O Deus Sem Nome e o Galho de Álamo escrita por Luiza


Capítulo 13
Filhos de Ares salvam minha missão


Notas iniciais do capítulo

Mais um! Nesse cap. tem revelações, emoção, e no próximo tem missão (rimou). Boa leitura!



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O dia seguinte não era feriado, e como meu único dia de folga havia ido para as cucuias, eu estava cansada e de cabeça cheia. Durante todas as atividades, eu não prestava atenção ao que fazia, pois estava pensando nas possibilidades (fato esse que levou um pombo a cair, mortinho no chão, durante o treinamento de arco-e-flecha. Afrodite não gostaria muito de saber que matei seu animal-símbolo).

Meus irmãos estavam curiosos para saber quem eu iria chamar para a missão, e ficaram me dando infinitas dicas de possíveis acompanhantes. Acho que nenhum deles havia saído numa missão na vida, então estavam empolgados com a minha. Ou queriam que eu escolhesse um deles. Na verdade, eu até cogitei a possibilidade de levar Dylan, ou Dan comigo, pois eram meus melhores amigos depois de Will e Joonie, mas cheguei a conclusão de que dois filhos de Apolo e um sátiro não seriam de grande utilidade em uma missão como aquela. Também pensei em Colin Stoll, do chalé de Hermes, e com quem eu falava quase todos os dias, mas cheguei à mesma conclusão de antes. Eu tinha alguns outros conhecidos, mas nenhum me parecia uma boa escolha.

Eu sei o que está pensando. “Nossa, mas que exigente!”, mas é que eu realmente quero viver mais do que doze anos, então não tenho escolha. Eu pretendia recuperar o maldito galho do esquecimento e curtir o resto do meu verão em paz (N/A: Aham, até parece).

Depois do ensaio do coral, perguntei a meus irmãos iam jogar basquete agora, já que eu tinha me descoberto ser uma ótima jogadora, mas Bridget e Aria abriram um sorrisão e cada uma enganchou um de seus braços nos meus. Fomos andando até a área dos chalés bem lentamente enquanto conversávamos.

–Você já foi a uma festa, Rose?- perguntou Bridget.

–Humm, não.

–Ótimo!- exclamou Aria- O chalé 12, o de Dionísio, vai dar uma hoje, antes do caça-bandeira.

–E Quíron e Sr. D sabem disso?

–Claro, eles que nos deram permissão para fazermos isso, uma vez por mês.

–Hum, eu não sei se sou muito dessas coi...

–Vamos, Rose! Todo mundo vai estar lá. Tome um banho e vamos escolher sua roupa.

Eu não estava nem aí para todo mundo, mas aceitei ir a tal festa, só por que seria, provavelmente, meu único momento de “descanso”. Os meninos se arrumaram primeiro, e foram para o chalé 12, para ajudar a arrumar tudo. Depois que tomei banho, e vesti meu roupão, as meninas vasculharam toda a minha mala, até acharem um vestido que eu nem sabia que existia, bem no fundo. Era preto e bonitinho, e eu peguei um sapato qualquer para usar. Elas também queriam me maquiar, e eu tive que dizer umas mil vezes que aquilo tudo não era a minha cara, então elas compreenderam (finalmente!).

Mesmo enquanto esperava Bridget e Aria se arrumarem, a questão “parceiro de missão” martelava na minha cabeça. Perece que...bom, eu não tinha outra escolha, e isso estava acabando comigo, porque meu último recurso era também a última pessoa que eu queria chamar.

Não vou fazer isso!, pensei comigo mesma.

Ah, vai sim!, discordou minha consciência.

Você de novo?

Sabe, querida, você devia começar a me escutar mais, ate porque, sem mim você nunca teria capturado aquela bandeira estupida.

Tudo bem, tudo bem! Você venceu. Quais minhas opções?

Sinto dizer isso, mas você não tem opção. Vai ter de fazer isso.

Tem certeza? Tipo, nenhuma outra escolha?

Não, nenhuma... Boa sorte com isso, e não deixe o orgulhos tomar conta.

–Ótimo, não vou.

