Better Off This Way escrita por CWritting


Capítulo 9
Enjoy the Breeze


Notas iniciais do capítulo

Esse tá maior hehe



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As horas não tardaram a passar, eu estava deitado na cama lendo um livro quando Mike apareceu na porta do quarto. Ele vestia uma calça escura, uma camisa branca e uma jaqueta de couro. Tinha o cabelo loiro bem penteado e os olhos verdes brilhavam de entusiasmo. Que faltava em mim.

“Você ainda não se vestiu?” ele perguntou exasperado, entrando no quarto e abrindo meu guarda roupa. “Pra que a pressa?” perguntei sorrindo. “Vamos lá Zack, eu vou precisar da sua ajuda hoje à noite. Então coloque qualquer roupa e vamos. As garotas estarão aqui em dez minutos” ele falou apressadamente.

“Vamos em um carro só?” perguntei, fechando o livro e colocando-o na cabeceira. “Sim, elas que pediram. Para o caso de você resolver sair para passear de novo, não ter o carro e andar o caminho do shopping até sua casa” Mike riu e deixou o quarto, fechando a porta.

Levantei e vesti uma calça preta, calcei as botas velhas e maltratadas e uma camisa cinza de manga longa. Desci a procura do meu celular. “Mike você viu meu Iphone?” gritei. “Acho que no sofá” ele respondeu, descendo as escadas.

Peguei o telefone e me sentei. Mike jogou-se na poltrona ao lado e desatou a falar do quão nervoso estava. Eu sorria, mas não prestava muita atenção.

A buzina de um carro na entrada foi escutada e Mike animadamente caminhou pela sala. “Pretende pedir Kate em namoro?” perguntei, lançando um sorriso. “Talvez. Se você não estragar a noite com sua psicose seria meio caminho andado” ele disse, fechando a porta atrás de nós. “Psicose?” eu ri. “Exatamente, então, por favor, me de uma ajuda com Kate hoje. Seja bonzinho” Mike gargalhou enquanto entravamos no banco de trás do sedã azul escuro.

Eu revirei os olhos e me sentei no estofado preto do carro. “Oi Meg, Kate.” Mike saudou as meninas. “Hey Mike” ambas o cumprimentaram.

“Zachary... Zachary” Kate suspirou, manobrando o carro e colocando-o na estrada. Eu sorri quando vi seu olhar pelo retrovisor. 

“Então, o que foi aquilo na praia?” ela perguntou cuidadosamente. Percebi Megan se mexer no banco do carona, passando assim a prestar mais atenção na conversa. Mike me lançou um olhar sorridente. “Nada demais. Queria dar uma volta pela praia” respondi sem encará-la.

Kate esperou que eu continuasse, mas ao receber nada mais que silêncio, provocou “Certo, então quando decidir contar a verdade você nos diz” eu balancei a cabeça displicentemente e passei a observar a cidade agitada pela janela.

O carro foi estacionado e caminhamos em direção à entrada do shopping. Mike tinha o braço sobre os ombros de uma Kate radiante um pouco a frente de mim e de Megan.

Nos sentamos no andar superior de um restaurante bem frequentado. O ambiente era tranquilo e bem iluminado. O silêncio era preenchido pela música que soava de um jukebox bem conservado e pelas conversas animadas dos outros clientes, na maioria adolescentes com seus amigos.

Escolhemos um canto mais distante da massa de pessoas. A mesa estava coberta por uma toalha branca, fazendo contraste com a parede de cor vinho. Os talheres polidos dispostos ao lado dos pratos e os copos de cristal estavam com água até a metade. Puxei a cadeira para Megan que se sentou na minha frente e ao lado de Mike. Ela sorriu fracamente e agradeceu com a voz baixa.

Mike e Kate conversavam entusiasmados sobre um show que aconteceria amanhã enquanto Megan tinha o olhar perdido, sem um ponto fixo e eu tamborilava os dedos no tampo da mesa. Uma garota aparentemente da nossa idade, apareceu ao lado da mesa com um bloco de anotações. “Já sabem o que vão pedir?” ela perguntou, oferecendo-nos o cardápio. “Uma tigela de Mac ‘n’ Cheese e um refrigerante” pedi sem me dar o trabalho de checar as opções restantes.

Os pedidos não demoraram a chegar e comemos em meio a conversas pacatas. Tanto eu quanto Megan não parecíamos sintonizados na euforia dos outros dois, que ora flertavam ora riam descontroladamente de piadas. O prato estava quente e apreciei o sabor cremoso da comida.

Troquei poucas palavras com Megan que parecia saber o porquê da minha saída repentina da praia e só esperava um momento em que ficássemos sozinhos para confirmar sua certeza.

“Eu preciso de um sorvete” Kate anunciou, pedindo a Mike para acompanha-la na intenção de ficarem sozinhos e dar a Megan uma oportunidade de conversar em particular comigo. Mike não negou e os dois saíram do restaurante pouco tempo depois.

