Três dias depois...

- Acho que algumas pessoas não gostam de me ver com você.

Hinata sussurrou para Gaara. Caminhavam para a saída da vila, e Hinata percebia alguns olhares desgostosos sobre ela. Os dois estavam um pouco afastados do grupo a frente deles que seguia para o mesmo destino que os dois. Neji lançou mais um olhar na direção dos dois, coisa que fazia de tempo em tempo.

Gaara – Posso dizer o mesmo. _ Murmurou divertido.

Hinata riu, despertando a atenção, não só de Neji, mas dos irmãos dele, que os olharam. Não entendia o que Gaara poderia dizer para fazê-la rir. Ele não tinha senso de humor, odiava piadas e não fazia brincadeiras, mas conseguia fazê-la rir. Perto dela, ele era outra pessoa. Continuava sem expressão, mas seus olhos brilhavam em euforia ao vê-la. Algumas vezes, quase se desenhava um sorriso nos lábios dele. Quase...

Os portões se abriram, a despedida começou. Para desgosto de Neji, Gaara não se conteve em beijá-la uma última vez e ela não se importou. Temari e Kankuro se olharam, lá ia o motivo da felicidade do irmão, caminhando a passos lentos para longe dele. Kami-sama tivesse pena do povo de Suna se ela não voltasse.

Neji – Não se preocupe. _ Neji chamou a atenção de Hinata que mais uma vez olhava para trás. – Falarei com Hiashi-sama, nunca mais terá que voltar aqui.

Hinata – Eu vou voltar, Neji. Eu quero voltar.

~OoO~

Dois meses depois...

Temari – Não vai pra casa?

Gaara – Não, tenho muita coisa pra fazer.

Temari – Tudo bem, boa noite.

Gaara – Hum.

Temari saiu, fechando a porta. Desde que Hinata fora embora, Gaara passara a trabalhar até tarde todos os dias. Não havia outra coisa o que fazer, ela entendia. Sempre que o via na manhã seguinte, ele parecia frustrado. Enquanto isso, Gaara afastava um monte de areia que cobria um enorme saco preto cheio de papéis amassados.

O saco já transbordado, sem a pressão da areia, caiu derrubando bolinhas de papeis rabiscados pela sala dele. Gaara suspirou, desanimando só em olhar aquilo. Dois meses e não conseguia escrever uma simples carta para ela. Era melhor desistir. Resolveu subir no telhado, olhar a lua talvez o ajudasse.

Temari – Hinata! _ Correu até ela.

Hinata – Olá, Temari. Onde está o Gaara?

Kankuro – Imaginei que ele fosse ficar trabalhando até tarde, devia tê-la levado direto para o escritório dele.

Temari – Sabia que ela viria?

Kankuro – Sim, sim, combinamos da última vez que fui lá.

Temari – Gaara vai ficar feliz em vê-la.

Os dois irmãos acompanharam a jovem Hyuuga ao prédio Kage, voltando para casa em seguida. Não queriam atrapalhar o casal. Hinata seguiu para a sala de Gaara, batendo na porta antes de entrar. A sala estava escura, apenas iluminada pela lua... e vazia.

Gaara podia jurar ter ouvido Hinata o chamando. O chakra dela... Quase podia sentir o cheiro dela. Estava ficando louco. Juntou um amontoado de areia a sua frente, formando um olho. Murmurou o nome de seu jutsu e desceu o olho até sua sala. Ela estava lá, ele a via.

Hinata averiguara a sala atrás de Gaara, ele não se encontrava ali. Notou o saco preto e os papéis amassados espalhados pelo chão. Não se conteve em pegar um e olhar. Desdobrou com cuidado e se surpreendeu ao ver e ouvir seu nome. Assustou-se, paralisando com o susto. Gaara surgiu a sua frente.

Gaara – Não me avisou que vinha. _ Retirou o papel da mão dela.

Hinata – Era para ser uma surpresa. _ Deu um passo a frente e estendeu a mão para pegar o papel novamente.

Gaara – Não. _ Jogou-o papel no chão, juntando todos e pondo dentro do saco com a areia.

Hinata – Tem meu nome.

Gaara – Sim, tem. _ A puxou e a beijou.

Seus pés quase se desprenderam do chão ao ser puxada contra ele. Havia desespero, saudade. Ela correspondeu com a mesma ânsia, a mesma vontade desesperada, até que não houve mais ar em seus pulmões. Suas bocas se desgrudaram ofegantes, mas não se afastaram. Os olhos se encontraram, diamantes e jades. Ela sorriu para ele, tímida e corada.

Gaara - Casa comigo?