A incerteza crescia dentro de mim, não sabia oque dizer, o chamei como uma espécie de instinto involuntário, nos encarramos por cerca de um minuto, sua expressão se tornando cada vez mais confusa, fiz sinal para que se senta-se ao meu lado e o fez se aproximando com movimentos receosos.

___Acho que isso é seu. Disse entregando-lhe o diário, ele o pegando de minhas mãos olhando para sua capa, então continuei ___ não vou te pedir desculpas, mas considerando a situação como um todo também não vou exigir que o faça, então ficamos quites. Conclui, mas ele não olhava para mim, apenas segurava o diário contra o peito como se abraçasse o mesmo.

___Não quer me dizer algo? Prometo tentar entender. Sugeri, mas ele não se manifestou então pus a mão sobre seu ombro, por algum motivo sentia uma calma extraordinária como se naquele momento meu corpo e alma tivessem certeza que nada mais poderia me abalar, após alguns segundos finalmente ergueu os olhos, me fitando com um misto de vergonha e preocupação.

___Independente do que você tenha feito, não precisa se preocupar não vou deixar que nada lhe aconteça, e pra mim você é um herói não um assassino, então obrigada. Disse lhe deduzindo oque deveria estar pensando, e tive a confirmação de que estava certa ao ver sua mudança de expressão que quase deixava escapar um sorriso, sustentou o olhar no meu por alguns segundos, mas uma estranha onda de calor cortou meu corpo eu desviando eu olhos.

____Você realmente fez uma grande coisa por mim, gostaria de um dia poder fazer algo por você. Comentei por algum motivo me sentindo envergonhada, foi quando ele começou a fazer alguns gestos eu demorando alguns segundos para interpreta-los.

___Você...já... fez... tudo... Disse verbalizando seus movimentos, ele assentindo com a cabeça dando por correta minha interpretação, sorrindo me ternamente.

Nesse momento um sentimento estranho se formou dentro de mim, olhando para ele me senti uma pessoa tão má, mesquinha desmerecedora que alguém gostasse tanto de mim, sentia lagrimas descerem por meu rosto, mas não me preocupei em seca-las.

___Você destruiu sua vida por minha causa,... passou tantos anos só pensando em mim enquanto eu nunca pensei ou me lembrei, nem se quer uma vez de você ...nunca te dei nada...nem tenho nada que valha alguma coisa pra dar em troca...en... Falava desenfreada entre soluços me sentindo a mais baixa das criaturas, quando ele pôs delicadamente o dedo sobre meu lábio me impedindo de continuar, posicionando então seus indicadores sobre as laterais dos meus lábios pressionando para cima, indicando para que eu sorrisse.

___Você gosta que eu sorria?.. Perguntei ele assentindo ___...Tá, posso fazer isso por você. Disse tentando parar de chorar me esforçando para sorrir, secava o rosto com as costas das mãos, quando ele delicadamente tirou uma mecha de meu cabelo colocando-a atrás de minha orelha, eu então me virando ainda mais em sua direção, me encarrou por alguns segundos eu tentando alargar o sorriso ainda um tanto choroso, quando ele pegou minha mão que estava sobre a cama apoiando a sobre seu peito a segurando ali, fiquei surpresa e confusa de inicio, mas logo pude sentir, seu coração batia forte e descompassado. Meu sorriso se aumentou seus batimentos cardíacos crescendo com ele, e apesar da falta de palavras sabia oque ele estava me dizendo.

Dei lhe um beijo no rosto antes de abraça-lo, nos separamos, ele então segurou minha mão me guiando para fora do quarto, seguimos pela sala, o sol de fim de tarde infiltrando se fraco pela janela, parou destrancando a porta da frente e a abriu, então saímos à varanda.

Algo dentro de mim hesitou por um segundo eu então parei, foi quando ele me lançou um olhar curioso antes de me dar um pequeno sorriso encorajador, de alguma forma isso me reestruturando, embarcamos em uma caminhonete antiga, ele tomando a direção.

Seguimos pela estrada vazia, o sol da tarde pintando o ambiente de amarela fazendo com que tudo parecesse reluzir, olhei para ele por alguns segundos então um sorriso se formou em meus lábios. Apenas o som do motor e o vento quebravam o silencio completo, mas naquele instante soube que a partir dali o uso de qualquer tipo de palavras seria completamente desnecessário...