Ponto de vista Especial: Renesmee Cullen

Eu a vi partir, em cima de Embry, chorando. Eu sabia que era difícil para ela deixar seu amado nas mãos de pessoas que desconhecia. Eu ficaria do mesmo jeito se deixasse meu Jacob.

Porém, era preciso. Se os Volturi a vissem aqui... nem sei o que eles fariam com a minha amiga. Era melhor que eles vissem Will - ele já estava se transformando - e pensassem que tinha sido ele que pegara o diário. Me pergunto para onde Embry a levara. Espero que eles estejam bem.

Carlisle estava ajoelhado ao lado de Will já fazia alguns minutos, meu havia se levantado e foi postar-se ao lado de minha mãe, que tinha a expressão preocupada. Meu pai sussurrou para que ela fizesse cara de paisagem, pois os Volturi estavam chegando. Até eu podia senti-los. Ao meu lado, Jacon enrijeceu-se e me virou para encará-lo.

- Vou ter de me transformar - disse-me ao meu ouvido.

Ele beijou meus lábios e foi juntar-se aos outros. Suspirei e fui me juntar com a minha família. Assim que parei ao lado de minha mãe, meu pai pegou a minha mão e pude sentir minha mãe se concentrar em esticar seu escudo para nos proteger.

Mordi o lábio inferior, sentindo que os Volturi já estavam mais perto. Lembrei-me de quando eles quiseram acabar com a minha família, mas não conseguiram. 

Logo depois pude sentir o cheiro deles. Os lobos vieram para trás de nós, adentrando o escudo de minha mãe, em linha de defesa. E, então, a atmosfera mudou e os Volturi entraram em nosso campo de visão com aquela dança sinistra.

Aro, Caius e Marcus ficaram na frente. Jane e Alec ficaram um pouco mais atrás. Eu não havia percebido Renata ao lado de Aro, até que ele se movimentou para ver-nos melhor. Não gosto dela. Nem deles. Felix e Demitri sorriram de forma ameaçadora para minha mãe.

Olhei para o meu tio Emmett, que arreganhou os dentes para os dois, ficando um pouco mais à frente de Bella.

Aro se aproximou enquanto Caius observava os lobos, odiando vê-los tão perto de nós. Principalmente Jacob, que agora estava tocando em mim com o seu pelo macio.

- Olá, meus amigos - começou Aro. Evitei ao máximo não revirar os olhos. Já conhecia essa história de "amigos". Meu pai apertou minha mão, aprovando minha atitude de não fazer nada imprudente.

- Oi, Aro - disse Edward soltando minha mão. Minha mãe o encobriu com o seu escudo. Estava evidente que Aro não gostava disso.

- Vejo que a nossa cara Bella ainda domina seus poderes - sorriu levemente. Nojento.

Minha mãe devolveu o sorriso.

- Estou melhor agora.

Aro inclinou a cabeça.

- Hum...

- O que o traz aqui, Aro? - perguntou meu pai. Aro o olhou, parecendo sair de seus pensamentos. Sorriu. Não gostava de quando ele sorria daquela forma.

- Eu creio que vocês já sabem - respondeu Aro. - Um humana descobriu um diário que sua esposa escreveu ainda quando era humana. - Disse ele com o tom de voz doce.

Meu pai olhou para os lados.

- Não estou vendo nenhuma humana aqui, Aro - falou Edward.

- Não? - Aro inclinou a cabeça novamente, olhando na direção do meu avô, ajoelhado ao lado de Will. Depois olhou para nós e, parecendo me notar pela primeira vez, disse: - Olá, minha querida Renesmee. É bom saber que você não mudou nada desde a última vez que eu a vi.

- Sim. Olá, Aro - respondi.

- Você está linda. Como sempre.

- Obrigada - agradeci.

Aro virou-se para Carlisle, que via Will se contorcendo de dor. Desviei o olhar. Jacob acariciou meu rosto com o seu focinho. Lembrei-me de quando Aro viera ver como eu estava. Não mudei nada desde então.

- Quem é aquele? - perguntou Aro.

- Ele é quem achou o diário - respondeu meu pai, olhando para meu avô. Um aviso para meu avô não pensar em Ane.

- Mesmo?

Meu pai assentiu. Aro voltou a olhar para Will.

- Meu trabalho não será preciso aqui? - murmurou ele.

- Irmão - chamou Marcus, sua expressão entediada nunca mudava.

- Sim? - Aro olhou para Marcus.

- Sabe, ele poderá ser útil - sugeriu Marcus. Sem me conter, disparei:

- Não!

Todos me olharam, inclusive a guarda dos Volturi. Me senti uma idiota por ter aberto a minha maldita boca. Fechei os olhos. Merda!

Aro riu delicadamente. Eu odiava aquele riso sem propósito algum. Eu sei o que aquele riso quer dizer: não importa o que eu pensava ou o que eu queria, vão levá-lo de qualquer jeito.

- Vejo que a nossa preciosa Renesmee se apaixonou pelo jovem - riu-se Aro. Eu fechei os olhos e, ao meu lado, Jacob rosnou e logo depois revirou os olhos. Aro ergueu uma das sobrancelhas. - Hum...

- Sim - respondeu Edward ao pensamento não verbalizado de Aro. - Isso nunca vai mudar.

- Interessante, apenas, meu caro Edward. - Falou ele e depois olhou para Carlisle e Esme ao lado de Will. - Carlisle! Quanto tempo!

Procurei a mão do meu pai. Faça alguma coisa! Não deixem que o levem! Meu pai me olhou com os olhos tristes e balançou a cabeça. Virei para Jacob e enterrei o meu rosto em seu pelo.

Aro continuava ocupado em conversar com o meu avô para reparar que o meu choro vinha em torrentes. Jacob choramingou, tentando me fazer ficar bem. Ele também não gostava da ideia de levarem Will embora; ele era amigo dele.

Meu avô ainda explicava o que havia acontecido ao Will enquanto Aro observava o mesmo se contorcer, ponderando se o levaria ou não. Por fim, Aro olhou para onde nós estávamos, fingindo tristeza. Por que ele não para com esse teatro e se mostra realmente feliz, como estava? Por que ele continuava a me torturar? Por que não ia direto ao ponto? Já não bastava tirar o meu amigo? Como Ane ficaria?

Pude ver que meu pai concordava comigo. Aro se aproximou; minha mãe encolheu o escudo, até ficar bem colado em nós.

- Ele violou as regras - começou Aro. - Como sabem, é rara as vezes que damos segundas chances - e inclinou a cabeça, como cumprimento, à minha mãe. - Ele terá sorte sorte por o deixarmos viver. Ele virá conosco - concluiu Aro.

As lágrimas escorriam pelo meu rosto. Aro fez sinal para Felix. O vampiro se aproximou de Will, que continuava a se debater, e o pegou com facilidade. Engoli a bile e desviei o rosto para não o olhar indo embora.

Aro nos olhou, com falsa tristeza, e disse:

- Foi ótimo revê-los, amigos - e foi se afastando; depois dirigiu-se à minha mãe: - É melhor se livrar desse diário, Bella. Não queremos que ninguém se machuque, não é? - Sua voz era doce pela ameaça. - Adeus amigos. - E sumiu de vista.

O choro veio novamente e escondi o meu rosto em Jacob mais uma vez. Olhei para o lugar onde os Volturi haviam sumido com o meu amigo, imaginando que nunca mais o veria.