Anaru POV

Abri meus olhos lentamente e tentava acostumar com a claridade... Onde estou? Olhei para o meu lado e... Jintan? Jintan chorava muito na altura da minha barriga. Mas o que estava acontecendo?

Anaru: Ei... Jintan! O que houve? Por que está chorando tanto? - Ele sequer mexeu um centímetro.

Porque ele estava me ignorando? Será que sentia raiva de mim? Ou será que estava bravo?

Resolvi passar a mão em seu cabelo para acalmá-lo, detestava vê-lo em lágrimas dessa forma.

Anaru: Vamos lá Jintan, não fique assim... - Passei a mão nele, mas era como se ele não estivesse sentindo meu toque. - Jitan... JINTAN! - Gritava em vão.

Em segundos, me levantei da cama e tentava segurá-lo, mas ele continuava me ignorando... Não estou entendo nada. Fale comigo, por favor.

Jintan: Por favor, me perdoe Anaru... Não se vá. - Ele sussurrava para si mesmo em meio aos soluços.

Anaru: Perdoar? Eu não tenho nada para te perdoar... E eu estou bem aqui. - Abracei sua cabeça... Mesmo me ignorando.

– Ele não vai te ouvir. - Uma voz surge atrás de nós.

Anaru: Quem está—Virei para ver quem era... - M-M-Men-MENMA?

Menma: Como vai, Anaru? - Sorriu da mesma forma de sempre... Tão doce.

Comecei a chorar... O que ela estava fazendo aqui? Corri e a abracei, mesmo fazendo apenas um ano que nos vimos pela última vez.

Anaru: É você mesmo? Isso é um sonho? - Minha felicidade era nítida.

Menma: Sou eu sim! Pegue - Ofereceu o seu braço e beliscou a si mesma. - Viu só? Você pode me tocar se quiser! - De fato, era ela mesma! De carne e osso! Mas calma... Tem algo errado em toda essa história.

Anaru: Sei que tudo isso é um sonho. Seria bom se eu demorasse a acordar para ficar aqui contigo! - Peguei as duas mãos dela.

Menma: Er... Então Anaru... - Desviou o olhar e seu sorriso desapareceu e se transformou em um sorriso falso. - Isso não é bem um sonho, sabe?

Anaru: Como não? Você está bem na minha frente e o Jintan finge que eu não existo... - Ela ficou séria e ainda olhava para qualquer canto do quarto. - Mas se não é um sonho, é o que?

Menma: Nós estamos no plano espiritual, Anaru, e é por isso que eu posso te ver e o Jintan não. - Como é? Isso não pode ser verdade...

Anaru: Plano espiritual? Mas eu estou bem aqui! Consigo sentir, falar, respirar! Eu estou viva!

Menma: Seu espírito está bem vivo sim. Mas seu corpo está bem ali, em cima da cama.

Olho para trás e me vejo ali... Deitada com alguns aparelhos colados em mim. O que eu estava fazendo lá?

Menma: Eu sei que é duro... Mas você precisa acreditar em mim! - Eu mal ouvia o que ela dizia, só encarava o meu próprio corpo.

Anaru: Quer dizer que ninguém nunca mais vai me ouvir? - Menma puxou meu braço e chamava minha atenção.

Menma: Isso não é verdade! Eles te ouvem sim e—

Anaru: O QUE É QUE VOCÊ SABE SOBRE TE IGNORAREM? - Gritei com ela por causa do nervosismo, ou talvez por causa do choque me ver deitada naquela cama... Mas percebi rapidamente que falei besteira. - Não, desculpa Menma! Eu não quis te dizer isso! - Peguei suas mãos as juntei.

Menma: Tudo bem Anaru... Eu sei que não é fácil no começo, mas a gente acaba acostumando. - Sorriu e passou a mão em meu rosto.

Anaru: Então quer dizer que eu morri... Não imaginava que minha vida acabaria tão cedo...

Menma: Morrer? Venha comigo. Vou te mostrar uma coisa!

Ela me puxou para fora do quarto e corremos o hospital inteiro. Parecia tão errado correr em um hospital, mas mesmo assim continuamos, até chegarmos no primeiro andar.

Seguimos para a lanchonete e lá estava o povo... Os Super Protetores da Paz.

Anaru: Pessoal! - Corri e gritei em vão novamente... Ainda não acostumei com isso. - Eles estavam bem tristes e mal conversavam entre si.