Os minutos se arrastavam e Megan parecia ter uma disputa interna, resolvendo se me perguntaria o que queria saber ou não. Resolvi não prolongar o silêncio desconfortável e perguntei “Você quer saber o porquê de eu ter saído da praia, sem nenhum motivo?” ela encarou-me prestando atenção nas minhas palavras. “Eu já imagino” ela murmurou baixando o olhar.

“Você parece em uma dúvida eterna desde que chegamos” eu ajeitei-me na cadeira. “Desde sexta-feira para falar a verdade” ela olhou-me no fundo dos olhos. “Pode falar” pedi, sustentando o contato visual. “O que você tem com Carly?” ela perguntou diretamente. Eu arqueei a sobrancelha e tossi levemente “Como você ficou sabendo disso?” quis saber. “Isso não vem ao caso. Só me diga, Zack” ela insistiu.

E foi naquele momento que eu parei para me perguntar o que eu realmente tinha com Carly. Estávamos longe de termos algum tipo de relacionamento e eu não diria a Megan que nós simplesmente nos pegávamos casualmente, cedendo ao desejo.

“Eu não sei... é complicado” assumi sinceramente. Megan tencionou os ombros e suspirou. Podia-se ler desgosto em sua expressão. “Complicado? Uau” ela escapou com um fraco sorriso irônico “E eu pensando que depois de um namoro de quase dois anos, você ter ido para Inglaterra e voltado outros dois anos mais tarde com tantas coisas mal resolvidas, o seu desejo repentino pela head cheerleader é algo complicado” ela argumentou. Eu não soube o que dizer e acabei por somente encará-la. Ela tinha uma expressão chateada, com um misto de mágoa e desapontamento.

“Você não vai dizer nada?” ela perguntou irritada com minha falta de resposta “Eu sinceramente não tenho o que dizer” murmurei. “Talvez o porquê de você ter voltando tão apático em relação a nós dois” ela disse, cansada. “Eu prefiro demonstrar indiferença a parecer fraco” eu disse, puxando a carteira preta do bolso traseiro da calça.

“Mascarar seus sentimentos não vai adiantar em nada. Você não perdeu esse hábito, não foi?” ela notou perspicaz.

Não era como se eu fosse uma pessoa fria, soberba e ignorante. Era somente uma proteção contra decepção. “Adiantou até agora já que ainda não transpareci meu súbito desejo de socar o belo rosto do seu namorado” eu sorri divertido ao vê-la revirar os olhos e suspirar profundamente.

“Acredite mesmo que pareça eu não gosto de sentir meu sangue ferver em raiva e ter minha cabeça infestada de suposições alucinantes, mas eu não posso evitar sentir ciúmes posso?” perguntei retoricamente, com a voz estável e controlada.

Deixei o dinheiro sob a mesa e me levantei da cadeira. Megan me acompanhou em silêncio e com o olhar pensativo até a saída do restaurante.

Eu digitava uma mensagem para Mike, avisando que já havíamos deixado a mesa e que caminharíamos um pouco pelo shopping quando Megan perguntou “Por que ela?” eu a olhei confuso e ela explicou “Carly. Por que ela?” sorri fracamente.

“Por que não ela?” Megan retirou e colocou atrás da orelha uma mecha da franja que caia levemente sobre seus claros e elétricos olhos azuis. “Ela é bonita, mas você poderia ter escolhido alguém com a personalidade menos explosiva” ela argumentou.

Nós andávamos despreocupadamente, observando as lojas cheias e as pessoas, algumas irritadas e apressadas, já outras em uma espécie de transe de tranquilidade, arrastavam os pés pelo piso.

Pensei por um bom tempo antes de respondê-la “Ela tem algo que me chama atenção em todas as garotas e especialmente em você. Audácia.” Eu comentei, olhando para as vitrines. Sorri com a lembrança e toquei a leve barba com a ponta dos dedos “Eu ainda dou risada de como entramos naquela festa privada em Malibu” Megan riu e comentou “Mike ainda deve ter as marcas dos cacos de vidro.”

Fora uma das nossas primeiras viagens de carro que fizemos juntos com alguns amigos, saindo de L.A. para a Malibu. Cidade que é mais que famosa por suas vastas e belas praias, o clima quente e favorável a prática de esportes, além de suas casas abrigarem celebridades ricas e conhecidas de todos os cantos dos E.U.A.

Cruzamos praticamente todo shopping. Estávamos na escada rolante, quando o celular de Megan soou incessantemente dentro de sua bolsa. “Logan?” perguntei com ar de deboche aparente. Ela puxou a barra da minha camisa enquanto atendia ao aparelho “Oi Kate” ela enfatizou o nome da garota, encarando-me com um sorriso “Certo. Vou perguntar e passamos ai” ela disse antes de desligar.

