UM jato de fogo foi lançado na boca da caverna e os elfos se atiraram para o lado. Saphira ficou de pé e rugiu. Os eldunári transferiram parte de sua energia para ela, enquanto outros cuidavam dos ovos e de Nycra. 

Eragon empunhou a espada e correu para frente. Mas Saphira foi mais rápida e se lançou para fora da caverna, voando até o outro. 

O dragão roxo que acabara de chegar rugiu e deu uma mordida no pescoço de Saphira; ela golpeou a cabeça dele com a cauda. Eragon tentava descer da caverna desesperadamente enquanto via o dragão e Saphira se afastando cada vez mais. Mas o cavaleiro saiu da caverna, ignorando os gritos de Blodhgarm e dos eldunári. 

O dragão roxo era impiedoso. Mordia, arranhava e golpeava Saphira com tudo. Ela, por sua vez, tentava ser tão violenta quanto. Até que... O dragão roxo fincou os dentes em uma das asas de Saphira. Ela urrou de dor. O dragão arrastou os dentes pela fina membrana da asa e largou Saphira, que começou a cair no chão. 

Ela viu que o dragão ia começar a voar para a caverna novamente, e fez a última coisa que veio em sua mente. No momento em que o dragão a largou, ela enrolou sua cauda numa das patas dele e puxou com força para o chão. O dragão rugiu e quando virou a cara para Saphira, ela lançou uma coluna de chamas que queimou na face do adversário. Ele começou a agitar a cabeça e tentar bater as asas.

Saphira, em um misto de dor e decisão, também direcionou fogo para uma das asas do dragão. 

E então, eles caíram juntos. 

-Saphira! - Eragon gritou. Elecorria o mais rápido que podia, desviando de galhos e todo  mato que tinha a sua frente. Ele chegou no momento em que seu dragão e o outro caíram dentro d'água, onde ainda estava o navio. 

O dragão roxo se mexeu, ainda caído em cima de Saphira. Eragon foi até eles, mas uma chicotada da cauda do dragão selvagem o fez cair para trás. 

Tentando se levantar, ele pegou a espada, mas o dragão roxo, ficando de pé, enrolou sua cauda em uma das pernas de Eragon e o sacudiu, assim, a espada caiu. O dragão ergueu a cauda até os olhos de Eragon ficarem na altura dos seus. Quando ele começou a abrir a boca e ergueu a cauda ainda mais para cima, Saphira apareceu e empurrou o dragão para o lado. 

Ainda deu tempo de o dragão jogar Eragon pelos ares, e Saphira não viu onde ele caiu. 

O outro dragão rosnou e mostrou os dentes, batendo as mandíbulas com força uma vez. Saphira não sabia ainda, mas tinha acabado de descobrir uma grande ofensa entre os dragões exilados. E a mente dele entrou na sua, tentando desequilibrá-la. 

O outro dragão tinha metade da cara queimada, e Saphira tinha uma asa aberta. O selvagem, vendo o momento de fraqueza do oponente, avançou em Saphira. Ela urrou de dor quando o outro pisou em sua asa ferida e pôs as garras para fora. 

Saphira estava de barriga para cima, com uma asa totalmente aberta e sendo arranhada por garras enormes e afiadas; o outro dragão estava por cima dela, a pata que não estava em sua asa, pesava firmemente em seu peito, com as garras cravadas nas escamas azuis. 

Quebradores de ovos!, o pensamento do outro dragão ecoou na mente de Saphira. Ele mostrou os dentes para ela e produziu um grunhido baixo. Não são bem vindos em terras de outros. Quebradores de ovos! Não sabem a gravidade de tal erro? E porque um dragão adulto mataria um igual, que ainda nem abriu as asas para o mundo? 

Ele rugiu, erguendo a cabeça para o alto e lançando uma coluna de fogo púrpura no céu. 

Não perdoamos intrusos que se fazem de inocentes. 

Quando o dragão ergueu a pata no ar, pronto para acabar com Saphira, a lâmina de uma espada atravessou seu coração e ele caiu para o lado. 

Eragon caiu ao lado de Saphira. E tudo ficou escuro.