Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Um porão,
Muita confusão.
Se não é a verdade, o que será então?



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Em sua primeira noite no porão, Ana não dormiu. Após ler o nome de seu avô em uma daquelas anotações teve a certeza de que não havia chegado àquele lugar por acaso. Teve ímpetos de recolocar tudo no lugar e fechar aquela gaveta, mas sabia que havia entrado por uma estrada sem volta.

Em pé, num dos cantos do cômodo, lembrou-se de sua infância tranqüila e protegida, do amor que sua mãe lhe expressava de maneira tão explícita e de sua feição preocupada com alguma coisa que ela nunca soube o que era. Possivelmente parte das respostas estava naquelas anotações e não dava para ignorar algo assim. Pegou tudo o que havia ali, sentou-se à cama e começou a leitura, não sabia quanto tempo ainda teria que permanecer ali, então decidiu que aproveitaria para encontrar as respostas que lhe haviam negado até aquele momento.

Como a cronologia das anotações era desconhecida, Ana ia pegando os pedaços de papel aleatoriamente e tentando montar o quebra-cabeça de informações.

“É fascinante! Tudo o que até hoje viveu apenas na imaginação das pessoas, e que foi sendo transmitido como lendas, superstições e histórias de velhos, nada mais é do que a verdade! Ninguém nunca acreditou nisso, mas é a verdade!”

De que verdade ele estava falando e o que isso poderia ter a ver com seu avô? A curiosidade crescia na mesma proporção que a insegurança e o medo, por um momento, chegou a pensar que nunca mais sairia dali. Lembrou-se de Pedro, fechou os olhos e pôde até mesmo sentir seu perfume, o cheiro da casa onde passara quase um mês e a sensação de proteção que sentira ali. Lembrou-se de Doroty, como queria poder estar lá agora! Onde será que Pedro estava e o que estaria fazendo? Será que se lembrava dela? Nesse instante, sacudiu a cabeça e chegou à conclusão que perder-se nesses pensamentos de nada ajudaria e voltou a se concentrar nas anotações.

“Falei com Amaril hoje. Contei-lhe tudo. De imediato ela riu e disse que eu era muito novo para estar senil, mas diante do meu silêncio e minha expressão firme ela deixou-se cair na poltrona assim que percebeu que não era brincadeira ou loucura. Então disse a ela que decidi ajudá-los, ela ficou calada por um momento e, com lágrimas nos olhos, me disse que eu iria nos matar e que se eu não o fizesse, os vampiros fariam e que se esses ainda nos poupassem, os outros viriam atrás de nós assim que descobrissem que eu os estava ajudando. Espero que ela me apóie porque a amo e não vou conseguir sem ela”

Espere um minuto aí! O quê? Vampiros? Não, não, não... espera aí, vampiros não existem, que história é essa? Quem eram aquelas pessoas? Ana começou a sentir um pavor tomando conta de todo o seu ser. O nome de Amaril aparecera nas anotações, o nome de seu avô também, o que estava acontecendo? Eram todos loucos? Ana sentiu náuseas e uma breve vertigem, levantou-se cambaleando, alcançou uma garrafa d’água, tomou um gole molhou a mão direita e passou-a pela fonte e depois na nuca. Não conseguia pensar, caminhou até a cama e deitou-se sobre os papéis esparramados e seus olhos fecharam-se sem que seu cérebro conseguisse emitir uma ordem para que permanecessem abertos.

Na superfície a vida seguia seu rumo, tenso. Amaril não conseguia falar com Pedro, nem mesmo Affonso retornara ainda dizendo se conseguira encontrar George. Estava tensa, é verdade, mas sentia-se viva novamente com toda aquela adrenalina, lamentava não ter mais a agilidade física e o vigor de outrora, mas aprendera bem como usar uma boa sombrinha equipada com uma estaca na ponta que fora pintada para dar a impressão de uma ponteira de cobre. Não servia apenas para lidar com vampiros a serviço da agência, mas com qualquer humano da espécie Alexsander Rhandorvick.

Évenice, após verificar a segurança nos arredores, desceu para ver se Ana precisava de alguma coisa. Encontrou-a dormindo sobre uma pilha de papéis. Deixou algumas coisas sobre a escrivaninha e teve a curiosidade de saber o que Ana estava lendo. Reconheceu as anotações de Francis que ela mesma havia descoberto tempos antes e que a ajudaram a entender muita coisa sobre si mesma, mas não sabia se era a hora certa para que Ana soubesse de “tudo”. Nervosa, subiu as escadas do porão rapidamente batendo a porta atrás de si de maneira brusca.

