Eu sou um fã de plantas e flores. Normalmente gosto de ir a floriculturas, jardins, florestas... Então eu soube da existência de uma floricultura a alguns quilômetros da minha casa. O engraçado é que eu nunca tinha visto essa floricultura ao menos ser anunciada antes, ela simplesmente surgiu do nada. Então eu fui até lá. Era em um lugar que eu passava bastante, mas nunca sequer vi aquilo ter sido construído, só sei que aquilo antes era um banco, que acabou por falir. Mas ao menos eu poderia ter visto alguns trabalhadores, mas simplesmente aquela floricultura foi inaugurada do nada. Mas mesmo assim, eu apenas fiquei admirando. Era uma construção linda. Madeira revestia tudo, vidros polidos... E uma placa enorme escrita:

" NOBURATTI FLORES "

Nome bem estranho. Mas entrei, e fiquei deslumbrado. Vasos por todos os lados, rosas, tulipas, peônias, camélias. Continuei andando até que fiquei chocado. Minha planta favorita estava lá. Amargoseira. Apesar dela ser uma árvore, tinham pedaços dela lá (o que me foi estranho, cortar árvores para vender..?). Eu decidi comprar. Amargoseiras são tão lindas, perfeitas. Fiquei parado olhando a base onde estava ela. Fiquei por tanto tempo que um homem teve que me acordar do transe:

- Está interessado...? - ele me pergunta. Eu acenei a cabeça dizendo que sim. Ele pegou uma das amargoseiras e foi até o balcão. - Pode vir. Irei completar a compra. - segui. Ele embalou a planta com um papel dourado resplandecente. Tudo na loja era detalhado, parecia até que eu estava na Era Vitoriana. Ele me entregou a sacola, sorrindo, então saí da loja e fui para a minha casa. Chegando lá, a primeira coisa que fiz foi deixar a planta em alguma mesa que a desse destaque, que eu pudesse a ver por várias vezes ao dia. Parecia até um esquema estratégico para a planta aparecer.

Então, como já estava ficando de noite, fui comer algo e depois segui até meu quarto, liguei meu computador e comecei a jogar. Era um jogo de terror, com vários corredores, cujo objetivo era matar algumas aparições. Eu não levava mais sustos de tanto que eu já jogava então acostumei. Mas de repente eu acabei gritando, não por causa do jogo, e sim por causa da janela, que deu um estalo de estraçalho. Eu pausei o jogo e me levantei. Segui até a janela, e vi que ela estava quebrada. Como ela pode ser aberta, fui ver o que poderia ter batido ali, e era um pombo. Um não, três. Eu fiquei chocado com a cena. Fechei a janela na mesma hora e fui pegar alguma coisa que pudesse limpar o sangue. Segui até a área de limpeza, mas eu vi algum vulto passar pelo corredor do meu lado esquerdo. Virei-me. E era justamente o corredor onde estava a minha tão bela e perfeita amargoseira. 

Não.

Ninguém irá tocá-la.

Ninguém irá roubá-la.

Segui até a planta, e a abracei, como um gesto de proteção. Eu estava ficando louco...? Não. Eu estava apenas tentando proteger algo importante para mim, já que perdi outras coisas bem importantes, como família e amigos... E agora queriam roubar até minha planta. Então eu voltei para o corredor, e acabei por prender um grito de horror. Em todas as paredes, estava escrito, com sangue:

"NOBURATTI"

' Por quê? ' - pensei. Por qual razão alguém queria fazer isso comigo? Não tenho inimigos, tampouco amigos. As únicas pessoas que conheço são as do meu trabalho, que mal se importam com elas mesmas. Eu decidi escrever a palavra em um papel qualquer, e guardar do bolso. Era o mesmo nome da loja onde comprei minha amargoseira. Decidi voltar até lá no outro dia. Fui até o quarto, e 2 horas depois , consegui finalmente dormir.

...

Então, finalmente de dia, acordo. A primeira coisa que faço é comer, e ir até a loja, porém estava fechada. Mas decidi ficar ali até que abrisse. 1 hora depois alguém chega e começa a abrir o portão, então acabei por esperar que a loja abrisse totalmente, e segui até lá. Fui até o balcão e expliquei toda a situação para um homem. Ele me chamou para um lugar dentro da loja. Segui um corredor que parecia infinito. Não parecia ter fim. Mas teve, em uma outra sala estranha, revestida com ferro e madeira.

- Qual é o seu nome? - o homem do balcão me pergunta. - Guilherme. - respondo. - Me chamo Tirisma Niburatti, sou o dono daqui. Bem, você gosta de... amargoseiras, certo? Tanto que comprou uma ontem. - eu balancei a cabeça afirmando. - E de marionetes? - ele me pergunta. Nunca sequer assisti um show de marionetes, mas pelo o pouco que vi, acho-as bem belas. É arte. - Sim, gosto. - respondi. - Tem certeza? - essa pergunta foi estranha. Eu novamente acenei a cabeça, dizendo sim. - OK. Volte de noite, por favor. Às 22 horas. - então fui encaminhado de volta para a entrada da loja. Segui para a minha casa. Como ainda estava de manhã, fiquei jogando mais um pouco e fui dormir. Quando acordei, já eram 14 horas. Almocei, e voltei para o computador, mas agora fiquei pesquisando sobre algo relacionado a essa loja. Não achei nada. Então fiquei tentando pensar o sentido daquela palavra "Noburatti". Cuja palavra ainda estava gravada nas paredes da minha casa. Se a loja se chamava Noburatti, por qual razão o dono se chamava Niburatti? Peguei o papel no meu bolso e comecei a encarar aquela palavra.

