DNA escrita por Paulo Hallier, Bruna Lima


Capítulo 4
Two More Lonely People


Notas iniciais do capítulo

Leiam e divulguem pfvr



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“ - E ai?

- Foi mais fácil do que eu pensava. “

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Mel

Mel estava em seu quarto, na internet. Tudo isso era muito óbvio, quando Mel não estava no colégio, estava trancafiada em seu quarto. Não trabalhava porque seus pais a bancavam em tudo, então a vida dela era da escola para internet.

- Que saco de vida! – Disse ela para si mesma deitada em sua cama com seu notebook no colo.

Sua mãe entra no quarto e pergunta:

- Vai ficar o dia todo nessa internet garota? Vai sair se divertir... A vida continua. Eu sei que é difícil perder uma amiga desse jeito mais você não pode ficar assim filha.

- Ah mãe, eu to bem aqui.

- E cadê seus amigos? Vai passear com eles.

- Eles já foram, mas sem mim.

- Ué, e porque não te chamaram?

- Não sei, também quero saber.

- E o Nicholas?

- Não sei, ele tem andado muito distante de mim nos últimos dias, mãe.

- Porque você não vai até a casa dele e conversa com ele, talvez vocês se entendam. Nada vai acontecer se você ficar aqui trancada o dia todo.

- Você tem razão, mãe. Vou até lá.

Estava um pouco frio, parecia ate que iria chover então Mel pegou seu casaco e foi até a casa de Nicholas.

- Boa noite Dona Carmem, é... O Nicholas ta em casa?

- Ele acabou de chegar, entra Mel.

- Obrigada.

- Pode subir, ele ta no quarto dele.

Mel sorriu de leve, foi subindo as escadas e bateu na porta do quarto do Nicholas.

- Quem é? – Ele gritou.

- Sou eu, Mel.

Ele demorou um pouco para responder então Mel decidiu abrir a porta.

- Opa. Eu estou trocando de roupa.

- Nossa Nicholas! Eu ia saber que você estava trocando de roupa? Podia ter avisado pelo menos.

- Ta tudo bem.

- E também o que tem demais de eu ver você sem roupa? Nós não somos namorados ué? – Mel dizia agarrando Nicholas pelo pescoço.

- É só que eu to muito cansado Mel, você podia ter avisado que vinha. – Ele disse, desfazendo do abraço de Mel bruscamente.

- Nossa você ta chato hein, o que houve? Porque ta me tratando desse jeito?Que eu saiba quem deveria estar chateado com você era eu né... – Ela disse e se deitou na cama de Nicholas.

- Deveria? Posso saber por quê?

- Como por quê? Você não fala comigo, não me procura mais, não me liga e nem me abraçar mais você quer. O que ta acontecendo? Eu fiz alguma coisa que você não gostou? É isso? Fala!

- Ih Mel, para de frescura – Ele disse entediado e se jogou em sua cama.

- Frescura? Ai Nicholas para de enrolar e responde minha pergunta. Eu fiz alguma coisa?

- Não Mel, não fez nada... – Ele disse.

Alguns segundos em silêncio. Nicholas nem olhava para Mel, estava com a cara em cima de seu travesseiro ate que Mel diz:

- Isso tudo tem haver com meu sonho com a Lia? – Mel disse com medo, mas no fundo ela sabia que tinha algo haver sim.

Nicholas não respondeu, parecia que tinha pegado no sono.

- Nicholas? Para de fingir que está dormindo e me responde!

- Ai me deixa um pouco Mel, eu quero descansar! Amanhã a gente conversa.

- Não, não tenho amanhã, eu quero saber agora.

Nicholas soltou um ar de tédio com sua boca que fez Mel ficar mais enfurecida.

- Você sai com as garotas para o shopping e nem me chama, sabe que eu estou mal e que precisava me distrair e você me esquece. Parece até que não somos namorados. – Os olhos de Mel começaram a encher de água.

- Ai Mel quer saber mesmo, eu to com medo! – Ele disse sentando rápido na cama e olhando bem nos olhos de Mel.

- Medo? De que? – Ela disse surpreendida.

- De você. Pronto falei.

- Mais por quê? O que eu fiz... Ah sim, já sei.

- Sabe? – Ele disse com medo de sua resposta.

- Sobre meus sonhos né? Ou melhor, minhas premonições?

- Na verdade eu estou cansado Mel, de sempre ter que aguentar você falando dessas coisas horríveis, de tudo que você sonhar acontecer mesmo.

- Você tem medo de mim?

- Você não era assim...

- Você tem medo de mim Nicholas?

- Eu só quero que tudo volte a ser como era antes.

- Me responde Nicholas, você tem medo de mim?

- Eu não tenho medo de você, tenho medo dos seus sonhos.

- Você tem medo de mim, mas eu não te culpo, porque até eu mesma tenho medo de mim.

Eles não se olhavam nos olhos, ficaram em silêncio.

- Acho que a gente precisa dar um tempo. – Ele disse, fazendo o chão de Mel desabar.

