Imagine Se... escrita por Thepr0phecy


Capítulo 5
Más Companhias


Notas iniciais do capítulo

Já que se está no inferno, o jeito é abraçar o capeta...



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 Eu fui pra casa com aquela sensação de que eu estava me metendo em encrenca (das brabas aindas), não sabia o que fazer ou como agir com as pessoas, eu sentia que todos tinham visto e que iriam contar para as autoridades, ou pior, pros meus pais. Eu fingi estar super tranquila e que nada de anormal estava acontecendo comigo.

  Ao chegar, coloquei a mochila no meu guarda-roupas e não tirei aquele saquinho de lá. Tentei fazer meus deveres como sempre mas aquilo não saia da minha cabeça, ficava toda hora martelando: TRAFICANTE. TRAFICANTE. TRAFICANTE.

  Tentei relaxar, coloquei uma música pra tocar ( We Are Young - Fun ), tentei pensar em outras coisas. Liguei meu notebook e comecei a reblogar...

   A hora foi passando e eu estava esquecendo, até a hora que a minha mãe chegou. Ela me chamou (gritou na verdade) e eu congelei. Desci as escadas correndo e ela me falou para ajudar nas compras. Dei um suspiro aliviado. Eu passei despercebida até que ela perguntou:

  - Tem alguma coisa errada com você?

  - Não, mãe. Por que a pergunta? - Droga! Por que ela tem que ser tão esperta?

  - Você parece tensa.

  - Não é nada. Talvez pelo susto que você deu, gritando daquele jeito.

  - Ah.

  Eu ajudei a guardá-las também, minha mãe me contou o dia dela e perguntou como foi o meu e eu apenas disse que nada diferente havia acontecido, apenas o fato dos professores novos serem mais chatos que os de antes, nada mais. O jantar ficou pronto e ao terminar, corri pro meu quarto.

  Fiquei pensando em como me livrar daquilo antes que eu me dê muito mal, mas tinha que fazer isso sem que furassem a minha cara, ou seja, não tem jeito. Ficava cada vez mais tarde, tomei um banho, escovei os dentes e fui tentar dormir... Não consegui, como eu já esperava.

  Ao acordar, me arrumei e fui pra escola. Cheguei lá e percebi que não me olhavam, talvez não soubessem de nada ainda, o que me deixou um pouco aliviada, se isso continuasse eu poderia devolver a droga e falar que ninguém queria comprar de mim.

 Como costume, no intervalo fiquei lendo no meu canto quando um garoto moreno com piercing no lábio superior chegou bem coladinho em mim e disse:

 - E aí, tem da boa?

 - O quê? - Eu pareci uma jumenta mas realmente não me toquei de primeira

 - O Christian falou que você começou a vender os baseados.

 - Ah... É... Mas... - Eu não sabia o que fazer, quanto eu deveria cobrar, como eu deveria entregar pra ele mas acho que ele percebeu e enfiou a mão no bolso pegando uma nota de 5 reais.

 - Pega aí 2 pra mim pode virar que eu te dou cobertura aqui. - Eu peguei aqueles cinco reais, abri a bolsa, sem tirar o saquinho de dentro, abri e peguei dois cigarrinhos e fechei a mão, ele estendeu as dele e eu entreguei. Ele levantou e foi embora.

 O resto do intervalo, apareceu mais três pedindo os cigarros de maconha e eu pegava o dinheiro e entregava o que eles queriam. Toda vez que eu abria minha bolsa eu olhava ao redor para verificar se havia alguém a mais observando.

 No fim do dia, a Juliana apareceu e perguntou como foram as vendas e quantos haviam comprado, eu respondi dizendo que quatro pessoas compraram e tudo que eu havia lucrado era uns míseros vinte reais, ela respondeu que era pra eu relaxar, que demorava um pouco até as pessoas descobrirem quem eu era. Ela pegou os vinte reais e deu cinco pra mim falando que esse era meu "lucro". Pelo menos eu poderia comprar um lanche...

 No caminho pra casa, decidi ir andando na esperança de encontrar o Arthur, faziam quase três dias que não o via e nem falava com ele. Como eu esperava, ele não estava no lugar em que nos conhecemos mas para minha sorte nos encontramos em frente a minha antiga escola que na verdade agora era a escola dele.

 - Alice! - Ele me viu primeiro, saiu correndo na minha direção e acenando, eu abri um sorriso inesperado e na hora fui ao encontro dele.

 - Arthur! Como você tá? - Eu perguntei ao chegar mais perto, ele respondeu que estava bem, perguntou como eu estava e eu também respondi que estava bem, tirando o fato de carregar um saquinho com 92 cigarrinhos de maconha na minha mochila, eu estava bem.

 Dessa vez, ele me acompanhou até a minha casa pois queria saber onde era, caso quisesse me fazer uma visita. No caminho, comentamos sobre nossas escolas, professores e "colegas" sem noção. Infelizmente, chegamos e ele teve que ir.

  Cheguei em casa com muita dor de cabeça mas feliz por ter encontrado Arthur, minha caminhada não havia sido em vão.

  Assim que tirei a mochila das costas meu celular vibrou, era uma mensagem, uma mensagem do Arthur que dizia:

         "Que tal nos encontrarmos todos os dias na volta pra casa? Pelo menos 

          tira o estresse das aulas, sabe, é muito legal ter a sua companhia.

                                  Bjs do Arth     "

  Eu fiquei tão feliz, respondi na hora que claro que eu adoraria encontrar com ele depois das aulas, já que a escola dele não é muito longe da minha e que eu adorava a companhia dele também.

  O resto da minha tarde foi bem melhor depois daquele SMS.

  A semana foi passando, as pessoas vinham comprar os cigarrinhos, cada dia mais e mais e sempre depois da aula eu encontrava o Arthur e nós íamos conversando, ele me deixava em casa, já que eu que ia da minha escola até a dele encontrá-lo. 

 Na sexta-feira, fui contar quanto havia arrecadado e percebi que tinha vendido todos os cigarrinhos, num total de R$ 230 em apenas cinco dias, nós dividíamos entre quatro (eu, Juliana, Christian e Marcos), eu fiquei com um "lucro" de R$57,50. A Juliana parecia brilhar e falou que foi melhor do que ela esperava, eu por minha vez não estava nada feliz, isso significava que eu não teria desculpa de que eu era uma péssima vendedora. Eu me sentia muito mal, por mim, pelos meus pais e pelo Arthur, mesmo ele não tendo nada a ver com isso, eu sentia que estava enganando-o. 

 No fim do mês eu já estava andando com a Juliana e a gang dela, as coisas estavam indo rápido demais, eu havia recebido quase quinhentos reais em menos de um mês, cada dia mais gente aparecia querendo comprar "meus" cigarrinhos, a Juliana ficou fascinada e cada vez mais aumentava o meu estoque. Quanto ao Arthur, bom, eu o encontrava na escola dele e nós caminhávamos até a minha casa, um contando como fora o dia do outro. Eu estava com más companhias e sendo uma má companhia.


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Notas finais do capítulo

Só eu acho que ela tá curtindo essa vida?!



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