- Noburatti... Noburatti... Norabutti.. ops. - acabei por travar a língua. Mas isso acabou por me despertar. E se eu trocasse a ordem das letras, ou sílabas? Noburatti me parece italiano, então talvez se eu achar alguma coisa, eu consiga ir no tradutor.

"NOBURATTI, NORABUTTI, TIRABUNO, RABUNOTTI, BUNORATTI, NOTTIRABU, RANOBUTTI, BURANOTTI, BURATTINO, RATTIBUNO"

Eu já estava ficando cansado de achar tantas palavras com tão poucas sílabas. Olhei os resultados, mas quando eu estava começando a amassar o papel, me dei conta da palavra 'Burattino'. Eu conhecia, não sei de onde. Eu comecei a vasculhar o computador, então achei de onde eu tinha visto essa palavra. Justamente do jogo dos corredores. As aparições de chamavam Burattino. Então fui até o tradutor e coloquei de italiano para português, e apareceu o resultado:

"MARIONETE"

Então, se Noburatti era Burattino, Niburatti é Burattini. Novamente coloquei de italiano para português, e apareceu o significado:

"MARIONETES"

Eram anagramas. Por mais que sejam palavras normais, o estranho foi essa palavra ter aparecido na minha casa. Então passei a procurar mais informações, então achei mais. Todos os clientes dessa loja tiveram escrito nas paredes a palavra NOBURATTI. Então, fiquei aflito. Eu era algum alvo? As horas já tinham se passado após tanta investigação. Já eram 21h30min. Eu comi alguma coisa e 21h45 fui correndo até lá, já que não tenho carro e não tenho paciência para pegar transporte público. Logo cheguei, a loja estava fechada. Tinha um interfone ali, então apertei. E a voz do outro lado perguntou quem era. Eu respondi o meu nome, era a mesma voz do senhor Tirisma. Ele me deu as boas-vindas e abriu a porta. Fomos para a mesma sala de antes.

- Disse que gosta de marionetes. Estou correto? - Tirisma me perguntava. - Sim, disse. Mas eu quero saber o motivo do seu nome e o nome da loja. - respondi. Ele sorriu. - Você tem um certo rosto de pessoa inteligente. Viu que eram anagramas, certo? - nova pergunta. - Sim, marionete e marionetes. Mas eu quero saber o motivo dessa diferença. O dono normalmente coloca o próprio nome, não uma variação dele. - respondi. Novamente ele sorri. - Calma. Primeiramente, vamos assistir um teatro? Que tal? Preparei especialmente para você. - ele disse. Eu fiquei mais calmo, e umas cortinas de veludo se abriram, com duas pessoas segurando uma por algemas.

' Que coisa estranha ' - pensei. Se eram marionetes, deveriam ter fios. E vi que a pessoa do meio estava meio atordoada. - Esse aí do meio... está bem? - perguntei. - Irá melhorar. - a respota de Tirisma passou a me assustar. - De-...desculpe, eu quero ir embora. - disse eu. - Por favor, veja até o fim. - ele diz. - Mas... - POR FAVOR, FIQUE ATÉ O FIM. - fui interrompido pela voz grossa e imponente de Tirisma. Agora ele que me prendeu com algemas na cadeira. Então o tal "teatro de marionetes", passou a ser uma coisa obscura e sinistra. Todas as luzes se apagaram e algumas complementares focaram nos atores. A tal pessoa atordoada foi deitada no chão, e os dois outros pegam uma marreta enorme. O que eles iriam fazer..?? Meu desespero já estava indo a um nível supremo. Então começaram a cair pétalas de amargoseira. Para a minha felicidade? Não. Só deixava tudo mais sinistro, por mais que eu admirasse essa planta. Então acabei por ver uma cena horrível. Ambos os atores esmagaram o tórax e abdômen da pessoa do meio com as marretas. Esbugalhei os olhos, e Tirisma estava sorrindo.
- Tiris... ma!! O que está havendo!?!! Tirisma!! - entrei em desespero. - Você... não parou para ver se o meu próprio nome é um anagrama? - a pergunta dele me fez ir de desesperado para desesperado e pensativo. Eu realmente não tinha pensado nisso. Então eu comecei a pensar. Ele ficava falando todas as combinações. E só parou quando disse: 

"MÁISTIR"

- Acho que não vai descobrir o significado. É mestre em indonésio. Agora, junte meu nome e sobrenome. - novas palavras. Meu pensamento vai fluindo. 

"MESTRE DAS MARIONETES"

- Co... como assim?? Em qual sentido..? - pergunto. Ele aponta o dedo para o corpo esmagado. - Ele... receberá a arte. - Tirisma diz. Então os dois atores começam a pegar plantas e flores, peônias e rosas, e começam a costurar tudo no corpo. Logo colocam placas de madeira em aço quente em cima do corpo. Um cheiro insuportável de carne queimada se espalha pelo ar. Então, Tirisma apenas diz:

- Levante-se. - e o corpo se levanta.  Estava vestido de madeira e aço assim como os dois outros corpos. - Agora... você gosta de amargoseiras, certo? Então, será a marionete das amargoseiras. Seja a mais perfeita do meu teatro, por favor. - e ele me beija no rosto, passa as mãos no mesmo e sorri. Levo uma injeção no braço, começo a perder os sentidos. E minha última visão foi a marreta enorme vindo em minha direção.