- O que?

Ele respirou fundo, tomou coragem e olhos nos olhos dela.

- Eu não sei, precisamos de um tempo.

Nicholas disse com sua cabeça baixa. Mel olhava paralisada para ele, mas não conseguia soltar nenhuma palavra .

- Eu sei que essa não é a melhor hora para eu te falar isso, mas eu não aguento mais. Você não é a mesma de antes, brincalhona, que vivia sempre ao meu lado. Agora você só fala desses seus sonhos, desse número, dessas coisas estranhas que estão acontecendo e isso ta me dando medo. – Nicholas deixou uma lágrima rolar pelo seu rosto, mas tentou disfarçar, se levantando da cama.

Mel continuava sentada no sofá paralisada.

Mesmo depois de tudo o que Nicholas tinha dito, seu lado protetor e amigo de todos gritou. Ele se abaixou e ficou frente a frente com Mel que estava com sua mão na cabeça.

- Mel você ta precisando de ajuda. Eu tentei te ajudar mais, eu não aguento mais. – Disse Nicholas tentando contornar a situação

- Eu não preciso de ajuda Nicholas, eu preciso de você. – Disse Mel com um olhar perturbado

Nicholas se levantou rapidamente e ficou andando pelo quarto com a mão no cabelo.

- Ai Mel, me desculpa mais eu não posso fazer mais nada. Nós podemos continuar amigos, e se você precisar de alguma coisa eu vou estar sempre aqui, mas...

- Você ta gostando de outra garota Nicholas? – Disse se levantando do sofá com ódio transbordando em forma de lágrimas.

- Gostando? De quem?

- Fala Nicholas, eu sei que você ta gostando de alguém...

- Claro que não, ta maluca? – Nicholas tentava disfarçar seu desespero mexendo em alguns livros que estavam em uma mesa ali perto.

- É a Laura?

- Laura? Que Laura, ta doida? Laura é minha melhor amiga.

- Então é quem, por favor, Nick me fala.

Nicholas respirou fundo. Já estava ficando furioso com a insistência de Mel.

- Olha só, minha cabeça ta explodindo, eu to cansado de tanto que eu andei com as meninas pelo shopping, será que você pode ir embora?

- Você? Ta me mandando ir embora?

- É, estou. Será que você pode ir? – Ele disse abrindo a porta de seu quarto com força.

- Tudo bem, eu sei o caminho. – Mel passou por ele “cuspindo fogo” que chegou a esbarrar em seu braço.

- Mel, desculpa, mas você precisa de ajuda e não de mim. – Ele a segurou pelo braço e disse quase chorando.

- Eu não preciso de você, eu não preciso de ajuda, eu não preciso de ninguém! Eu vou embora e você pode ir correndo pra sua namoradinha secreta, ta? Agora você ta com o caminho livre.

Ela desceu as escadas quase que correndo e passou por todos na sala sem dar nem uma “boa noite”.

- Mel, ta tudo bem? – Disse a mãe de Nicholas assustada.

Mel bateu a porta com força e saiu da casa de Nicholas.

- Meu filho, o que aconteceu? Vocês brigaram?

- É mãe, a gente terminou.  – Nicholas desceu as escadas devagar.

Chovia muito e Mel estava já toda molhada no meio da rua. Sua casa era bem perto, mas ela não estava a fim de olhar para ninguém naquele momento, e nem em condições de explicar tudo.

Foi caminhando pela rua sozinha, toda molhada e chorando muito.

Estava bastante escuro, deveria ser umas 23:30. A rua estava deserta, até que Mel escuta alguns passos atrás dela.

No momento ela nem quis olhar para trás, mas resolveu andar mais de pressa. Ela não podia negar que estava ficando com uma grande curiosidade de saber quem estava atrás dela, ou melhor, quem estava a seguindo.

Quanto mais ela andava mais a pessoa andava também, até que ela tomou coragem e olhou para trás. Mel levou um susto, pois era um homem, todo encapuzado. Engoliu em seco, respirou fundo e resolveu correr. O homem corria atrás dela mais era muito mais rápido.

- O que uma garotinha está fazendo sozinha uma hora dessas no meio da rua hein?– Disse um homem com uma voz de dar medo.

- Me solta! – Mel gritou.

- Cala a boca, se não a coisa vai ficar feia pra você. – O homem pegou a bolsa de Mel e tirou uma faca de seu casaco, fazendo Mel paralisar e perder sua fala.

- Ficou quietinha né? – Ele ria e Mel começou a chorar mais ainda.

- Larga ela! – Ordenou uma voz desconhecida.

- Quem é você hein rapazinho, o homem aranha? Vai querer salvar a garotinha aqui? – Ele ria.

O rapaz ia chegando mais perto. Não dava para ver direito o rosto dele, mas pelo que pareceu era um rapaz alto e forte.

Ele apontou a faca para o homem, que fez Mel ficar livre para fugir.

- Corre! – o rapaz ordenou a Mel, que obedeceu sem ao menos dizer nada.

