Quando estávamos a alguns metros da casa, ouvimos gritos do Gabriel. Fomos correndo até a casa. Quando entramos, Fernanda estava mordendo o braço de Gabriel.

- Nãããããão – gritou Owen correndo até os dois.

Owen empurrou Fernanda para o lado e puxou Gabriel.

- Era virou um zumbi quando eu estava dormindo, eu não sabia... – Gabriel tentava se explicar.

Eu não tinha tempo para ficar ouvindo ele, então peguei minha faca e matei Fernanda. Olhei para Gabriel, seria mais uma pessoa morta no nosso grupo.

- O que você acha que devemos fazer? – perguntei a Owen.

- Deixá-lo para trás e fugirmos – sugeriu.

Gabriel começou a protestar, realmente ele não queria ficar sozinho, mas Owen não lhe deu escolha.

- Ou você fica aqui se protegendo ou você morre, mas com a gente você não vai ficar, não vamos morrer por causa de você, que tivesse mais cuidado da próxima vez – disse Owen.

Eu achei que ele tinha sido muito rude com Gabriel, o garoto sentou-se na cama e nos olhou com raiva.

- Eu posso poder virar um zumbi, mas sei que a morte de vocês vai ser bem pior – ele falou.

Eu sabia que Owen estava se forçando para não bater no garoto, por isso saímos e deixamos Gabriel sozinho.

- Desculpa, Gabriel, mas é o único jeito – eu disse e continuei andando.

Eu não sabia para que direção estávamos indo, peguei meu mapa, Owen estava indo para o lado certo, mas como ele sabia que lado era o certo se ele nem viu no mapa?

O céu estava muito nublado e já começava a chover.

- Temos que encontrar um lugar para descansar – falei para Owen.

- Não podemos mais descansar – ele disse.

Até que ele tinha razão, mas realmente eu precisava dormir, pelo menos um pouco. Eu andei muito, não aguentava mais, mas Owen parecia ter saído de uma poltrona agora.

- Owen, eu preciso descansar – avisei.

Ele parou. Virou lentamente para mim e veio em minha direção.

- Os zumbis não descansam, por isso não podemos descansar, até os zumbis são mais fortes que você – ele falou.

E continuou andando, eu segui ele, não podia ficar parada e deixá-lo indo, não que eu me importava com ele, significa que eu poderia estar em perigo. Fiquei pensando se Camila havia virado um zumbi, eu gostaria que sim, assim eu não poderia me preocupar com ela.

Depois de um tempo, a chuva começou a descer mais forte. Meus olhos já ardiam, eu não conseguia deixá-los mais tempo abertos e minhas pernas já estavam bambas.

- Owen... Eu não consigo... – nem terminei a frase e caí no chão de cansaço.

Acordei novamente em um colchão. Não encontrei Owen em nenhum lugar.

- Owen – eu o chamei.

Ele correu e apontou uma arma para mim.

- Calma, o que houve? – perguntei assustada.

Ele continuou apontando a arma para mim, mas depois a abaixou.

- Achei que fosse um zumbi – ele disse – você estava com febre e havia caído do nada no chão.

- Que lugar é esse? – perguntei.

- Litoral do país, é uma pequena casa que achei.

Eu olhei pela janela da casa, Owen havia trancado tudo. Tinham zumbis na rua, mas a maioria parecia nem notar a casa, outros olhavam e encaravam, mas não faziam nada.

- Por que eles não estão vindo para cá? – murmurei para Owen, que também estava olhando a rua pela janela.

- Porque eles não estão ouvindo nada, por isso devemos ficar calados – ele disse e voltou para o sofá andando silenciosamente. Fiz o mesmo.

Eu ainda estava cansada, a chuva não havia parado. Dormi novamente. Eu acordei estava de madrugada e Owen cochilava em uma poltrona. Fui até a cozinha e peguei comida. Comi um lanche, eu estava faminta. Owen havia guardado nossa comida na geladeira para não estragar. Eu queria me divertir um pouco, ver televisão ou fazer qualquer outra coisa, mas eu não podia, tinha que ficar em completo silêncio.

Mas o silêncio não durou muito tempo, os zumbis começaram a bater na porta da casa. Owen acordou com um pulo.

- Não vamos sair de casa de novo, não é? – perguntei e ele negou.

Na verdade nós nos escondemos dentro do sofá, que era um modelo diferente, tinha como abrir e guardar algumas coisas. Pegamos nossa comida e guardamos, ficamos lá dentro.

Os zumbis arrombaram a porta e ficamos em total silêncio.