ERAGON sentiu uma certa aflição na mente de Saphira. Olhou, então, na direção em que ela tinha ido. Logo a viu subindo ao céu bem azul por entre enormes árvores, que, aquela distância, eram, definitivamente, indefinidas.

     Ele tentou entrar na mente de Saphira para compreender o que estava acontecendo, mas assim que sua consciência encostou de leve na dela, desistiu. Ela estava bloqueada por um enorme muro impenetrável.

     Ainda confuso, Eragon expandiu a mente para os arredores. Sentiu árvores, flores, pássaros, veados, lagartos e tantos outros animais. Mas, sem querer, roçou em uma consciência diferente.

     Parecia totalmente aberta e sem alguma proteção. Eragon teve medo de ser alguma armadilha, então foi com calma. Percebeu de sobressalto, que era uma criatura provida de inteligência superior.

     Foi com calma entrando na estranha consciência, até que, sem explicação, foi interrompido e jogado para fora, com se uma pedra o tivesse acertado. E ele perdeu a mente que era totalmente indefesa.

     Saphira pousou com força no barco, chegou até a arrancar um pouco da madeira do casco. Azar, ela bufou. Os elfos que consertem isso.

     Ela procurou o conforto da mete de Eragon e, assim que a achou, contou tudo a ele.

     Eragon logo apareceu e ouviu com mais atenção. Depois do relato, ele acariciou o pescoço de Saphira, que estava realmente intrigada.

     Eu poderia ter descoberto qualquer coisa a mais, só que escutei um barulho resolvi voltar para te contar primeiro, ela disse a Eragon.

     Eragon concordou: e fez certo. Eu também descobri algo. E lhe contou sobre a estranha presença, como, no início ela estava indefesa e do nada se defendeu.

     Estranho... Saphira raciocinou, é como se quisessem que descobríssemos que há mais alguém aqui... Bem, lembra quando eu peguei aquele veado gordo? Eragon assentiu. Eu logo pensei que deveria ser cuidado por alguém, porque... bem, porque nenhum veado da Alagaësia era tão gordo assim.

     Querendo ou não, já devem saber que estamos aqui. Acho melhor contarmos a Blödhgarm e os Eldunári.

     E foi o que fizeram. Blödhgamr ouviu com atenção e baixou a cabeça, imaginando o que poderia ter acontecido. Depois, olhou para os lado e para o céu azul, no qual o sol já estava alto.

     -Significa que já entramos em outro território, e as criaturas daqui são dotadas de magia negra - ele se escorou na amurada do barco, olhando para as águas calmas do rio - e que ninguém jamais esperava que algo entrasse aqui e lhe tirasse a liberdade...

     É verdade isso que Blödhgarm diz, Umaroth, o Eldunári disse na mente deles, provavelmente ninguém nunca havia vindo até aqui, por isso eles estão tão seguros de que continuará assim. Eu recomendaria não passear por aí com a mente, não sem nossa defesa, pois depois pode ser tarde de mais.

     E não gostaria de desembarcar a noite, Glaedr acrescentou, ainda não sabemos no que estamos nos mentendo.

     Eragon e Saphira foram até um canto do barco.

     -Mas o que aconteceu aqui?! - um elfo de cabelo prateado, Yoiulk, perguntou olhando dos sulcos no chão, para Saphira.

     Saphira lhe lançou um olhar divertido, e não disse nada. Mas, no fundo da mente dela, ele a ouviu dizendo, quase que para si mesma: fiquei presa e pensei que levando o barco junto ninguém morreria afogado. E começou a cantarolar, despreocupada, como sempre fazia quando estava feliz.

     E ninguém viu quando um pássaro totalmente branco de gélidos olhos azuis saiu de uma árvore para contar as novidades a seu mestre.