Ficamos a poucos centímetros da cachoeira. Nós íamos cair, sem dúvidas.

- Segurem-se! – gritei para todos.

Gabriel e Fernanda acordaram e se seguraram. Começamos a cair gritando. A altura da cachoeira não era muito grande, mas quando caímos, o barco se quebrou e nos molhamos. Fomos para a terra.

- Sorte que ninguém morreu – comentou Gabriel.

- Mas perdemos um meio de transporte – avisei.

Continuamos seguindo, mas a pé. Saímos de outro estado, eu nem sabia se conseguiria sair de país em menos de um mês.

- Como vamos sair daqui? – perguntou Fernanda.

A terra onde estávamos havia chegado ao fim, agora era só ir nadando. Enquanto nadávamos, fomos pegando um pouco de nossas coisas que deixamos cair. A correnteza ajudou a nos levar para outro pedaço de terra. Acabamos chegando em uma praia. A rua onde estávamos estava alagada, provavelmente por causa do terremoto. Entramos em uma casa de praia e ficamos lá.

- Nossa, até que a cadeia era boazinha comparada a isso – comentou Owen.

- Concordo – disse Gabriel – o que vamos fazer? – perguntou ele para mim.

- Sinceramente, eu não sei, estou procurando uma pessoa – eu disse.

Eu ainda queria me vingar de Camila, não conseguia aguentar o que ela fez comigo.

Fernanda se sentou em uma cama. Ela estava vermelha e os olhos chegavam a estar roxos.

- Fernanda, você está se sentindo bem? – perguntei me sentando ao lado dela – descanse um pouco, parece estar precisando.

Imediatamente ela deitou na cama e fechou os olhos. Gabriel também foi dormir.

- Que inferno tá esse lugar – disse Owen.

- Isso foi por que você não viu ninguém morrendo, seus amigos e pais – eu disse.

Ele saiu de perto de mim. Será que eu disse algo tão ruim?

Olhei pela janela da casa de praia, não tinham zumbis, o que eu achei estranho.

- Não tem zumbis aqui – disse para Owen.

- É bom, não é?

Assenti, mas eu sabia que tinha algo por trás disso, sempre quando achamos que algo vai dar certo, dá errado.

- Vamos sair para procurar zumbis? – sugeriu Owen.

- Não acha perigoso deixar Fernanda e Gabriel sozinhos aqui não? – perguntei olhando para os dois.

Ele fez um gesto com a mão mostrando falta de preocupação.

- Eles vão ficar bem, eu acho – ele disse – vamos logo.

Fui com ele, apesar de continuar preocupada com Fernanda e Gabriel.

Andamos um quilômetro e não achamos nenhum zumbi, mas achamos rachaduras do terremoto. Eu queria sair logo daquele problema, ir para os Estados Unidos, mesmo que eu achasse que lá tinha zumbis. Owen parou.

- Vamos voltar, aqui não tem nada e devemos ver se os outros estão bem – ele disse e começamos a voltar.

- Quando você conheceu Fernanda e Gabriel? – perguntei a ele.

- Conheci o Gabriel quatro anos atrás, quando ele tinha vinte anos e Fernanda, quando ela tinha trinta, agora está com trinta e nove. Por quê?

- Por nada – e continuei andando.

Quando estávamos a alguns metros da casa, ouvimos gritos do Gabriel. Fomos correndo até a casa. Quando entramos, Fernanda estava mordendo o braço de Gabriel.