Better Off This Way escrita por CWritting
Notas iniciais do capítulo
Irão conhecer um pouco da nova amiga do Zack hahaha
Meus olhos se abriram lentamente e eu bocejei tentando espantar o sono. Puxei o celular do bolso da jaqueta de couro preto e levantei-me, puxando a mochila para o ombro esquerdo.
Dez minutos atrasado.
Andei sem pressa até a sala no terceiro andar e arrastei os pés até estar em frente à porta da classe de Álgebra II. Bati os dedos levemente na madeira, esperando pela permissão de entrada. Um homem que não deveria passar dos trinta e cinco anos puxou a maçaneta com um sorriso debochado nos lábios. Ele fez menção com a mão, autorizando minha entrada.
A sala era clara e aberta. As janelas grandes deixavam os pequenos fios de luz entrarem, iluminando naturalmente o ambiente. As mesas eram longas e os bancos altos eram posicionados lado a lado, sendo assim uma aula em dupla.
Muitos dos alunos já tinham seus pares e outros permaneciam sozinhos. A lousa tinha o nome em giz destacado: Matthew Carver. O professor era alto com os cabelos encaracolados pretos. Os olhos tinham um tom acastanhado e o sorriso era de um brilho quase sádico “Zachary se não me engano?” ele perguntou enquanto virava-se para mim. Balancei a cabeça em aprovação e ele sorriu “Não é uma boa impressão atrasar-se para o primeiro dia da minha classe” ele anunciou, observando os alunos que pareciam entretidos com a situação “Não seria a primeira aula se o senhor não tivesse faltado na terça-feira, mas aqui estou eu não estou?” perguntei retoricamente, retribuindo-o com um sorriso irônico.
Matthew olhou-me com a sobrancelha arqueada e uma expressão surpresa “Petulância não tem lugar nas minhas aulas, Hobsbawm” ele pronunciou o sobrenome duramente, ao olhar a provável lista de presença “Sente-se” ele ordenou, movimentando a cabeça em direção aos alunos que olhavam com divertimento.
Caminhei até uma das mesas desocupadas no fundo, mas antes que pudesse sentar-me, o homem pigarreou “Vamos juntar os retardatários. Zachary, por favor, naquela mesa do canto, ao lado da Srta. Koch” eu revirei os olhos e caminhei até o banco onde a garota se encontrava com um sorriso levemente provocativo. A reconheci do almoço, era amiga de Jane e do restante do grupo.
“Desculpe-me por isso Catherine. Voltando à atenção para explicação pessoal” o homem continuou, virando-se para o quadro e retomando a iniciação de Álgebra II.
Sentei-me ao seu lado e a saudei rapidamente “Que azar o seu hein?” perguntei comicamente enquanto retirava da mochila o caderno e uma caneta qualquer.
“Acho que ele tem alguma intenção de que eu possa mudar o seu comportamento” ela sussurrou sarcasticamente “Pelo visto eu sou quem irei transforma-la em uma delinquente” zombei e ela reprimiu a risada para logo depois complementar “Pior, eu não posso ficar” eu sorri e contrariei “Talvez possa” ela lançou-me uma olhar fatal e depois amenizou a expressão, fazendo-me rir.
Prestamos pouca atenção nas lições colocadas no quadro. Copiávamos o assunto nos cadernos, mas conversávamos em sussurros. Catherine era uma garota realmente engraçada e parecia ficar cada vez mais bonita de quão mais perto eu a olhava.
“Não a vi essa semana pelos corredores ou nas aulas” sentenciei novamente tentando lembrar de seu rosto “Sim, eu estava nessa viagem e acabei chegando ontem e preferi adiar um pouco essa sentença de prisão” ela sorriu ao explicar-me “Esteve onde?” perguntei interessado ao rabiscar uma das palavras escritas de forma incorreta.
“Helsínquia” ela respondeu calmamente ao esticar-se para observar as anotações em giz “Finlândia me parece ser um lugar legal” murmurei displicentemente e ela concordou com a cabeça “Como foi morar dois anos em Londres?” ela perguntou virando-se para olhar-me com os olhos brilhantes “Acordar bêbado em um pub distante, com amigos amontoados, copos de cerveja e o ar parecer ter mais fumaça de cigarro do que oxigênio é o sonho de qualquer adolescente londrino” respondi divertido.
Ela sorriu com o canto dos lábios e tocou a ponta dos dedos no meu ombro, fazendo minha pele queimar-se prazerosamente “Não só de qualquer adolescente londrino” ela riu e colocou uma das mechas do cabelo sedoso atrás da orelha que assumia um tom avermelhado. Então ela estava envergonhada? Perguntei-me e sorri fracamente.
