Ella - A Verdade Por Trás Da História escrita por Ayelli


Capítulo 1
Prólogo




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A saudade pode ser de uma vida inteira que ainda nem acabou, mas que vai aproveitando seus últimos raios de sol ou então, misteriosamente, uma saudade dolorida de não se sabe o quê.

Era com muita dificuldade que Ana se arrastava, devido ao peso dos anos, da janela de seu quarto até a varanda no lado oposto da casa onde ficava sua companheira, a cadeira de balanço.

A casa fora construída num ponto privilegiado na vasta planície que compunha a propriedade na zona rural da cidade de Mora, Condado de Dalarna, na Suécia, e produzia espetáculos impressionantes em qualquer estação do ano. A amada varanda de Ana ladeava toda a residência dando-lhe visão perfeita desse espetáculo que a natureza lhe proporcionava do despertar ao pôr do sol.

Sentada ali, envolta em seu inseparável xale lilás, ela observava o vale que se estendia da porta dos fundos em todo seu esplendor até tocar o horizonte. Era incrível observar, da janela de seu quarto os raios do sol surgindo, dissipando a névoa da manhã enquanto se erguiam e iam passando sobre a casa, aquecendo suas paredes e revelando as mais belas flores e plantas dos mais variados tipos e cores, e sentar-se à varanda do lado oposto, para vê-lo se pôr bem à sua frente. Todos os dias os rituais eram os mesmos e, quase sempre, embevecida ante tal espetáculo, lágrimas de agradecimento e saudades lhe inundavam a face, sabendo que em breve o sol se poria definitivamente para ela.

Perdida em meio a toda essa contemplação, Ana sentiu uma leve brisa tocar-lhe o rosto e virou-se instintivamente ao ter a impressão de ouvir sussurrarem seu nome, mas, ao lado, somente altos pinheiros balançavam ao ritmo da brisa perfumada do final da tarde. Então, com o coração ligeiramente entristecido, ela se dá conta de que está só, seu amado Pedro já não lhe faz a costumeira companhia na cadeira ao lado, nas longas tardes regadas a chá e àquele clima mágico do entorno.

Levanta-se vagarosamente, passeia por toda a varanda e adentra a sua aconchegante, porém vazia, sala. Como a adivinhar todos os seus passos e desejos, Donna adentra o aposento e auxilia Ana a aconchegar-se em frente à lareira, donde podia observar os antigos retratos que ainda jaziam pendurados. Androvick Borgonov I, bisavô de seu amado Pedro, primeiro vampiro a ser convocado à luta pela pátria Russa e que, apesar de ser um dos mais antigos de sua espécie, sucumbiu aos planos ardilosos de eliminação elaborado pelos humanos, Ana nunca havia encontrado coragem para tirá-lo de lá.

Naquele lugar remoto, afastado da curiosidade alheia e de todos os recursos das cidades, sempre fazia frio após o pôr do sol, mas, ainda que em algum dia mais quente, Ana jamais deixava de acender a lareira, era como manter viva uma vida que já não tinha mais.

Em seguida, Donna traz-lhe uma bandeja, com um bule acompanhado de uma xícara e uma rosa vermelha.

- Aqui esta Dª Ana, seu chá de ervas aromáticas. – Ana intriga-se, a jovem conduzia aquela bandeja com verdadeira maestria, nem sequer tilintavam as louças, habilidade essa que já havia pertencido a sua antiga e amada empregada Doroty, por sinal, tia de Donna.

- Anaaaa! Anaaaa! Venha querida! Vamos descer até o riacho! Está um lindo dia! - Pedro chamava bem debaixo de sua janela. – se cultivares essa preguiça amor, vais perder o espetáculo! Vamos meu amor, o verão por aqui é muito curto, precisamos aproveitar!

Ah! Como resistir? Ana escorregava para fora da cama e abria as janelas do quarto e lá estava ele, misturado àquela esplendorosa paisagem, com um sorriso largo e de braços abertos como a pedir que ela se jogasse pela janela diretamente em seus braços. Sem outra alternativa, ela lhe escancarava um sorriso tão belo quanto, pois, a esta altura já estava desperta e saía ao seu encontro, ansiosa por estar novamente em seus braços como se estivem separados há séculos.

Um amor nascido antes mesmo que os próprios amantes, era assim que Pedro costumava referir-se ao que sentia por Ana, nada entre eles precisava de muitas palavras, tal era a sintonia e a atração que os unia.


- Dª Ana? – de um sobressalto acordou – Vamos, eu lhe ajudo até o quarto. – era apenas Donna, ela sempre vinha arrancar-lhe de seus sonhos preferidos e Ana seguia apoiada reclamando em um idioma que Donna não era capaz de compreender então, apenas sorria imaginando que eram ranzinices de uma velha senhora.


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