Sem Riscos escrita por ro_dollores


Capítulo 1
Capítulo Único




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_Hei … Grissom ?

_Jack ! É você ?

_Quanto tempo ! Como é que você está ?

_Muito bem … e você ? O que faz aqui ?

_Ensinando essa gente a trabalhar !

Grissom olhou ao redor e sorriu ! Ele era a exigência em pessoa ! Sabia que um dia ele ia se dar bem !

_É seu ?

_Este é o décimo !

_Parabéns … você conseguiu ! Não imagina como fico feliz em saber.

Ele o abraçou e bateu em suas costas.

_Mas vou te dizer, esses moleques de hoje não sabem o que é responsabilidade … tenho quase cem funcionários e a metade deles não “funcionam”!

_Ainda exigente ?

_Sempre !

Jack manteve por uns bons anos atrás, um quiosque a caminho do laboratório e Grissom era seu melhor cliente ! Frequentemente batia seu ponto, duas ou três vezes por semana, sempre sem tempo para uma refeição decente ! Chegou a conhecer sua mulher e seu pequeno, Vincent.

_Como vai a Debby ?

_Aposentada ! Deu para escrever livros, agora que o tempo permite.

Ela dava aulas para crianças especiais e era muito doce. Calma ao extremo e sempre sorridente.

_Hoje nos damos a esse luxo !

_E seu filho ? Deve ser um homem feito !

_Nem imagina, ele me ajuda muito, fez faculdade e resolveu investir nas minhas habilidades com a comida !

_Puxa vida !

_Se lembra quando nos divertíamos com ele ?

O garoto tinha uma dificuldade enorme em pronunciar seu nome, sempre o chamava de Glissom ! Era muito divertido, ás vezes, eles ficavam o instigando para chamá - lo, apenas porque era engraçadinho.

Eles riram e Grissom se lembrou de um tempo em que as coisas pareciam uma desordenada busca pela excelência, sempre mantinha um humor saudável, mas o tempo se incumbiu de inibir.

Se bem que as coisas, há um tempo, haviam ganhado um contorno diferente e ele percebia que sua qualidade de vida havia melhorado consideravelmente.

_Então vai estar sempre por aqui ?

_Vou tentar … mas … você mora por perto ?

_Sim … há três quadras.

_Ainda sem tempo para comer ?

_Não ! As coisas são bem diferentes agora !

_Casamento … filhos ?

_Não e … não !

_Não me diga que está sozinho … um cara boa pinta feito você ?

_Não estou sozinho … eu tenho alguém !

_Assim é melhor … um homem sem uma mulher não é nada, meu amigo !

Jack não imaginava o quão sábias eram suas palavras !

_Vou bater o meu ponto aqui … como há … quanto tempo faz ?

_Quase vinte anos.

_Como o tempo passa !

Um homem, aparentando quase trinta entrou e sorriu, ele o reconheceu imediatamente !

_"Glissom "!

O garoto, agora um homem, o abraçou com força, dando gargalhadas !

_Vincent !

_Meu Deus ...acho que apenas o meu pai envelheceu ! Como vai você ?

_Feliz em saber que estão indo tão bem !

Com um braço sobre seu ombro, ele olhou orgulhoso para o pai e piscou.

_Isso foi fácil, aprendi direitinho o caminho !

Eles conversaram por mais um tempo, sobre o passado e como as coisas estava ficando cada vez mais complicadas para encontrar gente séria para o trabalho. Grissom pôde perceber que o garoto era tão ou mais exigente que seu pai. Trocaram mais algumas gentilezas e ele olhou no relógio !

_Tenho que ir …

_Apareça sempre e … traga sua garota !

_Com certeza !

….......

_Sara ?

Ela veio da cozinha com uma colher nas mãos, toda preocupada ! _Você demorou ! Pensei em mandar a polícia atrás de você ! Grissom lhe deu um pequeno beijo e sorriu.

_Encontrei velhos amigos ! - Ele depositou o pacote sobre a mesa e se sentou.

_Por isso parece tão feliz ?

_Sim … estou mesmo feliz, de verdade ! Estão muito bem !

_O que você trouxe ?

_As rosquinhas de limão que você gosta !

Ela espiou dentro do pacote semiaberto feito uma garotinha curiosa.

_Tem bastante ?

O homem grisalho deu uma gargalhada gostosa e a puxou para seu colo.

_Fique com as minhas também … se isso vai fazê – la mais feliz !

_Engraçadinho !

