Fran’s POV

Acordei e percebi que tinha pegado no sono ali mesmo. Ainda tocava algumas musicas no meu iPod, mas que por sono ou lerdeza não sabia quais eram. Ainda sentada e sem nenhuma vontade de me levantar, percebi que o sol já não podia ser mais visto. Senti o vento gelado de Londres e algumas gotas de água caírem do céu, era ótimo ficar ali, sem se preocupar se aquelas poucas gotas iriam se transformar em uma terrível tempestade, mas a realidade me puxou de volta, o tempo mudou muito e me obrigou a ir correndo pro meu quarto.

Chegando na porta do quarto, fui correndo pro banheiro, estava morrendo de frio e queria muito tomar um banho quente pra ver se aquele frio que deixava meus lábios levemente arrochados passavam.

Meu banho demorou um pouco mais do que o de costume, provavelmente porque a temperatura da água estava muito boa. Peguei um pijama qualquer e o vesti. Sai do banheiro e notei mais uma pessoa naquele quarto. Era uma menina com os cabelos pretos e que estava mexendo no celular, totalmente distraída, mas que parecia encarar a porta do banheiro antes mesmo d’eu sair por ela:

–Oii! - Disse tentado ser o mais amigável possível.

–Oi! - Ela disse tirando os fones do ouvido.

–Você deve ser a garota do Brasil? -Disse sorrindo me lembrando da coordenadora comentar sobre ela.

–Marcela! - Ela disse acenando. - Você deve ser a garota de Nova York?

–Franciele! - Disse sorrindo. - Mas pode me chamar de Fran.

–Pode me chamar de Ma. - Ela disse sorrindo. Sorri de volta. Nós nos encarávamos em silencio.

–Eu sempre quis ir pro Brasil. - Disse a primeira coisa que veio na minha cabeça .Era só pra quebrar aquele silencio meio que constrangedor que se instalou ali.

–Acredite lá não tão bom como falam. - Ela disse sincera. - Eu sempre quis ir pra Nova York. - Ela disse com os olhinhos brilhando.

–Nova York é legal. - Disse sorrindo e indo me deitar.

–Já vai dormir? - Ela disse me olhando.

–Acho que sim. Não sei. - Falei. - To meio cansada.

–É seu primeiro dia como você poderia estar cansada? - Ela disse debochando.

–Tem razão. Vou ler algum livro. - Disse rindo baixinho pela minha idiotice e olhando pra ela que procurava por, provavelmente um pijama no seu armário. Logo depois me disse um “Boa noite” e entrou no banheiro, eu apenas sussurrei um “Boa noite” de volta, em um tom baixo, sorrindo.

Procurei na minha mala que eu ainda não tinha desfeito por "Querido John". Fazia um bom tempo que eu não o li. Achei ele no fundo da minha mala, deitei de novo na minha cama e comecei a ler, mas acho que peguei no sono antes mesmo de ler o titulo. Não lembro de ter visto a Ma saindo do banheiro ou se desliguei o abajur que fica do lado da minha cama.

Marcela’s POV

Hoje parecia ser um dia normal mas logo pela manhã a diretora mandou me chamar, provavelmente pra conversar sobre as aulas ou algo do tipo. Fui na sala dela e ela me disse que não era sobres as aulas e que me chamou porque eu teria uma nova colega de quarto, Franciele, pelo que ela me contou ela tinha acabado de se mudar pra Londres. Ela morava, até então, em Nova York.

Minha ultima colega de quanto, Lauren, era super falsa comigo e saiu do meu quarto por que tinha ganhado uma bolsa de estudos em Los Angeles, numa academia de artes cênicas. Ela sempre sonhou em ser famosa. Dei graças a Deus por ela ter conseguido a bolsa.

Eu adoro segunda-feira, não porque gosto de estudar, mas sim porque nos fins de semana eu fico sozinha nesse colégio enorme. Segunda todos voltavam pra sua rotina e a “morar” aqui e eu gosto porque odeio ficar sozinha.

Depois do treino, que era feito fora do horário das aulas, fui pro meu quarto, totalmente intertida com o celular e o meus fones de ouvido. Quando entrei no quarto a Franciele não estava lá, achei estranho, já estava começando a ficar tarde. Sentei na cama e continuei mexendo no meu celular. Uma hora ela aparece, pensei.

Só percebi que tinha alguém tomando banho no meu banheiro quando a porta do mesmo se abriu e uma menina de cabelos castanho saiu de lá. Ela também parecia estar super distraída e pareceu se assustar comigo ali.

Depois de conversar um pouco com ela notei que ela era bem legal e de cara viramos amigas, não porque tínhamos que virar, por dividir um quarto e tals, paz e a alegria eram obrigadas a reinar ali, viramos amigas porque parecíamos “combinar”.

Quando ela resolveu ler um livro, antes de dormir, resolvi ir logo tomar um banho e ir logo dormir também. Amanha vai começar tudo de novo, aulas e mais aulas.

Depois de demorados 20 minutos no banho, sai do banheiro e olhei pra cama da Fran, ela já estava dormindo com o livro na mão e com o abajur ligado, peguei o livro da mão dela e desliguei o abajur, ela resmungou alguma coisa sem sentido algum e se ajeitou melhor na cama, tive que segurar pra não gargalhar da cara dela.

Depois d'eu me acalmar um pouco, me esforçando ao máximo pra não acorda-la, fui dormir, me preparar pra terça-feira. Que eu não gostava tanto assim como a segunda.

Fran’s POV

Já estava meio que acordada deitada na cama quando a vontade de ficar ali sem fazer nada sumiu. O despertador ainda não tinha tocado e ainda faltavam 20 minutos pra ele tocar fazendo aquele barulho irritante de sempre. Me sentei meio tonta e me levantei assim que a tontura passou um pouco.

Vi Marcela dormindo com um sorriso bobo no rosto e resmungando alguma coisa indecifrável. Ela era muito fofa dormindo, mas tive que acorda-la porque ela, provavelmente, não queria perder o café da manha e nem as aulas.

Nos arrumamos em meio a risadas e muita idiotice. Ela me contou de vários alunos fúteis, e também falou dos professor e dos amigos dela, que pareciam ser exatamente como ela, digamos que retardados, mas que tiram um sorriso do seu rosto quando precisamos.

Ma disse que eu vou conhecer eles quando formos comer e também falou pra não ligar por ela só ter amigos meninos, que as meninas desse colégio eram muito fúteis.

Demorou um pouco pra acabarmos de nos arrumar, talvez porque estávamos um pouco adiantadas, mas enfim terminamos e fomos para o refeitório.

O tempo estava fechado e uma garoa fina caia sobre nós enquanto andávamos na trilha de pedrinhas que terminava no refeitório.