_________

Quando chegamos a frente do chalé 12, que era pintado com videiras, e que estava uma loucura, falei para as meninas:

–Podem ir entrando, alcanço vocês num minuto.

Elas foram sem muita discussão. Agora eu precisava esperar. Vários grupinhos de meio-irmãos foram ocupando cada vez mais o chalé lotado, inclusive os dois filhos de Hades, um menino e uma menina, que entraram e ficaram encostados em um canto. Quando eles, do chalé de Ares, estavam próximos, eu pude ouvir a gritaria e as risadas. Eles deviam estar falando de cabeças decepadas. Estavam passando pela porta quando agarrei a manga de sua camisa e fui andando em direção ao chalé de Íris, que ficava do lado oposto do chalé da festa.

–Mas o que Hades você... Rose?- perguntou confuso- Você, mas eu... Esse vestido fica bem em você.

–Calado Adams!- falei, um pouco corada- Você me deve uma, e eu vim aqui para cobrar de você.

–Olha, se está falando da Joonie, eu realmente tentei defende-la. Ela é minha amiga!

–Carto, Tanner, seus irmãos me devem uma, mas eu não vou pedir ajuda para eles.

–Ajuda? Do que está falando?

–Eles deixaram minha parceira de missão incapacitada, então... preciso de outro.

–Está me pedindo...? eu não acredito! A incrível e independente Rose Leonards está pedindo a mim, um mero ser qualquer, para acompanha-la numa jornada rumo ao desconhecido?

Ele estava, definitivamente, debochando de mim.

–É, mais ou menos isso. Você me pareceu a escolha menos terrivel entre seus irmãos. E aí? Aceita ou não?

–Claro-disse ele, quase com displicência, e eu soltei um suspiro de alívio. Tanner curvou-se em uma reverência, com um sorriso que ia de orelha a orelha, e disse:- Seria uma honsa milady. Mas...

–Mas?- perguntei, com uma pontada de raiva na voz.

–Mas, você vai ter que dizer que precisa de mim.

–Ah, claro, e porque eu diria isso?

–Não sei, talvez porque é a verdade?

–Isso não é verdade!

–Não? Então eu acho que vou- ele ameaçou fazer meia volta- voltar para a festa, e você se vira com outra pessoa.

Tudo bem! Eu pre...- as palavras soaram amargas em minha boca.

–Vamos, não é tão difícil!

–Eu preciso de você- ele voltou-se para mim novamente, sorrindo.

–É o suficiente para mim. Quando partimos?

Agarrei sua manga novamente e saí andando. Caminhando em direção ao chalé de Dionísio, estava Will, com alguns outros sátiros, que vestiam camisas sociais (o que era bem estranho, considerando que eles estavam sem calças). Quando passamos por eles, peguei no braço de Will, e fui o arrastando em direção à casa grande do mesmo modo que fazia com Tanner.

–Posso saber o que você está fazendo, Melrose?- perguntou, andando o mais rápido que podia para ficar ao meu lado.

–Você vai ver. E não me chame de Melrose, William!

Bati na porta da casa de madeira branca e Quíron, sentado em sua cadeira-de-rodas, abriu a porta.

–Vocês não deviam estar na festa?- perguntou.

–Não, acho que não. Esse bocó vai ficar no lugar da Joonie- falei, apontando Tanner com a cabeça.

–oi Quíron. Espera... você me chamou de bocó?

–Chamei, porque? Você prefere anta? Ou toupeira?

–Humm, não, bocó tá bom.

–Deixa eu ver se eu entendi- disse Will- o Tanner vai com a gente?

Afirmei com a cabeça, com uma cara de “infelizmente, sim”.

–Ah legal! Bem vindo ao grupo, cara- e eles fizeram um aperto de mão como os meninos sempre fazem.

–Terminaram?- perguntei. Os dois pareciam satisfeitos com a equipe, e eu também estava, apesar de ela incluir Tanner- Quíron, pode chamar a Rachel?

_____________

Quíron, em sua forma de centauro, voltou com Rachel poucos minutos depois, deixou-a entrar, e chamou os meninos para fora. Acho que a profecia tinha que ser feita apenas para mim. Rachel virou-se para mim e sorriu.