Sara ensaiou um leve tapa em seu braço forte, depois enlaçou seu pescoço.

_Posso pegar uma ?

_Vá em frente … trouxe para você !

Ela fuçou no embrulho e puxou uma rosquinha macia, coberta com creme de limão e açúcar !

_Hum … parece saborosa.

Grissom a observou, mastigando devagar, saboreando cada pedacinho da guloseima, depois seus dedos foram “limpos” um a um, passeando entre seus lábios. Ele estava hipnotizado.

_Gostou ?

_Adorei, quer provar ?

_Quero !

Sara encostou seus lábios melados nos dele, o gosto amargo do limão com a doçura do açúcar criou uma sensação diferente, completamente deliciosa.

Lentamente ela abriu caminho, insinuando sua língua para dentro de sua boca.

Um gemido escapou de sua garganta assim que aquele beijo avançou, o deixando em chamas.

De repente, ela se levantou assustada.

_O café !

Ele praguejou um pequeno palavrão, mais para si, depois se conteve, limpando os lábios com a ponta dos dedos para tirar o excesso do açúcar que ela deixara nele.

….......

_Papai ? Lá vem ela …

A morena entrou, os cabelos brilhantes, de um castanho maravilhoso, assim como seus olhos.

Vincent olhou fascinado, tentando encontrar algo que o impedisse de seguir em frente, mas ela tinha dedos livres.

_O que está esperando, vá atendê – la !

Ele torceu as mãos e se aproximou do balcão.

_Olá … posso ajudá – la ?

_Oi … - Ela tinha um sorriso lindo, diferente, encantador ! Os olhos procuraram por algumas rosquinhas de sua preferência, mas não encontrou.

_Essas tortas parecem boas. Maçãs ?

_Isso … acabaram de sair do forno.

_Hum … duas para viagem por favor … ah … e dois cafés com creme.

Ele entregou a comanda que mal conseguiu escrever e a encarou.

Talvez ela devesse ter a idade dele, ou poucos anos a mais, não importava, parecia madura e inteligente, de uma beleza nada convencional. Entre palpitações e sorrisos sem graça, ele a viu se despedir e atravessar a porta de vidro, ajeitando uma mecha de cabelos atrás da orelha.

A primeira vez que a viu, não conseguiu tirar os olhos dela, e assim pela terceira quarta-feira, ela visitava aquele lugar o deixando um tanto abobalhado. Precisava criar coragem para, pelo menos, perguntar o seu nome.

Queria ter herdado a coragem do pai, ele nunca se via em maus lençóis quando se tratava de clientes. Tinha muito o que aprender, e um dia ainda ia conseguir manter um papo agradável.

…........

Ele a abraçou por trás e beijou seu pescoço cheiroso.

_O que é aquele pacote ?

_Não encontrei o que eu queria … mas acho que são igualmente deliciosas, estava esperando por você !

_Estive preso ouvindo tanta reclamação que quase tive vontade de deixar Conrad falando sozinho.

_Um dia alguém vai ter a coragem de lhe dar uns sopapos. Ele é insuportável.

Ele riu e a apertou um pouco mais em seus braços.

_Parece ter lhe dado uma trégua.

_Segui uma regra básica. Nunca estar no mesmo lugar que ele, a não ser que seja inevitável.

_Pensou sobre o que quer fazer em nossa folga ?

_Talvez podemos tentar uma coisa diferente. Um drive – in ?

_O quê ? E o que vamos assistir ?

_Achei que isso não fosse relevante.

_Não podemos agir como dois adolescentes, querida !

Ela descansou as mãos na pia, que antes tocavam seus braços firmes, seu corpo pareceu enrijecer.

_Oh … eu sinto muito, me desculpe … - A virou para ele e levantou seu queixo com o indicador. _Me perdoe, de verdade ..

_Você não precisa fazer o que não quer, apenas para me agradar.

_Preciso sim, se é importante para você, também é importante para mim.

_Gris … tudo bem …

_Vamos ao drive – in !

…......

O carro estacionou em um local um tanto afastado e ele se sentiu estranho.

Há anos não entrava ali, talvez em uma época em que nem sonhava se tornar membro do segundo maior laboratório do país. Tinha sido uma experiência desastrosa.

A garota havia o convidado para aquela aventura, só bem mais tarde é que ele havia percebido que era apenas para usá – lo. Escapou de levar um soco de um brutamontes duas vezes maior que ele, e ficou sem a garota, que quase o levou à loucura com suas provocações. Tudo para montar uma cena de ciúmes para o ex – namorado.

