Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli
Notas iniciais do capítulo
If I keep holding out
Will the light shine through?
Under this broken roof
It's only rain that I feel
I've been wishin' out the days
Oh oh oh
Come back
Come Back – Pearl Jam
Quase próximo à Vila, tendo como último obstáculo uma colina, Haig avistou uma silueta encolhida no topo, observando fixamente a vila que se estendia logo abaixo e, é claro, ele seria capaz de reconhecê-la ainda que seus olhos lhe fossem arrancados, podia senti-la através de todos os sentidos que possuía espalhados por seu corpo. Aproximou-se devagar e parou a uma pequena distância, tentando saber o que ela faria.
– Você tem medo que eu ataque os humanos...
– Sim...
– E você realmente acha que eu faria isso?!
– Bom, eu nunca soube de alguém que houvesse se transformado antes. Conheço vampiros que não atacam humanos e os caras das cavernas e, sinceramente, não sei o que pensar.
– Eu senti vontade. Muita vontade de correr até aquela Vila e sugar todo o sangue que pudesse engolir, mas algo dentro de mim... eu não sei explicar... eu simplesmente não pude.
– Eu acho então, que apesar de estar... diferente agora, ainda é a mesma... sua essência é mais forte do que os instintos primitivos que agora correm em suas veias. Na verdade, eu acho que você fez uma grande viagem e está pronta para voltar, voltar para nós e, quem sabe até, voltar para casa.
– Casa... é, eu quero ir para casa. Já ficamos tempo demais longe.
– É, você tem razão! – depois de um breve silêncio, Haig lhe estendeu a mão – Você vem?
Ella olhou demoradamente para ele, ele parecia ainda mais bonito agora, mais forte, mais determinado. Com um sorriso suave, estendeu-lhe a mão, entregando a ele, mais uma vez, sua vida, depositando nele toda a confiança de um futuro que ela não conhecia.
Seguiram abraçados e em silêncio de volta às cavernas. Assim que chegaram ao grande salão, fez-se um silêncio absoluto, Haig dirigiu-se a Zurik que lhe estendeu os braços.
– É chegada a hora, não é? – Haig lhe respondeu com um aceno. – Bom, então eu só tenho a lhe agradecer por todos esses anos dedicados a nós.
– Não é preciso agradecer, eu fui muito bem recompensado! Agora eu terei a mulher que amo para sempre! Agora você tem Joseph para prosseguir com meu trabalho.
– É verdade! Obrigado por tê-lo ensinado com afinco por todos esses anos, ele está pronto para conviver e sobreviver em qualquer lugar e, o mais importante, ensinar e acompanhar os outros nessa jornada. Eu sinto que um dia estas cavernas não poderão mais nos abrigar e manter isolados como agora, precisaremos estar preparados!
Zurick deu um longo abraço em Haig lembrando-se de seu pai, cujo desfecho foi bem diferente.
– Sua mãe...
– Não! Sinto muito Zurik, mas não estou preparado para esquecer tudo o que aconteceu, quem sabe um dia...
– Sim, quem sabe!
– Aleh!
– Estou pronto, pai! Quando quiser – e caminhou para a saída. Apesar de ser grato pela ajuda de Zurick, sabia o que seu silêncio havia provocado na vida do pai, não podia simplesmente ignorar isso e se despedir distribuindo abraços.
Carlos se aproximou e ficou claro que sua intenção era despedir-se, não voltaria a viver em Mora.
– Ficaremos aqui – disse ele abraçando Doroty, que assentiu com lágrimas nos olhos e apenas conseguiu fazer um pedido:
– Cuidem de Donna. - então abraçou demoradamente Ella e depois Haig. Durante aqueles anos nas cavernas ela e Carlos se aproximaram definitivamente e desejavam seguir o mesmo caminho juntos.
– Tá certo! - disse Haig, virando -se para Kusma. – E você, vai ou fica?
– Você não sobreviveria sem mim, amigo! Sozinho só vai se meter em encrenca!
– E é claro que eu também irei - disse Évenice. Sua alegria em poder voltar à Mora era evidente – Na verdade, eu nunca consegui me adaptar a esse frio e, sem ofensa, Zurick, mas sua casa não é exatamente um hotel cinco estrelas!
– Eu compreendo, bela Évenice! Saibam que se um dia precisarem, estaremos aqui, nossa casa é a casa de vocês e sempre será!
– Bom então... é isso! Vamos embora! – disse Haig segurando firmemente a mão de Ella como quem encoraja e quer deixar claro que jamais sairá do seu lado.
– Voltando para casa... – falou Kuzma passando o braço sobre os ombros de Évenice e dirigindo-se ao túnel de saída.
Saíram sem olhar para trás. Não era exatamente um período que iriam gostar de relembrar, mas certamente era mais uma grande história para a eternidade de suas vidas.
Zurick os observou até desaparecerem pelo longo túnel. Ele quase se arrependia do passado, Zirgov era alguém de quem gostava realmente, um grande guerreiro, e o filho, ao que parece, havia saído ao pai, senão melhor. Virou-se para trás, sabia que ela também os observava.
– É, minha cara, não foi desta vez que conseguiu aproximar-se de seu filho!
–Não comemore tão cedo, querido! Um dia eu também voltarei para casa!
No fundo, o que todos queremos é isso, uma casa para onde voltar, ainda que o sentido da palavra “casa” não esteja necessariamente ligado a uma construção de tijolos. Alguns levam a casa para onde vão, enquanto que outros a procuram desesperadamente como alguém que perdeu o próprio endereço.
Quantos de nós podemos dizer que se sentem realmente em casa? Eu não...
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Chegando a reta final...
É minha primeira fic e gostaria de agradecer a quem ficou comigo até aqui! Este deve ser o penúltimo capítulo.
Um beijo pessoal!