- O que você está fazendo aqui? Quem é você? - disse Ronnie. Era tão bom ouvir a voz dela depois desses dois anos. Sua voz, não estava tão preocupada. Deve ser porque ela não viu a cena constrangedora.Por sorte consegui me levantar antes que ela abrisse os olhos e se assustasse de vez. Se ela visse um "estranho" supostamente a beijando, ai sim eu estaria morto.

       - Eu, eu - gaguejei - você não se lembra de mim? 

       - E eu deveria? Desculpe, mas eu me lembro de 90% do meu passado... Mas você não está incluido nisso.

       Ela continuava a mesma Ronnie, que fala tudo diretamente, sem enrolar, mesmo isso sendo ruim para a outra pessoa. Essa era a minha Ronnie. Como senti falta dela...

      - Desculpe, não vou mais te atrapalhar. Só queria conversar. Se você precisar de alguém para conversar... É só chamar. De verdade.

      - Obrigada... Estranho gentil - e falando isso consegui notar um pequeno sorriso em seu rosto. O meu sorriso. 

    Então eu percebi que era melhor eu deixar ela sozinha e fui embora do hospital. Saí de lá muito mais feliz. Consegui progredir. Não fiz ela se lembrar de nós, mas pelo menos eu a vi, eu a ouvi. Eu falei com ela, eu a fiz sorrir. E só isso já garante meu sorriso. Eu faria qualquer coisa para conquistá-la. E eu farei.

     Quando ela sair do hospital, eu vou refazer tudo desde o primeiro dia em que nos encontramos... Mas será que eu vou conseguir? Será que é melhor fazer outras coisas? Ou é melhor contar tudo, o que ela sofreu, quem sou eu, e que ela me ama? Não, muito arriscado... Bom, nesses dias em que ela ainda está no hospital, já sei que tenho muita coisa a fazer.

      Chegando em casa, me tranquei em meu quarto para buscar uma solução. Estava tudo tão calmo, quase igual ao quarto de hospital de Ronnie. Droga. Não consigo parar de pensar nela... Estou ficando paranóico, talvez deva sair com meus amigos para jogar uma partida de vôlei na praia... Vôlei, é isso! Não vou refazer tudo para ver se ela gosta de mim, vou mostrar coisas que a façam se lembrar... Mas como? Parabéns Will, de volta a estaca zero.

      Minha mãe deve estar me achando um mal educado. Ela chegou de viagem ontem e nem falei com ela... Bem, ela pode esperar, isso é muito importante para ser deixado para depois. Se trata de Ronnie, ou seja, se trata da minha vida toda. 

       Vários dias se passaram e Ronnie iria sair do hospital no dia seguinte. E eu, claro, já tinha meu plano de reaproximação. Eu não sabia se ia dar certo, mas tinha que dar certo. A mãe dela iria buscá-la no hospital e ela iria para sua antiga casa. E eu entraria em ação no dia seguinte...

      -Will, vem aqui na sala ficar um pouco com a sua família.  Você não sai mais desse quarto desde que... - ela parou, medindo as palavras - você sabe.

      - Sim mãe, desde que soube que a mulher que eu amo e que não lembra mais de mim iria sair do hospital - dei um sorriso para ela. Não queria que ela se sentisse triste por me ver triste. Tenho que disfarçar - Mas desculpa, não vai dar... Combinei de jogar vôlei com uns caras, você sabe, para esfriar um pouco a cabeça. 

       - Tudo bem. Você que sabe. Se você precisar de alguém para conversar... É só chamar. De verdade. - e dizendo isso ela foi embora do quarto.

        Ironicamente, ela disse a mesma coisa que eu disse a Ronnie no quarto de hospital. Isso soou tão bobo... Será que quando eu disse pareceu a mesma coisa? Isso me deixou mal agora. Bom, como eu disse a minha mãe, vou esfriar a cabeça. Eu preciso disso.