SAPHIRA pousou na margem oposta do rio, onde alguns veados pastavam. Espantou-os quando estava perto e lá deitou, um pouco entristecida.

O que ouve?, Eragon perguntou com a mente mesmo sabendo a resposta.

Um pouco cansada de voar, Saphira respondeu à ele. E saudade, você sabe.

Quer que paremos o barco?, Eragon sugeriu.

Não, não precisa.

Então entre nele.

Isto pareceu divertir Saphira, que ergueu a cabeça e observou o barco passando bem a sua frente numa lentidão monótona. Eu vou caber?, perguntou simplesmente.

Brincando, Eragon olhou ao redor, coçou a cabeça, virou para ela e disse: é. Acho que sim.

Saphira rosnou de leve, mas não tirou o tom de divertimento da mente. Você venceu, ela disse com calma e então se levantou, mas quando ia pular, Eragon mandou esperar. Ou você quer simplesmente pisar em cima de algum elfo?

-Saphira pode pousar aqui? - ele perguntou a Blödhgarm, que simplesmente assentiu enquanto observava aos ovos.

Poucos segundos depois, Saphira planava delicadamente sobre o barco, até que pousou em um canto e se enroscou, pronta para um cochilo. Ela parecia um pouco abatida ainda, Eragon percebeu. Parecia meio triste, mas claro, ele entendia. Tomou por decisão deixá-la descansando um pouco depois do dia que havia tido.

-São lindos não? - Blödhgarm falou para ele enquanto observava os ovos. Seus olhos amarelos pareciam cintilar. Ele tocou em um ovo púrpura, tinha cerca de cinquenta centímetros de altura, os veios brancos o circundavam e davam um toque de luxo.

-São mesmo - Eragon concordou olhando para os ovos.

Haviam cem ovos. Todos de tamanhos variados e cores diversas. Eragon imaginou Saphira cercada de filhotes chamando-a de mamãe. Um pequeno rugido o fez perceber que Saphira tinha visto esse pensamento. Ela parecia rir da situação.

Mas Eragon também se preocupava, pois não fazia ideia do que havia do outro lado do rio. Poderiam ser altas montanhas, ou então desertos horrendos. Com certeza haviam animais peçonhentos. Claro, os Eldunári iriam ajudar com toda a certeza, mas era quase impossível de imaginar o que poderia existir do lado de lá.

O alimento era o que mais preocupava a Eragon, e logo ele se viu mais preocupado com os filhotes de Dragão do que com si próprio.

E havia ainda o local onde iriam morar. Ela preferia um lugar alto, longe de qualquer coisa que pudesse pegá-los. Ele tinha pensado nisso desde o princípio, não queria que os filhotes esperassem muito mais para nascer, porque como Umaroth já havia dito, isso poderia afetar na vida deles. Era outra coisa que deveriam pensar.

Mas, o pior de tudo, seria avisar a Arya o local onde estavam. Já que Ellesmera era toda protegida contra qualquer magia vinda de fora, teria ele de esperar por algum contato e dizer qualquer coisa a ela.

Todos estes pensamentos, porém, acabaram se esvaindo quando Umaroth falou: não preocupe, tudo vai dar certo. Sabe que estamos aqui. Precisamos primeiro nos preocupar com chegar até lá, só depois pensamos no resto. Agora, que tal você dormir um pouco?

Só então Eragon percebeu o quanto estava cansado. Ele desejou uma boa noite aos elfos e se acomodou debaixo da asa que Saphira estendeu e depois baixou sobre ele.

Umaroth estava certo, primeiro deveriam chegar até lá e só depois pensar no que viria a seguir. mas Eragon não conseguia fazer isso por muito tempo.

Acalme-se pequenino, Saphira murmurou. E com estas palavras reconfortantes, Eragon pegou no sono, livre de qualquer pensamento obscuro e dúvidas.