_Em que está pensando ?

_Não tenho boas recordações deste lugar.

_Nem eu !

Ele se virou para ela, curioso.

_Não ?

_Saí sozinha com umas amigas, apenas por curtição. Estava ficando com um garoto que me disse que ia visitar a avó. E para minha surpresa, estacionamos ao lado dele e de … sua “avó !

Ele arregalou os olhos e ela quase se desmanchou em gargalhadas.

_A “avó” dele era a garota mais popular da escola, depois disso nunca mais o vi.

_O que aconteceu ?

_Se mudou para a Flórida e ela continuou “pegando” quase todos os garotos, inclusive os das minhas amigas.

_Triste.

_Chocante.

_Eu fui usado por uma dessas, quase acabei com uma nariz quebrado.

Eles se acomodaram no banco reclinado, quando a tela surgiu um pouco mais escura que o habitual.

_Está com fome ?

_Um pouco.

_Quer que eu vá buscar alguma coisa ?

_Batatas fritas.

_Volto logo.

Ele mal se virou com seu pedido na bandeja e quase provocou um acidente, esbarrando em alguém.

_“Glissom”, você por aqui ?

_Vincent …

Ele equilibrou os pacotes meio sem jeito, se sentindo um estranho, quando notou as garotas ao lado dele. Elas tinham um sorriso suspenso. Talvez ele fosse velho demais para uma aventura como aquelas. Só mesmo Sara para fazê – lo passar por aquilo.

_Se divertindo ?

_Tentando … revivendo os velhos tempos.

_É isso aí, estou de cicerone para minhas primas de San José.

Ele parecia tão constrangido quanto ele, talvez também se sentisse um tanto deslocado naquele lugar cheirando a libidinagem.

_Divirta – se.

_E você apareça.

_Não tenho tido muito tempo, mas prometo arranjar algum.

Eles se despediram enquanto ouvia alguma risadinhas sacanas, apenas das garotas.

_Que cara é essa ?

_Nada … querida …

_O que aconteceu ? Você viu alguém ?

_Apenas um velho amigo e suas primas juvenis !

Ela começou a rir.

_Se sentiu deslocado ?

_Um pouco !

_Esqueça … vamos tentar nos divertir, está bem ?

Ele concordou meio a contragosto, mas esqueceu de qualquer coisa, até mesmo do filme quando ela sussurrou em seu ouvido que eles precisavam “passar de fase” ! As mãos dela deslizaram para a frente de suas calças e ele reagiu imediatamente.

Ele se virou para capturar seus lábios, mas parou. Alguma coisa estava acontecendo do lado de fora. Uma briga !

_Vamos para casa … Sara … nos precisamos de uma cama e … silêncio. - Não havia clima que resistisse quando se tinha uma situação daquelas.

Grissom foi para o banco da frente e ela fez o mesmo, dando a volta no carro.

Depois daquela passagem frustrante, eles terminaram na cama, com ele tentando fazê – la parar de rir ao ver o quanto ele estava “frustrado”.

_Isso é divertido para você, não é ?

_Um pouco … acho que não levo muita sorte em drive – in !

_Nem eu …

_Venha cá, eu vou cuidar de você !

….......

Vincent estava de costas quando sentiu um perfume delicioso e se virou.

Era ela !

_Oi !

_Olá …

Ela estava linda, ainda mais !

_Você tem rosquinhas de limão ?

_Sim … você … mora por perto ? Quando precisar, entregamos também.

Seu pai ficou estarrecido com aquela revelação,  não faziam aquele tipo de serviço, mas gostou de ver seu garoto tomar a iniciativa.

_Moro … mas é o caminho para casa …

Vincent deu um pequeno sorriso, ao ouvir seu pai passar por trás dele discretamente.

_Fazemos entrega ? Eu não sabia ...

_Está sempre por aqui … senhorita ….

Neste instante o telefone tocou e ela atendeu sem ouvir a frase de Jack, se afastando do barulho que havia no balcão.

_Alô ?

_Você está vindo ?

_Sim … mais alguns minutos e estarei aí.

_Tenho que sair, a Cath me ligou … preciso encontrá – la no campus da Sunset.

_Mas você precisa de um tempo, amor !

Ela quase não o chamava assim, quando o fazia, o deixasse completamente enternecido.

_Vou tentar ser o mais rápido possível.

_Tudo bem …

Ela pegou o pequeno pacote e saiu.

