Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 34
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

The first time our eyes met
It's the same feeling I get
Only feels much stronger
I wanna love you longer

Please Forgive Me
Bryan Adams



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Naquela noite, Haig ficou imaginando se conseguiria resistir ou até mesmo evitar Ella, mas o destino parecia conspirar contra qualquer tentativa de manter-se longe. Todos pareciam estar com um sono incomum e acabaram deixando os dois sozinhos na sala da lareira.

Ele buscava assuntos impessoais e evitava olhá-la nos olhos, seria impossível desprender-se daquele verde esmeralda que pareciam lâminas atravessando todo seu corpo quando ela o olhava diretamente.

Cansada de observar o esforço dele em manter-se distante, o que ela não queria de jeito nenhum, levantou-se da poltrona onde estava e caminhou até ele parando em pé à sua frente, ele tentava não encará-la, mas era cada vez mais difícil.

- É impressão minha, ou você está me evitando?

- Evitando você? E por que eu faria isso?

Ella curvou-se, apoiando as mãos nos braços da poltrona onde ele estava, porque estava decidida a olhá-lo nos olhos.

Xeque mate!

- Isso é covardia! – disse ele sentindo-se vencido.

- Você não queria que eu amadurecesse? Que me apaixonasse por você? Pois bem, aqui estou e agora vou cobrar a conta!

Ella ajoelhou-se e sem desviar o olhar do dele, começou a desabotoar sua camisa branca de linho, depois passou para o cinto da calça enquanto lhe beijava a barriga. Com a respiração já ofegante e entre um suspiro e outro, Haig ainda buscava forças para resistir, assim como alguém que se afoga e tenta emergir das profundezas das águas em busca de fôlego, em vão.

Ella tinha a capacidade de fazê-lo perder completamente a cabeça. Ele a segurou pelos cabelos e a beijou, levantando-se em seguida abruptamente e a pegando no colo.

- Eu sei que vou me arrepender disso depois, mas eu simplesmente não me controlo com você! Eu te amo tanto e te quero tanto.

Com ela nos braços, ele subiu as escadas sem praticamente nenhum esforço e rapidamente estavam no interior de seu quarto, novamente.

Ella também perdia a cabeça quando estava com ele que tinha um jeito meio selvagem de possuí-la. Em dado momento, ela o encarou firmemente enquanto se amavam e viu seus olhos totalmente negros, mas não teve medo, ao contrário, aquilo conseguiu excitá-la ao extremo e naquele momento ela soube que eles não eram humanos, nem ele e nem ela. Então ela entendeu que se pertenciam, que eram um só, para sempre.

Finalmente Ella adormeceu e Haig pôde procurar por Doroty, que toda noite de lua cheia ia até o vale. Ele nunca havia ido atrás dela antes, pois respeitava sua privacidade, mas hoje ele não poderia esperar até sabe-se lá que horas da madrugada como Doroty costumava voltar.

Assim que o viu, parado na ponta do vale, ela sabia o que ele queria e, pior, ela já tinha a resposta.

- Sim. – Doroty disse confirmando as suspeitas que de que Ella já teria engravidado, e passou por ele que continuou lá, parado olhando para o nada.

Doroty não foi dormir, nem conseguiria, podia ouvir os gritos dele ecoando pelo vale, certamente ele estava descontando sua raiva em algum animal na floresta, ou talvez em mais de um. Doroty apenas temia que Ella acordasse, pois não imaginava como seria dar essa notícia para ela.

No dia seguinte, todos, com exceção de Haig, estavam reunidos à mesa quando Ella desceu.

- Bom dia, pessoal! – disse alegremente, mas ninguém respondeu, estavam todos estranhamente calados. Sem entender nada, emendou a pergunta seguinte enquanto se sentava – Alguém sabe de Haig? Eu acordei e ele já não estava no quarto, aliás, ele tem o péssimo costume de não estar no quarto pela manhã.

Nesse momento, Haig surgiu pela porta da cozinha e todos se voltaram para ele. Doroty prendeu a respiração por uns instantes e Ella ficou paralisada com a imagem. Haig tinha sua camisa branca, o rosto e as mãos todas suja de sangue. Até mesmo George, que já vivera muito e já vira muita coisa, assustou-se com a entrada do amigo e olhou para Ella pensando que de repente teria que socorrê-la de um ataque histérico.

Ninguém ousava falar até que Ella tentou emitir algum som que saiu meio rasgado, sufocado e mais parecia a voz de alguém que desfalecia:

- O que... aconteceu?