–Parece que conseguiu um novo parceiro- disse ela.

–É- respondi-, parece que sim, mesmo que não seja bem o que eu esperava.

–Dê uma chance a ele, Rose. O Tanner é...- antes que pudesse terminar a frase, seus olhos ficaram escuros e vagos, e de sua boca começou a sair uma fumaça verde, que se espalhou pela sala, enroscando-se em meus tornozelos. Com uma voz que, definitivamente, não era dela, Rachel fez minha profecia:


Três campistas irão viajar,

O galho perdido tentar recuperar.

A Ilha de Delos a leste encontrarão,

Com um a menos ou a mais ao lar retornarão.

A memória de um deles o Álamo apagará,

E nos braços da mãe não mais respirará.

Quando Rachel voltou ao normal e a fumaça começo a se dissipar, eu esfregava as mãos suadas no vestido. Era uma péssima profecia. Ela ofegou, como se em todo o tempo em que Delfos ocupara seu corpo, ela ficasse sem respirar.

–Então?- falou- Como foi?

Mordi o lábio e balancei a cabeça negativamente.

–Vamos falar com Quíron. Não se preocupe, Rose, vai dar tudo certo.

Andamos até a varanda, onde um Quíron muito aflito andava de um lado para o outro e Will e Tanner sentavam-se nos degraus. Sentei-me entre eles e soltei um longo suspiro. Antes que me perguntassem, contei tudo a eles. Eu achei que não conseguiria me lembrar de uma profecia inteira, mas ela ficava ressoando em minha cabeça, como se estivesse grudada em meu cérebro. Quando terminei, Will e Tanner trocaram olhares preocupados por detrás das minhas costas, eu não os culpava, pois, analisando bem, aquilo significava: vocês vão sair, tentar recuperar o galho em uma tal ilha, um de vocês talvez fique para trás, e outro vai perder a memória e morrer. Ótimo! Incrivelmente animador!

–E aí, Quíron? O vamos fazer?

–Você sabe o que é a Ilha de Delos, Rose?

–Sei- respondi. Os livros de mitologia finalmente vieram a calhar- Quando Zeus engravidou Leto, Hera ficou com ciúmes e a amaldiçoou. Disse que ela não poderia Ter seus filhos, Ártemis e Apolo, em nenhum lugar da Terra ou do mar. Então... então ela encontrou essa ilha flutuante, Delos, e conseguiu ter seus filhos. É mais ou menos isso, acho.

–É exatamente isso. Acontece que, como todas as outras coisas da mitologia, a Ilha de Delos também segue a civilização. Antes, nos tempos antigos, Delos era praticamente impossível de ser localizada, pois ela vivia mudando de um lugar para outro na Grécia. Agora ela faz isso aqui, nos Estados Unidos. Muda de lugar, para a principal cidade de cada estado americano, fica lá por um dia, e depois muda-se novamente.

–A profecia disse leste? Qual a cidade mais importante de todos os estados do leste?- perguntou Will.

–Washington- respondeu Tanner- Estamos indo para Washington.

–A cidade com mais influencias gregas do país- disse Quíron- Vocês partem amanhã as sete.

–As sete?- perguntei- Não acha um pouco tarde?

Tanner aproximou a boca do meu ouvido, e sussurrou:

–Ele quis dizer as sete da manhã, Rose.

–Ah, tá. Entendi.

–Rachel- anunciou Quíron- vá até o chalé 12, e avise que o caça-bandeira foi cancelado por hoje. Eu tenho muitos assuntos para tratar com esses três.

–Cancelar? Eles não vão gostar nada disso.

–É, mas eu não estou em condições de monitorar o jogo hoje. Mande-os para seus chalés, por favor.

Ela assentiu, e saiu correndo, então Quíron olhou para nós.

–Vocês três, para dentro. Ainda temos coisas para decidir.


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Notas finais do capítulo

Gostaram da profecia? Gostaram da equipe? Gostaram do capítulo? não esqueçam dos reviews! /Lu