_Não foi desta vez, mas juro que descubro o nome dela, pai !

….......

O turno foi difícil e ele só queria estar em casa, pena que sua namorada ainda estava em um caso, então resolveu passar na cafeteria e tomar seu café ali mesmo.

Jack se sentou com ele, e bebericou seu café servido pelo filho que parecia meio triste.

_O que há com ele ?

_Ele está chateado … sabe ... há uma garota que está lhe tirando o sono, há duas semanas que não a vê.

_Ele tem uma garota ?

_Na verdade não … ela não sabe … ainda !

_E como é isso ?

_Acho que foi amor à primeira vista … ele não sabe nem ao menos o nome dela...

_Ela corresponde ?

Ele pensou um pouco e concluiu.

_É muito simpática e uma morena linda, mas acho que ela nem percebe os olhares …

_Que pena … ele é um bom garoto.

_Ele vai conseguir … mas me diz aí … você esteve em um drive – in ? Foi ideia de sua garota, não foi ?

Grissom soltou uma gargalhada engraçada, jogando a cabeça para trás.

_O que a gente não faz por elas.

_Exatamente.

_E então, você me parece feliz …

“Em todos os sentidos, caro amigo !”

_Ela me faz feliz !

Ele pensou em seus olhos brilhando por coisas muito simples como, abrir a embalagem de uma caixa de chocolate, alimentar um cão de rua, ouvir sua música predileta.

Ele podia sentir o quanto ela o amava. O quanto seus braços ao redor dela a deixava nas nuvens. Era visível.

Muitas vezes, ele não deixava que apagasse as luzes apenas para olhar para ela enquanto faziam amor. Era deliciosamente excitante a maneira como sentia prazer. Seus gemidos, a boca entreaberta. Seus beijos.

_Você está apaixonado, amigo !

Ele se limitou a sorrir de lado, um pouco tímido. Ele tinha razão.

….......

_Sara ! Já cheguei !

Ela veio o corredor com um vestido jovial, e sandálias baixas.

_Vamos sair ?

Ele acabara de chegar, queria tanto ficar quietinho em seu canto com ela em seus braços.

_Vamos tomar nosso café na rua ?

_Posso tomar uma ducha ?

_Claro … eu espero.

Alguns minutos depois, eles desceram de mãos dadas para a garagem.

_Vamos a pé … até aquela cafeteria aqui pertinho …

_Vamos de carro, eu estou cansado.

Enquanto ele estacionava, ela achou melhor entrar para conseguir uma mesa.

Assim que  abriu a porta de vidro, foi seguida por um par de olhos verdes, mas nem sequer se deu conta. Na verdade, ela não tinha olhos para ninguém !

Por sorte, encontrou uma mesa mais ao fundo, estava realmente lotado.

Jack e o filho ficaram admirando -a. Ela estava especialmente linda naquela manhã.

O pai lhe deu uma rosa e um pequeno recipiente.

_Vá enfeitar ainda mais a mesa dela. Faça de conta que está apenas tornando o lugar mais simpático.

Suas mãos tremiam quando ele partiu em direção a ela.

_Olá … como vai ?

_Bem … obrigada.

_É … flores … - Ela olhou para ele sem entender, parecia tímido e sem jeito, o que será que ele tinha ? Flores ? Era apenas uma, e bem pequena. Será que ele estava a paquerando ?

_Quer fazer o seu pedido ?

_Preciso esperar uns minutos …

_Como … se chama ?

Os olhos dele pareciam de um felino, brilhavam muito.

_Sara !

_Eu sou … Vincent ! - Em um gesto ousado, ele se sentou de frente a ela.

Ela estava começando a ficar bastante sem garça. Aquele homem, bonito por sinal, agia de uma maneira cortês de mais. Ela não viu ele sentar em nenhuma das mesas, apenas na dela.

Seus olhos se arregalaram quando viu seu namorado vindo em direção a ela, com um sorriso nos lábios.

_Demorei ?

_Não … amor … é … este é Vincent .

_Hei … você se conhecem ?

Vincent se levantou imediatamente, quase derrubando a cadeira pesada. “Amor ? Então …”

_Ele acabou de se apresentar …

_Sara … estes são os amigos de que falei … Vincent e o pai … Jack. - Ele apontou em direção ao balcão e acenou.

_Oh … - Ela ficou sem ação vendo o quanto aquele homem estava completamente desajeitado. Ela teve certeza de que ele estava mesmo flertando com ela.