Ella tremia tanto que não conseguia ficar em pé. Haig estava com a feição trancada, olhar semicerrado e maxilar contraído, parecia estar com muita raiva e passou direto por eles indo em direção ao quarto. Logo depois se ouviu o barulho de móveis sendo destruídos e vidraças sendo quebradas. Ella fez menção de correr escada acima, mas foi contida por Kuzma e começou a gritar:

- Me larga! Eu vou subir! O que tá acontecendo? O que tá acontecendo com ele? – a essa altura ela chorava compulsivamente e esperneava no ar enquanto Kuzma a segurava pela cintura.

Doroty fez sinal para que George subisse e foi em direção à Ella.

- Calma, querida, tudo vai ficar bem! Você precisa ter calma agora. Venha comigo, eu vou te dizer o que está acontecendo.

Doroty passou o braço em torno do ombro de Ella e a conduziu em direção ao jardim. Esperava que a garota pudesse compreender o que estava acontecendo e torcia para que ela também não tivesse um ataque histérico.

Embora Ella já tivesse lido sobre as Is nas anotações do diário, Doroty achou por bem abordar o assunto desde o início até chegar à função que elas desempenhavam junto à espécie de Haig, lembrando-a de que depois que se tornassem mães as Is envelheceriam como qualquer outra mulher humana. Assim que terminou de falar, Ella deixou-se cair em meio às flores. Era como se um cansaço avassalador se apossasse dela.

Ella tinha inteligência suficiente para saber o porquê de Doroty estar lhe dizendo todas aquelas coisas e deixou que suas lágrimas corressem soltas. Doroty achou melhor deixá-la sozinha, mas ficou observando de longe.

Algumas horas mais tarde, Ella se levantou, colheu uma flor azul e acariciou a barriga ainda lisa, havia assumido seu destino, viera para amar intensamente e deixar sobre a terra a prova viva desse amor.

Ella ficou pensando se talvez a felicidade não fosse apenas uma criatura caprichosa que entrasse em nossas vidas pelo tempo necessário só para deixar um gostinho de “quero mais”. Não, ela não iria pensar assim, pois, teve a chance de encontrar algo que muitas pessoas passam a vida toda procurando, um grande amor e poderia deixar um pedaço de si para que esse amor jamais fosse esquecido. Ela tinha sorte!

No quarto destruído, George estava sentado no beiral da janela enquanto Haig terminava de se vestir no closet após tomar um demorado banho, durante o qual, aliás, George ficou se perguntando se alguma vez em seus seiscentos anos já havia ouvido um vampiro chorar como naquele momento.

- E aí, cara, tá melhor? – ele perguntou quando Haig surgiu onde deveriam estar a cama e a velha poltrona.

- Acho que nunca mais vou saber o que é sentir-se melhor. Justamente eu que sempre me achei um cara responsável e esperto. Eu tinha certeza de que saberia exatamente o que fazer quando a encontrasse.

- Se te serve de consolo, eu acredito que ninguém pode lutar contra as leis da natureza e essa é exatamente nossa natureza, é para isso que as encontramos!

- Você acredita nisso? Concorda com isso?

- Claro que não! – respondeu George, suspirando no final como se quisesse dizer que, independente do que ele acreditasse ou com o que concordasse, ainda seria assim.

Nesse momento, a porta do quarto abriu-se lentamente revelando Ella, parada logo atrás. Discretamente, George saiu deixando os dois a sós.

Haig estava parado no meio do quarto e permaneceu ali olhando para Ella que caminhava em sua direção. Ele sentia-se culpado, não conseguia dar um passo sequer em sua direção. Ella aproximou-se dele, pegou a mão esquerda dele e passou em volta de sua cintura, em seguida, passou seu braço direito sobre seus ombros e segurou a mão direita dele.

- Consegue ouvir essa música? – Ella disse conduzindo-o numa dança lenta.

Haig não conseguia falar, mantinha a boca fechada a fim de evitar o choro. Na face de Ella, lágrimas corriam silenciosamente, pois sabiam que o tamanho de sua turbulência não mudaria os fatos e nem aliviaria a dor da separação que, por mais que não fosse algo iminente, não seria protelada pela eternidade como eles desejavam.

- Eu ouço. – sussurrou ele.

Eles ficaram ali, dançando com a música silenciosa de suas tristezas.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem!
Bjokas♥



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