Kurohanayome - A Noiva de Negro escrita por Min Lunera


Capítulo 19
Xeque-Mate


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal, tudo certinho?
Aqui vamos nós com mais um capítulo de "Kurohanayome". Eu estou bêbada de sono, portanto não irei escrever muito aqui senão irei falar nada com nada. xD Boa leitura. :3



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-Está tudo bem, senhorita? – escutei uma voz masculina me abordar.

            Virei para trás e avistei um rapaz de cabelos negros e olhos verdes. Ele parecia apreensivo. Meneei a cabeça:

            -Sim, estou. Só vim tomar um pouco de ar fresco.

            Ele virou a cabeça de lado e suspirou aliviado:

            -Ah, entendi. Lá dentro está abafado mesmo. Aqui fora, além de estar fresco, tem uma visão perfeita do céu estrelado. – ele apontou para o alto.

            Fitei a imensidão pontilhada sobre mim por um longo tempo, em silêncio. O rapaz se apresentou:

            -Me chamo Pietro.

            -Isabelle Neveu. – eu respondi prontamente.

            Ele me encarou com uma expressão divertida e disse:

            -Eu sei.

            Arqueei uma sobrancelha:

            -Já ouviu falar sobre mim?

            Pietro deu as costas e respondeu misterioso:

            -Talvez... Aliás, acabei de reparar que seu sotaque não corresponde ao local de onde você vem.

            Senti um frio na espinha ao perceber que eu havia esquecido de impor um sutil sotaque francês à minha voz. Tentei disfarçar a minha falha:

            -Na verdade, devido ao convívio intenso com pessoas natas da Inglaterra, acabo pegando o modo inglês “correto” de falar. O mesmo ocorre com a minha irmã. Força do hábito. – ri forçado.

            Minhas mãos suavam frio. Reparei que aquela estranha sensação de tempos atrás, que misturava repulsa e medo, estava invadindo meu ser aos poucos. Era inusitado senti-la naquele momento, pois eu estava apenas conversando com um humano comum, que tinha um grau de curiosidade avançada.

            Ou não.

            O jovem de feições atraentes aproximou-se a mim com passos tranqüilos e parou há alguns centímetros de distância. A estranha sensação continuava expandindo dentro de mim a ponto de começar a “esmagar” meu estômago. Imediatamente, deduzi o que estava ocorrendo e isso se confirmou quando ele me disse obscuro:

            -Nós sabemos quem você é... Elizabeth Middleford. Os disfarces cretinos, que seu primo faz você e os outros aliados usarem, são capazes apenas de enganar os humanos.

            Realmente, Pietro não era tão inofensivo assim. De repente, me vi cercada por mais outros três humanos de feições angelicais. Um deles, que era loiro de olhos azuis, ao reparar que eu punha as mãos sobre a camada de tecido que cobria a bainha de minha espada, disse:

            -Não iremos lutar ainda. Queremos apenas que nos escute.

            O anjo que assumia uma forma feminina, dona de longos cabelos castanhos e olhos dourados, continuou:

            -Apenas estamos cansados das impurezas contidas neste Mundo e queremos purificá-lo para o Ser Superior.

            Derradeiramente, o de cabelos vermelhos e olhos verdes, disse:

            -O rei apenas nos deu a chance que tanto precisávamos.

            Olhei furiosa para eles e grunhi:

            -Vocês todos são loucos assim como Charlie. A única coisa que vi até agora foram mortes de pessoas inocentes como se a vida fosse um jogo doentio. – fuzilei Pietro com o olhar: - Qual é o sentido exato disso tudo? O que o rei tratou com vocês?

            O anjo de cabelos negros me perguntou:

            -Charlie não contou?

            -Ele nunca fala algo com clareza! – respondi empunhando o sabre.

            O ruivo do quarteto riu sarcástico:

            -Se ele mal nos fala o que pensa, imagine se iria expor seus planos para humanos.

            -De fato, Ariel. – Pietro concordou e virou-se para mim: - Lhe contarei a história que explica o porquê disso tudo.

