POV: Susana

Assim que saímos do desfile fomos comemorar. Guilherme levava Luna, Cecília e Vitório a nossa frente, como já era noite e estava tarde íamos em alta velocidade. O vento frio era cortante contra a pele de meu rosto.

Riamos como criancinhas no playground de um prédio. Áurio dirigia Dalila, Hugo e César estavam contando piadas totalmente sem noção, estava tudo certo, todos os meus amigos estavam embriagados, menos Áurio, Murilo e eu.

Estávamos perto de uma cidade vizinha, a qual o nome me escapa a memória, quando Áurio pisa no freio repentinamente, como eu estava sem cinto bati a cabeça no para-brisa do carro e minha visão embaçou, ouvia gritos, mas era como se alguém distante falasse comigo, eu não ouvia direito mais um solavanco e tudo escureceu.

                                                         . . .

POV: Luna

Eu estava vendo tudo dobrado, maldita hora em que eu bebi aquilo, comecei a rir sem motivo algum, Guilherme também começou a rir, e logo todos no carro riam pro vento, eu estava meio confusa e sonolenta, apoiei minha cabeça na janela e fechei os olhos tentando pensar e buscar um pouco de sobriedade.

Quase peguei no sono, mas fui impedida por um barulho extremamente alto, lembro-me de ter visto um bloqueio na estrada e logo depois capotamos umas três vezes, bati a cabeça fortemente e senti o sangue quente escorrendo por minha testa, vi vultos e logo depois desmaiei...

                                                       . . .

POV: Hugo

Logo depois de Áurio ter freado, assim que o carro parou, desci desesperadamente assim que vi o carro em que Luna estava. Gritei:

_Luna..._ corri para o carro de ponta cabeça na pista.

Assim que cheguei lá olhei na janela do passageiro, ao lado do motorista.

Lá estava ela, desacordada.

_Liguem para a ambulância, agora!_ gritei

Dalila pegou o celular e informou ao atendente a nossa localização.

_Eles já estão chegando!_ disse ela trêmula

_Minha irmã..._comecei a chorar.

Olhei ao meu redor e vi meus amigos muito nervosos e vi também Áurio chorando ao lado de Cecília.

Alguns minutos depois as ambulâncias chegaram, não saí do lado de Luna um minuto.

Chegamos bem rápido ao hospital, chegando lá, fomos todos separados, eu fui com Luna, Áurio com Cecília, Murilo com Vitório, Dalila com Guilherme e César com Susana que teve que fazer um curativo na cabeça que feriu quando ela se bateu no para-brisa do carro.

Tudo parecia ter sumido, o tempo desacelerou meu coração batia descompassado, nada mais importava, minha irmãzinha estava sangrando desacordada, não conseguia parar de pensar no pior que poderia lhe acontecer.

Eu corri junto aos médicos, não conseguia parar de chorar.

Toquei seu rosto angelical, eu nunca fui de crer em Deus, mas naquele momento se ele realmente existisse eu rezava, implorava, suplicava para que ele me ouvisse, que salvasse a vida da minha maior riqueza, minha irmã não podia morrer.

Mais uma torrente de lágrimas escorre por minha face com este ultimo pensamento.

Chegamos a sala de cirurgia e fui impedido de entrar, dei um beijo na testa de Luna e deixei que os médicos a levassem, uma enfermeira me conduziu a sala de espera, desabei na poltrona exausto e com medo. O mundo parecia estar sobre meus ombros.

Senti braços a meu redor e me entreguei a eles.

 Dalila chorava baixinho, ela beijou o topo de minha cabeça e abracei-a ainda mais forte, sentindo seu cheiro doce.

_Vai ficar tudo bem com ela!_ disse-me baixinho.

_Eu estou com medo!_ falei.

_E eu tenho péssimas notícias!_ falou ela. Olhei-a surpreso, não aguentava mais, mas mesmo assim perguntei:

_O que aconteceu?

_O Guilherme..._ sua voz falhou e ela começou a chorar com mais intensidade_... E a Cecília...

Ela soluçou alto, abracei-a protetoramente.

_Continue...

_Eles... Eles não resistiram...

O mundo abaixo de meus pés sumiu, estava devastado.

Talvez esse seria nosso fim, antes mesmo de começarmos.