Negros escrita por Kalhens


Capítulo 7
Vazio


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)
Desculpa qualquer coisa e adeus.



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Está chovendo...

E o que isso tem a ver?

Nada. É que a primeira vez estava chovendo também...

Quer fazer só em dias de chuva, é isso?

Não... Estava pensando...

Olhou por cima do ombro, a mão ainda pousada sobre a janela fria do quarto que haviam arranjado.

O rosto de Mello estava perdido em algum lugar nas sombras que engoliam a parede.

Os olhos também deviam estar ali... mas não tinha certeza.

Não haviam se olhado nenhuma vez desde aquele dia.

Não de verdade.

Sabia que dessa vez não era só ele quem estava com medo do escuro.

Devia sair dai antes que fique doente. Isso seria patético, deixar Kira escapar por estar resfriado.

Teria rido, mas não estava muito no clima para entrar num jogo de sarcasmo no momento.

Aproximou-se da cama, vendo o outro se sentar.

Dali podia ver claramente a marca da queimadura se estendendo pelo ombro, uma continuação do estrago que havia no rosto.

Você ainda faz isso...

Um dedo passava por seu corpo, subindo do tórax e indo parar no pescoço, o caminho todo cheio de marcas vermelhas e roxas... Nem todas de Mello.

Muitas feitas pelo próprio Near.

Lembrava-se de quando o loiro havia finalmente as havia percebido... A pequena discussão que tiveram até ele perceber que aquilo ali feito pensando em si.

Nunca haviam realmente tocado no assunto, num acordo mútuo de sádico para masoquista, ainda que por vezes não tivessem certeza de quem era quem.

Quer de novo?

Enfiou as mãos pelos fios loiros, só para sentí-los. Estavam mais duros e ressecados, mas ainda eram os mesmos cabelos que aprendera a usar para domar um certo loiro que às vezes não sabia quando parar... Se bem que nem sempre funcionava.

Será a última vez?

Sentiu os dedos rodearem sua cintura e se fecharam atrás num abraço, o puxando para perto. Mello recostou a testa em sua barriga, enquanto Near continuava brincando com seus cabelos, fazendo pequenos cachos que sumiam assim que os soltava.

Odiava aqueles pequenos instantes de carinho.

Eles eram tão absolutamente suspeitos que sentia ímpetos de sair dali e arranjar um cubo-mágico que fosse só para irritar.

Talvez seja. Quem sabe.

Sentiu a umidade em seu umbigo quando uma língua passou por ali.

Aquilo era nostálgico... tanto tempo se passou e ele ainda tinha os mesmos modos de fugir do assunto...

Não que Near fosse muito melhor nisso, como bem se lembravam.

Os olhos negros se fecharam.

A bem verdade é que ele também não queria ver.

Você ainda tem medo do escuro?

Não.

Certeza?

A resposta se perdeu quando sua barriga foi mordida, completamente de propósito. Sentiu as mãos de Mello descerem por suas cochas, numa mescla de convite e intimação.

Por que está perguntando isso agora?

Nada. Só estava pensando, para onde você vai quando morre?

Deu de ombros, aceitando a sugestão e sentando-se no colo de Mello. Pele contra pele, apenas com alguns pedaços de lençol. Havia algo de cúmplice naquela nudez e algo de culpado nos rostos escondidos.

Ouvi que vamos para o ''vazio''. Deve ser escuro lá.

Acho que eu não teria mais porque ter medo se já estivesse morto... Isso claro supondo que eu mantivesse a consciência.

Mello grunhiu alguma coisa, parecendo preferir usar sua boca para botar mais umas boas marcas no pescoço de Near do que para manter o diálogo.

O outro não se importou, também não estava realmente a fim de falar sobre aquilo.

As gotas de chuva batiam contra janela, mas eles estavam ocupados demais para sequer pensar naquilo.

Só mais tarde, bem mais tarde, que Near foi pensar que havia algo de irônico que estivesse chovendo também na última vez.

Mas, mesmo naquele momento, não chegou a se importar muito.

Achava um tanto quanto injusto que Mello tivesse ido antes, mas tudo bem. Era bem do feitio dele fazer uma coisa dessas, afinal de contas.

Agora, só podia fazer esperar...

Pelo instante em que os olhos negros se fechassem de vez e a escuridão e o envolvesse...

Não havia pressa...

Afinal, ele disse que estaria lhe esperando, não havia porque duvidar.

E, enquanto soubesse disso, não havia mais porque ter medo.


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Notas finais do capítulo

Sim, acabou, me perdoem.
Precisava acabar, essa que é a verdade.

Agradeço a todas que vieram até aqui comigo, e peço minhas mais sinceras desculpas, também.
Quem escreveu isso aqui, como diria minha beta, não foi a Kalhens, mas sim a Thaís. A Kalhens tem alergia à engenharia e foge tão logo começa o semestre...
Infelizmente, eu escrevo muito pior do que ela.

E...Era isso xD

Até uma próxima,

Thaís.