“Eles estão no cinema e querem saber se vamos assistir algo com eles. Se não quisermos, ela nos dará as chaves do carro para podermos dirigir por aí” ela informou “Acho q seria melhor deixá-los sozinhos não?” sorri e Megan concordou.

Andamos até a bilheteria e entre cartazes anunciando filmes de estreia e pessoas caminhando de um lado para o outro, lá estavam os dois.

 Mike tinha os braços fortes envoltos na cintura de uma Kate que sussurrava algo no ouvido do garoto que sorria bobamente. Aproximei-me lentamente, tentando não fazer barulho e tendo sucesso já que as conversas e o milho de pipoca que estourava sucessivamente encobriam minha falta de destreza em ser discreto.

“Não queremos atrapalhar o casal então as chaves do carro, por favor” pedi com educação para receber um olhar espantado de Kate que me olhava irritada, mas com um sorriso sombreando o cantos dos lábios.

Ela retirou o chaveiro do bolso e quando estiquei a mão para pegá-lo, ela recolheu novamente, sorrindo cinicamente “Megan dirige” revirei os olhos e disse a Mike “Você tem uma garota difícil nos braços. Literalmente.” Megan e Mike gargalharam e Kate riu sem humor.

Nos despedimos e fizemos o mesmo caminho de volta ao estacionamento. “Nós temos duas horas até termos que voltar para pegá-los. Vamos para...?” ela pediu minha sugestão.

“Você é quem manda” eu disse ao ligar o rádio. Megan sorriu e dirigiu pelas ruas movimentadas por cerca de dez minutos até parar o carro em frente a uma loja de bebidas.

A loja era pequena, mal iluminada e com uma aparência largada “Vamos comemorar a volta do nosso casal favorito” ela sorriu feliz, antes de adentrar na apertada lojinha.

Pensei ironicamente, estava muito contente que Kate e Mike haviam voltado, mas não podia concordar que eles eram meu casal favorito. A garota do meu casal favorito namorava o quarterback do time de futebol americano.

Rondamos entre as prateleiras até Megan escolher uma garrafa de vinho estrangeiro no fundo do suporte refrigerado. Uma atendente não muito velha nos observava entediada. Tinha a pele levemente queimada pelo sol e os cabelos eram longos e alourados. Era muito atraente, correspondendo assim a fama de uma mulher californiana.

Chegamos ao balcão e eu tomei a garrafa da mão de Megan, que sorriu e afastou-se, liberando meu caminho até a atendente.

“Eu não vou nem pedir seus documentos, já que você dizer ter vinte e um anos e eu dizer gostar do meu trabalho de fato são mentiras deslavadas” a loira sorriu arrogante “Você está certa, mas sei que vai nos ajudar” sorri sedutoramente.

A funcionária me analisou com os olhos para logo depois revirá-los, mais que determinada em suas palavras “Garoto, você não é o primeiro que tenta me convencer com um sorriso. A única coisa diferente é que você não me causou repulsa e quase conseguiu” ela disparou “Quase” repetiu novamente. Escutei Megan rir abafadamente e sorri provocativo “Não iremos causar problema nenhum, é só uma garrafa de vinho” balancei a bebida, escutando o liquido chacoalhar de um lado para o outro no recipiente de vidro verde escuro. Tinha um rolha pequena e um lacre vermelho que garantia que estava fechado.

Ela suspirou e falou cansada, mas com um leve sorriso nos lábios cobertos por batom de um vermelho chamativo “Vocês sabem que eu posso ser presa não sabem?” ela alternou o olhar entre Megan e eu “Então, levem a garrafa para a cobertura e bebam por lá. Deve ter algumas cadeiras, peguem as taças e sumam daqui” ela disse com o humor exaltado, apontando para escada em espiral nos fundos.

Deixei o dinheiro na bancada, agradeci e acompanhei Megan que segurava tanto o vinho como as taças de vidro, até a parte superior da loja. Subimos a escada com o formato de caracol, enferrujada e caindo aos pedaços.

Sentei ao lado de Megan, em uma cadeira de plástico branco e velho. Olhávamos a rua de cima e eu tinha meus pés apoiados na parede pichada. Megan serviu meia taça de um vinho gelado e com a cor vermelha densa.

“Um brinde ao seu sorriso encantador não ter causado repulsa e ter nos garantido essa vista maravilhosa” ela disse com a voz séria, para pouco depois rir junto comigo. Ouviu-se o tintilar das taças e a bebida desceu gélida e suave pela minha garganta seca.

Não demorou muito e Megan comentou “Esse vinho nem é tão bom assim” causando novamente, risos da nossa parte enquanto observávamos a vista da cidade de Los Angeles, na noite escura e ventosa. Apenas na companhia um do outro, conversávamos e riamos, me fazendo agradecer mentalmente por não termos ido ao cinema. 


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