Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 24
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

When she was just a girl
She expected the world
But it flew away from her reach
So she ran away in her sleep
(Paradise-Coldplay)



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Doroty pediu que Amaril deixasse o quarto.

- Menos você! – olhando para Évenice – Tranque tudo, se precisarmos sair, você saberá. Garanta que ninguém encontre esse lugar pelo menos até a próxima mudança da lua – então ela saiu trancando tudo atrás de si.

- O que faremos? – perguntou Évenice, e Doroty se deixou cair na poltrona respondendo:

- Não faço a menor idéia! Ou melhor, idéia eu faço, mas já faz tanto tempo que não pratico a magia, nunca pensei que precisaria disso novamente!

 Doroty fechou os olhos e ficou em silêncio por um tempo tão longo que começou a preocupar Évenice. Quando finalmente os abriu, levantou-se parecendo estar em uma espécie de transe, pediu a Évenice que tirasse tudo de cima da escrivaninha, ao que a garota rapidamente atendeu, enquanto caminhava em direção à mala que havia trazido e a colocava sobre a parte não ocupada da imensa cama, então começou a retirar tudo o que havia lá e organizar no espaço.

Em seguida, com um punhado de sal, fez um círculo num dos cantos do quarto e virou-se para Évenice que olhava sem entender:

- Eu sei que isso parece coisa de seriado de TV, mas acredite, quem escreve essas histórias sabe do que está falando. É provável que precisemos desse espaço como proteção.

- Proteção contra o quê?

- Você já ouviu falar do Clã da Lua?

- Não!

- Tentarei explicar sem tornar a história muito extensa. Você certamente sabe do que estamos tratando aqui.

- Sim. Não que Amaril tenha me contado alguma coisa, ela sempre tentou me manter longe desses assuntos, fico pensando até quando ela achou que conseguiria...

- Então você deve saber que Haig é um vampiro, assim como Kuzma e Angus. Bem, o fato é que, assim como tudo no mundo, todas as espécies, como forma de sobrevivência e preservação, foram evoluindo ao longo do tempo, enfrentando as intempéries da vida e se adaptando conforme elas se apresentavam. O Clã da Lua foi o único que permaneceu isolado, fazendo questão de preservar velhos hábitos e costumes. Eles acreditam que todos aqueles que se tornaram dissidentes e partiram em busca de adaptação a fim de melhorar as condições, principalmente no que diz respeito à alimentação, tornaram-se fracos, uma subespécie.

- Mas se você diz que eles vivem em locais isolados, e já que nunca ouvi falar deles, ou são extremamente discretos na busca pelo alimento ou não andam por essas bandas. Então, por que devemos temê-los?

- Assim como os crocodilos continuam crocodilos há milhões de anos, sem precisar exatamente de uma grande evolução, alguns raros vampiros fora do clã conservam, ainda que meio adormecido, o velho instinto selvagem dentro de si. Ainda que consigam dominar isso na maior parte do tempo e às vezes até se esqueçam, isso continua lá, escondido dentro deles, esperando o momento de saltar para fora, seja num momento de extrema raiva ou euforia. Se eu conseguir trazê-lo de volta, vai saber do que estou falando. - Évenice não disse mais nada, apenas pensou que teria sido melhor ficar do lado de fora.

Doroty então começou a misturar folhas e líquidos e outras coisas que estavam em pequenos vidros e que Évenice não conseguiu identificar. Havia um pequeno caldeirão e quando a mulher começou a falar numa língua que a garota nunca havia ouvido, uma fumaça branca começou a subir daquelas misturas. Com o olhar, Doroty indicava a Évenice que pegasse as velas e as colocasse em volta da cama. Ela não pronunciava nenhuma palavra e era incrível como Évenice sabia o que ela queria, ficou fascinada com o poder de conseguir saber o que fazer sem precisar ouvir as ordens e, uma a uma, acendeu as velas.

- Agora vá para o círculo e fique lá, não saia de jeito nenhum!

Doroty pronunciou mais algumas palavras e as chamas das velas subiram. Então ela colocou aquela mistura em um copo e fez com que Haig bebesse até o último gole e então as chamas se apagaram todas de uma vez e Doroty dirigiu-se ao círculo, abraçou Évenice e permaneceram em silêncio, mas nada aconteceu.

