Beauty And The Beast escrita por Maria C Weasley


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Como não sei se conseguirei postar amanhã e por algum motivo bizarro consegui terminar de escrever esse capítulo hoje... Bem sinceramente espero que gostem, pois é um dos meus preferidos.



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Ignorei os olhares curiosos que me eram dirigidos enquanto passava pelas proximidades do salão, desacompanhada, e segui meu caminho. Precisava urgentemente de um lugar para colocar meus pensamentos em ordem e como minha primeira opção de refugio estava fechada por conta do baile só restava um único lugar onde eu poderia ir.

Essa talvez não tenha sido a minha melhor ideia, pois já conhecia tão bem o caminho que minha mente ficou livre para vagar por pensamentos que eu deveria manter trancado a sete chaves, pensamentos sobre a minha irmã.

Como eu já contei diversas vezes as mulheres não são desejadas como filhas para as famílias puro sangue, especialmente na minha família, porque não somos capazes de preservar o nome da nossa família e manter a linhagem. Em meio a isso eu e minha irmã nascemos e por mais que hoje pareça impossível eu sei que eles gostavam de nós, pelo menos até o dia em que a verdade ficou evidente. Minha irmã se chamava Liandan e era minha melhor amiga no mundo inteiro, mas embora eu tenha apresentado traços de magia quando tinha um ano ela nunca o fez.

Se dependesse apenas do meu pai eu tenho certeza que ela já teria sido mandada embora há muito tempo, mas atendendo as constantes suplicas da minha mãe, Liandan ficou conosco até completarmos sete anos embora fosse escondida do resto do mundo. Foi por conta dela que Ink e eu nos tornamos amigos, precisávamos nos revezar para tomarmos conta de Liandan, já que os adultos não fariam isso. Mas como diz o ditado, tudo o que é bom dura pouco, e conosco não foi diferente.

Quando um bruxo não realiza magia até o seu aniversário de sete anos quer dizer que ele não a possui, exceto em raros casos onde o medo faz com que a magia não se desenvolva, então quando chegamos nessa idade meu pai teve certeza que minha irmã era um aborto. Ele jamais teria permitido que um ser tão impuro continuasse a viver sobre o seu teto e minha mãe, por sua vez, aparentemente não teve nenhuma opção além de aceitar passivamente o destino de uma de suas filhas.

Entretanto, eu não era a minha mãe, desde muito pequena mostrei traços fortes de independência e foi nesse momento que eles chegaram ao seu auge. Lembro-me daquela tarde quase todos os dias, meu pai voltará cedo do trabalho e fora diretamente até o quarto de Liandan, ambos fatos incrivelmente raros que imediatamente levantaram minha suspeita, então quando alguns segundos depois Ink apareceu no meu quarto eu soube que todos os nossos medos estavam se tornando realidade.

Desci as escadas correndo e quando cheguei nos fundos da casa, onde ficava a cozinha e o quarto de minha irmã, vi Liandan tentando se soltar do nosso pai que a segurava com mãos de ferro, minha mãe chorava em um canto da cozinha sem se mover e eu soube que era a única capaz de fazer alguma coisa para salvá-la, pois Othy ainda era muito pequeno de maneira que não seria capaz de entender o que estava acontecendo. Ignatio e Argos estavam em Durmstrang nessa época, mas ao menos a isso sou grata, pois do contrario teria tido que enfrentá-los também uma vez que eles a mesma visão de mundo que nosso pai e odiavam Liandan tanto quanto ele.

Parti para cima do meu pai usando todo o tipo de magia involuntária, coisa que o atordôo por alguns instantes, infelizmente tempo insuficiente para que eu conseguisse colocar minha irmã em segurança. Ele agarrou o braço de cada uma de nós e as palavras dele ainda ocupam os meus pesadelos em algumas noites.

- Você tem sorte de ser poderosa Mirach ou eu juro que também a tiraria dessa casa por ter se voltado contra mim.

- Faça isso então, mas deixe Liandan em paz. – Minha voz era assustadoramente desafiadora para uma menina de apenas sete anos.

- Você sabe por que preciso me livrar desse peso morto?

- Não vai falar assim da minha irmã!

- Porque ela não tem um pingo de magia no sangue, você o pegou por inteiro e não deixou nada para ela. É sua culpa ela ser do jeito que é.

Eu entrei em estado de choque com a mera possibilidade de que aquilo fosse verdade, que aquilo pudesse ser minha culpa, claro que na época eu não conhecia outros gêmeos para saber que esse tipo de coisa não acontecia, mas foi o grito dela que me despertou para a realidade:

- Mirach, isso não é verdade! Ele está querendo lhe enganar!

- Eu falei para deixá-la em paz. – Eu gritei voltando a mim e me colocando na frente do meu pai de maneira a barrar-lhe a passagem.

- Eu realmente não tenho tempo para isso. – Ele falou erguendo a varinha e eu soube o que iria acontecer.

- Mirach!

Minha irmã gritou enquanto o feitiço me acertava e fui jogada para trás, com isso me desequilibrei e cai batendo com a cabeça no chão e perdendo assim os sentidos.

Quando acordei estava deitada na minha cama, mas não havia ninguém por perto ou ao menos foi o que pensei até encontrar os grandes olhos de Ink me encarando. Ele me contou que durante as varias horas em que estive inconsciente meu pai apagara a memória de Liandan e plantado lembranças falsas nela antes de largá-la na porta de um orfanato trouxa. Eu havia perdido minha irmã para sempre e não havia nada que eu pudesse fazer para mudar esse fato.

