O dia estava passando, horas passavam como minutos, segundos talvez. 

Kate fitava os olhos de Suzan, e Suzan retribuia com clareza o modo de aproximação. Era só as duas entre quatro paredes, e uma imensidão de confidencias que a separavam de algo como uma "amizade" uma "amizade- colorida". Era normal? Alguém que nunca sentirá nem uma vontade de ficar com outra garota, ter se entregado tão frenéticamente a uma, que honestamente, era totalmente ao contrário? Suzan não parava de se perguntar.

- Você é linda, estranhamente linda. - Sussurra para Kate, enquanto seus olhos se fitam, se completam. - É estranho, dois dias atrás, você era só uma novata, uma novata como as outras.

- Sabe qual é o problema de vocês? - suspirou Kate. - Vocês preferem se agarrar a esses rótulos mesquinhos, sem ao mesmo conhecer a pessoa, esquecem que um dia já estiveram em nosso lugar, já foram novos, já estiveram em esse momento de descobertas sobre aqui. Vocês esquecem que são humanos, e preferem ser tratados como Deuses. - Kate não desviava o olhar ao falar para Suzan. 

Talvez não seja assim. - Suzan contradiz, mas ela sabia que o que Kate acabara de falar, fazia todo sentido. - Apenas somos mais experientes.

- Experiencia? experiencia no que? Em maltratar as pessoas? Deixar elas tão inferior com suas brincadeirinhas ridículas, só para rirem depois em grupinhos superficiais, que vocês insistem e chamar de grupos de amigos. - Kate percebe que começa se alterar, e volta a abaixar seu tom de voz. - Não é legal, chegar em um ambiente totalmente novo, e ser tachada, caçoada e sacaneada por vocês. 

Suzan fica sem reação, não sabia oque falar, na verdade, sentia algo ruim em seu estomago, um frio, um medo, um arrependimento. 

- Porque você é assim? - Suzan muda de assunto inesperadamente. 

- Assim como?

- Assim oras, veste roupas maiores que você, seu cabelo curto, como o cabelo de qualquer garoto. É tão...

Kate interrompe. - Sapatão?

- Não quis dizer com essas palavras.

- Não me visto assim porque acho bonito, ou porque quero ser a diferente. Me visto assim porque me sinto bem assim. Essas roupas que vocês, meninas usam - Kate aponta para as roupas de Suzan jogadas no canto do banheiro. - Não me deixam bem, não me sinto bem nela, é como se, como se não fosse eu usando-as. 

- Não se sente mal em ver as pessoas lhe julgando por isso? - Suzan a olha fixamente, tentando desvendar oque há por trás de seus olhos.

- Garota, você mesmo viu como eu sou, você acha que eu ligo? - Kate se senta sobre a cama e alcança uma camisa sua que estava de pendurada ao lado da tal. - Não ligo para o que pensam, sinceramente, não ligo nem para oque você esta pensando agora, por mim, tanto faz, é assim que funciona.

- Nossa, sua grossa, só fiz uma pergunta, precisava responder assim? - Suzan se levanta e vai ao seu monte de roupa, e começa a se vestir. - Ta vendo? Ta vendo porque não nos misturamos com novatos? Porque vocês não nos entendem, como quer ajuda nossa? Grossa, não precisava disso.

- Garota, você pula pela minha janela, me faz te ajudar como fosse minha obrigação, depois vem no meu quarto, faz sexo comigo, me faz contar partes sobre mim e ainda fala que sou estranha, queria que eu te tratasse com regalias? Desculpa, não sou sua serva, óh princesa. - Ironizou Kate.

- Não sei oque vim fazer aqui mesmo, você é muito idiota menina, tem razão de ser sozinha, ninguém te suporta. - Suzan se exalta, abre a porta com tudo e a bate em menos de 1 segundo.

- Como sou uma idiota, agora esse inferno vai sair contando para todo mundo oque aconteceu, ai que nojo estou de mim, que ódio. - Suzan estava furiosa, furiosa com Kate,apenas com raiva, não sabia ao certo o porque.

Kate se inclina e deita sobre a cama, com raiva, algumas lágrimas rolam sobre sua face. Porém, logo após perceber seu choro, as enxuga com rapidez, e repete para si mesma. - Como pude pensar que dentro daquilo lá, existia algo de bom? Patricinha mimada como todas as outras que a rodeiam. 

A noite veio, Kate não saiu do quarto, estava estranhamente abalada demais para sair, e honestamente com medo de topar com Suzan pelos corredores, e perceber que pelas costas, ela ria com as amigas superficiais, sobre tudo oque aconteceu. Kate era fria, Kate era um iceberg, porém ela sabia que dentro de si, existia um lado o qual ela não queria que despertasse, não com Suzan, principalmente com Suzan.