            Abaixei a minha arma e aguardei ele continuar. Então, o anjo começou:

            -Após a guerra, Edward VII estava inseguro a respeito de várias coisas. Seu reinado havia acabado de começar e ele sentia muita pressão vinda de suas novas responsabilidades e muitas pessoas invejosas não o davam apoio. Ele começou a enlouquecer até chegar a um ponto que adoeceu gravemente e, então, encontrou Charlie e Luna. – fez um sinal com a cabeça para que a anjo continuasse.

            Ela sorriu de lado ao recordar e disse orgulhosa

            -Ele estava doente e sofrendo de terríveis ataques epiléticos. Quando eu e Charlie nos aproximamos de seu leito a fim de o levarmos, pude ver sua alma pura sendo sufocada pelas impurezas do pecado e, então, eu quis dar uma segunda chance a ele.

            Estranhei:

            -Não são os shinigamis que fazem esse trabalho?

            Ariel respondeu:

            -Quando conseguimos chegar ao local antes deles, somos nós que cuidamos das pessoas que estão expirando.

            Luna continuou:

            -Após livrá-lo da morte com a ajuda de Charlie, escutamos seu desabafo inconsciente, que consistia em medo e ódio. Por fim, fizemos um acordo que mudaríamos primeiro a Inglaterra e depois, o Mundo. Eliminar os impuros. Então, Vossa Majestade nos deu novos nomes e agora o servimos.

            -Eliminar pessoas iníquas da face da Terra, em primeiro lugar. Aquelas que não querem mudar, especificamente falando... – o loiro enfatizou. – E, depois, tentarmos salvar e manter as almas, que se arrependem antes de verem a face da morte, vivas.

            Logo os fatos tornaram-se claros e revelaram a complicada conexão de fios como se fosse uma teia de aranha: baseando-se no conceito de “boas e más pessoas” de acordo com o ponto de vista do rei, aquele grupo de anjos “purificava” e mandava as almas que eram do “pior tipo” para Deus. Ou melhor, apenas os nobres que demonstravam apatia a Edward. Aquilo soava ridículo e bizarro: bastasse olhar atravessado para ele que você se tornaria a pior espécie de pessoa, então? Aliás, não eram apenas nobres ingleses, mas qualquer um que tentasse adentrar a bolha formada ao redor da Inglaterra sem permissão.

            Mas, por que apenas Charlie tinha dado as caras desde o princípio? Isso foi o que perguntei a eles e Pietro respondeu pelo todo:

            -Pelo fato dele ter o “talento” de nunca expor as informações que ele carrega, mesmo sob tortura. Durante esse tempo todo, eu, Ariel, Luna e Castiel estivemos dentro do corpo do rei a fim de impedir que ele perdesse o controle extremamente, mas, nestes últimos dias, a alma dele tem se encontrado perturbada o suficiente para não permanecermos nela. Isso foi um sinal de que já está mais do que na hora de eliminarmos os problemas que apareceram no caminho de Vossa Majestade. Quando fizermos isso, sua saúde voltará a se estabilizar e continuaremos purificando esse Mundo.

            Rodei o sabre pelo ar e analisei:

            -Vocês o usam como um fantoche, no final das contas. Sinceramente, perdi minha credibilidade nos anjos, depois dessa.

            -Não se sinta assim, querida... – Luna sorriu de modo sádico. – Daqui a pouco você irá mudar de opinião por bem ou por mal.

            Os olhos de Castiel cintilaram obscuramente. Olhei para Pietro e disse:

            -Vocês podem dizer o que quiserem, mas tenho certeza de que não irão prevalecer.

            -O Bem sempre prevalece contra o Mal! – Ariel gritou exaltado. – Sem contar que você está sozinha aqui e é apenas uma humana, que está sendo feita de bichinho de estimação por aqueles demônios estúpidos.

            -Existe uma coisa que me deixa intrigado nisso tudo, Elizabeth... – o anjo, a quem me referi primeiramente, me chamou. – Você diz que tratamos isso como um jogo, mas e quanto à comparação que seu noivo faz da vida com o jogo de xadrez?