Em alguns segundos, o pai dele estava ali, abraçando seu namorado.

Vincent fez um gesto cortês e pediu licença, se afastando quase em correria dali, anunciando que pediria uma atendente para eles.

_Esta é Sara …

_Sua garota ???

As suspeitas dele se concretizaram. O filho estava apaixonado pela mulher de seu amigo !

Sara lhe deu um sorriso simpático se levantando e apertando sua mão.

_Grissom, você um cara sortudo. Você é uma beleza !

Jack lhe beijou as mãos, tentando dissimular sua surpresa.

_Obrigado !

_O que foi que você viu nele ?

Grissom deu um pequeno sorriso, alheio ao que acontecia à sua volta. Mal sabia que sua mulher estava sendo paquerada e até cortejada por um homem mais jovem que ela.

_Hei … não conte meu segredo a ele !

Jack foi chamado no caixa e ele se afastou educadamente.

_Vocês dois parecem velhos amigos.

_Nos conhecemos desde quando cheguei a Vegas.

_Isso tem um bom tempo.

_Vincent era apenas uma criança, mal sabia pronunciar meu nome. sempre trocava algumas letras.

Ele se sentou de frente a ela, quando uma atendente apareceu, anotando seus pedidos.

Assim que ela saiu, ele tomou suas mãos, estavam geladas.

_Está com frio ?

_Não !

_Suas mãos estão geladas.

Ela sorriu e encolheu os ombros.

Grissom a encarou, notando que ela parecia um pouco nervosa.

_O que foi ?

_Por que ?

_Está nervosa ?

_Não !

Ele olhou para ela, depois para o balcão. Vincent estava olhando para eles, com uma expressão de tristeza.

Alguma coisa se acendeu em sua mente.

_O que ele fazia sentado aqui ?

_Quem ?

_Vincent …

_Veio se apresentar … eu já disse !

Ele puxou sua cadeira para mais perto da mesa, alguma coisa estava errada.

O garoto estava apaixonado por uma morena, não sabia nem ao menos o nome dela, depois ficou triste por ela não ter aparecido por duas semanas …

_Sara … costuma vir aqui também ?

_Por que ? - Ela não estava entendendo onde ele queria chegar.

_Costuma ? - Ele insistiu.

_Sim … estive aqui há dois dias.

_E antes ?

_Ah .. eu não sei … mas onde você quer chegar ?

_Tente se lembrar …

_Não sei … eu acho que … fiquei algumas semanas sem passar por este caminho. Vai me dizer o que está acontecendo ou não ?

_É você !!! - Ele conclui quase desesperado, levando a mão até a boca, incrédulo.

_O quê ????

Por um instante ele não quis acreditar, mas tudo estava ali, diante de seus olhos. Não sabia como reagir, será que ele havia falado alguma coisa para ela, por isso todo aquele nervosismo ?

_O que estavam conversando ?

_Ele apenas se apresentou, quis ser simpático … Gris … ou você me diz o que está havendo ou vou me levantar desta mesa agora e voltar para casa !

_Eu … vou lhe contar. - Era justo ele se abrir sobre suas suspeitas. _Vou lhe dizer uma coisa, e quero que me escute com atenção.

_Hum … pois diga logo.

_Eu acho que ele está tentando se aproximar de você. Minhas suspeitas ...

_Ele quem ?

_O garoto … !

Ela sabia ! Mas como é que ele havia chegado aquela conclusão. Não havia sido apenas o que acabara de acontecer !

_Meu Deus ! Sinto pena dele, acho que jamais imaginou que eu e você … fossemos um casal.

Ele respirou fundo, enquanto ela batia os dedos longos na mesa.

O pedido chegou e eles olharam para aquela refeição sem a mínima vontade de consumi – la.

Com bastante cuidado ele explicou como havia chegado aquela suspeita.

_Eu não acredito ! Juro que só fui perceber … - já era tarde, havia falado demais.

_Como assim, perceber ? - Sua expressão estava muito séria.

Ele se lembrava de Jack dizer que ela nem ao menos havia o notado.

_Gris … em nenhum momento isso me passou pela cabeça, só achei estranho … que ele se sentou aqui e se apresentou … mas foi apenas isso !

_Acho que perdi a fome.

_Mas não podemos sair assim, vai ficar estranho … são seus amigos.

_É …

Eles apenas beliscaram alguma coisa, quase sem conversar, depois se levantaram e foram até o caixa.

Jack, como sempre com sua habitual simpatia.