Ana pulou da cama com um grito que sufocou com as próprias mãos ao lembrar-se das recomendações expressas de silêncio. Uma batida forte a havia despertado, apenas uma vela recém acendida no canto iluminava o ambiente. Alguém estivera lá, mas quem? Como ela podia ter dormido daquela maneira e há quanto tempo será que estava dormindo? Sobre a escrivaninha havia um bilhete:

“Querida Ana, tenha paciência e acredite, você está segura aqui. Faz três dias que vigiamos o entorno da casa e parece estar tudo calmo, estou procurando uma maneira de entrar em contato com Pedro sem ser notada e Affonso foi procurar George. Não tenho como explicar nada agora, mas confie em nós!”

Três dias? Então, ela havia dormido por quase dois dias inteiros. Notou sobre a escrivaninha pães frescos, chá, refrigerante e uma torta salgada que parecia deliciosa. Pegou o prato com a torta o refrigerante e sentou-se à cama novamente, retomando a missão de encontrar suas respostas o mais rápido possível.

“Rud entrou em contato comigo, disse que vai mandar Haig para cá por uns tempos e mais informações através dele. Ele sairá para investigar um tal “clã da lua”. Se não conseguirem fazer com que a KGB desista de eliminar o filho de seu amigo Zirgov, ele quer mandar o garoto para lá por acreditar que assim ficará seguro. Disse que eles não são como os que conhecemos, então não sabe se chegará lá e muito menos se conseguirá voltar. Que Deus nos ajude”

Em outro pedaço leu:

“Haig está conosco. Parece ser um bom rapaz, meio calado. Nossa, nunca pensei que ficaria frente a frente com um deles um dia e esse já é o segundo com quem tenho contato direto, porém mais prolongado. Angus só vi de passagem, disse o que queria e nem tive tempo de observá-lo, questionar, nem tive coragem para isso, pois tudo me pareceu tão absurdo na ocasião... Mas esse, vai ficar. Trouxe um diário de bolso, numa caixa rústica de madeira, disse que Rud recomendou que fosse entregue diretamente a mim e que tudo o que eu precisava saber estava lá. Amaril cuidou de acomodá-lo, vamos ver esse diário, do que se trata.”

Esse nome... não foi esse o nome da pessoa que seu pai havia lhe dito que deveria procurar quando chegasse à Gävle? Então, Amaril o conhecia! Esse tempo todo sabia muito bem a quem Ana se referia! Cada folha que lia, cada pedaço de papel rasgado que se encaixava naquele quebra-cabeça, a deixava mais confusa e assombrada. Onde ela realmente estava e com que tipo de pessoas estava lidando, loucos? Lunáticos? Psicopatas? E seu pai fazia parte de tudo isso? E seu avô, como era possível? Só havia uma forma de descobrir, precisava encontrar o tal diário!

Ana praticamente desmontou a escrivaninha e nada de outros compartimentos secretos, ergueu o pesado colchão, procurou costuras diferentes nele e nada! A poltrona! Claro! Só podia estar lá! Então virou-a de cabeça para baixo, apalpou o encosto, os braços, a almofada... nada! A casa era grande demais e não sabia se teria uma oportunidade de vasculhá-la, isso se tivesse outra chance de subir! Partiu novamente para as anotações, mas não estava preparada para o que ia ler.

“Haig ficou conosco por cinco meses, até aparecer por aqui um homem chamado  Alexsander Rhandorvick procurando por um vampiro que supostamente estávamos escondendo, tentei desconversar me fazendo de desentendido, dizendo que ele era muito brincalhão com essa história de vampiro, mas minha casa foi invadida e vasculhada. Ele fugiu pelos fundos, o homem percebeu e saiu furioso atrás, não sei o que vai acontecer com ele e nem conosco.”

Claro, aquilo tudo só podia ser delírio de uma mente doente. Até onde Ana sabia, de acordo com os contos, lendas e histórias de terror, vampiros eram fortes, imortais. Então, por que esse tal de Haig que, supostamente era um vampiro de acordo com as anotações, precisaria sair correndo, fugir pela porta dos fundos.

Ana sentia-se esgotada, seu cérebro parecia consumir a energia de todo o seu corpo na tentativa de entender tudo aquilo, de tentar descobrir o que estava acontecendo e qual era a verdade por trás de toda aquela história.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Bjokas♥



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