            -Diferente dos joguinhos de vocês, que podem ter várias rodadas e oportunidades para trapacearem quando bem entenderem... – olhei ao meu redor, empunhando minha arma. – Um jogo de xadrez só pode ser vencido com um certeiro xeque-mate e, aqui, vocês não passam de peões enquanto eu sou a rainha.

            Ariel riu:

            -Você fala bem. Vamos ver se luta da mesma forma.

            Em sincronia, os quatro fizeram surgir espadas de lâminas longas e que emanavam uma luz azul brilhante, em suas mãos. O meu sabre estava revestido pelo mesmo facho de luz avermelhado. Quando me pus em posição de ataque, escutei uma voz familiar gritando sobre nossas cabeças:

            -TODO MUNDO PARADINHO AÍ... DEATH!

            Então, Grell, Undertake e outros shinigamis chegaram ao local, armados e com expressões frias. Eles ficaram ao meu redor. O ruivo andrógino do grupo apontou para Pietro e disse:

            -Já estamos fartos de vocês fazendo o nosso trabalho e atrapalhando nossas ações! Chegou a hora de por um ponto final nisso!

            -Grell, quem deve falar isso sou eu. – um shinigami de óculos e cabelos escuros cutucou o Sutcliff pelo ombro o interrompendo.

            -Mas... Mas... William... – ele fez bico.

            William olhou ao redor e disse num tom sério:

            -Vocês estão causando muitos problemas com a ideologia de purificar o Mundo. Pessoas estão morrendo fora da data e isso está atrapalhando o trabalho lá em cima. Vocês sabem que o Ser Superior já os deserdou, não é?

            -Não precisamos mais Dele, agora temos o rei! – Luna rosnou.

            Reparei que os anjos realmente tinham tomado Edward VII como um deus. Undertake suspirou:

            -Isso vai dar trabalho.

            -Não podemos mais permitir que tentem atingir o nosso rei. – Pietro abriu suas asas. Gritou para seus colegas: - Ataquem!

            Grell ligou a motosserra e me disse:

            -Fique ao meu lado, eu cuido de você.

            -Achei que isso tinha nada a ver com você. – apontei sarcástica.

            -É... Mas, enquanto você estiver por perto, eu sei que ainda há chances de separar Sebastian de Ciel e... AH! – neste momento, os anjos vieram ao nosso encontro e cada um de nós dispersou para um lado.

            Shinigamis e anjos da morte começaram a se enfrentar ferozmente. Pensei em retornar para o salão e procurar por Ciel, porém Luna se pôs em minha frente e perguntou maldosa:

            -Aonde você pensa que vai, cãozinho assustado? Quer chamar seu dono, é?

            Desferi um golpe contra o corpo dela. Ela se esquivou e bateu a lâmina dela contra a minha, fazendo minha arma trincar. Arregalei os olhos assustada com aquilo.

            Ariel voou para o alto e se protegeu do ataque mútuo de dois shinigamis. Gritou:

            -Acho melhor nos enfrentarmos longe daqui, não quero que Vossa Majestade fique zangado com a bagunça do jardim.

            -Me siga se puder. – Luna piscou um olho para mim e voou atrás dos outros anjos.

            Eu corri pela neve atrás deles, mas todos me deixaram para trás. Mesmo não os vendo mais, continuei me afastando dali e parei no meio de um bosque.

            De repente escutei som de metal batendo e me guiei por ele. Antes que eu chegasse ao local, ouvi algo cortando o ar perto de mim e me virei rapidamente. Por sorte, meus reflexos foram velozes o suficiente para evitar que Luna me atingisse. Me encolhi no chão e levantei a cabeça quando escutei o som de suas asas batendo em minha frente.

            -Até que você não é tão lerdinha assim. – ela analisou.

            Fiz uma carranca e segurei o sabre com mais firmeza.

            -Então, rainha... Deixará este peão te derrotar? Levante-se logo. - ela sorriu.

            -Não... Me... Provoque! – me levantei de uma vez e investi contra ela.

            Durante aquela batalha, enquanto eu via aqueles seres se enfrentando, eu torcia internamente para que Ciel conseguisse logo o que ficou sob sua responsabilidade: atingir o rei do time adversário daquele tabuleiro.


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