As aulas de Álgebra II tinham acabado de ficar muito melhores. O sinal bateu pouco tempo depois e os alunos levantaram-se apressados. Larguei minhas coisas de qualquer jeito na mochila e esperei por Catherine de pé ao lado da mesa “Zachary poderia vê-lo por alguns instantes?” o homem apoiado na mesa do professor chamou-me.
Olhei de relance para garota que sorria para o chão enquanto arrumava suas coisas e caminhei até Matthew parando à sua frente. Catherine murmurou uma despedida e deixou a sala assim como outros alunos que ainda permaneciam ajustuando os materiais ou manuseando os telefones.
“Ouvi muito bem de você, garoto. Porém, minhas expectativas não estão sendo atendidas” ele avaliou-me com os olhos “Esse é o problema de criar expectativas, senhor. Quando não atingidas, desapontamento é o que sobra” revidei educadamente “Desafiador... muito bem. Espero que haja uma mudança de perspectiva. Está liberado” ele indicou a porta e eu sai da sala, revirando os olhos.
Desci a escadaria e já no segundo andar encontrei Catherine listando seu nome no quadro de eletivas. A garota era de estatura mediana, provavelmente por causa do salto que usava. A calça preta refletia as belas pernas e a cintura fina, com as curvas não tão acentuadas, mas no lugar certo. O corpo era tão bonito quanto o rosto e eu sorri ao perceber que estava praticamente listando em itens infinitos a beleza da garota.
Aproximei-me dela e murmurei “Você curte pintura?” perguntei ao observa-la inscrever-se no papel alaranjado com os dizeres da classe de pintura. Ela pareceu estremecer e virou-se para mim “Sua voz rouca um dia irá matar alguém de susto” ela repreendeu-me com um pequeno sorriso enquanto voltava-se ao quadro de anúncios.
“Desculpe” eu sussurrei entre risos “Eu desenho um pouco. Pensei que seria bom começar a aprender” ela respondeu ao terminar numa caligrafia clássica, apertada e elegante de escrever seu sobrenome “Então, você vai gostar das aulas de música” sugeri ao puxar a caneta preta de seus dedos e colocar seu nome logo abaixo do meu nos períodos extras de música.
“Eu não tenho talento nenhum para música” ela hesitou tentando tomar a caneta das minhas mãos “Não será problema. Eu tenho talento para os dois” brinquei.
“Arrogância é um comportamento interessante” ela sorriu cinicamente, ao descer os degraus ao meu lado “Você não é a primeira a usar esse adjetivo e se enganar” eu lancei um pequeno sorriso torto em sua direção e lembrei-me de Carly, a cheerleader favorita de Megan.
“Prove-me ao contrário então” ela desafiou-me com a sobrancelha erguida “Uma pessoa arrogante não lhe ofereceria uma carona para casa” eu argumentei e ela revirou os olhos com uma expressão não convencida “Tente de novo. Estou de carro” ela anunciou vitoriosa.
Andamos pelos corredores cheios e enquanto eu pensava em uma solução ouvi Mike chamar meu nome. O garoto loiro chegou e conversou tanto comigo como com Catherine, fazendo-a rir com algumas piadas ridículas e com o comportamento agitado não convencional “Vejo vocês por ai” ele piscou um dos olhos e sorriu provocando-me.
“Uma pessoa arrogante não aguentaria esse projeto de demônio todos os dias” tentei contrariá-la ao caminharmos na direção oposta de Mike “Você está certo” ela deu-se por vencida e sorriu “Finalmente, eu te convenci” murmurei “Eu sabia que você não era arrogante desde o inicio. Só queria saber até onde iria para provar” ela olhou-me através dos cílios longos e parou diante da porta de sua próxima aula “Bom saber que não deixei uma má impressão assim como na aula de Álgebra II” eu caçoei e ela riu levemente. Mike estava mais do que certo. A voz soava traiçoeira e sedutora mesmo sem intenção “Vejo você por aí, Zack” ela se despediu e eu concordei com uma levada de cabeça.
Ela entrou na sala e antes de fechar a porta murmurou “Obrigada por oferecer a carona e você se comprometeu a me ensinar algo sobre música ao me inscrever nas aulas” ela olhou-me nos olhos e eu retribui o contato com firmeza, sem desviar.
O pequeno sorriso torto permanecia nos meus lábios até a resposta sair, na voz com a rouquidão de sempre “Será um prazer”
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