O rapaz deu um soco no homem, que por um deslize deixou sua faca cair no chão.

- Vai embora antes que eu chame a polícia! Babaca! –

O homem saiu correndo, e o rapaz pegou a bolsa de Mel.

Mel estava um pouco longe mais viu tudo o que aconteceu, seu coração estava quase saindo pela boca. O rapaz foi caminhando em direção a Mel.

- Acho que isso é seu. – Ele disse entregando sua bolsa.

- É sim. Obrigada.

- Nada, eu não ia o deixar fazer nada com você.

- Muito obrigada. – Ela dizia envergonhada.

- Me desculpa, qual é seu nome?

- Mel. E o seu?

- Que nome legal, Mel. – Ele sorriu. – Meu nome é Pedro. Você não deveria ficar andando sozinha de noite em uma rua deserta como essa sabia? Se eu não estivesse aqui você poderia ter, sei lá, morrido.

- Eu preferia mesmo ter morrido. – Mel disse seca, e chorando.

- O que foi? Ta tudo bem?

- Olha muito obrigada mesmo por ter me salvado, eu nem sei como te agradecer mais eu prefiro não falar disso. Eu só quero ficar sozinha.

- Ah claro, tudo bem, mas isso não é hora de você ficar andando por ai sozinha. Porque não vai pra casa garota?

- Eu sei me cuidar, ok? Muito obrigada e tchau. – Disse e foi andando pela rua calmamente.

- Nossa hein, só estou tentando ajudar.

Mel parou e percebeu que foi grossa com o rapaz.

- Desculpa. Eu não sei o que eu faço, eu quero morrer!

- Para menina, não fala isso. Eu não sei o que aconteceu, e você nem precisa me dizer, mas calma. Vamos sair da chuva, vem comigo.

Mel sabia que não podia confiar em estranhos, mas ela não tinha outra escolha. Foi com o rapaz de a levou para um bar 24hrs.

Depois que eles entraram na loja, deu pra ver melhor o rapaz. Mel o observou dos pés até a cabeça.

Ele era o tipo de rapaz galã, deveria ter uns 20 anos, pelo seu corpo parecia que malhava, seu cabelo era liso, e chegava a fazer um topete mas como estava molhado estava todo arrepiado. Ele estava de calça, um all star, e sua camiseta estava colada no corpo.

- Você quer comer alguma coisa? – Ele perguntou educado.

- Pode ser, só que eu to sem grana.

- Eu pago, ué. – Ele soltou um sorrisinho fofo, fazendo Mel ficar vermelha.

Mel se sentou em uma mesa encostada à parede e Pedro foi até o balcão, pediu um hambúrguer e dois refrigerantes.

- Acertei o que você gosta?

- Acertou. – Mel riu.

- Ai que bom! – Ele disse sorrindo e se sentando junto a ela.

- Você não vai comer nada não?

- Estou sem fome, eu acabei de comer uma pizza com uns amigos ainda agora, vou ficar só no refrigerante mesmo.

- Tudo bem então,

Ela comia o hambúrguer e Pedro ficava a observando.

- Eu sei que eu sou feia, mas não precisa ficar me olhando não, ta? – Eles soltaram uma gargalhada.

- Que isso. Você não é feia, você é bonita, sério.

- Ah para né, você só está tentando ser gentil. Olha pra mim to toda ensopada, meus olhos devem estar uma coisa linda com essa maquiagem toda escorrida pelo rosto e ainda essa roupa de gótica.

Pedro ria muito.

- Você é engraçada isso não pode negar.

Ela terminou de comer e disse.

- Acho que vou indo, minha mãe deve estar preocupada. Já deve ser uma hora da manhã.

- Onde você mora?

- Aqui pertinho, vou sozinha.

- Nem pensar, eu te levo.

- Que isso, você já me salvou, pagou meu lanche, me chamou de bonita ainda quer me levar pra casa?

- Pacote completo. – Eles riram.

- Tudo bem, então. Vamos.

Eles foram caminhando pelas ruas, não era muito longe. Depois de uns minutos já estavam na rua de Mel.

- É aqui nessa rua, naquela casa azul ali. – Ela apontou. – Acho melhor você ir embora daqui porque minha mãe vai me dar um esporo gigante.

Ele sorriu e disse:

- Tudo bem, mas só me responde uma pergunta.

- O que?

- Você não quer mais morrer não né?

Ela sorriu envergonhada e disse:

- Agora não, talvez amanhã.

- Não fale isso!

- Calma garoto! Estou brincando. – Ela riu. – Vou indo, e mais uma vez obrigada... Por tudo.

- Nada, foi ótimo te conhecer. E a gente pode se ver mais vezes?

- Ta.

- Anota meu número ai...

Eles trocaram seus telefones e Pedro deu um beijo no rosto de Mel, que a fez ir caminhando sorrindo para casa.

Pedro a observou até ela entrar em casa.

Pedro foi caminhando sozinho pelas ruas sorrindo.


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Notas finais do capítulo

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