Imagine Se... escrita por Thepr0phecy


Capítulo 2
A amizade prevalece... quase sempre.


Notas iniciais do capítulo

As meninas do colégio estão espalhando que Alice e Pedro estão ficando. Alice fica indignada pois Pedro é seu melhor amigo e ela estava apenas super feliz por finalmente estarem estudando juntos depois de alguns anos. Os boatos fazem com que Alice se sinta culpada e que Pedro não irá mais falar com ela.
Nesse dia Alice descobre o quanto Pedro é seu amigo e que apesar de tudo, Pedro escondeu algumas verdades dela.



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Pedro vinha na minha direção e eu estava nervosa, que merda! Essas vadias não tem mais o que fazer?

– Oi. - Pedro disse ao me ver

– Oi. - Eu respondi. Nós ficamos em silêncio por alguns minutos até que ele disse:

– Olha, me desculpe sobre os comentários no facebook, de verdade, coloquei você na maior saia justa e...

– Não, tudo bem. Nós dois sabemos que isso não é verdade mas, não entendo por que a Gabriela pega tanto no meu pé, desde a sétima série, eu nunca fiz nada pra ela, nem nunca conversei com ela. - Eu o interrompi e falei o que eu pensava mas ele respondeu algo que não estava nem perto de passar pela minha mente:

– A Gabriela e eu namoramos por um tempo. - Ele parou.

– O quê? Como? Quando? Quê? - Eu fiquei meio pertubada, não por ciúmes mas pelo fato de nós estarmos no primeiro ano e eu não saber disso. Com certeza eles namoraram quando nós já éramos amigos porque estou nessa escola há mais tempo do que a Gabriela e eu tenho muita noção disso por isso o choque, ele não me contou.

– Me desculpe, foi na sétima série, nós éramos da mesma sala e começamos a sair e então... Me desculpe por não ter te contado.

– Por que não me contou? Você achou que eu atrapalharia tudo não é? Afinal, você é a única pessoa que fala comigo, não teria como alguém mais me contar algo sobre você. Sério Pedro, por que me escondeu isso? - Eu estava indignada, na sétima série foi quando nos separaram de sala, ele ficou andando com uns meninos da sala dele e por um tempo fiquei almoçando no banheiro para que ninguém me visse abandonada pelo pátio, agora, tudo faz sentido. Que idiota que eu fui. - Por isso você parou de andar comigo não é? Fez novas amizades e ficou com vergonha de falar que você andava com a garota mais estranha da escola. Por isso só conversamos pela internet, sabe Pedro, agora estou começando a achar que você nunca me considerou como sua amiga de verdade porque se você escondeu isso é bem capaz de ter escondido outras coisas também.

– Não é assim... - Ele não terminou.

– Então como é Pedro? Eu nunca escondi nada de você porque eu achava que podia confiar em você mas tudo que eu achava sobre você, você nunca achou de mim. Olha, tá bom. Tchau. - Aproveitei que o sinal ainda não havia tocado e o portão ainda estava aberto e fui embora, não estava com cabeça para ver o Pedro.

– Espera! Onde você vai? Volta aqui. - Ele saiu atrás de mim

– Me deixa, aproveita que agora você não precisa fingir que não me conhece. - Eu saí furiosa.


Sei, que pra alguns isso pode parecer bobo mas, eu estava devastada. O Pedro era meu único amigo, eu confiei plenamente nele e ele não fez o mesmo comigo. Desde a sétima série a idiota da Gabriela e a turma dela pega no meu pé, agora penso que tudo pelo fato do Pedro ter contado meus segredos para eles... Pensar nessa possibilidade me deixava zonza. Como não pude perceber nada? Ah, claro, porque durante toda a sétima série eu passei no banheiro, me escondendo daquele povo ridículo. Será que você está me entendo? Imagine que você tem um melhor amigo e ele é a única pessoa no mundo que você confia, a única no mundo que você acha que pode contar, a única no mundo que você se sente bem na presença e durante anos você se sentia assim sobre esse seu amigo quando de repente, descobre que ele era uma pessoa falsa, projetada para te enganar e que todos os tempos que você achava que dividia seus segredos para alguém e que esses segredos estariam seguros, na verdade não estavam. Como você se sentiria?

Eu estava andando e quase chorando, escutando uma música que para mim era considerada como pesada ( Slaves To Substance - Suicide Silence, não tinha muito haver com o que se passava na minha cabeça, mas era a primeira música que começou a tocar no meu iPod ) e andando, não sabia onde eu estava, não queria ir para casa, só estava andando, era só o que eu queria no momento. Esfriar a cabeça... O que eu sentia naquele momento era uma mistura de angústia, ódio e tristeza. Eu precisava me livrar daquilo mas não sabia como. Mas eu andava sem parar, andar, andar e andar.

Ao virar uma esquina me dei conta de onde estava. Era o bairro pesado da cidade, diziam que ali ficava os piores traficantes da cidade. Eu não ligava, naquele momento nada pra mim importava. ( Agora tocava uma música que fazia um pouco mais de sentido à minha situação: Lost in the Echo - Linkin Park ). Me deixei mergulhar na música.

