DEPOIS que os ovos, eldunari, elfos, Ângela, Sweel, Eragon e Saphira já estavam todos aconchegados na caverna, o sol parecia se esconder por de trás das nuvens rechonchudas que flutuavam pelo céu. O vento havia parado completamente, deixando o tempo estranho. Uivos, guinchos e grunhidos eram escutados a todo momento, deixando todos muito tensos na caverna. 

Gotas de chuva grossas começaram a pingar no chão seco não muito abaixo, e faziam um alto ruído quando caiam sobre as rochas firmes ao seu redor. Logo, a chuva caia forte e barulhenta sobre tudo. As  folhas da relva pareciam se curvar para os pingos cada vez mais frequentes. 

Na caverna, Saphira estava enrolada perto dos ovos, fraternalmente, como se fossem seus. E seriam, tecnicamente. 

Eragon observava a chuva com pouco interesse, até que Sweel pulou em seu colo. Ele não soltou um único miado ou pensamento, apenas começou a ronronar, acalmando a mente de Eragon. 

Depois de horas de tédio e pensamentos revirados, a chuva começou a acalmar e as nuvens pareceram ter saído deslisando do céu. As estrelas muito brilhantes iluminavam o céu, embora a luz nova estivesse parecendo um fio no azul escuro. 

A terra molhada exalava um perfume muito bom, melhor do que o cheiro 'estranho' de antes. 

Saphira ergueu a cabeça de repente e soltou um leve grunhido. 

-O que foi? - Eragon perguntou, virando-se para ela. Sweel pulou de seu colo e sentou-se na boca da caverna. Curioso, ele balançou a cauda. Saphira não respondeu nada, apenas inclinou a cabeça para o lado, interessada. - O que houve?

O Cavaleiro de Dragão levantou e foi em direção a seu dragão, que parecia ter um ar divertido. Chegando mais perto, ele ouviu um crack e sacudiu a cabeça, achando que estava louco. Mas quando o som se repetiu, agora como um chiado fraco, ele pode ver um pequeno ovo prateado de veios quase bracos se remexendo. Este tinha rolado para perto do majestoso dragão azul, como se sentisse que era um dos seus. 

O ovo era um pouco maior do que tinha sido o ovo de Saphira. 

Os elfos começaram a se aproximar, murmurando. Saphira continuou deitada no chão, perto do ovo. 

Rachaduras começaram a aparecer na casca, cada vez maiores.  O ovo chiava e sacudia muito depressa. Até que... Uma parte de sua casca foi quebrada e apareceu uma pequena cabeça prateada. Os pedaços de seu antigo e confortável ninho se espalharam pelo chão. O corpo desengonçado ficou de pé, e o dragão começou a lamber a membrana ao redor de seu corpo. 

Eragon já tinha perguntado a Saphira sobre outro dragão ajudar o filhote a tirar essa membrana, pensara que a companheira não saberia responder, mas ela sabia. O que ela disse foi mais ou menos assim: "dragões são criaturas fortes, temidas e corajosas. Desde o nascimento elas tem de provar isso. Se não conseguirem romper sua própria membrana, significa que são fracos de mais para viver." Eragon tinha achado essa maneira de pensar um pouco fria, mas depois acabou entendendo. Dragões, mesmo sendo criaturas inteligentes e superiores a outros, continuam sendo animais. "O que animais fazem com filhotes defeituosos?" Saphira tinha completado. 

O pequeno dragão prata se remexeu, tirando o resto da membrana. Ele parou de pé e olhou ao redor, curioso. Produziu um  grunhido engraçadinho com a garganta e pareceu sorrir quando viu Saphira. Seus olhos eram cinza, da cor da entrada da caverna, só que muito brilhantes. Ele foi até Saphira, que lambeu-lhe o topo da cabeça. 

Todos olhavam maravilhados para a pequena criatura que parecia brilhar como a lua em seus dias de cheia. 

Mas sem dúvida, o que brilhava mais, eram os olhos de Saphira.