It Must Have Been Love escrita por Aerys Silentread


Capítulo 1
It must have been love but its over now...


Notas iniciais do capítulo

"Deve ter sido amor, mas agora acabou..."
Minha primeira fic Clato, espero que gostem! ^^
Baseada na música It Must Have Been Love, da Roxette.



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Na primeira vez em que a viu, Cato não tinha muito mais que nove anos, e Clove, não mais que sete. Ele teria o lanche roubado pelos alunos mais velhos que ele, se a garota não o tivesse ajudado. E, cara, ela era baixinha, mas tinha o soco mais incrível que ele já havia visto em toda sua vida! E quando ele foi lhe agradecer, ela apenas o encarou com um sorriso quase zombeteiro respondendo:


“Com essa altura, e não tem coragem de se defender sozinho? Medroso!”


Cato sentiu tanta raiva dela naquele momento, que se virou e foi embora sem pensar duas vezes! Durante os próximos dias, ela sempre estava por perto para perturbá-lo por isso. Chamava-o de medroso a todo tempo, a todo instante. E com sua insistência, com sua convivência, acabaram se tornando amigos. Foi num dia chuvoso de Setembro, quando ficaram presos na escola; as ruas estavam todas alagadas, e não havia lugar seguro pra passarem. Foi a primeira vez que Cato conversou com ela, e ele nunca se arrependeria disso.


Foram crescendo, e logo, Clove não precisava mais defendê-lo, como costumava brincar que fazia.


“Eu fico perto de você, pra que os caras maus não se aproximem.” Ela dizia, com aquele mesmo sorriso zombeteiro do dia em que se conheceram.


Não era tão absurdo assim, Cato sabia. Ninguém nunca brincava com Clove no Distrito 2. Eles estavam sempre juntos, e estavam sempre sozinhos, porque não havia ninguém com coragem o suficiente pra se aproximar ou zombar deles. Não que ele estivesse reclamando, claro; se alguém ousasse se aproximar de Clove — com ou sem a permissão dela —, perderia todos os dentes da boca. Cato era uma parede de músculos, com quase dois metros de altura e a beleza de um deus.


E Clove... Clove era a sua garota. Era a sua pequena. (Ela só não podia ouvir isso, porque caso contrário quem acabaria sem dentes na boca seria ele.)


Ele nunca contaria que a amava. Porque Clove nunca dera sinais de algo mais que uma amizade, e ele não aguentaria perdê-la. Preferia vê-la com outro cara a vê-la ir embora de sua vida.


Quando ela foi sorteada como Tributo para os Jogos Vorazes, seu instinto protetor falou mais alto. E antes que pudesse se conter, antes que pudesse sequer pensar no que fazia, ele levantava a mão o máximo que podia, e gritava com toda sua força que ele se oferecia. Ele se oferecia para ser o Tributo masculino de um jogo do qual provavelmente nunca sairia vivo. Não que ele não tivesse chance — ele tinha muita chance de vencer, na verdade —, mas não foi por isso que se ofereceu. Ele não estava se oferecendo pra ser uma boa diversão para a Capital, afinal.


Ele estava se oferecendo para proteger Clove até a morte. Ele estava se oferecendo a morrer por ela.


Somente horas mais tarde, quando estavam no trem e prontos para irem embora do Distrito, é que ele percebeu o tamanho de sua burrada. Somente quando Clove foi até ele, e lhe encarou com o rosto banhado em lágrimas.


“Medroso.” Ela disse, mas não havia o costumeiro carinho que usava quando o chamava dessa forma. “Seu medroso! Seu idiota! Olha o que você fez, Cato! Você tem noção? Tem noção do que fez? O que deu na sua cabeça oca? Por que se ofereceu como Tributo? Seu... Seu... Maldito!”


“Eu queria proteger você...” ele sussurrou, e seu coração doeu ao ver a angústia que os olhos de Clove escondiam com raiva. Ela estava sofrendo. Ele estava fazendo sua garotinha sofrer. Ele a estava fazendo chorar. “Por favor, me desculpa...”


“Cato... Se nós chegarmos à final dos jogos... Se nós conseguimos passar por todos os outros Tributos...” a garota hesitou, e secou as lágrimas com as costas das mãos. “Nós teremos que matar um ao outro. Tem noção do que é isso? Eu... Eu não posso te matar, Cato... Você é meu melhor amigo.”


Quando souberam que um garoto e uma garota poderiam ser os vencedores dos Jogos, contanto que fossem do mesmo Distrito, nenhum deles conteve a felicidade. E havia uma luz no fim do túnel, havia a paz depois de tantas horas de pesadelo. Eles ficariam bem. Eles ficariam juntos. Ninguém precisava matar ninguém, e eles voltariam para o Distrito 2 como vencedores.


Mas é claro que Cato não contava com Tresh. Tresh, e a maldita Garota Em Chamas. Tresh, a maldita Garota Em Chamas, e a maldita pedra que acertou a cabeça de Clove.


Parado ali, ao lado dela, vendo-a encarar-lhe com um sorriso carinhoso no rosto — apesar de ele ter falhado na única coisa que deveria fazer; protegê-la —, Cato podia pensar. Cato podia deixar as lágrimas rolarem por seu rosto, e os soluços escaparem por seus lábios entreabertos. Ali, Cato podia pedir por uma redenção, por um milagre.


Ali, Cato não tinha tempo pra sentir vergonhas, nem medos.


“Por favor, Clove, fica comigo... Fica comigo... Não me deixa sozinho... Eu prometi, lembra? Eu prometi que te protegeria... Foi só por isso que me ofereci... Eu te amo desde o dia em que me defendeu... Por favor, fica comigo... Eu te amo... Não me deixa, por favor, eu te amo!”


E algumas poucas lágrimas correram pelo rosto de Clove, quando ela secou as lágrimas de Cato com as pontas dos dedos trêmulos. Seus lábios se entreabriram, tentando formar uma frase, mas Cato precisou se aproximar para ouvi-la.


“Eu também te amo... Medroso...”


E assim, Clove partiu. Levando um pedaço de Cato junto a ela.


O que teria acontecido se ele tivesse ganhado os Jogos Vorazes?


Cato passaria o resto de seus dias procurando entre os sorrisos que lhe fossem oferecidos, por aquele único que fazia seu coração disparar; ele procuraria brilho em pedras de carvão como um cego desesperado pela luz. E entre os pesadelos das noites frias, ele gritaria o nome de sua pequena. Porque era ela quem ele esperava. Porque era ela quem ele desejava; porque era ela que ele amava.


Quando Cato foi atrás de Tresh, ele foi para vingá-la, e não se arrependeu nem por um instante. Quando Cato foi atrás da Garota Em Chamas, e de seu namorado idiota, ele estava pronto pra matá-los. Mas ele não tinha medo de falhar.


Porque ele havia entrado naquela loucura, apenas para salvar sua pequena; e ele falhou. Sem ela, não havia nada que não pudesse perder.


Cato entrou naquela luta pronto pra morrer. E em memória de sua pequena, em memória de seu amor, em memória de tudo que haviam passado, ele morreria lutando. Por ela. Porque sempre foi por ela; e assim continuaria sendo até seu último suspiro.


“Deve ter sido amor, mas agora acabou... Deve ter sido bom, mas de alguma forma eu o perdi... Deve ter sido amor, mas agora acabou... Desde o momento que nos tocamos até nos separarmos.”


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Notas finais do capítulo

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