senti a mão firme de Tsunade segurar o meu braço, me impedindo.

—Não vai me querer ter como inimigo. Posso ser muito perigoso quando quero. – Disse o filho da puta para Sakura. Dei mais um passo, com Tsunade ao meu lado.

—Perigoso, Akasuna? – Disse eu chamando a atenção dele. – Essa, com certeza era a palavra que eu queria ouvir de você.

Sasori se virou para mim e agora pude ver a expressão de Sakura. Ela parecia amedrontada e isso quase me fez perder de vez o controle e quebrar os dentes do Akasuna ali mesmo.

—Você pode continuar tentando me livrar do testamente o quanto quiser, Uchiha. – Disse o Akasuna caminhando na minha direção com as mãos nos bolsos. – Mas não vai conseguir provar nada. Tudo que você pensa que é seu, cairá de suas mãos em breve. Muito em breve.

Senti o aperto de Tsunade no meu braço mais uma vez. Se fosse há alguns meses, eu teria mandado a festa e tudo o mais para o inferno ao começar uma luta ali mesmo com o Akasuna. Isso já tinha acontecido antes, mas agora era diferente. Eu não sabia explicar de onde vinha todo aquele controle, mas consegui me conter.

—Veremos. – Afirmei como uma promessa. Me livrar daquele estorvo era só uma questão de tempo.

Meus olhos estreitos o acompanharam até que ele sumisse de vista, misturando-se entre os outros convidados da festa. Quando olhei de volta para Sakura, senti meu coração se apertar. Ela estava pálida e encolhida, parecia tão vulnerável que eu só queria poder abraçá-la e lhe assegurar de que o Akasuna nunca iria nem chegar perto dela novamente.

—Você está bem, querida? – Perguntou Tsunade ao se aproximar dela e ficando na minha frente. – Não fique assustada. Você está tão pálida. Quer um copo d’água?

—Não... – Ouvi Sakura responder depois de limpar a garganta. – Eu estou bem, Tsunade. Eu só queria voltar para o hotel, se você não for mais precisar de mim. E, claro! Depois que eu pegar a sua bebida.

—Não seja ridícula. Essa noite você não está a trabalho.  – Disse minha tia. – É claro que pode ir. Eu só não posso acompanhá-la porque estou esperando o meu marido chegar na festa. Ele virá direto do aeroporto.

Sakura parecia um pouco relutante em ir embora, mas Tsunade lhe assegurou de que não tinha problema nenhum. Ela se afastou de nós, olhando-me brevemente um pouco envergonhada antes de me dar as costas.

—Vá atrás dela. – Disse Tsunade me cutucando com o cotovelo. – Leve-a para o hotel, peça algo para ela comer e aproveita para conversarem um pouco. Eu tenho certeza de que ela tem muitas perguntas para te fazer.

—Não tenho dúvida. – Respondi antes de seguir o mesmo caminho que Sakura tinha acabado de fazer. Não olhei para minha tia antes de sair, mas eu tinha certeza de que ela sorria satisfeita.

Eu não me sentia nada satisfeito, na verdade eu estava um pouco nervoso. Aquela maldita ansiedade tinha voltado, mas tratei de me controlar. Eu estava indo atrás dela sem nenhum plano em mente, só queria deixar as coisas acontecerem naturalmente.

Sakura já estava dentro do elevador, quando apertei o botão para as portas não fecharem. Entrei sem que ela me notasse. Estava com a cabeça baixa e o rosto escondido nas mãos.

—Não sei se fico impressionado ou decepcionado. – Eu disse sem olhar para ela. – Você realmente ficou com medo do Akasuna?

Ela não me respondeu até que nossos olhos se encontraram.

—Vai dizer para eu sentir medo de você também? – Perguntou Sakura arqueando uma sobrancelha.

—Não é preciso. – Respondi. – Você já provou muitas vezes que não tem medo de mim.

Ela sustentou meu olhar em silêncio por um longo momento antes de responder que não tinha medo do Akasuna, o que pareceu ser mentira. Sakura realmente tinha se assustado e seu lado de sempre parecer forte em qualquer situação não poderia permitir que ela admitisse isso. Saber que ela realmente estava com medo dele, fez meu sangue ferver. Tive que me concentrar e controlar a vontade de subir de volta para a festa e dar uma surra naquele filho da puta.

—Quer companhia até o hotel? – Perguntei para desviar minha mente daquele plano.

—Por quê? Acha que o Sasori estará me esperando numa esquina ou vai me sequestrar para... – Ela se interrompeu abruptamente e apesar de estar quase fervendo por dentro com desejos violentos contra o Akasuna, eu queria rir. Sakura conseguia causar esse efeito em mim. Só ela conseguia me encantar com seu jeito doce e inocente de ser. – Se não for incomodar...

Ela ter aceitado me deixou mais aliviado do que eu esperava.

Dispensei os serviços do meu motorista quando uma ideia brilhante me tomou. Caminhar pelas ruas de Paris à noite era uma coisa que nunca imaginaria fazer, mas que parecia perfeito naquele momento. Entrar em um carro e deixar Sakura no hotel acabaria em minutos. Eu precisava ter mais tempo com ela.

—Espero que não se importe de caminhar até o hotel. – Eu disse a ela e aguardei sua resposta. Se ela não quisesse, eu nunca a obrigaria.

Sakura me encarou confusa por um tempo antes de assentir lentamente. Ela parecia surpresa e ansiosa, assim como eu estava.

Saímos juntos do prédio e uma brisa fria e agradável atingiu meu rosto. Olhei para Sakura ao meu lado e ela estava sorrindo com os olhos na direção do céu estrelado de Paris.

Meu coração disparou e novamente me esqueci que o resto do mundo existia.


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