O pior havia passado, todos tinham medo da reação de Mary ao saber que era uma bruxa, mas, tudo aconteceu da melhor maneira possível. Claire sabia que era apenas o começo, muitas descobertas ainda estavam por acontecer, mas, por hora tudo estava bem.
Mary demorou a dormir, tamanha empolgação por ser uma bruxa, mas, enfim se rendeu ao sono e quando isso aconteceu seus pais foram para o quarto também.
- Dia longo. – disse Dean se jogando na cama.
- É, mas, o melhor é que tudo acabou bem. – respondeu Claire.
- E quem disse que acabou hein! – exclamou Dean com uma expressão que Claire conhecia bem.
Como foi um dia bastante tenso para todos, o casal decidiu tomar uma banho quente juntos, o que foi extremamente revigorante e deu lhes força para uma incrível noite de amor.
Nessa mesma noite, quando a madrugada já se estendia Claire teve em sonho e ela sabia do que se tratava. Todas as bruxas quando começam a desenvolver seus poderes recebem seus livros, cada uma possui o seu. E assim como o livro, cada uma possui também seu guia, ou tutor, aquela pessoa que irá treiná-la para o uso dos poderes; no passado a tutora de Claire havia sido sua mãe Elizabeth. E ela seria a tutora da filha Mary.
Durante o sonho tudo o que ela precisava saber para ajudar Mary lhe foi revelado, e ela estava pronta. Com a força das revelações ela acorda, erguendo seu corpo e se sentando na cama. Dean percebe a movimentação da mulher e levanta também.
- Amor o que houve? – ele pergunta assustado.
- Serei eu Dean, serei eu! – ela dizia.
Como Dean não estava entendendo nada, Claire explicou a ele tudo sobre o sonho e o que significava ser tutora de uma bruxa. Ele mesmo confuso ficou feliz por Claire e Mary.
Na manhã seguinte, estavam todos reunidos na sala tomando café, Mary ainda dormia e assim Claire contou a todos sobre o sonho que tivera durante a noite e o que ele significava.
- Nossa, isso tudo é muito...surreal. – dizia Sam impressionado com os acontecimentos.
- Nem me fale! – exclamou Bob.
- Mamãe, mamãe! – Mary descia as escadas com certa dificuldade pelo enorme livro que trazia nas mãos.
- Filha, é o seu livro!
- Eu tive um sonho estranho e então esse livro apareceu no meu quarto.
- É assim mesmo anjo, e não se preocupe porque eu vou te ensinar tudo, você será uma bruxa incrível. – disse Claire abraçando a filha.
As duas passaram o dia juntas e cada segundo que se passava Claire se surpreendia com a destreza e maturidade da filha. Ela era ótima e fazia coisas que nem mesmo Claire fazia com tanta perfeição. Ao final do dia elas estavam exaustas, Mary adormeceu rapidamente, mas, Claire não conseguia, ela contou para Dean tudo o que ela e a filha haviam feito durante o dia todo, e ele, é claro se aproveitou do estado eufórico da esposa para arrastá-la para mais uma noite juntos.
Como tudo estava bem, a vida de todos pode voltar ao seu ritmo normal, apesar de nada ser muito normal para eles. Claire e Mary ainda comemoraram a chegada do ano novo na casa de Bob e logo depois voltaram para sua casa.
Mary desenvolvia seus poderes de uma maneira rápida e impressionante, enchendo Claire de orgulho. E toda vez que Dean vinha visitá-las a pequena sempre tinha algo novo para mostrar para o pai.
Mas, como geralmente as coisas não eram muito fáceis e nem normais para os Winchester, haviam planos maiores para a pequena bruxa que se desenvolvia, planos estes, que nem sequer Dean ou Claire conheciam.