Menma: Eles também não te ouvem.

Anaru: É verdade...

Poppo: Será que o Jintan vai demorar muito? Acho que a mãe dela quer voltar...

Yukiatsu: Ela sabe o quanto ele a ama... Certamente a sra. Anjou pode esperar. - Anjou? Minha mãe estava aqui?

Tsuruko: Conhecendo o Jintan como conhecemos, ele não irá voltar conosco. Vai estar bem abalado e se culpará...

Menma: Er... Não quer ver sua mãe? - Menma não queria que eu ouvisse a conversa...

Anaru: Por que o Jintan vai se culpar de eu estar aqui?

Menma: Não se lembra do porquê de estar aqui?

Anaru: Não... Na verdade lembro-me de estar lendo um livro, enquanto viajava... Mas depois... - Ela sorriu e me puxou de novo pelo pulso, mas desta vez, fomos para fora do hospital. O tempo estava ótimo, bem ensolarado com nenhuma nuvem por perto.

Menma: Sabe Anaru, é melhor que você não saiba de nada por enquanto. - É tão legal me deixar curiosa? - Você descobrirá tudo mais cedo ou mais tarde.

Anaru: Então você sabe de tudo sobre a minha morte? Mas espera, você não tinha alcançado o paraíso? Por que ainda está aqui?

Menma: Eu alcancei o paraíso sim. Por isso mesmo que hoje estou aqui. - Ela estava me deixando mais confusa.

Anaru: Isso foi um paradoxo, Menma. - Ela riu da minha expressão confusa.

Menma: Eu não sou mais um espírito.

Nesse instante uma luz surge atrás dela e duas lindas asas se abrem. Fiquei boquiaberta com aquela cena...

Menma: Viu só? Gostou? Gostou? - Ela pulava como uma criança e mostrava suas asas em todos os ângulos possíveis.

Anaru: Então agora você é um anjo?

Menma: Sou sim! Sou o anjo da guarda de vocês todos!

Anaru: COMO É? Se você era meu anjo da guarda, porque não me protegeu? - Sacudia aquela miniatura de pessoa e ela ria incansavelmente da minha reação.

Menma: Ora Anaru, tem coisas que nós devemos fazer, outras não... Sabe como é, nada é por acaso nessa vida. Tipo a minha morte!

Anaru: Mas e a minha morte? Para que servirá?

Menma: E quem disse que você morreu, bobinha? Por acaso você viu seu corpo dentro de um caixão? - Então eu ainda estou viva?

Anaru: Não foi em um caixão, mas acho que os médicos não viram que eu morri... Senão eu não estava aqui contigo!

Menma: BOBA! Você não viu seu batimento cardíaco do lado do seu corpo? Está batendo normalmente!

Ela pegou minhas mãos e começou a voar, me levando junto. Voamos até o quarto onde acordei. Vi que o Jintan havia adormecido e também olhei para a máquina... De fato, eu ainda tinha batimentos, estavam baixos, mas eu tinha.

Menma: Viu só? - Colocou-me no chão. - Isso que você está passando é uma experiência de QM, Quase Morte, algumas pessoas passam por isso, mas você ainda vai viver muito!

Anaru: Tem certeza?

Menma: Claro! Agora volte para seu corpo. Você ainda dormirá por um tempo, mas sobreviverá!

Anaru: Obrigada Menma! - Abracei a Menma com todas as minhas forças... Estava tão feliz!

Menma: Todos eles precisam de você, principalmente o Jintan. Ele é apaixonado por você e você não pode deixa-lo na mão. - Afastei-me dela e corei um pouco... Será que ela estava brava por eu estar com ele?

Anaru: Ah... Desculpa por ter roubado o Jintan... Eu não sei nem como explicar e—Ela me silencia colocando o indicador nos meus lábios.

Menma: Ninguém roubou ninguém de ninguém, Anaru... Você sempre foi a escolhida para estar do lado dele e vice-versa... Só que ninguém sabia disso.

Anaru: É mesmo? - Perguntei com um sorriso enorme no rosto.

Menma: Claro! Agora eu tenho que ir. Quando você acordar, não se lembrará de nada do que viu hoje, mas se lembrar, mande lembranças a todos.

Anaru: Pode deixar. Eu te amo, Menma.

Menma: Eu também te amo, Anaru.

Abraçamo-nos e ela foi sumindo aos poucos. Sentei na cama e voltei para o meu corpo.