_Esta é por conta da casa !

_Não posso aceitar.

_Não só pode como vai aceitar.

Eles trocaram um ultimo aperto de mão, Grissom e Sara acenaram para Vincent, que estava os olhando de longe e saíram.

….......

Se ele não tivesse uma compreensão elevada, naquele momento poderia assumir que havia sentido ciume dela. Mas o garoto não tinha a mínima culpa.

Havia acontecido, simplesmente.

Mas mesmo sentindo pena dele, tinha que admitir que pensar em alguém com segundas intenções com ela, era doloroso.

Ele estava sentado sozinho no sofá, esfregando sua barba, pensativo.

No caminho de volta, não trocaram uma palavra.

_Gris … - Ele levantou os olhos para ela, de pé ao lado dele.

_Isso muda alguma coisa … entre nós dois ?

_Claro que não !

_Por que está tão estranho ?

Ele se deu conta que estivera perdido em seus pensamentos, sem se importar que estava a afetando.

_Desculpe … venha cá.

Ele estendeu a mão para ela, que aceitou imediatamente, se sentando ao lado dele.

_Eu não tive a intenção … me desculpe … é que estou confuso …

_Com o que ? Você tem alguma dúvida sobre …

_Shiii . - Ele tocou seus lábios com o dedo, depois lhe deu um pequeno beijo. _Não tenho dúvidas sobre você, meu amor … nunca ! Eu apenas sinto … pena dele, é uma situação desagradável.

_E se não for nada disso ?

_As evidências … são bem conclusivas !

_O que você vai fazer ?

_Eu não sei … sinceramente.

….......

Eles haviam dado um tempo para voltar a frequentar a cafeteria. O tempo era um mestre em amenizar situações. Mas ele queria falar com seu amigo, não sabia exatamente o que, mas precisava.

Em nenhum momento aquela relação fora abalada.

Eles se amavam de verdade, havia um sentimento para sempre.

_Você vai até lá ?

_Sim … preciso fazer isso.

_Você é quem sabe .. vou para casa, preciso de um banho. Até daqui a pouco, Gris !

Ele lhe deu um sorriso discreto e saiu logo atrás dela.

_Olá Jack.

_Grissom ! Como vai, amigo ?

_Bem …

Ele apertou os lábios como sempre fazia quando precisava dizer algo importante.

_Está tudo bem por aqui ?

_Sim …

_Onde está seu filho ?

_Fazendo uma maratona pelas nossas unidades. Avaliando os nossos gerentes, inovando algumas coisas. Ele é dinâmico, Grisom, tenho orgulho dele.

_É um bom garoto. - Ele fez uma pausa. _Era a Sara, não era ?

Jack o encarou com um semblante honesto. Seu filho havia ficado abalado, de verdade. Nunca esperou que ela fosse dele.

_Eu sinto muito … de verdade … mas …

_Não sinta. São coisas da vida, amigo. Não posso dizer que ele lhe deve desculpas, não se planeja uma coisa dessas.

_É uma situação totalmente adversa.

_Exatamente !

_Isso vai passar, ele é jovem e acho que está até de olho em uma de nossas funcionárias ...

_Me sinto aliviado por isso.

_A Sara está bem ?

Ele sorriu, enfiando as mãos no bolsos, pensando que naquele momento ela estava debaixo do chuveiro, cuidando do que era totalmente seu !

_Muito bem …

_Ela deve ser uma mulher incrível.

_A melhor coisa que já me aconteceu !

…...

Ele correu para casa, queria estar com ela e, quem sabe, se estivesse com sorte, dividir o espaço do banheiro, sob as águas deliciosa do chuveiro.

O apartamento estava em silêncio, ele foi até o quarto, com toda certeza, ela devia estar no banho, ainda.

Ele abriu a porta e teve uma surpresa agradável.

Seu corpo perfeito estava coberto de espuma cremosa, uma mistura exótica de aromas, os olhos fechados e um sorriso de lado, sonhador.

Ele se ajoelhou bem ao seu lado.

_Um milhão por seus pensamentos.

Ela abriu devagar seus olhos lindos e sorriu.

_Se lembra da última vez que usamos a banheira ?

_Com clareza …

_Eu também …

Não havia nada mais extraordinário que aqueles corpos juntos, as juras de amor, os gemidos incontidos.

Eles se pertenciam de uma forma total, quem quer que atravesse seus caminhos, involuntariamente ou não, jamais teria chance !

Assim estava escrito.


FIM



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