Naquela mesma noite meu pai foi até o meu quarto me ameaçando de que se eu contasse sobre Liandan para alguém seria ela que pagaria o preço, me vi obrigada a concordar com esse acordo, se é que podemos chamar assim, mas por dentro a raiva me consumia, raiva do meu pai, da minha mãe que não fizera nada para impedi-lo e desse pensamento, mas a única pessoa que parecia compreender minha dor era Ink, possivelmente por estar sofrendo da mesma maneira que eu.

Apesar do que disse a Riddle ainda a pouco eu sei muito bem porque o chapéu seletor me colocou na Sonserina, porque eu sempre soube ocultar minhas emoções e de manipular os outros para que não descobrissem a verdade. Nos dias que se seguiram passei a fingir que tudo estava bem e que Liandan jamais tinha existido e o pior é que eles acreditaram, acreditaram que eu teria mudado tão rapidamente, passei o resto da minha vida vivendo essa mentira, mas lá no fundo a verdade por trás da fachada perfeita da minha família sempre voltava para me assustar. Foi naquele dia que eu decidi traçar o meu próprio caminho longe da influencia de um homem ou de qualquer um, foi naquele dia que decidi provar que podia ser alguém. Que podia ser mais do que uma peça no jogo do meu pai. Um dia eu conseguirei isso e quando esse dia chegar eu pretendo ir atrás de Liandan e desfazer o feitiço, para que possamos voltar a ser uma família outra vez sem que ousassem tentar nos separar novamente.

Eu estava tão perdida em minhas memórias que não reparei que já havia chagado na torre de astronomia e não fazia à menor ideia de há quanto tempo isso acontecera, mas pelo som da música que chegava aos meus ouvidos eu sabia que o baile estava longe de terminar. Foi nesse momento que escutei passos e me virei com a varinha em punho, mas era apenas Riddle.

- Imaginei que a encontraria aqui, já que a biblioteca está fechada.

- Qual parte de eu não quero falar com você o senhor não entendeu?

- Todas elas. – Ele respondeu irônico e não pude evitar revirar os olhos. – Eu realmente não sabia sobre a sua irmã.

- E nem deveria saber, se contar isso para alguém eu juro que apago todas as suas lembranças e irei lhe torturá-lo até a morte, fui clara?

- Pensei que o modo como as pessoas eram não fazia diferença para você?

- E não fazem, não estou fazendo isso por mim ou pela minha família, faço isso para garantir a segurança da minha irmã.

- Desculpe-me por ter lhe dito aquilo tudo. – Ele disse parecendo arrependido, mas seus olhos entregaram a mentira. – Eu sinto muito

- Não sente não e não preciso da sua piedade Riddle. Já cuido de mim sozinha há muito tempo, abrigada.

- Está bem, você está certa, não me arrependo nem um pouco, mas sabe que sou tão teimoso quanto você. – Ele resmungou, mas com um tom convencido acrescentou. – É disso que você gosta em mim.

- Não seja tão convencido, não sinto mais nada por você. – Eu argumentei enquanto travava uma luta interna para que meu cérebro fosse capaz de convencer meu coração disso.

- Isso quer dizer que já sentiu algo por mim?

Imediatamente percebi o deslize que cometera e amaldiçoei a mim mesma diversas vezes, afinal como poderia ter sido tão burra de não ter prestado atenção em minha escolha de palavras.

- Sim Riddle, por um curto período de tempo e graças a Merlin hoje você enterrou qualquer sentimento que eu pudesse ter por você. – Respondi entre dentes. – A propósito, obrigada por me revelar o verdadeiro patife que você é de verdade.

- Mirach, você sabe tão bem quanto eu que não vai conseguir me mudar da mesma maneira que eu ou qualquer outro não conseguirá mudá-la algum dia. Jogará tudo fora por culpa de uma única discussão?

- Você não entende, não tem emoções suficientes para ser capaz de compreender.

- Muito pelo contrário minha querida Mirach.

Ele cruzou o curto espaço que nos separava e grudou seus lábios aos meus de uma maneira segura e experiente, em relação ao meu orgulho devo dizer que lutei contra ele no primeiro momento, mas meu coração venceu a luta e acabei por corresponder ao beijo. Eu não podia nem acreditar que meu primeiro beijo estava sendo justamente com Tom Riddle, meu aliado e minha paixão, meu inimigo e minha maior fonte de ódio.

Quando nos separamos estávamos ambos arfando, mas uma vez longe de Tom meu cérebro voltou a funcionar normalmente e minha mão intuitivamente se abriu desferindo um tapa em seu rosto, um tapa que deixou em Tom a marca dos meus cinco dedos.

- Não tente fazer isso de novo.

- Você não parecia estar zangada alguns minutos atrás. – Ele resmungou enquanto passava a mão pela face machucada. – Quem diria que mulheres teriam um tapa tão forte.

Em condições normais eu teria lhe dado uma de minhas respostas irônicas, mas eu estava confusa em relação a Tom e sinceramente eu não gostava nem um pouco desse sentimento. Infelizmente minha confusão mental também não passou despercebida para ele.

- Me dê apenas uma chance Mirach, você não é do tipo de garota que gosta de viver perigosamente?

Depois de tudo que ele já fizera e dissera eu sabia que não podia confiar nele e tenho vergonha de admitir, mas fraca de mais para resistir a ele, fraca para impedir que minhas emoções adolescentes falassem por mim.

- Você tem apenas uma chance Riddle.

- Não vai se arrepender. – Ele falou me dando mais um beijo.

Tom me conduziu até o salão para que pudéssemos aproveitar o final do baile e foi o que fizemos. Mas suas palavras estavam longe da verdade “Não vai se arrepender.” Ele dissera, mas num futuro próximo eu descobriria que confiar em Tom Riddle teria sido a pior decisão que já tomara em toda a minha vida.


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