– Near, o carro já está pronto. Vamos? – Gevanni chamou o albino, que estava perdido em pensamentos.

– Sim... – Este se levantou, com a mesma expressão de sempre, indo em direção à porta.

Já se faziam dois anos desde a morte de Raito Yagami, desde que Kira desaparecera misteriosamente e que Near vencera.

Como o previsto, o índice da criminalidade voltou a sumir depois que os criminosos pararam de morrer, e N fazia o impossível sempre que um caso aparentemente sem solução lhe interessava. Naquele dia, dois anos atrás, ele vingara seu antigo tutor e talvez até amigo, L. Descobrira recentemente que o nome deste era Lawliet, mas continuava a chama-lo pela sigla, pois ele era e sempre seria L.

Também faziam 6 anos desde a morte de L, morto por Kira. Era o aniversário deste e Near ainda ia, desde 6 anos atrás, visita-lo nesta data antes tão especial.

– Near? – O albino abre os olhos, vendo Gevanni inclinado sobre o assento do carro para chamar-lhe a atenção. – Chegamos.

Tão distraído com seus pensamentos, o albino fizera tudo no automático. Descera de elevador ao lado do moreno, entrara no carro e passara a viagem inteira divagando sobre os fatos ocorridos no passado. Tão perdido em devaneios que nem notara que já haviam chegado a Wammy’s House, mais precisamente aos portões do pequeno Cemitério particular que ficava a alguns minutos a pé deste.

Saiu do carro sem expressão como sempre, mas quem olhasse bem poderia ver a tristeza em seus olhos. Andaram, ele e Gevanni, silenciosamente, até chegarem ao primeiro destino. Os túmulos de Matt e Mello, um ao lado do outro, um pedido do próprio Near. Os dois tinham um grande M gravado e com seus nomes em baixo, seus verdadeiros nomes. Ficou olhando para as lápides cinzentas e frias por um momento. Mesmo não tendo religião, fez uma prece silenciosa aos dois antigos “amigos”, agradecendo pelo que fizeram no final, pelo sacrifício deles para que seu plano desse certo. O moreno ao seu lado lhe entregou dois buquês de flores. O de rosas vermelhas ele deixou no túmulo de Mello e o de margaridas, as flores mais alegres das quais conseguira se lembrar, no de Matt.

Ainda em silêncio, andaram até o centro do cemitério, parando em frente ao túmulo de Watari por um momento apenas, onde ficava a lápide de L. Esta não tinha nada de muito especial, era apenas um pouco maior do que a maioria, mas chamava atenção por si só. Não havia nome gravado lá, apenas o L na fonte “old english” que era o símbolo do detetive. Near abaixou os olhos, tristemente, e pediu para que Gevanni o deixasse só por um momento.

– Muito obrigado, L. – Começou a falar, encarando a lápide fixamente. – Por tudo. Por ter me ensinado a ser como sou, por ser meu primeiro amigo, por ter salvado este mundo da maldição de Kira. – Sim, para Near, quem havia vencido Kira era L. Sem ele, Near não teria conseguido nem ao menos descobrir quem era Kira. – Você sempre foi o meu ídolo, sabe? – Confidenciou, sentindo seus olhos umedecerem de leve. – Sempre quis ser como você. Não como Beyond, que queria superá-lo, mas ser igual a você. Todos dizem que consegui, que sou até mesmo melhor do que você foi por pegar Kira. – Soltou uma risada sem humor. – Não, L, eu nunca conseguirei ser como você, porque você foi e será sempre único. Mesmo que eu resolva mil casos impossíveis eu... – O albino sentiu a voz falhar, começando a ficar embargada. – Eu prometo que nunca irei esquecê-lo, L. Farei com que seja lembrado e, mesmo depois da minha morte, ainda haverão sucessores de L. Você sempre será o maior detetive do muindo. – As pequenas lágrimas contidas já começavam a escorrer pelo rosto de aparência infantil de N. – Eu, realmente, lhe admirei muito, L. Obrigado por tudo.

Enxugando com a manga da camisa branca, as lágrimas as quais nunca havia liberado antes, abaixou-se diante da lápide e depositou uma pequena rosa azul, um espécime muito raro, caro e difícil de achar. Como sempre naquela data, um pequeno sorriso sincero brotou nos lábios finos. Disse adeus ao antigo mentor e prometeu que voltaria para visita-lo no próximo ano, e nos anos que se seguiriam. Para ele, seria um em muitos outros, pois L nunca morreria, estaria sempre em suas memórias e em seu coração.

– Feliz aniversário L.

End.