Naquele momento, alguém me tocou. Eu me assustei, gritei até. Olhei para trás e tirei os fones de ouvido, era um garoto. Tinha uns quinze centímetros a mais do que eu, era loiro e tinha uns dentes bonitos e disse:

– Nossa! Você tava brisando legal hein?! - E deu uma risadinha

– Quem é você? - Eu respondi meio arrogante

– Calma, você deu esse berro e esqueci de me apresentar. Eu sou Arthur, te vi passando e a música dava para ouvir do outro lado da rua, sei que geralmente as pessoas não gostam de ser incomodadas quando estão ouvindo música, mas você chamou minha atenção - Eu estava começando a ficar um pouco assustada e comecei a andar.

– Legal. - Eu respondi enquanto andava e ele infelizmente me seguiu.

– Legal? Você não vai se apresentar? Sabia que isso é falta de educação? - Ele falou e então virei para observá-lo melhor. Ele tinha um cabelo bem cuidado, tinha uma franja caída sobre a testa, não parecia que ele alisava o cabelo a força, usava alargadores, provavelmente 12 milímetros ( os meus eram 5 milímetros, nossa ), tinha olhos claros, e até que se vestia bem. Decidi bater um papo com ele, sei que isso não se faz, principalmente julgar uma pessoa pela aparência mas naquela altura do campeonato, eu não me importava com nada.

– Eu sou Alice. Feliz agora? - Essa foi minha resposta

– Estou melhor. Então, vejo que você tem o estilo parecido com o meu, ao julgar pelo cabelo e os alargadores. - Ele disse me olhando dos pés à cabeça, o que me deixou um pouco desconfortável.

– Depende, defina seu estilo. - Até parece que eu iria falar para ele o que eu curtia, vai que ele é um skin head preconceituoso.

– Eu curto músicas que terminam com core, haha, sabe? Tipo, metalcore, emocore, hardcore e essas coisas. - Caralho! Em cheio, eu curto muitos "cores". Ok. Vou ser amiguinha dele.

– Haha, eu também, você já tentou jogar na mega-sena? Tem uns bons chutes. Enfim... Quais são suas intenções? - Eu disse

– A minha sorte na mega-sena é diferente - ele riu - Ah, sei lá, te vi andando sozinha, você não é feia sabe? E eu também estou sozinho, achei que seria legal conversar com alguém diferente. - Ok, fiquei meio sem graça com aquele comentário.

– Alguém desconhecido - eu corrigi - Primeiro, mora por aqui? - Perguntei só por perguntar, era lógico que ele morava por perto.

– Moro no Bairro Alto. Conhece? - Merda, eu também moro lá mas não vou falar isso.

– Conheço sim, mas, o que faz aqui, é meio longe não acha? - Eu perguntei

– É, que as vezes acabo andando demais. Gosto de andar. - Ele disse olhando pra frente, como se pensasse em algo que teria acontecido tempos atrás que fez com que ele gostasse de caminhar.

– Eu também, quer me acompanhar? - O que custava? No máximo só a minha vida.

– Achei que não me convidaria. - Ele disse e nós dois rimos.

Ele me contou que tinha pais divorciados, morava com o pai e que a mãe morava em Santa Catarina, as vezes ia visitá-la mas já fazia uns dois anos que não a via pois ela se casou de novo com um canalha. Ele estudava lá perto de casa, que por ironia do destino, era minha antiga escola, o que me fez refletir se nós já não nos conhecíamos mas provavelmente não, ou eu teria reconhecido após ele ter dito o nome. Ele era 1 ano e meio mais velho do que eu, ou seja, tinha 16. Eu contei sobre mim, e quando disse que minha banda favorita era Asking Alexandria ele falou que foi no show deles e eu senti uma inveja tremenda. Nós rimos e foi bem... interessante.

Eu e Arthur conversamos e andamos até em casa ( na casa dele ), nem percebi que já tinha passado o horário de aula, ou seja, conversamos por quase seis horas. Depois de perceber isso, senti minha barriga roncar de fome e depois de acompanhá-lo até a casa dele ( que surpreendentemente era umas 5 quadras antes da minha ). Ao chegar lá, nós paramos e ele disse:

– Verei você mais vezes? - Meu Deus, ele era lindo. O quê? Como assim? Não posso me apaixonar. Não agora.

– Pode ser. - Eu respondi

– Então, me passa seu celular pra gente combinar - Ele tirou o celular do bolso. Anotou o meu e me passou o dele, e eu anotei. - Tchau.

– Tchau.

Desci a rua, meu celular tinha 3 chamadas não atendidas ( do Pedro ) e 7 mensagens, duas da operadora e cinco do Pedro, o que me fez lembrar de toda a angústia que eu havia esquecido com o Arthur. Eu ignorei todas e fui pra casa.


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Notas finais do capítulo

Será que esse carinha aí é gente boa? Parece que alguém tá caidinha por ele...



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