Acorrentados escrita por Arwen


Capítulo 4
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Bloco vermelho, depois o amarelo, agora o azul...

Não... melhor o vermelho depois do azul.

Amarelo, azul e vermelho.

Perfeito. Agora... onde estavam os meus dados?

Senti um vento frio em minhas costas. Não precisei virar-me para entender que a porta tinha sido ligeiramente aberta.

– Pode entrar, Anthony. Eu sei que você está aí me observando - falei calmamente.

Ah, achei meus dados!

– Queira me desculpar, Near - Ele entrou disfarçadamente, ouvi seus passos, mas não me virei para encará-lo.

– Entendo - derrubei todos os dados no chão e comecei a empilhá-los em uma linha curva no chão. - Deseja alguma coisa?

– Não exatamente... - Ouvi o arrastar da poltrona e o som abafado do atrito de seu corpo no estofado - Só estava pensando em uma coisa.

– Pois então, diga.

Ele pigarreou. Senti que ele estava nervoso, não, com certeza ele estava.

– Você não acha que talvez nós devessemos dar um passo adiante na investigação? - A julgar pelo seu tom de voz poderia supôr que ele estava temendo a minha reação. O que não era muito comum, já que eu era extremamente passivo. Talvez Anthony fosse mais inepto do que imaginei. - Quero dizer, Mello já está em busca do caderno, assim que o tê-lo ele estará ainda mais perto de capturar Kira.

– Quero que saiba que apenas Mello vê isso como uma competição. Mello tem uma péssima coordenação de seus sentimentos, e isso ofusca sua capacidade mental - disse formalmente, terminando de montar minha quinta linha de dados - E é exatamente isso que eu quero. Ao guiar-se pelas emoções, os riscos de erros aumentam 25%. Ele se preocupará mais em me vencer do que fazer um trabalho bem feito, e todos os seus erros serão benéficos à mim. - Conclui.

– Mas se não continuarmos a investigação, nunca vamos pegar Kira!

Posicionei o último dado no topo da torre de blocos.

– Tem razão. Já pensei em tudo, obrigado pela consideração, é por isso que você é meu braço direito na SPK.

Ele se colocou diante de mim e me observou com as sombrancelhas curvadas, mas não questionou.


 Mais tarde, as telas da Central começaram a informar uma tentativa de conexão desconhecida. Anthony automaticamente se prontificou perto do computador. Stephan e Halle chegaram logo depois.

– Será que é ele? - Halle ingagou.

– Não - informei. - É o falso L.

Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele me contataria. A situação em que Raito Yagami se encontrava agora praticamente o obrigava a isso. E o que era mais interessante, é que se Raito for Kira - como L sempre sugeriu - a primeira coisa que ele faria nesta situação também seria me procurar, caso contrário ele levantaria suspeitas em seu próprio grupo de investigação. Raito estava sendo muito cauteloso com isso, e minhas suspeitas aumentavam cada vez mais.

Ele provavelmente pedirá para unir forças e trabalhar junto comigo, e essa será minha chance de investigá-lo mais a fundo, e, ao mesmo tempo, a chance dele descobrir meu nome, e me matar. Será uma corrida intelectual, e quem ficar para trás perderá.

B, você fez um exelente trabalho!

– Ora vejam só, se não é o falso L - enrosquei meu dedo no cabelo e me concentrei em não demonstrar emoções - Estava esperando sua ligação.

– Minha irmã foi sequestrada - Sua voz distorcida foi direta e precisa - E receio que você possa me ajudar a resolver isso.

– Como quer a minha ajuda?

– Quero que me diga o que sabe sobre B - Eu pude sentir o desafio em sua voz. - Sei que vocês vieram da mesma instituição, Wammy's House.

Como eu imaginei. As habilidades de Raito eram sensacionais.

– BB, você quer dizer. Beyond Birthday. Ele não passa de mais um dos casos resolvidos por L. Começou assassinando um dos colegas da instituição, e quando saiu de lá virou um assassino em série, que tinha L como deus e ao mesmo tempo queria superá-lo a qualquer custo, criando assassinatos cujo acreditava que L seria incapaz de resolver - Rodopiei meu dedo em volta de uma mecha de cabelo - Ele se diz irmão do L por causa de sua suposta semelhança com ele, mas a verdade é que L nunca teve família.

Ele ficou um tempo em silêncio e pude ver que estava raciocinando ferozmente.

– Ele quer o Death Note em troca de minha irmã. Por acaso você conhece algum motivo pelo qual ele precisaria dele?

Pensei um momento. Não queria esconder-lhe nada, na verdade, queria deixá-lo confuso.

– Ele nasceu com uma habilidade que se torna praticamente inútil sem o Death Note.

– E qual seria?

Não pude conter um leve sorriso no canto de minha boca. Aquilo estava sendo divertido.

– Os olhos de Shinigami.

Pude ouvir as exclamações de meus colegas de investigação; nem eles sabiam disso. Raito permaneceu em silêncio, depois prosseguiu:

– Como isso seria possivel?

– Conheço uma pessoa que acredita que, assim como o Death Note pode cair na terra, um Shinigami deixou os olhos caírem aqui também. - Essa pessoa se tratava de Mello, mas não o revelaria no momento - Eu acho improvável. Mas não creio também que seja possivel uma relação entre humanos e Shinigamis.

Fez-se uma pequena pausa. Todos da SPK se entreolhavam boqueabertos.

– E então Raito, o que pretende fazer? Salvará sua irmã ou entregará o Death Note? - Tentei encurralá-lo da melhor forma possível, mas eu não era tão bom nisso quanto L.

Aparentemente, aquela era uma decisão extremamente difícil para ele, mais do que o normal. Qualquer pessoa automaticamente pensaria em salvar a irmã, independentemente das circunstâncias. Mas Raito demorou demais para responder.

– Entregarei o Death Note. - murmurou entredentes - Mas quero que resolvamos esse caso juntos.

– Será um prazer!


 Um pouco mais tarde, Halle adentrou a Central. Estava distraído montando legos, e ela posicionou uma sacola de papel na minha frente.

– É o suficiente? - perguntou.

Observei dentro da sacola, sentindo o doce aroma de açucar que vinha de dentro dela. Havia doces de todos os tipos, e em uma enorme quantidade, que daria para alimentar até trinta pessoas.

– Sim, definitivamente.

Ela se retirou, e pela primeira vez em cinco anos, senti aquela sensação glorificante. Um sentimento de respeito que eu só sentia apenas por uma pessoa.

Eu podia sentir, em cada fibra imaculada de meu ser, que ele estava ali.

A lenda estava de volta.




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