Assim, Mary cresceu, tendo agora dezessete anos. Ela se tornou uma linda jovem, com um corpo esguio, porém, bem torneado, pele clara, cabelos longos cor de chocolate caído em cachos até o meio das costas e olhos verdes marcantes e expressivos que herdou do pai. Ela era perfeita em todas as suas atividades, tanto como bruxa, quanto como caçadora. Dean relutou muito, mas, Mary era uma caçadora nata e exercia com maestria esse trabalho, nada do que ele dizia a convencia do contrário.
Claire e Mary estavam passando alguns dias na casa de Bob, aproveitando que Dean e Sam não tinham trabalho, e em todos esses anos a única coisa que não mudou foi o gosto de Mary por carros, era uma paixão. Tudo estava bem, porém, Claire sabia que algo estava para acontecer, algo que a amedrontava muito, algo relacionado com sua filha e com o segredo de sua família.
Sim. Claire tinha um segredo, um segredo de família que ela não contara nem para Dean ou Sam e agora isso parecia estar voltando para assombrá-la. Fazia dois dias que todos estavam na casa de Bob, e nas duas noites Claire teve um pesadelo, um mesmo pesadelo. Ela acordava gritando e assustada, e nessa terceira noite Dean estranhou e resolveu perguntar o que estava acontecendo.
- Claire o que houve? Outro pesadelo? – ele indagou.
- Sempre o mesmo. – ela respondeu ainda assustada.
- Amor, o que está acontecendo? Sabe que pode confiar em mim, eu te amo. – ele dizia.
- Dean...eu...eu não sei se... – ela disse nervosa.
- Claire pode me dizer qualquer coisa, sabe disso. – ele a abraçava forte contra seu peito.
O casal estava na cama quando ouviu gritos vindos do quarto da filha e foram correndo para lá.
- Filha o que houve? – perguntou Claire.
- Eu...eu..tive um pesadelo e... – dizia Mary nervosa.
- Você também? – perguntou Dean.
- Como assim pai? – ela perguntou confusa.
- Sua mãe também anda tendo pesadelos todas as noites. – disse Dean.
- Dean, por favor, nos deixe sozinhas, nós precisamos conversar. – disse Claire.
Dean assentiu e mesmo sem entender saiu do quarto da filha e foi para o seu. Claire pediu para ficar sozinha com a filha, pois, queria saber se era o mesmo sonho que as atormentava.
- Me conte filha, como era o seu sonho. – ela pedia.
Mary contou o sonho e confirmou a suspeita da mãe. Claire então disse que tudo iria ficar bem e pediu que Mary voltasse a dormir. Sem conseguir acreditar no que estava acontecendo ela desceu as escadas, sentou-se na mesa da cozinha, pegou uma garrafa de Whisky bebeu um gole e começou a se lembrar de seu segredo.
“A família de Mary era uma família de bruxos muito poderosos, porém, eram diferentes dos demais. Eles não queriam ser odiados e nem usar seu dom para o mal, assim, decidiram se rebelar e lutar pelo direito de usar a “magia branca”. A maioria dos bruxos não concordava com o pensamento da família Owens, então, uma grande batalha se formou, o bem contra o mal. Eles não desistiriam de lutar, sacrificariam suas vidas se fosse preciso, pelo direito de exercer a boa magia. E assim aconteceu. A batalha foi ganha, mas, houveram muitas perdas. A família se sacrificou, sendo a única sobrevivente, Claire. Os perdedores juraram vingança, e ela sabia que havia um sobrevivente também do lado oposto, um bruxo chamado August, eles tinham aproximadamente a mesma idade quando tudo aconteceu. Durante um bom tempo de sua vida Claire era atormentada pelo medo dessa sede de vingança de seus inimigos, mas, o tempo ia passando e nada acontecia, até agora.”
Claire começa a se lembrar do sonho que ela e sua filha tiveram. Tudo é muito escuro e deserto, o local parece ter sido preparado para uma grande batalha. De um lado Claire, e do outro um rapaz desconhecido. Ele é alto, com um corpo forte, cabelos cor de bronze, desalinhados e usa roupas escuras. No meio August, e ele dizia sem parar: “Eis a batalha final, somente um sobreviverá!”.