- Você acha que não deu certo? – perguntou a garota

- Só de olhar parece que não, mas eu sinto!

- O que você está sentindo? Eu não sinto nada, eu deveria sentir alguma coisa?

- Sim, medo.

Nesse momento, sem que nenhuma das duas tivesse percebido, Haig estava praticamente colado nelas, separado apenas por uma... linha de sal.

Évenice ia entrando em pânico, Doroty sentia medo, mas a experiência lhe dizia que ceder a ele seria determinar seu próprio fim.

- Não se mexa, não diga uma palavra Évenice, se você sair desse círculo estará morta em um milésimo de segundo!

Aquela coisa na frente delas não era Haig, de jeito nenhum, pensavam as duas. Embora Doroty conhecesse as histórias, nunca havia visto algo parecido, em todos os anos de convivência com Haig, nunca presenciara nada igual.

Ele as encarava sem piscar, sem trégua! Parecia uma espécie de batalha psicológica, Évenice não olhava, Doroty tinha medo até de fechar os olhos. Ele andava em círculos ao redor delas, espreitando, procurando uma brecha.

A noite havia sido longa e tensa, mas todos foram vencidos pelo cansaço. Doroty foi a primeira a acordar num sobressalto, Évenice, que estava colada a ela, despertou em seguida, igualmente assustada. Haig dormia em frente a elas, do outro lado da barreira de proteção, ele parecia diferente da noite anterior.

- Haig? Haig? – ele começou a despertar e, quando recobrou a consciência, puxou o ar de uma vez para dentro, como alguém que emerge das águas depois de um longo tempo sem ar, levou a mão ao pescoço, pois lembrou-se da sensação de estar sendo “espetado” por alguma coisa.

- O que aconteceu? Ana? Ana?

- Calma! – disse Doroty ainda sem ousar sair da segurança que havia criado para si e Évenice – Haig? É você mesmo?

- Não, é o Bob Esponja! Não me diga que... não precisa, eu posso imaginar, aliás já começo a me lembrar só que está tudo meio embaçado, parace que tomei um porre de whisky ruim! Como você veio tão rápido?

- Não foi tão rápido assim! Para falar a verdade, quando cheguei aqui até achei que era tarde demais! O que aconteceu? Você o viu? Alexsander?

- Não, eu não o vi. Na verdade... Ele não teve nada a ver com isso... Ana, como ela está? Ela deve estar... – o olhar de Doroty a denunciava. – Ela não está! Mas, o quê... Alexsander? – furioso, estava prestes a perder o controle quando sentiu uma vertigem e caiu, instintivamente Doroty deixou o círculo e correu em sua direção.

- Vamos, garota, me ajude aqui! Vamos colocá-lo na cama!

- Ele quem, exatamente?

Depois de alguns minutos, Haig começou a recobrar a consciência.

- O que aconteceu?

- Provavelmente a mistura da ervas que usei para a magia não deve ter lhe caído bem, seu organismo ainda deve estar se restabelecendo e... para dizer a verdade, não sei! – disse Doroty, dando um longo suspiro ao final.

- Não importa – disse Haig – Precisamos encontrar Ana.

- Antes, me explique direito o que aconteceu.

- Bom, estávamos na cozinha, Amaril, Kuzma e eu quando ouvi um barulho vindo do quarto, tiros, como Alexsander estava por aí, achei que ele a tivesse encontrado e corri na direção do barulho, quando cheguei...

- Diga, o que aconteceu?

 Haig não queria contar a elas que havia sido atacado pela própria Ana, tinha medo de como receberiam aquela notícia, nem ele mesmo sabia direito os motivos, acreditava que ela pudesse ter se assustado com sua entrada abrupta, mas na verdade não tinha certeza se ela o havia reconhecido ou não.


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Notas finais do capítulo

Me desculpem a demora na postagem dos capítulos, minha vida anda meio tumultuada ultimamente.
Espero de coração que a história continue atraindo o interesse de vcs!
Bjokas♥



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